Item 1 | |||
Id | 71713960 | ||
Date | 2025-02-22 | ||
Title | "O Último Azul" vence Urso de Prata na Berlinale | ||
Short title | "O Último Azul" vence Urso de Prata na Berlinale | ||
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Filme brasileiro conquistou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cinema de Berlim, a segunda maior láurea do evento. Mais cedo, longa
também foi apontado como melhor filme por júri ecumênico. O Último Azul, filme brasileiro dirigido por Gabriel Mascaro, conquistou neste sábado (22/02) o Urso de Prata do Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim, a segundo maior honraria do evento. Já o Urso de Ouro, maior prêmio da competição, foi vencido pelo filme norueguês Drommer, de Dag Johan Haugerud. Mais cedo, O Último Azul, venceu dois prêmios de júris independentes do Festival de Cinema de Berlim. Especificamente, a produção brasileira ganhou o prêmio de melhor filme da competição concedido pelo júri ecumênico, além do prêmio dos leitores do jornal Berliner Morgenpost. "Estou muito feliz de estar aqui e venho de um país onde enfrentamos esse desafio de aceitar diferentes perspectivas, diferentes religiões, e estou realmente emocionado de ver todos vocês juntos e unidos pelo cinema, unidos pela arte, unidos pela diversidade", disse o Mascaro ao receber o prêmio do júri ecumênico. "Especial"Além disso, destacou o quão "especial" foi receber o prêmio dos leitores do jornal Berliner Morgenpost, um prêmio concedido pelo público e pelas pessoas que leem jornais e participam de atividades da imprensa, segundo disse. "É muito especial para mim ter esse tipo de feedback, essa resposta de entusiastas e amantes do cinema. Isso faz nosso filme ganhar vida", acrescentou. O filme, uma coprodução entre Brasil, México, Chile e Holanda, conta a história de Teresa, 77 anos, que viveu toda a sua vida em uma pequena cidade industrializada na Amazônia, até que um dia recebe uma ordem oficial do governo para se mudar para uma colônia de idosos. Teresa se recusa a aceitar esse destino imposto e, em vez disso, embarca em uma jornada transformadora pelos rios e afluentes do Amazonas para realizar um último desejo antes que sua liberdade lhe seja tirada, uma decisão que mudará seu destino para sempre. O elenco conta com nomes como Denise Weinberg, Rodrigo Santoro, Miriam Socarrás, Adanilo, Rosa Malagueta, Clarissa Pinheiro e Dimas Mendonça, entre outros. md/jps (EFE, ots) |
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Short teaser | Filme brasileiro conquistou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cinema de Berlim, a segunda maior láurea do evento. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/o-último-azul-vence-urso-de-prata-na-berlinale/a-71713960?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 2 | |||
Id | 71708131 | ||
Date | 2025-02-22 | ||
Title | Moraes determina bloqueio do Rumble no Brasil | ||
Short title | Moraes determina bloqueio do Rumble no Brasil | ||
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Ministro do STF diz que plataforma de vídeos descumpre ordens judiciais e tenta instituir "terra sem lei" ao disseminar desinformação e discurso de ódio. Empresa está processando Moraes nos EUA, junto com grupo de Trump.O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta sexta-feira (21/02) o bloqueio da rede social Rumble no Brasil, acusando a plataforma de "reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos" de ordens judiciais, além de tentativas de "não se submeter ao ordenamento jurídico e Poder Judiciário brasileiros, para instituir um ambiente de total impunidade e de 'terra sem lei' nas redes sociais brasileiras".
Nesta quinta-feira, Moraes ordenou que o Rumble indicasse, dentro de um prazo de 48 horas, um representante legal no Brasil, com poderes para nomeação de advogados e cumprimento de decisões judiciais. Ao não obter as respostas, o ministro determinou a suspensão da rede social em todo o Brasil.
"Determino a suspensão imediata, completa e integral, do funcionamento do 'Rumble INC.' em território nacional, até que todas as ordens judiciais proferidas nos presentes autos – inclusive com o pagamento das multas – sejam cumpridas e seja indicado, em juízo, a pessoa física ou jurídica representante em território nacional", afirmou Moraes em sua decisão.
O Rumble é uma plataforma de vídeos similar ao YouTube bastante popular entre influenciadores conservadores e nos círculos da direita americana, tendo se envolvido em diversas polêmicas nos últimos anos. A plataforma diz ter a missão de "proteger uma internet livre e aberta".
O STF avalia que a plataforma é utilizada para disseminação de discurso de ódio e ataques à democracia. A decisão de Moraes ocorre em meio às ações do Supremo contra as redes de desinformação e reforça a necessidade de regulamentação das grandes empresas de tecnologia no Brasil.
Caso semelhante ao do X
O caso traz semelhanças ao embate entre o STF e a rede social X que, apesar da retórica agressiva de seu proprietário, o bilionário Elon Musk, acabou cedendo às exigências do Supremo.
Em sua decisão desta sexta, Moraes alertou para os perigos da ausência de controle jurisdicional no combate à desinformação e no uso da inteligência artificial pelo que chamou de "populistas digitais extremistas" que utilizam o Rumble. O ministro reiterou que a Constituição brasileira deve ser cumprida tanto pelas empresas nacionais quanto pelas estrangeiras.
"A nova realidade na instrumentalização das redes sociais pelos populistas digitais extremistas com maciça divulgação de discursos de ódio e mensagens antidemocráticas e utilização da desinformação para corroer os pilares da Democracia e do Estado de Direito exige uma análise consentânea com os princípios e objetivos da República, que, obrigatoriamente, deverão ser respeitados por todas as empresas nacionais ou estrangeiras que atuem em território nacional", afirmou o ministro.
Processo nos EUA
O Rumble move na Justiça dos Estados Unidos uma ação contra Moraes, em um processo aberto em conjunto com o grupo de comunicação Trump Media & Technology Group, do presidente dos EUA, Donald Trump. A plataforma de vídeos possui negócios em comum com a Trump Media e já recebeu investimentos de pessoas próximas ao presidente, como o vice-presidente americano, J.D. Vance.
As duas empresas acusam Moraes de praticar censura e pedem que determinações do magistrado que ordenavam a derrubada de perfis de usuários do Rumble não tenham efeito legal nos EUA.
A abertura do processo teve como base o bloqueio de contas no Rumble de diversos de usuários, incluindo o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, que vive nos Estados Unidos. Ele é considerado foragido pelo STF, uma vez que Moraes já determinou sua prisão em 2021 por ameaças à democracia e ao Estado de direito. Ele fugiu do país após se tornar alvo da Polícia Federal (PF), mas se manteve ativo no exterior.
A determinação de Moraes nesta sexta-feira ordena que o Rumble bloqueie o canal de Allan dos Santos, além de impedir novos cadastros e interromper repasses financeiro ao brasileiro. Outras redes sociais, como YouTube, Facebook, X e Instagram, já haviam sido notificadas anteriormente e cumpriram as determinações do ministro.
O descumprimento das ordens de Moraes poderá acarretar sanções mais severas ao Rumble, incluindo a suspensão total de suas atividades no Brasil.
Moraes reiterou que desde 10 de fevereiro a empresa vem sendo intimada a comprovar o cumprimento das decisões e a apresentar um representante legal, mas, no dia 17, os advogados do Rumble informaram a renúncia ao mandato judicial outorgado pela empresa.
Embate com CEO do Rumble
O CEO da empresa, Chris Pavlovski, postou mensagem na quinta-feira afirmando que havia recebido "mais uma ordem ilegal e sigilosa" de Moraes. "Você não tem autoridade sobre o Rumble aqui nos EUA, a menos que passe pelo governo dos Estados Unidos. Repito: nos vemos no tribunal", diz a postagem em português e inglês.
Em sua decisão, Moraes citou as publicações de Pavlovski e disse que elas demonstram como a empresa pretende continuar descumprindo as determinações da Justiça brasileira, e acusou o CEO de incitar o ódio contra a corte.
"A conduta ilícita do Rumble INC., por meio das declarações de seu CEO Chris Pavlovski, pretende, claramente, continuar a incentivar as postagens de discursos extremistas, de ódio e antidemocráticos, e tentar subtraí-los do controle jurisdicional", escreveu Moraes.
Mais tarde, Pavlovski escreveu uma postagem se dirigindo ao "ao povo brasileiro". "Eu posso não ser brasileiro, mas prometo que ninguém lutará mais pelos seus direitos à liberdade de expressão do que eu. Lutarei até o fim, incansavelmente, sem jamais recuar", afirmou.
rc (ots)
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Short teaser | Ministro do STF diz que plataforma descumpriu ordens judiciais e tenta instituir "terra sem lei" nas redes sociais. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/moraes-determina-bloqueio-do-rumble-no-brasil/a-71708131?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Moraes reiterou que a Constituição brasileira deve ser cumprida tanto pelas empresas nacionais quanto pelas estrangeiras | ||
Image source | Adriano Machado/REUTERS | ||
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Item 3 | |||
Id | 71706686 | ||
Date | 2025-02-21 | ||
Title | Estudo: Imigração não aumentou criminalidade na Alemanha | ||
Short title | Estudo: Imigração não aumentou criminalidade na Alemanha | ||
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Pesquisa realizada por renomado instituto de política econômica alemão confirma consenso acadêmico: não há correlação entre aumento da migração e alta da criminalidade – apesar do debate político. Uma nova análise das últimas estatísticas da criminalidade na Alemanha realizada pelo renomado instituto Ifo concluiu que imigrantes ou refugiados não têm uma tendência maior a cometer crimes e que não há correlação entre a proporção de imigrantes em um determinado distrito e a taxa de criminalidade local. O instituto sediado em Munique correlacionou as últimas estatísticas nacionais de criminalidade de 2018 a 2023 com dados específicos de localização para mostrar que o fato de os imigrantes estarem sobrerepresentados nas estatísticas de criminalidade não tem nada a ver com suas origens. Os migrantes tendem a se estabelecer em áreas urbanas, onde há maior densidade populacional, mais vida noturna e mais pessoas em espaços públicos em todas as horas do dia. Isso significa que a taxa geral de criminalidade é maior e os suspeitos dos crimes têm a mesma probabilidade de serem alemães ou estrangeiros. Em outras palavras, distritos com maiores níveis de "crimes de imigrantes" também têm maiores taxas de criminalidade entre alemães. "Esses lugares aumentam o risco para os moradores de se tornarem criminosos independentemente da nacionalidade, devido à infraestrutura, situação econômica, presença policial ou densidade populacional", afirma o estudo. Os pesquisadores apontaram outras razões pelas quais os imigrantes tendem a ser sobrerepresentados em números de crimes. Eles são geralmente mais jovens e mais frequentemente do sexo masculino do que a população alemã, embora, segundo os pesquisadores, estes fatores tenham uma contribuição menos relevante. Estudos contradizem narrativa populistaA suposta propensão dos imigrantes a cometer crimes se tornou a narrativa dominante na atual campanha eleitoral alemã. Em um recente debate no Bundestag sobre restringir a imigração, Friedrich Merz, candidato a chanceler pela conservadora União Democrata Cristã (CDU), falou sobre "estupros coletivos diários no meio social dos requerentes de asilo". Suas palavras ecoaram a narrativa agora rotineiramente propagada pelo partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD). No início de fevereiro, Beatrix von Storch, da AfD, disse à emissora pública alemã ARD: "Temos dois estupros coletivos por dia, temos dez estupros normais por dia e tivemos 131 crimes violentos por dia em média nos últimos seis anos – [cometidos] por imigrantes, principalmente sírios, afegãos e iraquianos." "Temos estatísticas de crimes que dispararam. Temos crimes disparados entre estrangeiros, crimes juvenis, violência de migrantes", disse a colíder da legenda ultradireitista e candidata a chanceler Alice Weidel em 2024. "Estupros são altos, crimes com faca são altos, 15.000 no ano passado." Esses números foram considerados falsos pelas equipes de verificação de fatos de diferentes veículos de imprensa alemães. Os amplamente noticiados ataques por pessoas de origem migratória em Munique, Aschaffenburg e Magdeburg alimentaram essa narrativa populista, embora estudos estatísticos tracem um quadro muito diferente. "Mesmo para crimes violentos, como homicídio ou agressão sexual, o estudo não mostra correlação estatística com uma parcela crescente de estrangeiros ou refugiados", disseram os pesquisadores do Ifo. Não é novo, mas é diferenteEsta descoberta está em acordo com o consenso acadêmico. "Essas revelações não são realmente novas", disse o coautor do estudo Jean-Victor Alipour à DW. "Elas apenas provam o que já foi provado, não apenas para a Alemanha, mas para muitos outros países, ou seja, que não há conexão sistemática entre imigração e criminalidade." O que há de novo no estudo, de acordo com Dirk Baier, professor do Instituto de Delinquência e Prevenção ao Crime da Universidade de Ciências Aplicadas de Zurique (ZHAW), é o foco nas diferenças regionais e dados locais para se chegar à mesma conclusão. "Até agora, tínhamos estudos baseados em pesquisas, onde perguntávamos principalmente aos jovens sobre seu comportamento criminoso, mas nesse caso, eles coletaram os dados de criminalidade de todos os 400 distritos da Alemanha e investigaram as correlações", explicou Baier, que não trabalhou no relatório. Ao incluir esses dados, os pesquisadores do Ifo afirmam que produziram uma análise "mais justa" que inclui comparações demográficas entre os distritos. Percepções diferentesO estudo também apontou uma lacuna entre a percepção das comunidades imigrantes e a realidade. "Isso não diz respeito apenas à criminalidade, mas também ao fato de que o nível educacional dos imigrantes é sistematicamente subestimado, ao mesmo tempo em que o número total de imigrantes é superestimado", disse Alipour. "De várias maneiras, a imigração é percebida muito mais negativamente do que pode ser mostrado nos dados." O pesquisador explica que há muitas razões possíveis para isso, e destacou que os estudos mostram que a imprensa relata crimes de imigrantes com muito mais frequência e por muito mais tempo. "Isso leva ao fato de que o risco à segurança é frequentemente associado à imigração; e agora temos cada vez mais partidos e atores políticos que tentam ganhar capital político a partir da difusão desse medo", disse ele. Dirk Baier, do ZHAW, também lembrou que outros estudos mostraram que há muitas outras razões pelas quais os imigrantes aparecem com mais frequência nas estatísticas de crimes policiais. Por exemplo, parece que menos processos são abertos quando há um perpetrador alemão e uma vítima alemã do que quando há um perpetrador imigrante e uma vítima alemã. "Isso pode ter algo a ver com atitudes xenófobas, ou com o fato de que em certas situações as pessoas não conseguem encontrar outras maneiras de lidar com conflitos, talvez porque não conseguem se comunicar na mesma língua", disse Baier. "Não sabemos, mas a probabilidade de um perpetrador imigrante aparecer nas estatísticas é maior." |
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Short teaser | Pesquisa confirma consenso acadêmico: não há correlação entre aumento da migração e alta da criminalidade. | ||
Author | Ben Knight | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/estudo-imigração-não-aumentou-criminalidade-na-alemanha/a-71706686?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 4 | |||
Id | 71700393 | ||
Date | 2025-02-21 | ||
Title | Como cidade mais pobre da Alemanha tenta conter ultradireita | ||
Short title | Como cidade mais pobre da Alemanha tenta conter ultradireita | ||
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Em Gelsenkirchen, moradores resistem ao avanço do partido Alternativa para Alemanha (AfD), que ganhou especial popularidade em meio ao declínio econômico da região do Ruhr e da indústria do carvão.Gelsenkirchen é a cidade mais pobre da Alemanha, o que se traduz em ruas e parques tomados por lixo e na proliferação de apartamentos vazios. Sua taxa de desemprego é de 14%, muito acima da média nacional, em torno de 6,4%. A renda média anual de seus habitantes é a mais baixa de toda a Alemanha, inferior a 18 mil euros (R$ 108 mil). Mesmo entre os que têm uma ocupação, a renda não é suficiente: uma em cada quatro que trabalham na cidade vive da previdência social.
"Gelsenkirchen tem uma história diferente de qualquer outra cidade alemã. Ela se tornou rica e próspera com uma rapidez impressionante. E então veio o colapso estrutural extremamente brutal", conta a prefeita Karin Welge. A cidade integra a região do Ruhr, polo da indústria pesada alemã e maior área metropolitana do país.
"Antes de 1960, tínhamos quase 400 mil moradores aqui. Com as mudanças estruturais, esse número despencou para 258 mil na época da crise financeira. Metade dos empregos que pagavam contribuições para o seguro social foi perdida."
Durante a era do "milagre econômico" da República Federal da Alemanha (RFA), entre as décadas de 1950 e 1970, a cidade prosperou. Ela atraiu "trabalhadores convidados" (gastarbeiter) da Polônia, Itália e Turquia e chegou a se tornar a mais importante produtora de carvão da Europa.
Em 2008, a última mina de carvão da cidade, Westerholt, encerrou suas operações, após meio século de declínio gradual dessa indústria.
Cofres vazios
Enquanto o carvão ficou para trás, os setores de serviços e educação seriam o futuro. Mas Gelsenkirchen enfrenta o mesmo impasse que muitas outras localidades alemãs: não há dinheiro para bancar essa transição.
De acordo com Welge, governo estadual da Renânia do Norte-Vestfália, que estipula quanto a cidade pode gastar. não tem autorizado novas contratações na administração pública nem liberado os investimentos necessários. "Não construímos uma escola aqui desde a década de 1970", lamenta a prefeita.
AfD lucra com os problemas da cidade
Além disso, a ampliação da União Europeia em 2007 aumentou o fluxo de imigrantes da Bulgária e da Romênia, sobretudo de baixa escolaridade, que não foram devidamente integrados à sociedade local.
Isso tem consequências políticas: a região do Ruhr era tradicionalmente um reduto do Partido Social-Democrata (SPD), do atual chanceler federal, Olaf Scholz, de centro-esquerda, ao qual Karin Welge também pertence. Mas foi-se o tempo em que o SPD conseguia 60% dos votos nas eleições.
Em seu lugar, tem ganhado terreno o partido populista de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD). A partir de 2017, desconfiança e a islamofobia registraram um aumento dramático na região que já foi considerada uma das mais multiculturais da Alemanha.
"A reputação que Gelsenkirchen teve durante anos, de ser um caldeirão de integração bem-sucedida, com uma boa história de imigração para contar, rapidamente se transformou no oposto. E isso abre caminho para forças radicais", constata Welge.
Contrariando tendências
Se existe alguém representa e entende a história de Gelsenkirchen com todos os seus altos e baixos, é Reinhold Adam. Hoje com 79 anos, ele trabalhou nas minas desde adolescente, fez um estágio, e depois trabalhou como eletricista na mina Nordstern.
Nessas instalações, ele hoje faz visitas guiadas. Suas histórias sobre os mineiros e sua camaradagem muitas vezes trazem lágrimas aos olhos dos visitantes, alguns dos quais vêm de lugares tão distantes quanto Canadá, Japão e Austrália.
Depois que a mina foi fechada, em 1993, construiu-se um parque paisagístico no ambiente industrial de 100 hectares, que todos os anos recebe 200 mil visitantes. Há uma área de escalada, um anfiteatro e uma torre sinuosa com uma plataforma de observação de 83 metros de altura. Os visitantes que apreciam a vista panorâmica sempre se surpreendem por Gelsenkirchen ser tão verde, diz Adam com orgulho.
Apesar dos muitos esforços para tornar a vida em Gelsenkirchen realmente atraente, o AfD obteve 21,7% nas eleições para o Parlamento Europeu em 2024, ficando a apenas 1.600 votos do primeiro lugar.
"A solidariedade sempre foi um ponto forte na região do Ruhr; na verdade, era vital entre os mineiros. Mas, infelizmente, ela se perdeu. Antes, as pessoas buscavam soluções; hoje, a primeira coisa com que se preocupam é encontrar alguém para culpar." Na sua opinião, "nem sempre podemos pedir ajuda à cidade e ao estado, temos que agir nós mesmos".
Moderna e multicultural
A rua Bochumer, no distrito de Ückendorf, é um dos lugares onde a população tem agido. Prédios dilapidados e em ruínas no que antes era uma região intransitável foram transformados num bairro "modelo e criativo", com cafés, galerias e uma igreja que foi convertida em local para eventos.
A revitalização contou com trabalho de vários voluntários; a Sociedade de Renovação da Cidade (SEG) e o estado da Renânia do Norte-Vestfália subsidiaram projetos e compraram propriedades para ajudar a dar nova vida ao distrito.
Uma das voluntárias é Kirsten Lipka. Desde que a situação atingiu seu ponto mais baixo em 2016, as coisas estão melhorando no distrito, diz ela: "Hoje em dia, até mesmo estudantes de Colônia estão se mudando para cá porque não têm dinheiro para morar lá", diz Lipka. "Teve quem voltasse de Berlim, dizendo: 'A gente não gosta mais tanto de lá.' Ückendorf ainda tem uma espécie de inocência."
Frank Eckardt, que nasceu em Gelsenkirchen e hoje é professor e pesquisador na Universidade Bauhaus-Weimar, considera Ückendorf uma dádiva de Deus.
"Durante décadas, houve um sentimento de grande resignação aqui. Você tinha a sensação de que nada estava sendo feito, estávamos falidos. Do ponto de vista psicológico, é muito importante ter agora um lugar onde se vê que algo está acontecendo. Mas ainda não chegamos a um ponto em que se diga: 'Por que sair de Gelsenkirchen, aqui é tão legal!"
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Short teaser | Em Gelsenkirchen, moradores resistem ao avanço da AfD, que ganhou popularidade em meio ao declínio econômico da região. | ||
Author | Oliver Pieper | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/como-cidade-mais-pobre-da-alemanha-tenta-conter-ultradireita/a-71700393?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Voluntários se uniram para revitalizar o bairro de Ückendorf | ||
Image source | Oliver Pieper/DW | ||
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Item 5 | |||
Id | 71704725 | ||
Date | 2025-02-21 | ||
Title | Vitória na 2ª Guerra marcou rumos do Brasil, da ONU ao golpe | ||
Short title | Vitória na 2ª Guerra marcou rumos do Brasil, da ONU ao golpe | ||
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Brasil foi único país sul-americano a enviar tropas contra os nazifascistas. Há 80 anos, a batalha de Monte Castello assegurou um lugar na política internacional – mas indiretamente propiciou o golpe militar de 1964. A batalha começou com o raiar do sol, e a conquista só se tornou completa na madrugada seguinte. Naquele 21 de fevereiro de 1944, os Aliados, representados pelos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB), tomaram o Monte Castello, perto de Bolonha, na Itália, então dominado pelas forças do Eixo, sob o comando alemão. De 24 de novembro a 21 de fevereiro, foram empreendidos seis ataques contra as forças nazifascistas ali baseadas. No entendimento de analistas, o que sacramentou a vitória foi a intensa artilharia de barragem comandada pelo general Cordeiro de Farias contra o cume do monte, entre as 16h e 17h, o que permitiu a movimentação das tropas brasileiras avançando sobre as alemãs. As tropas da FEB estavam sob comando geral do general Mascarenhas de Moraes, que na véspera da conquista de Monte Castello determinou toda a tática da batalha. Nos estertores das Segunda Guerra Mundial, o episódio consolidou a participação brasileira no conflito. De setembro de 1944 a maio de 1945, quase 26 mil militares brasileiros lutaram no front sob o comando dos Estados Unidos. O Brasil foi a única nação sul-americana a mandar contingentes para atuar na guerra. Linha Gótica"A conquista de Monte Castello constitui parte importante da vitória dos Aliados contra o Eixo, porque resultou no início do rompimento da 'Linha Gótica', uma das últimas defesas nazifascistas na Europa", contextualiza a historiadora Bruna Gomes dos Reis, pesquisadora na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e professora no Serviço Social da Indústria (Sesi). A alusão é a uma barreira formada pelos nazistas na altura dos Apeninos, com a finalidade de impedir o avanço dos Aliados até a Alemanha. Assim, o conjunto de batalhas ocorridas no norte italiano "não é apenas parte da história dos pracinhas", ressalta a professora, porque "constitui um marco da Segunda Guerra, contribuindo para seu fim". "O peso de eventos como esse varia conforme o referencial escolhido", pondera o tenente-coronel do Exército Durval Lourenço Pereira, historiador militar e autor de Operação Brasil: O ataque alemão que mudou o rumo da Segunda Guerra Mundial e Guerreiros da província: A jornada épica da Força Expedicionária Brasileira, entre outros. Ele lembra que a vitória de Monte Castello "é muito importante para o Exército brasileiro", mas, "num quadro mais amplo, da história da Segunda Guerra como um todo, decai de importância". Por outro lado "sob o prisma da história militar, trata-se de um acontecimento ímpar: jamais uma nação sul-americana derrotara uma potência europeia no campo de batalha". A especialista relações internacionais e socióloga Carolina Pavese, professora no Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) concorda que "no panorama geral da guerra", a batalha "tem um peso muito secundário". "Mas para o Exército brasileiro foi o episódio mais importante na história moderna, marcando um divisor de águas, rompendo o isolamento, antes restrito a atuações no continente americano." O Brasil na Segunda Guerra MundialOficialmente, o Brasil entrou na Segunda Guerra em agosto de 1942. O governo Getúlio Vargas, no modelo do regime do Estado Novo, nutria certa simpatia pelo fascismo italiano. Nos primeiros anos do conflito, a política externa brasileira foi hesitante. Ideologias à parte, ambos os lados da contenda eram economicamente interessantes: Estados Unidos e Alemanha se posicionavam, respectivamente, como primeiro e segundo principais parceiros comerciais do país. Mas uma série de ataques de submarinos a navios na costa brasileira e uma pressão cada vez maior dos americanos por uma decisão fez Vargas decidir entrar na guerra. Segundo o cientista político Ricardo Antônio Silva Seitenfus, em seu livro O Brasil vai à guerra, 21 submarinos alemães e dois italianos torpedearam e afundaram 36 navios mercantes brasileiros, causando 1.074 mortes. Assim, a inicial "neutralidade oportunista" de Vargas deu lugar a uma adesão. Como explica o músico João Barone, pesquisador da participação brasileira no conflito e autor de livros como A minha Segunda Guerra, o país fornecia matérias-primas importantes para os Estados Unidos e tinha uma posição estratégica – que mais tarde seria utilizada como base americana, no nordeste do país. Em janeiro de 1943, Vargas se reuniu com o presidente americano Franklin Roosevelt, em Natal, para discutir os rumos da parceria dos países no conflito. "O Brasil não queria seguir sendo apenas um coadjuvante. Queria entrar em ação para poder ficar junto das nações naquele contexto." Era um contexto geopolítico em que já começava a se desenhar um futuro pós-guerra, com organismos como a Organização das Nações Unidas (ONU). Nesse sentido, era importante garantir lugar na mesa. "Ter uma participação militar efetiva era algo estratégico", completa Barone. Os pracinhas: uma "expedição de provincianos"Mas havia um problema inicial: quem mandar para a guerra? Naquela época, as Forças Armadas do Brasil contavam com cerca de 70 mil homens. Enviá-los para o front significaria ficar muito desguarnecido, fato especialmente grave num contexto de guerra mundial. A solução veio de uma canetada presidencial e a convocação compulsória dos assim chamados reservistas, os homens com mais de 18 anos que haviam prestado o serviço militar obrigatório. Em 9 de agosto de 1943 foi criada a Força Expedicionária Brasileira. No total, 25,9 mil homens participaram da divisão. Como lembra a historiadora Reis, no início o programa de alistamento era voluntário. Como não houve sucesso, o governo "recorreu a uma convocação compulsória". Na maioria, os que integraram a FEB eram "soldados de baixa patente e civis". "O soldado brasileiro médio era o 'João da Silva', alguém que foi convocado obrigatoriamente para cumprir com essa necessidade de compor uma força militar que pudesse entrar em operação em um cenário de guerra", explica Barone. Ele conta que foi preciso fazer uma "peneira muito grande" para selecionar os mais aptos, num contexto de pobreza e subnutrição da população. "Colocaram ali o melhor que fosse do homem brasileiro, além do quadro de cerca de 100 mulheres que atuaram como enfermeiras." De acordo com Pereira, de cada três entrevistados e inspecionados, apenas um era considerado apto a integrar a FEB. Foram dois anos de treinamento até que, em 2 de julho de 1944, teve início o transporte dos contingentes para o front. "Treinados às pressas para a guerra, de forma inadequada para o front e sem uma coordenação muito clara, no início houve dificuldade para os pracinhas se integrarem", critica Pavese. Os brasileiros sequer conheciam a intensidade do inverno europeu, "participaram do conflito em condições precárias e, em sua maioria, eram civis com pouco treinamento". O termo pracinha para designar esses soldados foi cunhado pela imprensa da época e pegou, conforme pesquisa do historiador militar-coronel Pereira. O vocábulo "praça", já fazia parte do jargão militar para designar os ingressantes na caserna, os que haviam "sentado praça". Mas o diminutivo carinhoso nasceu no contexto da Segunda Guerra. Eram representantes de todo o país. "Em geral, cresceram em fazendas, distritos e povoados que raramente ultrapassavam esparsos e minguados 5 mil habitantes", conta o tenente-coronel. "Porém, ao contrário do que apregoam certos mitos populares, selecionou-se para o contingente febiano o que existia de melhor e mais digno na grande despensa humana da sociedade brasileira: um grupo de jovens incumbido de intervir, como guerreiros, no destino da humanidade; de nortear uma civilização que perdera o rumo." Ele classifica a FEB como "uma expedição de provincianos", daí a expressão "guerreiros da província", de seu mais recente livro. A letra da Canção do Expedicionário, do poeta Guilherme de Almeida, que se tornou hino extraoficial da FEB, enfatiza essa origem simples e diversa: "Você sabe de onde eu venho? / Venho do morro, do engenho, / Das selvas, dos cafezais, / Da boa terra do coco, / Da choupana, onde um é pouco, / Dois é bom, três é demais. Venho das praias sedosas, / Das montanhas alterosas, do pampa, do seringal, / Das margens crespas dos rios, / Dos verdes mares bravios, / Da minha terra natal." Legados: prestígio internacional e 1964A vitória em Monte Castello deu moral à divisão brasileira que lutou pela assim chamada libertação da Itália do nazifascismo durante nove meses, de setembro de 1944 a maio de 1945. No total, 478 brasileiros morreram em combate – cerca de dois por dia. Para o país, ficou o legado de ter contribuído ativamente para o fim da Segunda Guerra Mundial, atuando do lado dos vencedores e contra o nazifascismo que ameaçara o mundo. "O poder de influência de uma nação no cenário mundial deriva da sua expressão política, econômica e militar. Inexiste melhor síntese desse poderio do que a ação dos seus soldados no campo de batalha", exalta Pereira. "A participação vitoriosa numa guerra mundial produz respeito internacional incomparável. No caso brasileiro, esse respeito deu um salto espetacular em meados dos anos 1940. Antes da guerra, a percepção do Brasil no imaginário do europeu e do norte-americano correspondia a um estereótipo irreal: enorme selva fervilhante de cobras." A participação bélica foi um dos quesitos que cacifou o país a participar da criação da ONU, em outubro de 1945. E as Forças Armadas nacionais se credenciaram para atuações internacionais: desde a fundação da ONU, participaram de mais de 50 missões de paz em todas as partes do globo. "A participação brasileira num conflito de escala mundial é louvada até hoje pelas Forças Armadas e, do ponto das relações internacionais, é preciso frisar que isso nos colocou em posição de destaque e deu certa legitimidade para poder demandar um reconhecimento maior de seu peso enquanto potência hegemônica na América do Sul", analisa Pavese. "O prestígio diplomático significou a participação na arquitetura da governança global que começou a ser construída no pós-guerra, além, é claro, no fato de que houve fortalecimento das relações bilaterais com os Estados Unidos." No âmbito local, também houve impacto. Como ressalta a historiadora Gomes dos Reis, "quando o Brasil abandonou sua neutralidade para lutar contra o nazifascismo, acabou também enfraquecendo essas ideologias em seu próprio território". Por outro lado, como atenta Carolina Pavese, a sensação de vitória acabou reforçando "um sentimento nacionalista dentro das Forças Armadas, um patriotismo muito característico das nossas Forças Armadas". E isso, somado ao status de vencedor adquirido pelos militares, "no final, acabou tendo influência grande na política brasileira": "Esse éthos culminou com o golpe militar de 1964", argumenta a socióloga. Em 23 de fevereiro de 2025 haverá um evento em Gaggio Montano, cidade da região de Monte Castello, para celebrar os 80 anos da vitória ao nazifascismo. Também haverá uma cerimônia em memória dos brasileiros mortos em combate: 103 perderam a vida na última investida. "A comemoração dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial é uma oportunidade para relembrar os horrores do conflito e reafirmar o compromisso com a paz e a democracia", afirma o diplomata Renato Mosca de Souza, embaixador brasileiro na Itália. "A memória da tomada de Monte Castello e da participação da FEB na guerra serve como alerta para a importância de defender os verdadeiros valores da liberdade e da justiça, e de lutar contra todas as formas de opressão." |
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Short teaser | Há 80 anos, batalha de Monte Castello assegurou lugar na política internacional – mas propiciou golpe militar de 1964. | ||
Author | Edison Veiga | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/vitória-na-2ª-guerra-marcou-rumos-do-brasil-da-onu-ao-golpe/a-71704725?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 6 | |||
Id | 71699088 | ||
Date | 2025-02-21 | ||
Title | "Brasil merece ser descoberto pelo mundo inteiro em toda sua diversidade cultural", diz Rodrigo Santoro | ||
Short title | "Brasil merece ser descoberto em sua diversidade cultural" | ||
Teaser |
Em entrevista à DW, Rodrigo Santoro fala sobre a atual fase do cinema brasileiro e sobre a estreia "O Último Azul" no Festival de Berlim.Em Berlim para a estreia de O Último Azul, Rodrigo Santoro celebra o que considera ser uma das fases mais potentes do cinema brasileiro, ovacionado neste ano pela crítica internacional. É o caso do longa de Gabriel Mascaro, no qual Santoro interpreta um barqueiro no contexto de uma distopia amazônica em que o governo isola idosos em uma colônia.
Mas, para o ator, o mais importante é a reação entusiasmada do público brasileiro, que "está orgulhoso, torcendo pelo Brasil" ao assistir ao sucesso desta e de outras produções ao redor do mundo. O Último Azul concorre ao Urso de Ouro na 75ª edição do Festival de Cinema de Berlim, a Berlinale.
Em entrevista à DW, Santoro contou ainda sobre a sua experiência no set e a reação ao filme na Alemanha, defendendo a importância de discutir e resistir ao etarismo.
DW: O filme estreia aqui na Alemanha, um país com uma população de idosos muito grande. Como foi a reação do público? O que você sentiu?
Rodrigo Santoro: Eu vou te contar a reação de uma senhora alemã ontem no final da sessão que me marcou muito, e eu estou até agora com ela. Ela veio, tentou se expressar em inglês, tentou falar comigo em espanhol. Ela estava tão emocionada de se sentir vista, representada. Estava tomada por uma emoção que não era de choro. Ela não sabia como expressar o que estava sentindo. Estava muito mexida. Nossa, foi uma coisa incrível. Ela falava: "Nunca vi um filme que fale da idade. Porque a sociedade acha que a gente é lixo e [nos] descarta".
E é verdade, nós vivemos num mundo que simplesmente se preocupa com produtividade e performance. Hoje os algoritmos dizem o que funciona e o que não funciona. Então, [a sociedade] vai descartando e julgando as pessoas, avaliando os seres humanos pela produtividade, por quem funciona e não funciona para o sistema.
Como o filme contribui para a discussão sobre etarismo?
O Último Azul fica com essa protagonista, essa senhora, que tem um desejo de viver, que tem o direito de sonhar e resiste a um destino que foi traçado para ela. Ela não aceita e diz: "Não, eu quero realizar um sonho pelo menos, que é voar de avião."
É de uma arrogância acharmos que o idoso seja simplesmente um sábio ou conselheiro. Essa pessoa tem desejos, ainda quer viver, não é? Então o filme fala sobre isso, resistir a esse olhar cruel, sobre o direito de sonhar e sobre nunca ser tarde para encontrar um novo sentido na vida, que é o que buscamos a vida inteira.
O Gabriel Mascaro, diretor de O Último Azul, tem uma sensibilidade enorme para isso. Como foi trabalhar com ele?
Desde Boi Neon, eu fiquei muito impressionado com o Gabriel. Aí a gente se conheceu em Olinda e ficamos em contato, falando "Vamos encontrar uma coisa para trabalhar juntos". Ele fez Divino Amor, e a gente conversou. Eu estava trabalhando, não funcionou. Quando, enfim, ele me ligou e falou: "Olha, eu tenho um novo filme agora e escrevi uma participação afetiva para você, queria ver o que que você acha."
E eu achei lindas a temática a personagem. Ele falou: "Vamos conversar, eu quero que você traga coisas para a personagem também." Porque ele, apesar de ser um diretor muito sensível e preciso, é ao mesmo tempo aberto.
Qual era a dinâmica entre vocês nas gravações?
No set, às vezes eu improvisava, e ele falava: "Gostei disso, vamos por aqui." Aí eu sugeria alguma coisa, e ele falava: "Não, isso não funciona." Então, a gente ia construindo juntos. Foi maravilhoso trabalhar com ele, inclusive já estamos conversando de fazer alguma outra coisa juntos.
Você já falou sobre o quanto Bicho de Sete Cabeças representou para o cinema nacional. E como vê a fase em que estamos agora?
Estamos vivendo uma das fases mais potentes do cinema brasileiro. Obviamente com a carreira que Ainda Estou Aqui está fazendo, mas não só. O Último Azul está aqui na competição e há outros 12 ou 13 projetos brasileiros aqui em Berlim. Mas essencialmente com a relação que o cinema brasileiro está tendo com o seu público. No Brasil, o público voltou às salas. O público está orgulhoso, torcendo pelo Brasil, prestigiando o cinema. É disso que a gente precisa. É isso que impulsiona e fomenta a indústria.
Como fazer com que essa curva de ascensão não acabe rápido?
Tudo que fazemos é para o público, então o que mais precisamos, independentemente de prêmios e festivais, é que o público vá para o cinema. Por exemplo, eu recebi um link para ver O Último Azul, porque tínhamos uma coletiva de imprensa, e o filme ficou pronto bem em cima da hora. Eu optei por não vê-lo no iPad. Eu falei: "Quero ver no cinema", mesmo dando a coletiva e falando sobre a minha experiência.
Eu vi ontem o filme pela primeira vez, numa sala escura com aquele som, aquela tela e um monte de outras pessoas. Foi inesquecível. Isso é emocionante. É um momento maravilhoso, e o importante é dar continuidade, que não seja um meteoro, que a gente apoie. O Brasil é um país incrível, que merece ser descoberto pelo mundo inteiro em toda a sua diversidade cultural, e eu acho que agora a gente tem uma ótima oportunidade para solidificar isso.
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Short teaser | Rodrigo Santoro fala sobre a atual fase do cinema brasileiro e sobre estreia "O Último Azul" no Festival de Berlim. | ||
Author | Albert Steinberger | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/brasil-merece-ser-descoberto-pelo-mundo-inteiro-em-toda-sua-diversidade-cultural-diz-rodrigo-santoro/a-71699088?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
Image URL (940 x 411) |
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Image caption | Rodrigo Santoro interpreta um barqueiro em "O Último Azul", que retrata distopia amazônica | ||
Image source | Jens Kalaene/dpa/picture alliance | ||
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Item 7 | |||
Id | 71677947 | ||
Date | 2025-02-21 | ||
Title | O que Mauro Cid, ex-auxiliar de Bolsonaro, disse em delação | ||
Short title | Como Mauro Cid incriminou Bolsonaro em delação | ||
Teaser |
Delação de ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro é peça fundamental em investigação de trama golpista para anular eleições de 2022. Segundo ministro Moraes, sigilo já não é mais necessário. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou nesta quinta-feira (20/02) os vídeos e gravações do acordo de colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. No dia anterior, Moraes havia derrubado o sigilo da delação, por entender que já não é mais necessário "nem para preservar os direitos assegurados ao colaborador, nem para garantir o êxito das investigações" – até então, as defesas dos suspeitos se queixavam de não terem tido pleno acesso ao documento. Na véspera, a Procuradoria-Geral da República (PGR) havia denunciado o ex-presidente e outras 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes. Caso o STF acate a peça, os denunciados passam à condição de réus. O acordo – que a defesa de Bolsonaro chama de "fantasioso" – é peça fundamental da investigação sobre a trama golpista que, segundo a PGR, foi preparada por Bolsonaro e assessorespara mantê-lo no poder após a derrota nas eleições de 2022. Cid era um dos homens mais próximos do ex-presidente e, segundo a Polícia Federal, fazia a ponte entre ele e outros denunciados pela PGR. A delação de Cid também subsidia outras investigações contra o ex-presidente, como a que apura fraude nos cartões de vacinação da covid-19 dele e de familiares, bem como a venda de joias e relógios entregues à Presidência por autoridades estrangeiras. Os vídeos liberados por Moraes foram coletados em diversos momentos em que Cid foi ouvido pela Justiça e dão mais detalhes sobre as investigações. Entre eles, o delator afirma que Bolsonaro pediu que um relatório sobre urnas eletrônicas indicasse que o sistema eleitoral é fraudado, mesmo se não fossem encontradas provas, e descreve a ordem expressa do presidente para a venda de um relógio Rolex. Ainda indica a participação do ex-presidente na elaboração de uma minuta golpista e sua orientação para que Moraes fosse monitorado. Veja, abaixo, os principais pontos da delação de Cid. Bolsonaro e a minuta do golpeCom base na delação de Mauro Cid, a Polícia Federal (PF) atribui ao ex-assessor especial de Assuntos Internacionais Filipe Martins a autoria de um primeiro esboço da chamada "minuta do golpe", um documento apresentado a Bolsonaro com propostas para subverter a ordem democrática. O documento previa a prisão de diversas autoridades, incluindo a dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além da prisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. À PF, Cid disse que Bolsonaro discutiu o documentocom a cúpula das Forças Armadas. O ex-auxiliar afirma ter visto o presidente editar o texto, mantendo apenas dois pontos principais: a prisão de Moraes e a realização de novas eleições. Segundo Cid, o próprio Bolsonaro teria apresentado a minuta ao então comandante de Operações Terrestres do Exército, general Estevam Theophilo, numa reunião em 9 de dezembro de 2022. "Eu falei da minuta. A minuta estava ali. Eu vi a confecção, eu vi o presidente tocando", diz o ex-auxiliar de Bolsonaro em um dos vídeos divulgados. De Theophilo, Cid teria ouvido que as Forças Armadas cumpririam o decreto caso Bolsonaro o assinasse. 8 de janeiroNa delação, Cid detalha a gênese das conversas entre os coronéis Rafael de Oliveira e Ferreira Lima com o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa, que discutiam o que poderia ser feito para criar um "caos institucional" no país. O ex-auxiliar disse que participou dos minutos iniciais de um encontro em novembro de 2022 quando, segundo ele, iniciou-se um planejamento para os atos golpistas. "Eles expressavam a indignação com o que estava acontecendo no país, que alguma coisa tinha que ser feita [...], Exército tinha que fazer alguma coisa e que estavam propostos a fazer alguma ação e que gerasse mobilização de massa, que pudesse causar um caos institucional", afirmou Cid na delação. "Mas sem saber o que fazer, não tinha nada específico. Começaram a surgir algumas ideias, vamos mobilizar os caminhoneiros, bloquear estradas." Em outro trecho do depoimento, Moraes questiona Cid sobre uma troca de mensagens identificadas em seu celular, onde ele é cobrado pelo "pessoal que colaborou com a carne". O interlocutor queria saber se o "churrasco" ia ser feito. "Quero saber o seguinte: quem é o pessoal que colaborou? E estavam colaborando para o quê, para o dia 8 de janeiro?", perguntou Moraes. "Acho que estavam colaborando para manter o pessoal lá", respondeu Cid em referência aos acampamentos em frente aos quartéis do Exército que tomaram diversas capitais após a derrota de Bolsonaro nas eleições. "Eles estavam nessa angústia de esperar que fosse dado o golpe, esperar que o presidente assinasse um decreto, e as Forças Armadas fossem fazer alguma coisa", continuou. "E o presidente, de certa forma dava esperança que fosse acontecer alguma coisa que pudesse convencer as Forças Armadas a fazer alguma coisa. Então esse era o ponto." Apesar de confirmar que existia um financiamento e uma expectativa para que uma ruptura institucional acontecesse, Cid diz que a invasão à praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, foi uma surpresa. "Dia 8 foi uma surpresa para todo mundo. Os militares estavam de férias", disse. Ele afirmou que conversou com a esposa ao ficar sabendo da destruição dos prédios institucionais. "Eu falei para ela: imagina se o presidente [Bolsonaro] tivesse assinado alguma coisa [como a minuta do golpe] o caos que ia ser." Monitoramento de MoraesCid ainda relata como o monitoramento de autoridades foi preparado. Segundo ele, Bolsonaro solicitou que os passos de Moraes fossem seguidos. "Quando o ex-presidente Bolsonaro pediu meu monitoramento, vocês fizeram como?", questionou Moraes. O delator responde que procurou o coronel Marcelo Câmara, ex-assessor especial da Presidência. Segundo Cid, Câmara foi auxiliado por um juiz do Tribunal Superior Eleitoral para monitorar Moraes. "É que um dos contatos dele era um juiz, eu não sei dizer a função, mas é um juiz do TSE", disse. Dinheiro de Braga Netto e tentativa de assassinatoÀ PF, Cid também incriminou o ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022, general Braga Netto. O ex-auxiliar disse ter recebido dinheiro dele no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da república. Cid alega que, após as conversas iniciais, foi orientado pelo ex-ministro a questionar o partido de Bolsonaro, o PL, se a sigla poderia pagar pela operação golpista. A denúncia da PGR indica que o monitoramento de autoridades e o financiamento seriam etapas de um plano para assassinar Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin. Um representante do partido teria se negado a financiar o esquema. Sem o recurso da sigla, Cid diz ter recebido valores diretamente de Braga Netto para financiar a operação. A verba, entregue dentro de uma sacola de vinho, teria sido repassada ao militar Rafael Martins de Oliveira, do grupo "kids pretos", e seria destinada à organização do monitoramento e assassinato das autoridades. "O general Braga Netto me entregou o dinheiro, eu tenho quase certeza que foi no [Palácio do] Alvorada, até me lembro que eu botei na minha mesa ali na biblioteca do Alvorada e depois o [Rafael Martins] de Oliveira veio buscar o dinheiro comigo na próprio Alvorada", disse Cid. Família de Bolsonaro dividida sobre golpeSegundo o blog da Andréia Sadi, do portal de notícias G1, Cid apontou que os planos golpistas não seriam unanimidade na família Bolsonaro. Enquanto o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) era contra um golpe de Estado, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) apoiava a ideia e era um de seus mais radicais defensores, assim como a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Bolsonaro teria agido para evitar prisão de apoiadoresCid também afirmou que Bolsonaro abrigou dois influenciadores bolsonaristas no Palácio da Alvorada e ordenado o transporte de um terceiro, o blogueiro Oswaldo Eustáquio, num carro da Presidência, para evitar que eles fossem presos. Os três estavam acampados em quartéis e teriam ligado para o ex-presidente para pedir ajuda após um outro militante bolsonarista, o cacique Serere Xavante, ser detido por tentar invadir a sede da PF. Bolsonaro e a desconfiança nas urnas eletrônicasSegundo Cid, Bolsonaro sempre alimentou desconfiança sobre as urnas eletrônicas, e o "gabinete do ódio" fazia parte dessa estratégia. O militar afirma que a estrutura que operava de dentro do Palácio do Planalto era formada por "três garotos" e gerida por um dos filhos do presidente, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL-RJ). "Era o Carlos quem ditava o que eles teriam que colocar." Para fazer o conteúdo reverberar nas redes, o grupo recorria a influenciadores ligados ao presidente, que atuavam como multiplicadores da pauta bolsonarista. Nos vídeos divulgados, Cid detalha que Bolsonaro teria pressionado também o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, a produzir um documento que indicasse fraude nas urnas eletrônicas, apesar de uma auditoria da pasta indicar o contrário. "O presidente estava pressionando ele para que ele escrevesse isso de uma outra forma. Na verdade, o presidente queria que escrevesse que tivesse fraude. Então, foi feita uma construção, uma discussão ali, e o que acabou saindo, eu acho, foi que não se poderia comprovar porque não era possível auditar." Cartão de vacinação da covid falsificado a mando de BolsonaroEmbora não tenha se vacinado contra a covid-19, o ex-presidente teria dado ordens para a falsificação de certificados de imunização em nome dele e de sua filha, para usá-los em caso de necessidade, como viagens internacionais. Pouco antes de deixar a Presidência, Bolsonaro viajou para os Estados Unidos, no dia 30 de dezembro, com a esposa e a filha. Mas, como ele viajou com passaporte diplomático, não precisaria, de acordo com as regras americanas, apresentar comprovante de vacinação. Nos vídeos divulgados, Cid diz que o pedido para falsificar o documento veio diretamente do presidente e surgiu em uma conversa informal. "Quando o coronel Câmara, ficou sabendo, falou: 'Você está doido? Está maluco? Faz essa porra não'. Tanto que ele pegou o cartão do bolso do presidente e rasgou", contou o ex-auxiliar. Venda de presentesCid afirmou ainda à PF que ele e seu pai, o também militar Mauro Cesar Lourena Cid, repassaram 86 mil dólares (R$ 492 mil, no câmbio atual) a Bolsonaro entre 2022 e 2023. O dinheiro teria sido obtido com a venda de joias presenteadas a Bolsonaro enquanto ele era presidente. Lourena Cid é acusado de ter sido operador de Bolsonaro e ocultado dinheiro das joias. Ele teria guardado alguns desses presentes e oferecido-os a possíveis compradores. O fim do sigilo da delação mostra que o ex-auxiliar foi taxativo ao indicar Bolsonaro como o autor do pedido para que os itens fossem vendidos. Segundo Cid, o ex-presidente estava preocupado com os gastos com ações judiciais que teria ao deixar a Presidência. "Ele pediu para verificar quais seriam os presentes dele que poderiam ter valor. Uma maneira mais fácil de quantificar seria relógio. Os relógios poderiam ser quantificados por causa da marca, tudo. Aí eu fiz um levantamento. Não sei se 10 ou 20. A gente viu qual relógio poderia ser quantificado, qual podia realmente ter algum valor. E esse relógio que estava nessa relação, o Rolex estava entre eles", afirmou. Questionado se a ordem para venda foi expressa de Bolsonaro, Cid respondeu que sim. "Isso, para vender o Rolex", afirmou, indicando que os valores levantados do relógio e do kit ultrapassavam 15 mil dólares por peça. O que Mauro Cid ganhaSe não descumprir os termos do acordo de delação premiada, Mauro Cid será beneficiado com o perdão judicial ou uma pena privativa de liberdade inferior a dois anos – caberá ao STF decidir se um ou outro. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, Cid negociou o acordo para salvar sua carreira no Exército e garantir benefícios que perderia se fosse expulso da instituição – destino reservado a militares condenados a mais de dois anos de prisão. Se for expulso do Exército, Cid deixa de poder se aposentar pela instituição, perdendo salário e benefícios. Ainda segundo a Folha de S.Paulo, Cid também queria evitar que as investigações da PF respingassem em sua família. Por isso, os benefícios acordados por ele foram estendidos ao pai, à esposa e à filha mais velha. Como parte do acordo, Cid também ganhou proteção da PF. O que acontece em caso de descumprimentoO acordo de Mauro Cid impõe a ele o dever de "falar a verdade incondicionalmente em todas as investigações" e "esclarecer espontaneamente todos os crimes que praticou". Ele também tem o dever de informar a PF sobre qualquer contato com outros investigados por suspeita de envolvimento na trama golpista de 2022, e se comprometeu a restituir bens e valores apreendidos ao longo da investigação. A delação quase foi anulada no início de 2024, após a revista Veja divulgar áudios em que Cid criticava o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e dizia estar sob pressão da PF para delatar coisas que não sabia. Convocado por Moraes a prestar esclarecimentos, Cid disse que os áudios eram uma conversa "particular", e que as declarações dele não correspondiam à verdade. Depois, no final de 2024, a PF acusou Cid de se contradizer em seus depoimentos e prestar informações falsas. Perante Moraes, porém, o militar deu novos detalhes sobre o envolvimento do general Braga Netto nos planos golpistas. À PF, Cid insiste que não participou de "nenhum planejamento detalhado" de tentativa de golpe. A lei brasileira prevê a perda de benefícios caso o acordo de delação seja rescindido por alguma falha do delator. As informações prestadas nos depoimentos, contudo, continuam válidas para a Justiça. A palavra do delator, sozinha, não basta para fundamentar uma condenação. A denúncia da PGR sobre a trama golpista, por exemplo, traz diversos outros elementos de prova, como vídeos, anotações, mensagens de WhatsApp e registros de frequência em prédios públicos. ra/av/gq (Agência Brasil, ots) |
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Short teaser | Delação de ex-auxiliar da Presidência embasou investigação de trama golpista para anular eleições de 2022. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/o-que-mauro-cid-ex-auxiliar-de-bolsonaro-disse-em-delação/a-71677947?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 8 | |||
Id | 71678363 | ||
Date | 2025-02-21 | ||
Title | Como as eleições vão mudar a política externa alemã | ||
Short title | Como as eleições vão mudar a política externa alemã | ||
Teaser |
Diante de nova era global, país terá que rever sua política externa e de defesa. Caminho após as eleições de 23 de fevereiro aponta para redução da dependência dos EUA e fortalecimento de capacidades militares próprias.A política externa será um desafio e tanto para o próximo governo da Alemanha, a ser definido em eleição neste domingo (23/02). O país se vê diante de uma nova era, forçado a rever suas estratégias e a se despedir, de vez, do confortável papel de potência poderosa economicamente, mas hesitante do ponto de vista geopolítico.
Por muitas décadas, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, ministros alemães do Exterior puderam contar com um cargo atraente: firmemente ancorado no Ocidente, o país se transformou num defensor do multilateralismo, da democracia e do Estado de direito. Decisões delicadas na política externa eram tomadas em conjunto com potências amigas, e a segurança da Alemanha era responsabilidade dos Estados Unidos.
EUA de Trump não querem bancar segurança alemã
Mas isso parece ter mudado. De passagem pela Alemanha, o novo vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, afirmou na semana passada que a Europa deve arcar com seus próprios custos de defesa e assumir responsabilidade.
A declaração irritou o conservador Friedrich Merz, líder da União Democrata Cristã (CDU) principal candidato ao cargo de chanceler federal alemã, que afirmou: "Estamos diante de um momento histórico: as garantias de segurança dos EUA estão sendo questionadas, e os americanos estão colocando em dúvida as instituições democráticas." E tudo isso numa velocidade frenética.
Mudança de postura em relação à China
O país está num momento decisivo, argumenta Roderich Kiesewetter, especialista em política externa da bancada da CDU no Bundestag, a câmara baixa do parlamento alemão. Segundo o deputado, a democracia e o Estado de direito estão cada vez mais ameaçados na Alemanha, e o país precisa entender isso.
Como exemplo disso, Kiesewetter cita a China, que estaria fazendo de tudo para expandir sua influência e tornar países democráticos como a Alemanha mais dependentes de si.
Segundo o parlamentar, Berlim não está priorizando os próprios interesses estatais e econômicos, mas precisa fazê-lo. "Do contrário, as consequências econômicas serão massivas, e a Otan perderá sua capacidade de dissuasão."
Kiesewetter defende uma "reorientação estratégica e política clara na política externa e de segurança". "A antiga mentalidade de apaziguamento e a ingenuidade em relação à China não combinam com essa nova abordagem – pelo contrário, são contraproducentes."
Papel da Alemanha na Ucrânia
Há também mudanças à vista na política em relação à Ucrânia. Com a invasão russa em 24 de fevereiro de 2022, a Alemanha se tornou o maior apoiador militar de Kiev depois dos EUA, e o país que mais acolheu refugiados ucranianos.
Agora, o risco é de que um acordo para encerrar a guerra seja negociado apenas entre os EUA e a Rússia. Nesse cenário, caberia à Alemanha e outros países – essencialmente europeus, ao que tudo indica – garantir o acordo com o envio de suas próprias tropas. O presidente americano, Donald Trump, já declarou que não assumirá essa responsabilidade.
Resta saber se a população alemã aceitará o envio de militares alemães em missão de paz à Ucrânia. A medida é apoiada por 49% e rejeitada por outros 44%, segundo uma pesquisa do instituto Forsa.
O atual chanceler federal alemão, o social-democrata Olaf Scholz, insiste na defesa da soberania ucraniana perante a Rússia – posição que, nas atuais condições, ele ou outro governo dificilmente conseguiria impor.
Em entrevista recente à emissora ARD, Scholz disse que discussões sobre a paz são desejáveis, "mas, para nós, está claro que isso não pode significar uma paz imposta e que a Ucrânia não deve ser forçada a aceitar o que lhe for apresentado".
Contudo esse é justamente o cenário que pode acabar se concretizando, e cuja perspectiva assombrará o próximo governo.
Fortalecimento maciço das Forças Armadas
Seja qual for o cenário, a Alemanha, idealmente em cooperação com outros países-membros da UE, precisa se concentrar numa defesa própria eficaz. Nas contas do deputado federal Toni Hofreiter, do Partido Verde, isso não sairia por menos de 500 bilhões de euros.
Merz, provável novo líder alemão, defende que o país assuma a liderança na UE para alcançar esse objetivo. "Todos esperam que a Alemanha assuma uma responsabilidade maior pela liderança. Eu venho avisando isso repetidamente. A Alemanha é, de longe, o país mais populoso da Europa. Está localizada no centro geoestratégico do continente europeu. Precisamos desempenhar esse papel."
Para o conservador, o fortalecimento da Defesa alemã não é importante apenas no contexto da Ucrânia: "Trata-se da paz na Europa diante da agressão russa, que também nos atinge todos os dias aqui na Alemanha – com ameaças à nossa infraestrutura e aos cabos de dados no Mar Báltico."
Apoio inabalável a Israel
No que diz respeito ao Oriente Médio, a influência alemã continuará sendo limitada, como era no passado. O próximo governo seguirá o princípio da "razão de Estado", ou seja, o compromisso inabalável com o direito de existência de Israel. Também continuará apoiando a solução de dois Estados – um para israelenses e outro para palestinos –, mesmo que isso pareça cada vez mais improvável.
Expansão de gastos militares
O que tudo isso significa na prática? O foco principal parece ser a construção de uma capacidade própria de defesa, algo que o atual ministro da pasta, o social-democrata Boris Pistorius, já reivindicava em outubro de 2023, ao citar a necessidade de "aprontar a Alemanha para a guerra".
Desde o verão de 2022, a modernização das Forças Armadas alemãs tem sido bancada por um fundo especial de aproximadamente 100 bilhões de euros – financiado por novas dívidas. O dinheiro vai acabar em 2028. A partir daí, os gastos anuais com defesa, atualmente em torno de 50 bilhões de euros, poderão subir para 80 ou até 90 bilhões.
O debate sobre como financiar isso – se por meio de mais endividamento ou cortes em outras áreas do Orçamento – acirra a campanha eleitoral.
Para Kiesewetter, da CDU, esse aumento drástico é essencial para o futuro governo, porque os EUA só levarão a Alemanha a sério com um forte investimento militar. "A UE precisará oferecer um pacote mínimo para garantir que os EUA permaneçam um parceiro forte, tanto na Europa quanto na Otan."
Novos parceiros no Oriente Médio e América do Sul?
Por isso a ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, do Partido Verde, soa quase desesperada quando insiste que a resposta a todas as mudanças no cenário global deve ser um esforço conjunto da UE.
"Somos 450 milhões. Temos o maior mercado interno comum do mundo. Firmamos novas parcerias. E agora precisamos usar tudo isso em conjunto, sem nos perder em detalhes insignificantes."
Essas novas parcerias incluem, por exemplo, cooperações com os países da região do Golfo e da América Latina, como o acordo Mercosul-UE, selado em dezembro de 2024.
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Short teaser | Diante de nova realidade global, país deve reduzir dependência dos EUA e fortalecer capacidades militares próprias. | ||
Author | Jens Thurau | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/como-as-eleições-vão-mudar-a-política-externa-alemã/a-71678363?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Mudança de governo nos EUA força alemães a rever estratégia; na foto, ministros da Defesa Pete Hegseth e Boris Pistorius (dir.) | ||
Image source | Johanna Geron/Pool Reuters/dpa/picture alliance | ||
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Item 9 | |||
Id | 71694098 | ||
Date | 2025-02-21 | ||
Title | Ucrânia domina debate às vésperas da eleição alemã | ||
Short title | Ucrânia domina debate às vésperas da eleição alemã | ||
Teaser |
Partidos cotados para integrar a próxima coalizão de governo convergem no apoio a Kiev, mas divergem sobre como fazer isso. Envio de tropas de paz alemãs – cenário provável em caso de cessar-fogo – ainda é incógnita.A Ucrânia e o futuro da política de defesa da Alemanha foram os temas dominantes no último debate televisionado do país, transmitido ao vivo nesta quinta-feira (20/02), a três dias das eleições parlamentares antecipadas. Os principais candidatos dessa campanha, o chanceler federal, Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD), e o conservador Friedrich Merz, da União Democrata Cristã (CDU), não participaram do programa.
A CDU, partido cotado para assumir a liderança do próximo governo alemão, defendeu a continuidade do apoio à Ucrânia. A Alemanha é o segundo maior aliado militar de Kiev, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Mas o representante da CDU no debate, Carsten Linnemann, acusou o atual governo de falhar ao não assumir a dianteira dentro da União Europeia nas negociações pela paz na Ucrânia.
Nos últimos dias, o presidente americano, Donald Trump, tem demonstrado que está disposto a negociar o fim da guerra – com a Rússia de Vladimir Putin, mas sem ucranianos e europeus, que agora temem ser excluídos das tratativas.
Os principais partidos cotados para integrar a próxima coalizão de governo – CDU/CSU, SPD, Partido Verde e o Partido Liberal Democrático (FDP) – convergiram no apoio à Ucrânia, mas divergiram sobre como fazer isso.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, tem pleiteado a presença de tropas europeias no país para garantir a paz em caso de acordo com a Rússia. Nas contas dele, seriam necessários ao menos 200 mil soldados estrangeiros.
A tarefa caberia à Alemanha e a outros países europeus, ao que tudo indica. Trump já declarou que não assumirá essa responsabilidade.
O assunto, porém, não vinha sendo discutido abertamente na campanha. Confrontado com o tema no debate, Linnemann, da CDU, se esquivou, dizendo ser ainda muito cedo para se pronunciar sobre isso, e que primeiro a União Europeia teria que se reunir com a Ucrânia e alcançar um acordo para o fim do conflito.
Apenas o Partido Verde, representado no debate pela ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock – o vice-chanceler e ministro da Economia, Robert Habeck, candidato verde a chanceler, também estava ausente – , defendeu abertamente o envio de tropas de paz alemãs. "Temos missões dos capacetes azuis em outros países, por exemplo, das quais a Alemanha participa. A questão é: se há garantias [feitas à Ucrânia como parte de um acordo], então os europeus também precisam ajudar", disse.
Perguntada sobre a reintrodução do serviço militar obrigatório, a CDU defendeu uma modalidade em que os jovens possam optar entre o alistamento nas Forças Armadas e a prestação de serviços comunitários. Além dela, a CSU e o partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) defenderam a volta do serviço militar obrigatório.
CDU defende priorizar investimentos em defesa
Segundo Linnemann, da CDU, a prioridade do próximo governo alemão precisa ser o fortalecimento da Defesa alemã e da União Europeia.
Ainda não está claro, porém, como bancar essa conta.
As eleições foram antecipadas justamente em função do colapso da coalizão de governo de Scholz, que por sua vez foi motivada pela falta de consenso com o ex-parceiro FDP sobre a capacidade de endividamento do governo.
Merz, da CDU, já sinalizou abertura para rediscutir o teto da dívida alemã – algo que tem sido defendido por SPD e Verdes. Mas não se sabe ainda se a medida terá a maioria necessária de dois terços no Parlamento – durante o debate, o FDP e a CSU, parceira tradicional dos conservadores na Baviera, descartaram alterar as regras de endividamento do governo.
Clima
A aliança CDU/CSU, o SPD, o Partido Verde e A Esquerda se comprometeram com a meta de neutralizar as emissões de gases de efeito estufa até 2045 para a Alemanha. AfD e BSW disseram querer abandonar o compromisso, enquanto o FDP pretende adiá-lo por pelo menos cinco anos, alegando "altos custos" para a economia.
ra (Reuters, ots)
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Short teaser | Partidos bem cotados ao governo convergem no apoio a Kiev, mas divergem sobre estratégia. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/ucrânia-domina-debate-às-vésperas-da-eleição-alemã/a-71694098?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Representantes dos oito principais partidos na corrida eleitoral alemã participaram de debate transmitido pela ZDF | ||
Image source | Fabrizio Bensch/dpa/Reuters/picture alliance | ||
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Item 10 | |||
Id | 71689480 | ||
Date | 2025-02-20 | ||
Title | Com avanço da AfD, brasileiros são alvo de xenofobia na Alemanha | ||
Short title | Com avanço da AfD, brasileiros sofrem xenofobia na Alemanha | ||
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Relatos de discriminação abrangem comentários sobre a aparência e dificuldades com o idioma, além de recusa de atendimento médico.Constrangimentos, xingamentos e recusas de atendimento no serviço público: brasileiros que vivem na Alemanha relatam que convivem com diferentes formas de xenofobia no país. Um dos fatores por trás dos casos, segundo especialistas, é o discurso anti-imigração adotado por políticos, sobretudo pelo partido de ultradireita Alternativa para Alemanha (AfD), segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto (21%) para as eleições deste domingo (23/02).
"Tem situações que fico na dúvida se foi racismo, ou xenofobia, mas essa foi bem evidente", conta Isabel, estudante brasileira em Düsseldorf. Em 2019, quando chegou ao país, ela precisou abrir uma conta em banco. Na ocasião, o atendente perguntou se ela preferia ler o contrato em inglês em vez de alemão, e ela respondeu que sim. "Ele disse que nesse caso aquele banco não era para mim, eu deveria virar as costas e ir embora. São experiências assim, nas entrelinhas."
Os problemas não param por aí. Outros brasileiros têm dificuldade de acessar o serviço de saúde por conta do preconceito. Ao procurar um endocrinologista para tratar um nódulo na tireoide, Alessandra obteve como resposta que não seria atendida, por não falar alemão. "Me mandou voltar na semana seguinte com uma tradutora. Depois desse dia, tenho a sensação que preciso colocar uma armadura diária porque não sei quem vai vir com pedras na mão para me atacar pelo fato de eu ser uma imigrante."
Na avaliação da presidente da ONG Janaínas, que presta consultoria a brasileiras em casos de xenofobia, Evelyne Leandro, a vida dos imigrantes brasileiros pode ficar mais difícil no país com o aumento da participação política da AfD no Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão). "O receio vai fazer parte das nossas vidas, as microagressões vão aumentar, talvez haja uma ausência de políticas públicas que nos protejam", afirma.
Xenofobia em alta
Não há dados oficiais que indiquem o número de casos de xenofobia contra brasileiros na Alemanha. A Embaixada do Brasil em Berlim foi procurada, mas não informou se recebeu denúncias de situações desse tipo.
No entanto, um levantamento do Ministério do Interior alemão acompanha os registros de crimes de ódio no país. Entre eles, os de racismo e xenofobia. Os dados apontam para um crescimento de 813% dessas queixas entre 2019 e 2023. Elas passaram de 1,6 mil para 15 mil denúncias.
"Quando os políticos dão um sinal para população, a população se sente autorizada a tratar mal estrangeiros. Isso não é um fenômeno da Alemanha, isso acontece em qualquer outro país europeu onde a direita ganhou uma expressão", explica o sociólogo da Universidade Livre de Berlim Sergio Costa.
Ele lembrou a tentativa do candidato a chanceler federal alemão Friedrich Merz, da União Democrata Cristã (CDU), de aprovar um projeto que pedia restrições à reunificação familiar e a rejeição de imigrantes nas fronteiras. Para aprovar a moção, ele contou com apoio da AfD. "Mesmo entre eleitores mais moderados, como aqueles que votam na democracia cristã, esse discurso xenófobo é alimentado por lideranças do partido, que apostam nesse discurso como uma maneira de não perder votos para a AfD."
Dados compilados pela Statista revelam que, em 2024, 13,3% da população acreditava que o país estava em risco por causa dos estrangeiros. Ao todo, 15,6 milhões de imigrantes vivem na Alemanha e representam 19% da população. Ainda de acordo com a pesquisa, 15,3% dos alemães consideram que os estrangeiros só estão no país para se aproveitar de benefícios sociais, e 11% alegam que, em caso de desemprego, os estrangeiros devem ser deportados.
"Esse é o mal causado pela AfD. Ela conseguiu traduzir frustrações diversas e oferecer um discurso que explica as insatisfações e ressentimentos através da presença de estrangeiros", pondera Costa. "São discursos muito vagos que acabam se valendo da desinformação para dar corpo a insatisfações que têm outras razões."
No trabalho, na escola e em casa
Brasileiros que vivem em diversas cidades da Alemanha relatam casos de xenofobia que ocorrem nos habitantes mais variados. Cleuza foi alvo de preconceito por parte dos colegas na empresa em trabalhava. A tradutora mora na Saxônia, um dos estados de maior capilaridade da AfD, onde o partido conquistou 30,6% dos votos na última eleição estadual.
"Faziam de conta que não me entendiam, diziam que eu não falava alemão direito. Eu só queria ganhar meu pão e ir para casa. Foi bem difícil e no fim das contas, não quis mais trabalhar lá e pedi para sair, porque o ambiente era pesadíssimo. Sei que não foi pessoal porque outros também foram vítimas", relata.
Já Solange conta que recorreu ao atendimento de psicologia escolar após o filho de 6 anos ser discriminado pela professora. "Ela começou a detoná-lo, dizer que ele não conseguia acompanhar a turma e que nunca iria para o ginásio. Conversando com outros pais, descobri que ela tinha a mesma atitude com outras duas famílias estrangeiras. Então foi sim racismo", relata. "Tirei ele da escola e procurei ajuda do estado. Fiquei muito mal, porque temos o direito de ficar aqui e temos que passar por isso."
Em Dresden, outro reduto da AfD, Daniela recebeu pelo correio o panfleto da sigla que imitava uma passagem de avião para deportação de imigrantes. "Foi violento porque sou estrangeira, meu marido viu que foi um homem idoso, de cabelo branco, que colocou na caixa de correio, que tem nosso sobrenome. Foi um choque de realidade ver esse comportamento. Já teve outras situações de gente cuspindo do meu lado ou de não me cumprimentarem de volta", diz. "O fato de ser lida como branca no Brasil não me protegeu na Alemanha."
AfD e o avanço da xenofobia
Os casos de xenofobia na Alemanha não começaram com o surgimento da AfD, fundada em 2013. Segundo Sergio Costa, a discriminação aumentou no país após a reunificação da Alemanha em 1990. Ele explica que com a integração, os estados da antiga Alemanha Oriental e as cidades industriais perderam relevância econômica no país.
Além disso, naquele período, agendas de diversidade social ganharam força no país. "Essa transformação não é aceita por todos os grupos. As pessoas veem na possibilidade de hostilizar estrangeiros uma forma ilusória de se rebelar contra uma influência perdida, a exemplo de homens que perderam parte da influência com o crescimento da igualdade de gênero", afirma o pesquisador.
Por fim, nesse processo, estrangeiros, seus descendentes e alemães naturalizados passaram a ocupar espaços na sociedade alemã. "O discurso xenófobo é uma maneira fácil de traduzir essas insatisfações que tem outros motivos, como a globalização e a perda de importância econômica."
Um dos que tentaram arregimentar esse discurso durante a reunificação foi o Partido Nacional-Democrático da Alemanha (NPD), que nunca obteve votos para chegar ao Bundestag. No caso da AfD, o partido não nasceu ultradireitista. No entanto, essa ala ganhou espaço na legenda, expulsou os fundadores moderados e eurocéticos e se promoveu sob uma plataforma de discriminação com estrangeiros.
Preconceito multifacetado
Evelyne Leandro ressalta que os 160 mil brasileiros na Alemanha são um grupo heterogêneo, por isso, a xenofobia tem várias camadas. "Quando você soma a raça à questão econômica, há mais microagressões", afirma.
Rosa, moradora da Turíngia, onde o brasileiro Torben Braga se reelegeu deputado estadual pela AfD em 2024 e estado da maior proporção de votos para a sigla (32,8%), também já foi vítima de xenofobia. "Eu estava andando na rua com algumas amigas e alemães passaram de carro, gritando: 'Fora! Alemanha para alemães", conta.
Outra situação ocorreu em uma confraternização com amigos do marido, que é alemão. "Um homem perguntou para meu marido se meus pelos pubianos eram iguais ao meu cabelo. Por que ele se achou confortável para dizer isso? Levantei e fui embora." Para ela, pesou o fato de ser uma mulher negra. "Se talvez eu fosse uma estrangeira de pele clara ele não faria esse tipo de pergunta. Naquele momento de impotência, foi traumático."
Já Mayara, ao tentar entrar numa festa, foi barrada pelo segurança, que liberou a entrada das duas amigas que a acompanhavam, uma alemã e outra polonesa. "Pediu meus documentos, coisa que não fez com as outras duas. Perguntou minha idade, eu já tinha 30 anos, e depois de onde eu vinha e disse que eu não iria entrar. O caso foi parar na Justiça."
Na Alemanha, vítimas de xenofobia podem procurar a Agência Alemã de Antidiscriminação. O órgão oferece aconselhamento aos imigrantes em casos de discriminação e indica quais as medidas judiciais podem ser tomadas. Ela foi criada em 2006, junto com uma lei antidiscriminação, que prevê o pagamento de indenização quando o autor é responsabilizado.
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Short teaser | Relatos de discriminação abrangem comentários sobre a aparência e dificuldades com o idioma. | ||
Author | Jéssica Moura, Maurício Cancilieri | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/com-avanço-da-afd-brasileiros-são-alvo-de-xenofobia-na-alemanha/a-71689480?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Levantamento do Ministério do Interior alemão indica crescimento de 813% de denúncias de racismo e xenofobia entre 2019 e 2023 | ||
Image source | Max Gaertner/picture alliance / imageBROKER | ||
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Item 11 | |||
Id | 71689720 | ||
Date | 2025-02-20 | ||
Title | Ex-cartola espanhol condenado por beijo forçado em jogadora | ||
Short title | Ex-cartola espanhol condenado por beijo forçado em jogadora | ||
Teaser |
Antigo presidente da federação de futebol da Espanha Luis Rubiales foi condenado a pagar quase 11 mil euros por beijar atleta na boca sem consentimento na Copa de Sydney, em 2023. Ele pretende recorrer da sentença.A Justiça da Espanha condenou nesta quinta-feira (20/02) o ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, a pagar 10.800 euros (R$ 64,2 mil) pelo crime de agressão sexual, por beijar a jogadora Jennifer Hermoso na boca após a conquista da Copa do Mundo em Sydney em 20 de agosto de 2023, sem o consentimento dela.
Por outro lado, Rubiales foi absolvido do crime de coação sobre a jogadora para declarasse que o gesto fora consensual. O ex-técnico da seleção feminina espanhola, Jorge Vilda, e outros dois ex-diretores, Albert Luque y Rubén Rivera, também foram absolvidos de coação.
Luque era diretor de futebol da seção masculina, enquanto Rivera, gerente de marketing da federação, acompanhou as jogadoras na viagem à ilha de Ibiza, no Mediterrâneo, com a qual foram premiadas pela conquista da Copa do Mundo.
Restrições a contato com jogadora
A decisão do juiz José Manuel Fernández-Prieto, da Audiência Nacional, onde foi realizado o julgamento, também proíbe Rubiales de se aproximar de Hermoso num raio de 200 metros e de se comunicar com ela por um ano.
O Ministério Público da Audiência Nacional havia solicitado uma pena total de dois anos e seis meses de prisão para Rubiales, dos quais um ano pelo crime de agressão sexual, mais um ano e meio por coação. Por este último crime, o representante do Ministério Público também havia pedido uma pena de um ano e seis meses para os outros três acusados.
O advogado de Rubiales já anunciou que recorrerá da sentença.
Beijo acabou com carreira do dirigente
"Rubi", como é chamado pelos amigos, era presidente da RFEF desde maio de 2018. Ele viu sua carreira desandar após a vitória da Espanha na Copa do Mundo feminina em Sydney.
Em 20 de agosto de 2023, diante das câmeras, ele agarrou a cabeça de Hermoso com as duas mãos e a beijou de surpresa na boca: um ato "espontâneo", em sua opinião, mas "inapropriado" para Hermoso, que negou ter dado seu consentimento.
Diante da indignação pública, Rubiales pediu demissão em setembro de 2023 e encerrou uma carreira no futebol iniciada aos 14 anos de idade, quando ingressou no clube da pequena cidade de Motril, em Andaluzia, no sul da Espanha.
Nascido em Las Palmas há 47 anos, Luis Manuel Rubiales Béjar iniciou uma carreira discreta nas divisões inferiores antes de pendurar as chuteiras na Escócia com o Hamilton Academical em 2009.
Escândalos
Extrovertido e franco, Rubiales foi cercado por escândalos durante seu período à frente da RFEF. Ele causou alvoroço ao demitir o técnico da seleção espanhola Julen Lopetegui dois dias antes do início da Copa do Mundo de 2018.
Reeleito em 2020, transferiu a Supercopa da Espanha para a Arábia Saudita, num contrato controverso que foi examinado pelo Judiciário por suspeita de corrupção e acordos irregulares durante seu mandato. Ele chegou a ser detido no contexto do caso, que também envolve o ex-jogador do FC Barcelona Gerard Piqué, cuja empresa teria recebido uma comissão de 1 milhão de dólares para intermediar o acordo com Riad. Rubiales negou qualquer irregularidade.
Mas o ex-cartola é também reconhecido por ter aumentado a renda e o patrocínio da federação, e procurado melhorar as condições do futebol juvenil, o que lhe rendeu o apoio das federações regionais.
Ele também multiplicou o orçamento para o futebol feminino, embora tenha enfrentado a "rebelião das 15" que exigia melhorias estruturais e teve apoio de Jenni Hermoso. Desde que caiu em desgraça, Rubiales tem vivido discretamente na cidade andaluza de Granada como “só mais um vizinho”, segundo a mídia espanhola.
md/av (EFE, AFP)
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Short teaser | Ex-chefe da federação de futebol condenado a pagar 11 mil euros por beijar atleta anuncia que recorrerá da sentença. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/ex-cartola-espanhol-condenado-por-beijo-forçado-em-jogadora/a-71689720?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Beijo de Luis Rubiales em Jennifer Hermoso na Copa do Mundo em Sydney | ||
Image source | Noe Llamas/Sport Press Photo/ZUMA Press/picture alliance | ||
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Item 12 | |||
Id | 71687190 | ||
Date | 2025-02-20 | ||
Title | Entenda o escândalo do "criptogate" da Argentina e o que pesa contra Milei | ||
Short title | Entenda o que pesa contra Milei no "criptogate" argentino | ||
Teaser |
Ao promover a criptomeda $LIBRA, o presidente lesou 44 mil investidores e gerou uma crise política sem precedentes na Argentina. Agora tenta provar que agiu "de boa-fé". O lançamento da fracassada criptomoeda $LIBRA na Argentina provocou uma crise política sem precedentes no país, com investigações judiciais em andamento e um intenso debate público sobre a responsabilidade do presidente Javier Milei e de outros atores envolvidos no que tem sido tratado pela imprensa argentina como um caso de fraude financeira. Na tarde de 14 de fevereiro, Milei promoveu – ou, segundo ele, divulgou – em sua conta nas redes sociais a criptomoeda $LIBRA: "Este projeto privado se dedicará a incentivar o crescimento da economia argentina." Lançada no mesmo dia, o preço da criptomoeda saiu do zero e atingiu quase 5 dólares (R$ 28) poucas horas após a publicação de Milei. Os nove sócios responsáveis pelo projeto, que detinham 80% das moedas, aproveitaram a supervalorização para liquidar todos os seus ativos, levando consigo os lucros. Com a venda em massa, a cotação da $LIBRA despencou 90% em duas horas, drenando a carteira de pelo menos 44 mil investidores ao redor do mundo. Estima-se que no mínimo 250 milhões de dólares foram perdidos nas transações, que movimentaram, desde seu lançamento, mais de 4 bilhões de dólares. Milei apagou sua publicação inicial e afirmou que "não estava ciente dos detalhes do projeto", mas o prejuízo instaurado derrubou a credibilidade do país. Em meio à polêmica, a bolsa argentina (MERVAL) despencou 5,58% na segunda-feira, e diversos investidores acusam o presidente de promover um golpe financeiro. A suspeita é que o presidente argentino teria incentivado a compra da moeda, sabendo que sua publicação inflaria o valor, e o colapso traria lucros substanciais aos donos do projeto. Mais de 100 denúncias contra Milei e outros envolvidos foram apresentadas à Justiça, a maioria por fraude, conflito de interesses e tráfico de influência. Eles também foram denunciados nos EUA ao Departamento de Justiça, ao FBI e à Comissão de Valores Mobiliários. Na segunda-feira, Milei afirmou que havia agido "de boa fé" e se recusou a assumir a responsabilidade perante as vítimas. Congressistas da oposição também iniciaram um processo de impeachment pelo que chamam de "criptogate". Analistas consideram improvável que a oposição consiga o número de votos necessários para tirar Milei do cargo. Outros defendem a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), uma iniciativa mais viável. Há ainda uma terceira proposta da esquerda para interpelar o presidente. Isso exporia o populista de direita a perguntas do Congresso, o qual ele já definiu como um "ninho de ratos". O advogado Adolfo Suárez Erdaire, especialista em fraudes digitais que investiga o caso, disse à agência de notícias AFP que, mesmo se um processo de impeachment o considerasse culpado, "a única penalidade no âmbito político seria a destituição e a inabilitação para ocupar cargos públicos novamente". No entanto, após o fim do mandato, Milei poderia enfrentar na justiça comum acusações com penas de até seis anos de prisão, além de processos civis para reparação dos prejudicados: "Ele corre um risco legal latente, porque os processos judiciais sempre permanecem", explicou Erdaire. O que pesa contra MileiAlém de Javier Milei, estão envolvidos no caso o americano Hayden Mark Davis, um dos criadores da $LIBRA; o singapurense Julian Peh, fundador do site Vivalalibertadproject.com, pelo qual a moeda foi lançada; e o argentino Mauricio Novelli, fundador de um fórum tecnológico onde os três se reuniram com o presidente em outubro, em Buenos Aires. Milei terá problemas com a Justiça se for provado que tem conexão com os envolvidos e se beneficiou de um possível esquema. "O mais importante é determinar, com base numa investigação, se o presidente agiu em conluio com os que criaram esse projeto, e se houve um acordo segundo o qual Milei decidiu publicar essa postagem", explica Carlos Manuel Garrido, ex-chefe do Escritório Anticorrupção da Argentina e atual diretor da ONG Innocence Project. "Ao promover um negócio privado, próprio ou de terceiros, Milei estaria violando a Lei de Ética Pública sobre as responsabilidades dos funcionários do Estado, mas tudo depende do resultado das investigações." O próprio Milei informou no X que teve um "encontro muito interessante" com Davis em 30 de janeiro, na Casa Rosada: "Ele me aconselhou sobre o impacto e as aplicações da tecnologia blockchain e inteligência artificial no país". Indícios sérios de corrupção na Casa RosadaReportagens publicadas por veículos argentinos já apontam para indícios ainda mais sérios de que os donos da criptomoeda possuem relações próximas com a presidência argentina. O jornal argentino La Nación divulgou mensagens enviadas por Davis a um empresário, na tentativa de promover a criptomoeda. Ele diz ter "controle total" sobre Milei e alega que paga propinas à secretária-geral da Presidência, Karina Milei, irmã do presidente. "Eu mando $$ para a irmã dele e ele assina o que eu digo e faz o que eu quero", escreve Davis, que também afirmou ser capaz de mandar o presidente argentino tuitar sobre a moeda e promovê-la a qualquer momento. Segundo fontes ouvidas pelo La Nación, Davis estaria coordenando a reação à crise com a Casa Rosada. Ele chegou a indicar que sabia da entrevista a ser gravada pelo presidente. Já registros oficiais de entrada e saída de prédios do governo mostram que Novelli e Davis visitaram Karina Milei pelo menos 12 vezes desde janeiro de 2024, antes do encontro pessoal com o presidente. Segundo o diretor do Centro Argentino de Política Econômica (Cepa), Hernán Letcher, "no momento, duas possibilidades estão sendo debatidas na Argentina": "Uma é que se tratou de uma fraude premeditada e que Milei tentou enriquecer a si e ao seu círculo próximo. A outra é a teoria da ingenuidade, de que Milei caiu na armadilha da fraude. Mas é difícil imaginar que o presidente, um economista que se apresenta com muita experiência, não teria investigado essas pessoas para ver quem eram e como operavam." Quem é quem no escândalo argentino e o que dizemO empresário americano Mark Davis, que se descreve como "conselheiro" de Milei em projetos de tokenização – algo que o governo agora nega –, é o rosto visível da Kelsier Ventures, dedicada a investir em criptomoedas. Davis conheceu Milei em outubro de 2024 e teve uma reunião com ele na Casa Rosada em 30 de janeiro. De acordo com o próprio presidente, foi o americano quem levou o projeto $LIBRA até ele durante uma das reuniões. O empresário declarou que o lançamento da $LIBRA foi um "experimento" que deu errado, negou ter orquestrado um golpe e questionou Milei e sua equipe por terem excluído as publicações "sem aviso prévio". Ele afirmou estar de posse de pelo menos parte do dinheiro investido na moeda e se ofereceu para reinvestir cerca de 100 milhões de dólares (R$ 570 milhões), o que pode recuperar o valor dos ativos para alguns investidores. Apesar da oferta, esse valor não foi aplicado. Já Julian Peh é um empresário de tecnologia de Cingapura e diretor executivo da KIP Protocol. Embora o governo tenha inicialmente atribuído o desenvolvimento do projeto à empresa, esta nega e defende que sua participação foi planejada num estágio posterior ao lançamento da moeda digital e sob instruções da Kelsier Ventures, que seria a entidade responsável pela iniciativa. Milei também se reuniu com Peh em outubro, durante o Tech Forum Argentina, em Buenos Aires. De acordo com a KIP Protocol, nesse encontro de 30 minutos não houve menção ao "projeto Viva la Libertad ou ao lançamento de qualquer token", concentrando-se em questões de inteligência artificial, tecnologia e a possibilidade de investir no país. O fundador do Tech Forum, é o argentino Mauricio Novelli. Ele foi o elo entre Milei, que conhece há anos, Peh e Davis. É também cofundador da N&W Professional Traders, empresa que oferece cursos de formação financeira, onde Milei deu aulas antes de entrar para a política. Em suas próprias palavras, conhece Novelli "há anos". Na noite de segunda-feira, o canal TN exibiu uma entrevista com Milei gravada naquela tarde. "Por querer ajudar os argentinos, levei um tapa na cara", disse , alegando que quem investe em criptoativos "sabia muito bem qual era o risco que estava assumindo", e comparando a situação a quem "vai a um cassino". Um trecho cortado da entrevista, porém, viralizou nas redes sociais e gerou ainda mais polêmica, pois o presidente e o jornalista comentam ironicamente que as perguntas estavam preparadas de antemão. Pouco depois, a pedido da equipe de Milei, o jornalista alterou uma pergunta após admitir que poderia causar um "problema judicial". Não é a primeira criptomoedaEsta é a segunda vez em três anos que a Milei promove uma criptomoeda. Em 2022 foi a vez da CoinX, e depois o videogame NFT Vulcan. "Milei se reuniu várias vezes com os criadores da $LIBRA e com um em particular, Mariano Novelli. Portanto, a teoria da ingenuidade – que é à que o presidente vai recorrer, porque senão vai acabar na cadeia – é difícil de sustentar", questiona Hernán Letcher, do Cepa. "Em primeiro lugar, deveria ser investigado se houve fraude. E, além disso, se o presidente Milei estava ciente da fraude", resume Carlos Garrido. Javier Milei já anunciou que criará uma comissão para investigar os criadores da moeda e que solicitara ao Escritório Anticorrupção que o investigasse. "O problema é que o Escritório Anticorrupção é chefiado por um funcionário que é amigo do Ministro da Justiça", ressalva Garrido. gq/av (EFE,AFP,ots) |
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Short teaser | Ao promover a criptomeda $LIBRA, presidente lesou 44 mil investidores e gerou uma crise política sem precedentes. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/entenda-o-escândalo-do-criptogate-da-argentina-e-o-que-pesa-contra-milei/a-71687190?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 13 | |||
Id | 71685539 | ||
Date | 2025-02-20 | ||
Title | Tudo que você precisa saber sobre a eleição alemã | ||
Short title | Tudo que você precisa saber sobre a eleição alemã | ||
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Alemanha vai às urnas em eleição antecipada. Oposição conservadora lidera intenções de voto em pleito que deve marcar fim do governo do social-democrata Olaf Scholz. Os eleitores alemães vão às urnas no próximo domingo (23/02) para escolher quem vai liderar o país após a desintegração da coalizão de governo do chanceler federal Olaf Scholz em novembro e a convocação de eleições antecipadas. Pesquisas indicam que a conservadora União Democrata Cristã (CDU) deve conquistar o maior número de votos, com o líder do partido, Friedrich Merz, aparecendo como o provável futuro chanceler federal do país. No entanto, os levantamentos também apontam para um resultado pulverizado, o que deve levar a negociações para a formação de coalizões no Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão), um processo que pode se arrastar por semanas. A expectativa também é que o Partido Social Democrata (SPD) de Scholz sofra uma derrota histórica. Já a ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD) caminha, segundo levantamentos, para dobrar seu eleitorado e formar a segunda maior bancada no Bundestag. Os Verdes, por sua vez, devem sofrer um encolhimento. A campanha foi dominada por temas como a estagnação econômica do país, imigração, a continuidade da guerra na Ucrânia e a influência no pleito de atores externos no pleito como o bilionário Elon Musk e o vice-presidente americano J.D. Vance, que manifestaram simpatia pela AfD. Cidade alemã oferece cerveja gratuita para atrair eleitoresA cidade de Duisburg, no oeste da Alemanha, criou uma maneira pouco ortodoxa de atrair eleitores a votarem nas eleições nacionais, que acontecerão em 23 de fevereiro. Cidadãos com direito a voto que entregaram sua cédula antecipadamente em uma seção eleitoral do município até o começo da tarde deste sábado (15/02) ganharam uma cerveja grátis. O cupom também poderia ser usado para comprar uma bebida não alcoólica. O projeto foi apoiado por uma cervejaria local, segundo a prefeitura de Duisburg. Segundo a agência de notícias alemã dpa, 80 eleitores compareceram nas primeiras horas para aproveitar a oferta. Leia mais Como A Esquerda dobrou a intenção de voto com o TikTokO partido político A Esquerda está vivenciando nas pesquisas para a eleição do Bundestag em 23 de fevereiro um crescimento que pode ser determinante para seu futuro. Se em meados de dezembro a agremiação alcançava meros 3% das intenções de voto, dois meses depois o resultado dobrou, variando entre 6% e 7%, dependendo do levantamento. Pode parecer pouco, mas é decisivo: na Alemanha, um partido só tem bancada no parlamento se obtiver mais de 5% dos votos. Às vésperas da eleição, há fortes sinais de que a sigla – que muitos davam como liquidada depois da debandada de uma ala liderada pela política Sahra Wagenknecht, em outubro de 2023 – terá uma bancada parlamentar. Algo em que quase ninguém mais acreditava, depois de uma série de derrotas, incluindo as eleições europeias e as três eleições estaduais alemãs de 2024. Leia mais Investir no clima provocou a crise da economia alemã?Empregos, renda e a economia em crise da Alemanha são os principais focos dos partidos políticos do país antes das eleições deste domingo (23/02), com muitos deles mirando nas medidas de proteção climática. Friedrich Merz, líder da União Democrata Cristã (CDU), de centro-direita, e amplamente cotado para ser o próximo chanceler federal do país, disse que desativaria as usinas de carvão e gás somente se isso não prejudicasse a indústria alemã. Até mesmo os partidos que atuam em questões climáticas estão falando menos sobre o assunto do que durante as eleições de 2021. Isso deixou alguns especialistas preocupados com o fato de a economia estar tendo precedência sobre o clima, embora uma pesquisa da Climate Alliance, uma coalizão alemã de grupos da sociedade civil, tenha constatado que a maioria da população gostaria de ver mais ações climáticas. Leia mais Quem são os imigrantes que votam na ultradireita alemã?O partido alemão de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) não esconde suas opiniões sobre os imigrantes em seu programa partidário. "A AfD vê a ideologia do multiculturalismo como uma séria ameaça à paz social e à existência contínua da nação como uma entidade cultural", diz o texto. Ainda assim, o multiculturalismo não parece ser uma ameaça para a própria AfD. Nos últimos meses, cada vez mais as mensagens da ultradireita têm sido direcionadas aos eleitores das muitas comunidades de imigrantes da Alemanha – com algum sucesso. Isso acontece apesar de membros do partido promoverem abertamente a deportação de imigrantes e distribuir panfletos imitando "bilhetes aéreos" para a repatriação de imigrantes, com algumas alas da legenda defendendo ainda a deportação de migrantes que possuem cidadania alemã. Leia mais Como a Rússia tenta influenciar eleição alemã com fake newsAssim como na eleição para o Bundestag (parlamento alemão) de 2021, também em 2025 a Rússia tenta influenciar os eleitores por meio de desinformação. Especialistas estão observando campanhas russas em larga escala para a eleição de 23 de fevereiro, visando desacreditar sobretudo os partidos do centro. A maioria das fake news "são direcionadas contra o Partido Verde, a União Democrata Cristã (CDU) e o Partido Social-Democrata (SPD) e seus candidatos à chanceler federal. A Alternativa para a Alemanha (AfD) raramente é mencionada, e quando o é, de forma positiva", constata a analista Lea Frühwirth, do Centro de Monitoramento, Análise e Estratégia (Cemas), organização sem fins lucrativos que se dedica a pesquisar temas como teorias da conspiração, antissemitismo e extremismo de direita. Leia mais Veja quem são os candidatos a chanceler federalO que dizem programas de governo dos partidos alemãesRaramente os partidos tiveram tão pouco tempo para uma campanha eleitoral como nas eleições parlamentares antecipadas de 23 de fevereiro na Alemanha. E raramente eles tiveram tão pouco tempo para escrever seus programas de governo, que são algo como a lista de desejos das siglas. Um detalhe logo chama a atenção: é surpreendente que os programas de governo não expliquem como os partidos pretendem financiar suas promessas, algumas das quais requerem bilhões de euros. A Universidade de Hohenheim analisou os programas dos dez partidos que têm representração em todos os 16 estados da Alemanha. Os pesquisadores descobriram que esses programas são mais curtos do que o usual e difíceis de entender. Termos técnicos, frases repetidas e palavras mirabolantes são encontrados com muita frequência. Segundo os pesquisadores, o programa de governo mais compreensível é o da aliança conservadora formada pelos partidos União Democrata Cristã e União Social Cristã (CDU/CSU), e o mais incompreensível, o da ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD). Leia aqui um resumo dos programas de governo dos sete partidos representados no Bundestag, o parlamento alemão. A ordem é baseada na força atual dos partidos, medida pelas pesquisas eleitorais. O passo a passo até a eleição na AlemanhaO governo do chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, perdeu a maioria parlamentar em 6 de novembro de 2024, quando o Partido Liberal Democrático (FDP) abandonou a coalizão formada ainda pelo Partido Social Democrata (SPD) e pelos Verdes. Sem maioria para governar, Scholz decidiu em comum acordo com a oposição pela antecipação do pleito. No final do ano passado, o rito foi formalizado com a rejeição do voto de confiança apresentado por Scholz ao Bundestag (Parlamento alemão) e a dissolução do Parlamento, dias depois, pelo presidente Frank-Walter Steinmeier. As eleições antecipadas ao Parlamento serão realizadas em 23 de fevereiro. Em seguida, o partido mais votado deve iniciar negociações para formar uma coalizão de governo.
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Short teaser | Alemanha vai às urnas em eleição antecipada. Oposição conservadora lidera intenções de voto. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/tudo-que-você-precisa-saber-sobre-a-eleição-alemã/live-71685539?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 14 | |||
Id | 71688560 | ||
Date | 2025-02-20 | ||
Title | [Coluna] Potencial do jornalismo para a educação é subutilizado | ||
Short title | Potencial do jornalismo para a educação é subutilizado | ||
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É difícil e solitário estar à frente de uma ação social de educação num país como o Brasil. Jornalistas poderiam ajudar muito. Para isso, bastaria dar um mínimo de atenção – e não exaltar o viral em detrimento do real. "Você gostaria que as desigualdades no Brasil diminuíssem?" "Você acredita no poder da educação como instrumento de transformação social?" É muito provável que praticamente todos os profissionais da comunicação responderiam absolutos "sim" para as perguntas acima. Não acho que estariam mentindo, mas me pergunto o quanto verdadeiramente almejam que mudanças ocorram, ou, pelo menos, se estão cientes do poder e da responsabilidade que têm, estando por trás de grandes veículos, para que tais mudanças sejam reais e não apenas sonhos. Dedico minha vida, quase que exclusivamente, há nove anos para o Salvaguarda, uma ação social de educação que começou do zero, hoje atende jovens do país todo e já aprovou mais de 3 mil no ensino superior. Nesta coluna, quero discorrer especificamente sobre minha relação, enquanto gestor social, com os veículos de comunicação. O viral e o sensacionalista em detrimento do realSempre acreditei no poder do jornalismo de nos ajudar. Meu raciocínio é simples: os veículos têm o poder de mostrar nosso trabalho para novas pessoas, nos possibilitando receber ajuda e também ajudar ainda mais jovens. O saldo geral no sentido de pautas aprovadas, de 2017 até hoje, é positivo, e não posso mentir, mas é difícil colocar em palavras o quão difícil foi cada aprovação. Antes, acreditei que eu não tinha respostas ou atenção por estar no início do projeto e ainda sem resultados ou solidez. Agora, entendo que é uma dificuldade inerente às ações sociais. Sinto que posso escrever que há vagas gratuitas, com um suporte completo e incrível, para 1 milhão de estudantes, e que muito provavelmente terei a mesma taxa de respostas de quando o projeto estava no primeiro ano. Me sinto, confesso, um mendigo pedindo esmola. Nesse contexto, fico incrivelmente magoado quando vejo pautas envolvendo educação, mas no recorte de pessoas que por alguma razão viralizaram na internet, ou aquele bom e velho sensacionalismo expondo perfis que simplesmente não inspiram, mas causam comparações irrealistas. Enxergar o humano por trás do personagemJá fui personagem em pauta dos maiores programas do Brasil. Assim como também fui personagem em grandes eventos de educação, daqueles do tipo organizados por grandes fundações. Sabem, né? Durante cada pauta ou evento, nossa, me tratavam igual a um herói, e parecia que verdadeiramente acreditavam em mim e em meu trabalho. Elogiavam demais e até se diziam emocionados. Poxa, isso brilhava meus olhos. Me trazia esperança de que havia encontrado quem iria nos ajudar quando possível. Bom, não é bem assim. No ano seguinte eu escrevia, pedindo ajuda com uma nova divulgação ou, pelo menos, com alguma atenção. O que recebia? ou um belo vácuo ou uma resposta ríspida e seca. Sei que estão na correria e posso apenas imaginar o quanto têm de trabalho para lidar, mas, poxa, gostaria que soubessem que verdadeiramente entram em nossas vidas. Gostaria que soubessem o quanto é difícil e solitário estar à frente de uma ação social de educação em um país como o Brasil. Gostaria que soubessem o quanto podem ajudar ações como o Salvaguarda a seguir resistindo, para ajudar ainda mais jovens, e para isso basta darem uma mínima atenção. Gostaria que soubessem que podem ser agentes ativos na construção do Brasil melhor que tanto dizem almejar. ______________________________ Vozes da Educação é uma coluna semanal escrita por jovens do Salvaguarda, programa social de voluntários que auxiliam alunos da rede pública do Brasil a entrar na universidade. Revezam-se na autoria dos textos o fundador do programa, Vinícius De Andrade, e alunos auxiliados pelo Salvaguarda em todos os estados da federação. Siga o perfil do Salvaguarda no Instagram em @salvaguarda1. Este texto foi escrito por Vinícius De Andrade e reflete a opinião do autor, não necessariamente a da DW. |
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Short teaser | É difícil encabeçar uma ação social no Brasil. Jornalistas poderiam ajudar muito, bastaria dar um mínimo de atenção. | ||
Author | Vinícius De Andrade | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/coluna-potencial-do-jornalismo-para-a-educação-é-subutilizado/a-71688560?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 15 | |||
Id | 71683738 | ||
Date | 2025-02-20 | ||
Title | Brasil leva perspectiva das crianças para a Berlinale | ||
Short title | Brasil leva perspectiva das crianças para a Berlinale | ||
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"A Natureza das Coisas Invisíveis" e "Hora do Recreio" são alguns dos filmes brasileiros no festival conduzidos pelo ponto de vista dos mais jovens, tratando desde o sobrenatural à crueza da violência nas periferias. O berlinense leva cinema a sério, desde criancinha. Crescer cercado por vários cinemas de rua, sem falar das várias exibições ao ar livre no verão, tornam o gosto pela coisa quase natural. No Festival de Cinema de Berlim, a Berlinale, crianças e jovens têm lugar não só como expectadores, mas integram o júri da seção Generation, categoria voltada para público e temática juvenis. Neste ano, a Generation selecionou 43 produções, sendo cinco brasileiras – desempenho em número que só perde para a França, com seis obras em exibição nessa categoria, e empata com o Canadá. O filme A Natureza das Coisas Invisíveis, de Rafaela Camelo, abriu a seção, na sexta-feira (14/02). O outro longa na disputa é Hora do Recreio, de Lúcia Murat. Também fazem parte da mostra os curtas Arame Farpado, de Gustavo de Carvalho, e Pôr do Sol Sobre a América, uma coprodução com Chile e Colômbia. A série de TV De Menor também está entre as obras que passarão pelo crivo do júri infantojuvenil. Há 12 produções brasileiras na Berlinale deste ano, distribuídas em quase todas as seções, incluindo a mostra competitiva principal, com o longa O Último Azul. Mistério e afeto"O que se passa no filme acontece na vida real?", perguntou um dos jovens expectadores após a sessão de abertura de A Natureza das Coisas Invisíveis, que teve dublagem em alemão. "Pensei em trazer a perspectiva de duas crianças sobre a morte, a partir da imaginação e da fantasia. Não que fosse um delírio ou que fosse sempre um sonho, mas que simplesmente fosse a perspectiva das crianças sobre esse tema, uma forma de ver o mundo", definiu a diretora, a brasiliense Rafaela Camelo, que participa pela segunda vez da Berlinale. O longa apresenta duas meninas de dez anos que se conhecem num hospital durante as férias escolares. A mãe de Glória é enfermeira e não tem onde deixar a filha, por isso a leva para o trabalho. A bisavó de Sofia sofreu uma queda, e a menina foi quem a socorreu e acompanhou a internação. Do improvável cenário surge uma amizade que navega por caixas de pertences de pessoas que já se foram, brincadeiras na ala dos idosos hospitalizados e histórias contadas como um sopro do além, como a de que há corpos de trabalhadores que morreram na construção de Brasília concretados nas paredes de monumentos. As mães decidem unir forças e levar a bisavó Francisca, curandeira que sofre do mal de Alzheimer, para passar seus últimos dias em casa, no interior de Goiás. Nesse ambiente, salpicado de bibelôs, santos e rituais, as meninas vivem a liberdade dos quintais e encaram os mistérios da morte, enquanto fim da vida e outras dimensões simbólicas. "O que vocês aprenderam no filme?", perguntou outra criança da plateia. "Aprendi muito a questão do respeito, da gente ver as coisas não só de uma maneira, enxergar os dois lados, ver a perspectiva de cada um", respondeu a atriz Laura Brandão, que interpreta Glória, dando as mãos para sua parceira de tela, Serena. "Acho que uma das principais coisas que aprendi é como é possível se fazer cinema com afeto, com escuta e com respeito. Eu faço cinema há 15 anos, e foi o primeiro filme em que atuei dirigido por uma mulher e com equipe majoritariamente feminina", observou a atriz Larissa Mauro, que encarna a mãe enfermeira. Abordagem documental e ficcionalNo caso de Hora do Recreio, a dúvida que fica é de outra ordem – até onde vai o documentário e o que é encenação? A diretora carioca Lúcia Murat levou a questão para os jovens que participam do longa. "É um documentário, porque é a realidade", concluem. O filme escancara os problemas vividos por adolescentes de 14 a 19 anos de quatro escolas de diferentes comunidades e bairros do Rio de Janeiro e suas famílias, que passam por situações de violência contra mulher, racismo, transfobia e truculência de ações policiais. Além dos relatos crus e comoventes em sala de aula – a própria equipe aparece chorando num momento –, a diretora adicionou ao filme outras linguagens, como performance, artes plásticas, rap e uma encenação do livro Clara dos Anjos, de Lima Barreto, escrito no início dos anos 1920. "Eu fiquei muito, muito feliz com a capacidade deles de falarem por suas próprias mentes. Foi muito corajoso", diz Murat, que participa pela terceira vez no Festival de Cinema de Berlim. Os percalços para gravar o filme, como a proibição do governo do estado do Rio para filmar dentro de uma escola de ensino médio ou o cancelamento das aulas em outra escola no Morro do Alemão, devido a uma ação policial, são levados para dentro da obra e justificam as escolhas de linguagem. A produção buscou os personagens em três projetos teatrais na periferia do Rio: o grupo Nós do Morro, no Vidigal; o grupo Vozes, no Cantagalo; e o Instituto Arteiros, na Cidade de Deus. Cria do grupo Vozes, a atriz Brenda Rodrigues Viveiros, que aparece como a aluna que interpreta Clara dos Anjos, compartilhou com o público, após uma das exibições, como lidou com o estilo híbrido do documentário. "Foi uma construção maravilhosa, até para eu conseguir distinguir no set quando eu estava como atriz e quando eu respeitava o personagem da Clara, sem que a atriz passasse à frente", disse. |
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Short teaser | "A Natureza das Coisas Invisíveis" e "Hora do Recreio" são conduzidos pelo ponto de vista dos mais jovens. | ||
Author | Sofia Fernandes | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/brasil-leva-perspectiva-das-crianças-para-a-berlinale/a-71683738?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
RSS Player single video URL | https://rssplayer.dw.com/index.php?lg=bra&pname=&type=abs&title=Brasil%20leva%20perspectiva%20das%20crian%C3%A7as%20para%20a%20Berlinale |
Item 16 | |||
Id | 71648285 | ||
Date | 2025-02-20 | ||
Title | Belém aposta corrida imobiliária de milhões antes da COP30 | ||
Short title | Belém aposta corrida imobiliária de milhões antes da COP30 | ||
Teaser |
Aluguéis para os dias do megaevento da ONU chegam a R$3 milhões, e inquilinos locais enfrentam ameaças de despejo. Cidade espera receber 50 mil visitantes nesse período. Belém vive uma desenfreada corrida imobiliária em direção à Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30). Em clima de euforia comercial, moradores e empreendedores enxergam uma chance imperdível de alugar imóveis a preços de compra, com aluguéis chegando a R$3 milhões para os doze dias da conferência. O afã ganha impulso com as obras de revitalização numa cidade repleta de deficiências, que especialistas criticam por hipervalorizar zonas nobres em detrimento de vizinhas precarizadas. A explosão dos aluguéis é acompanhada ainda pela ameaça de despejo de inquilinos locais. A nove meses do megaevento da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a crise climática, os belenenses de várias classes sociais oferecem hospedagem por temporada para os esperados 50 mil visitantes. O aluguel para acomodações de classe média baixa gira em torno de R$1 mil para o período da conferência. Mas, para os imóveis das classes média e alta, o céu é o limite. Em duas plataformas que firmaram parcerias com o governo do Pará, Airbnb e Booking.com, a metade mais cara das 1,2 mil acomodações disponíveis para pelo menos uma pessoa em novembro tem diárias que vão de R$6 mil até R$285 mil. Com significativas disparidades, o aluguel mensal médio de um imóvel de 100 metros quadrados na cidade amazônica era de R$ 5,5 mil em janeiro, o terceiro mais caro entre as capitais do Brasil, segundo o Índice FipeZAP. Só no ano passado, os leitos disponibilizados pelo Airbnb em Belém e região chegaram a 5,2 mil – um aumento de 54% em relação ao ano anterior, diz a plataforma. Também as agências imobiliárias viram aumentar a clientela ansiosa para alugar seus apartamentos a preços que hoje são tão variados quanto eram antes impensáveis, saindo a pelo menos alguns milhares de reais pela diária. Os corretores investem numa enxurrada de propaganda, mirando quem quer ganhar dinheiro na COP30. "Os proprietários calculam os preços em dólar, e os valores ficam às vezes fora da realidade. Muitos deles desistiram de vender seus imóveis para alugar na COP", diz o corretor Genardo de Oliveira. "É uma loucura." A organização da COP30 aposta no aluguel de temporada para gerar 11,5 mil leitos e contornar a deficiência da capacidade hoteleira de Belém. Segundo dados oficiais, em 2022 havia apenas 12,2 mil unidades habitacionais de hospedagem, dos quais 91% eram hotéis. Vale tudo para alugar em dólarAlguns proprietários estão dispostos a ir longe para não perder um bom negócio numa cidade onde a oferta imobiliária é limitada e a demanda, de repente, virou global. Para muitos, está na mesa até não renovar ou rescindir contratos com inquilinos de longa data para alugar na COP30. Há ainda quem demande reajustes no aluguel acima dos índices padrão como condição para manter contratos. "É um momento de monetizar para ter renda extra onde você mora", afirma o corretor Fabrício de Menezes. "Pessoas que nunca pensaram em alugar antes agora vão disponibilizar seus apartamentos. A maioria vai, inclusive, se ausentar da cidade." É o caso da família de Víndia Barros, que decidiu alugar o seu apartamento no bairro Umarizal, um dos mais nobres de Belém, depois de uma vizinha fechar um contrato de oito meses com uma empresa. Ela espera conseguir R$30 mil por diária em novembro. O valor hiper inflado já passou a ser chamado de mediano entre os moradores da região. "É uma forma de ganhar uma renda extra e colaborar com o evento", ela diz. "Quero pedir o valor que é justo e que está na média do mercado." No caso de Luciana Contente, proprietária de dois imóveis num bairro nobre próximo às sedes da COP30, a solução foi um arranjo que se vai se tornando comum. Em troca de se ausentar em novembro, seu inquilino vai levar 5% dos R$600 mil que ela quer lucrar com a locação por 20 noites de um apartamento. Hoje, o aluguel mensal do imóvel gira em torno de R$3 mil. "De início, meu inquilino se mostrou relutante. Mas, quando falei sobre o valor e que a gente poderia dividir lucros, ele se mostrou muito favorável", conta. Com o dinheiro, Luciana e o marido pretendem dar entrada num novo imóvel e fazer uma terceira acomodação para a COP30. Agentes imobiliários desaconselham novos clientes a renunciar a contratos de longo prazo ou vender bens mirando um novo imóvel, já que os aluguéis podem retroceder. O médico Marcelo Seguin insistiu na aposta e botou um carro à venda por R$350 mil na expectativa de inteirar o valor para um apartamento de alto padrão. "É uma especulação. Seria para ganhar um dinheiro rápido, em dez ou 15 dias", ele diz. "A gente vai ver se a minha expectativa pode virar prejuízo." Na semana passada, o governador Helder Barbalho negou que os preços sejam abusivos e disse que o dinheiro vai servir à economia local. O governo estadual disse ainda que o Procon vai fiscalizar hotéis da capital para adequar as tarifas na COP30. Mas não comentou o caso dos imóveis privados, que, no caso da Booking.Com e do Airbnb, são controlados pelos locatários, segundo as plataformas. Já o governo federal promete mais 26 mil leitos e uma plataforma oficial para gerir acomodações, a fim de conter a especulação. Cidade divididaEnquanto isso, Belém assistiu nos últimos dois meses a uma tendência de aumento nos aluguéis de longo prazo que deverá permanecer pelo menos temporariamente. "Passado o evento, a pressão extraordinária sobre os valores de aluguel tende a diminuir, a menos que haja outros fatores estruturais que sustentem a alta", como a valorização imobiliária em áreas revitalizadas, explica o coordenador do FipeZAP, Alison Oliveira. No caminho para a COP30, Belém se tornou um canteiro de obras, com projetos para melhorar a mobilidade, saneamento, desenvolvimento urbano, turismo e conectividade antes da conferência, com foco na sustentabilidade. "A obra na frente do meu prédio vai ficar linda. Sem dúvidas, a infraestrutura e o lazer vão melhorar", celebra Vídia, que mora diante do Parque Linear em construção. "Era uma reivindicação antiga nossa." Mesmo com legados positivos, os investimentos também atraem críticas por beneficiar as áreas já mais valorizadas da cidade com projetos de alto custo e reforçar a segregação social. "Algumas obras são importantes e necessárias, como o Parque da Cidade, mas outras não são uma exigência da ONU, custam milhões e beneficiam o mercado imobiliário principalmente", afirma Roberta Rodrigues, diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Pará (UFPA). Na avaliação de especialistas, a reforma de grandes avenidas ao longo de rios urbanos pode ainda aprofundar a gentrificação na Cidade Velha, que faz parte do Centro Histórico de Belém, e no Reduto, antiga zona industrial do ciclo da borracha. Já nas periferias e favelas, onde moram 57% da população, a cidade acumula uma longa história de amplos desafios estruturais. A cobertura de esgotamento sanitário só atendia 20% dos belenenses antes das reformas, aponta o Instituto Água e Saneamento. "Certamente a maioria dos visitantes vai conhecer uma cidade resiliente criada para a COP30", afirma Lucas Navegantes, jovem pesquisador da UFPA. "Mas existe uma segunda cidade, a das periferias. Lá, não se está pensando a mesma perspectiva de cidade." |
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Short teaser | Aluguéis para os dias do megaevento da ONU chegam a R$3 milhões, e inquilinos locais enfrentam ameaças de despejo. | ||
Author | Heloísa Traiano | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/belém-aposta-corrida-imobiliária-de-milhões-antes-da-cop30/a-71648285?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
RSS Player single video URL | https://rssplayer.dw.com/index.php?lg=bra&pname=&type=abs&title=Bel%C3%A9m%20aposta%20corrida%20imobili%C3%A1ria%20de%20milh%C3%B5es%20antes%20da%20COP30 |
Item 17 | |||
Id | 71669625 | ||
Date | 2025-02-20 | ||
Title | Combate à corrupção não interessa mais a ninguém no Brasil | ||
Short title | Combate à corrupção não interessa mais a ninguém no Brasil | ||
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País teve sua pior nota desde 2012 no Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional, e isso parece não interessar a ninguém – um erro que pode ter consequências dramáticas para a sociedade brasileira. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez 465 discursos nos primeiros dois anos de seu terceiro mandato. A ONG Transparência Internacional (TI) contou neles 15 menções à palavra corrupção. A TI é uma organização não governamental independente e de atuação global que se dedica a combater a corrupção e a promover, em todo o mundo, a transparência, a integridade e a obrigação de autoridades de prestarem contas de seus atos. Para a Transparência Internacional, a falta de interesse de Lula por temas como corrupção e nepotismo é sintomática da atual abordagem que se dá ao assunto no Brasil. Se o assunto continuar sendo visto como secundário, isso pode ter consequências dramáticas para a sociedade brasileira, alerta. Por um lado, a questão da corrupção desapareceu do debate público brasileiro, e isso mais de dez anos após o início das investigações da Operação Lava Jato, que pareciam um ponto de virada na luta contra a corrupção no Brasil. E a corrupção voltou a aumentar: no mais recente relatórioda TI, o Brasil tem um desempenho historicamente ruim no que diz respeito à disseminação da corrupção no Estado, na economia e na vida cotidiana. Dez anos atrás, quando o Brasil obteve sua melhor posição no ranking, o país estava no mesmo nível da Itália ou da Grécia. Hoje, o Brasil está numa posição muito pior entre as principais economias emergentes do que, por exemplo, a Índia ou a China, que são internacionalmente considerados países com níveis notoriamente altos de corrupção. Que a corrupção seja ainda maior na Rússia do que no Brasil não é exatamente um consolo. O Brasil não conseguiu interromper e reverter a tendência de queda no combate à corrupção nos últimos anos, após o fim das investigações da Lava Jato, observa a TI. Ao invés disso, a corrupção continuou a se espalhar no Estado. Isso é particularmente evidente na crescente presença do crime organizado nas instituições estatais. A TI observa retrocessos significativos no combate à corrupção. Por exemplo, empresários, políticos e funcionários públicos corruptos já condenados foram posteriormente absolvidos pelo Judiciário, mesmo tendo confessado e admitido seus crimes. E o Judiciário ainda cancelou bilhões de reais em multas. A situação não é diferente no Poder Legislativo: as emendas parlamentares, que restringem severamente o controle e a transparência do orçamento público, se consolidaram no Congresso. O mais surpreendente é que esse relatório catastrófico sobre a corrupção no Brasil recebeu pouca atenção: a única reação do governo veio da Controladoria-Geral da União (CGU), que criticou o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) da Transparência Internacional como pouco confiável. "O índice se baseia em pesquisas com grupos específicos, como empresários, e não representa a percepção geral da população", afirmou a CGU. Em resumo: conversa de botequim. "O uso do IPC para embasar debates públicos pode levar a distorções, alimentando narrativas que minam a confiança nas instituições democráticas", acrescenta. Retrocesso nos EUAAs perspectivas de que o combate à corrupção no Brasil seja retomado num futuro próximo são pequenas. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acaba de suspender a aplicação da Lei de Práticas de Corrupção no Exterior (FCPA, na sigla em inglês), que proíbe as empresas dos Estados Unidos de subornar autoridades estrangeiras. Trump argumentou que a lei prejudica a competitividade das empresas americanas e mina a segurança nacional. Antes de Trump, eram sobretudo os Estados Unidos que pressionavam pela punição criminal da corrupção no setor econômico. Se o "novo xerife" em Washington não estiver mais interessado em combater a corrupção, muitos governos pelo mundo seguirão o exemplo de bom grado. Isso é preocupante, pois a corrupção é um importante amplificador da desigualdade social: ela desvia recursos públicos, destrói a igualdade de oportunidades e promove um sistema no qual as elites podem garantir seu poder e privilégios. Assim, não é de se espantar que o Brasil, segundo pesquisa do Banco Mundial, ocupe o sétimo lugar na lista dos países com maior desigualdade de renda – entre 195 países. __________________________________ Há mais de 30 anos o jornalista Alexander Busch é correspondente de América do Sul. Ele trabalha para o Handelsblatt e o jornal Neue Zürcher Zeitung. Nascido em 1963, cresceu na Venezuela e estudou economia e política em Colônia e em Buenos Aires. Busch vive e trabalha em Salvador. É autor de vários livros sobre o Brasil. O texto reflete a opinião pessoal do autor, não necessariamente da DW. |
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Short teaser | Esse é um erro que pode ter consequências dramáticas para a sociedade brasileira. | ||
Author | Alexander Busch | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/combate-à-corrupção-não-interessa-mais-a-ninguém-no-brasil/a-71669625?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 18 | |||
Id | 71674649 | ||
Date | 2025-02-19 | ||
Title | Cães reconhecem associação de gestos com olhar humano, mostra estudo | ||
Short title | Estudo aponta tática mais eficiente para adestrar seu cão | ||
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Cientistas equiparam 20 cães com capacetes de rastreamento ocular para descobrir quais sinais humanos eles captam melhor. Olhar e gestos combinados são melhor solução para passar instruções, concluem pesquisadores.Um experimento inovador comandado por cientistas da Universidade de Medicina Veterinária de Viena revelou que os cães compreendem melhor a intenção de seus donos quando o humano combina sinais específicos com o olhar.
A chave é simples, mas eficaz: quem quer que seu cachorro faça algo, deve combinar duas ações: simultaneamente apontar com o dedo e fixar o objeto desejado. Essa técnica se mostrou a mais eficaz para fazer os cães seguirem instruções do que outras testadas num estudo publicado na revista Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences.
Além de dar base científica à técnica de adestramento, a pesquisa indica que os cães são capazes de reconhecer referências da comunicação humana, como o olhar, fazendo-os prestar mais atenção aos donos. O autor principal da pesquisa, Christoph Voelter, comentou à agência de notícias AFP que o olhar e o gesto do dono são úteis separadamente, "mas combinados são mais fortes".
A equipe de pesquisadores austríacos equipou 20 cães com capacetes para rastrear seu movimento e detectar exatamente para onde olhavam, ao se deparar com diferentes cenários. Entre os participantes do estudo estavam oito vira-latas, além de cães das raças Staffordshire terrier, pastor australiano e poodle.
No experimento, realizado no Clever Dog Lab da universidade, cada cão interagia com um cientista ajoelhado. Foram colocadas duas tigelas ao lado do pesquisador, mas apenas uma continha um petisco escondido.
Os cães foram expostos a cinco cenários diferentes, seis vezes cada um. Os cientistas ora apontavam para a tigela enquanto olhavam para o cachorro, ora apenas olhavam para a tigela e ora apontavam e olhavam para a tigela ao mesmo tempo. Também utilizaram um truque clássico: fingiram jogar uma bola na direção da tigela, mas, na realidade, a mantiveram na mão.
As gravações dos capacetes mostraram que os cães se saíram melhor quando o cientista apontava e olhava fixamente para a tigela contendo o petisco. Não surpreende que o pior desempenho tenha ocorrido quando os cientistas fingiam lançar a bola.
Comunicação entre cães e humanos: mais que simples sinais
Para os pesquisadores, essa descoberta reforça a hipótese de que os cães seguem sinais de comunicação referencial humana, em vez de apenas direções apontadas. Em outras palavras, eles parecem entender o significado da informação transmitida – neste caso, "há um petisco ali" – em vez de simplesmente correrem na direção apontada.
No entanto, os cientistas são cautelosos com conclusões definitivas. Ainda não está claro até que ponto os cães realmente compreendem o que está acontecendo, destacou Voelter: "Para eles, é mais como uma ordem direta para ir a algum lugar? Ou eles entendem isso de forma mais comunicativa?"
Mais pesquisas são necessárias nessa área da "pedagogia da natureza", um campo que normalmente estuda como sinais de comunicação – como apontar e olhar para um objeto enquanto se diz seu nome – ajudam crianças pequenas a aprenderem os nomes das coisas ao seu redor.
Os pesquisadores também querem entender melhor como o processo funciona nos cães. O próximo passo será descobrir se os animais aprendem e memorizam melhor as informações quando os humanos se dirigem diretamente a eles, antecipa Voelter.
gq/av (AFP, ots)
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Short teaser | Centistas equiparam 20 cães com capacetes de rastreamento ocular para descobrir quais sinais humanos eles captam melhor. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/cães-reconhecem-associação-de-gestos-com-olhar-humano-mostra-estudo/a-71674649?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Cães compreendem referenciais da comunicação humana | ||
Image source | picture alliance/Arco Images GmbH | ||
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Item 19 | |||
Id | 71675447 | ||
Date | 2025-02-19 | ||
Title | Como A Esquerda dobrou a intenção de voto com o TikTok | ||
Short title | Como A Esquerda dobrou a intenção de voto com o TikTok | ||
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Partido alemão esquerdista, dado como acabado, ressurge de forma impressionante com vídeos de sucesso nas redes sociais, sensibilidade para abordar temores econômicos do eleitorado jovem e uma candidata que empolga.O partido político A Esquerda está vivenciando nas pesquisas para a eleição do Bundestag em 23 de fevereiro um crescimento que pode ser determinante para seu futuro.
Se em meados de dezembro a agremiação alcançava meros 3% das intenções de voto, dois meses depois o resultado dobrou, variando entre 6% e 7%, dependendo do levantamento. Pode parecer pouco, mas é decisivo: na Alemanha, um partido só tem bancada no parlamento se obtiver mais de 5% dos votos.
Às vésperas da eleição, há fortes sinais de que a sigla – que muitos davam como liquidada depois da debandada de uma ala liderada pela política Sahra Wagenknecht, em outubro de 2023 – terá uma bancada parlamentar. Algo em que quase ninguém mais acreditava, depois de uma série de derrotas, incluindo as eleições europeias e as três eleições estaduais alemãs de 2024.
Candidata jovem e carismática
Entre os poucos que jamais perderam a confiança no partido está Heidi Reichinnek, que, ao lado de Jan van Aken, forma a dupla de candidatos esquerdistas cabeça de chapa na eleição para o Bundestag.
Essa política de 36 anos incorpora muito daquilo que faltou ao próprio partido nos anos mais recentes: frescor, carisma, otimismo. Mas sua característica mais marcante é a forte presença nas redes sociais: ela tem mais de meio milhão de seguidores no TikTok. Suas postagens alcançam um público predominantemente jovem, que até há pouco achava A Esquerda um partido sonolento e ultrapassado.
Para Reichinnek estava claro como mudar essa má imagem: com uma ofensiva nas redes sociais. Ela já havia anunciado isso em março de 2024 para os poucos jornalistas que então ainda se interessavam pela sigla.
Perto do fim
Em outubro de 2023, uma ala em torno da ex-líder de bancada Sahra Wagenknecht havia deixado o partido para fundar o seu próprio, a Aliança Sahra Wagenknecht (BSW).
A Esquerda era vista como uma legenda em extinção, o que o péssimo resultado nas eleições europeias de junho de 2024 parecia confirmar. E depois vieram ainda as três derrotas nos estados da Saxônia, da Turíngia e de Brandemburgo – estados do Leste Alemão que historicamente sempre deram bons resultados ao partido, em parte originário do antigo partido comunista da Alemanha Oriental.
A Turíngia é o único estado em que A Esquerda elegeu um governador, Bodo Ramelow, o qual permaneceu no cargo por dez anos, ou dois mandatos, com uma pequena interrupção de algumas semanas.
Diante dos maus resultados, a liderança partidária anunciou sua renúncia, deixando para outros a tarefa de tentar reverter essa tendência descendente sem precedentes.
Oportunidade com o fim da coalizão de governo
Ninguém dentro da sigla tinha uma concepção. Ao fim, a reviravolta repentina resultou de uma combinação da renovação no comando e da estratégia eleitoral, com uma inesperada ajuda do destino. O fim antecipado da coalizão que sustentava o governo do chanceler federal Olaf Scholz acabou sendo uma oportunidade para A Esquerda renovar seu perfil.
Na campanha eleitoral, o partido optou por priorizar questões que preocupam muitos cidadãos e que, em meio ao debate sobre a imigração, foram deixadas de lado pelos demais concorrentes: moradia e pobreza.
São temas que preocupam principalmente os jovens alemães. Muitos estudam em escolas com condições precárias ou em universidades superlotadas, e penam com o constante aumento dos aluguéis nas grandes cidades e centros universitários.
A esses temores somam-se ainda os causados pela mudança climática e pela guerra na Ucrânia. A Esquerda parece ter acertado em cheio nas preocupações desse grupo, com propostas eleitorais como um teto máximo para os aluguéis, um salário mínimo (que na Alemanha é por hora trabalhada) mais alto e o imposto sobre fortunas.
Mais votado entre os menores de 18 anos
E os vídeos de Reichinnek no TikTok parecem ser o meio certo para atingir esse público. Um sinal disso é foi A Esquerda ser o partido mais votado, com quase 21% dos votos, numa eleição simulada pelo Deutscher Bundesjugendring, uma associação de organizações juvenis que representa os interesses desse público perante governos.
Na iniciativa que fomenta a educação política, mais de 166 mil jovens depositaram seu voto em 1.800 postos por toda a Alemanha. Apenas menores de 18 podiam participar. Mesmo que não se trate de uma pesquisa representativa, o resultado chama a atenção pelo contraste com as consultas de intenção de voto, e indica que A Esquerda tem uma forte aceitação entre esse público.
A diretoria ficou, claro, eufórica com o resultado. "A Esquerda não é apenas o partido do momento, mas também o partido do futuro", comentou o secretário-geral Janis Ehling.
Ele aproveitou para destacar o ingresso "sem precedentes” de novos filiados: somente desde a convenção partidária de janeiro, foram mais de 20 mil, totalizando agora o recorde de 81 mil membros. Os novos filiados têm em média 28 anos, reduzindo a idade média para 43.
Durante a campanha eleitoral, até meados de fevereiro os correligionários bateram em mais de meio milhão de portas, relatou a copresidente Ines Schwerdtner. Com tamanha determinação, o que há até bem pouco tempo parecia improvável hoje é praticamente certo: A Esquerda vai ter uma bancada no Bundestag.
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Short teaser | Partido alemão dado como acabado ressurge de forma impressionante com vídeos de sucesso e uma candidata que empolga. | ||
Author | Marcel Fürstenau, Alexandre Schossler | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/como-a-esquerda-dobrou-a-intenção-de-voto-com-o-tiktok/a-71675447?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
Image URL (940 x 411) |
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Image caption | Frescor, carisma, otimismo: Heidi Reichinnek incorpora muito daquilo que faltou ao partido A Esquerda nos anos mais recentes | ||
Image source | Jens Krick/Flashpic/picture alliance | ||
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Item 20 | |||
Id | 71660232 | ||
Date | 2025-02-19 | ||
Title | Investir no clima foi o que provocou a crise da economia alemã? | ||
Short title | Investir no clima provocou a crise da economia alemã? | ||
Teaser |
Na campanha eleitoral da Alemanha, clima virou o grande vilão. Candidatos prometem reverter medidas para fortalecer indústria. Especialistas insistem que ações climáticas e desenvolvimento econômico não são antagônicos.Empregos, renda e a economia em crise da Alemanha são os principais focos dos partidos políticos do país antes das eleições deste domingo (23/02), com muitos deles mirando nas medidas de proteção climática.
Friedrich Merz, líder da União Democrata Cristã (CDU), de centro-direita, e amplamente cotado para ser o próximo chanceler federal do país, disse que desativaria as usinas de carvão e gás somente se isso não prejudicasse a indústria alemã.
Até mesmo os partidos que atuam em questões climáticas estão falando menos sobre o assunto do que durante as eleições de 2021.
Isso deixou alguns especialistas preocupados com o fato de a economia estar tendo precedência sobre o clima, embora uma pesquisa da Climate Alliance, uma coalizão alemã de grupos da sociedade civil, tenha constatado que a maioria da população gostaria de ver mais ações climáticas.
"Já é evidente que, na corrida para as eleições federais, o clima e a economia estão mais uma vez sendo colocados um contra o outro", disse Claudia Kemfert, economista e especialista em energia do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW, na sigla em alemão).
Ação climática é a culpada pela crise?
Pela primeira vez em décadas, a economia da Alemanha, a maior da Europa, encolheu por dois anos consecutivos. Sua economia industrial orientada para a exportação foi atingida pelos altos preços da energia, assim como pela lentidão da demanda interna e pelo fraco comércio global. Ao mesmo tempo, sua indústria automobilística – icônica espinha dorsal de sua economia – anunciou demissões em massa e encolhimento das vendas e dos lucros.
"A política de mitigação da mudança climática não está impulsionando essa queda econômica", diz Gunnar Luderer, cientista especializado em transição energética do Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático. "Os problemas da economia alemã são de natureza estrutural e são mais profundos."
Ele avalia que um dos principais problemas tem sido a dependência da Alemanha em relação ao gás da Rússia, cuja transição foi cara após a invasão da Ucrânia por Moscou. Segundo o especialista, os altos preços da energia afetaram a economia, tanto pelo aumento dos custos de produção para indústrias com grande demanda dela, como aço e produtos químicos, quanto pelo aumento das contas para os indivíduos.
O modelo econômico da Alemanha também se mostrou vulnerável à concorrência internacional e à pressão da expansão da China em novos mercados, como o de mobilidade elétrica, de acordo com Luderer. "Os fabricantes de automóveis alemães foram bastante lentos e, na verdade, atrasados demais para seguir essa nova tendência", diz ele, acrescentando que o país agora está pagando por isso.
Enquanto na Europa e nos EUA as vendas de veículos elétricos estão diminuindo, na China elas estão crescendo, representando quase 50% de todos os carros vendidos.
Empregos e oportunidades negligenciadas
"A alegação geral de que as medidas de proteção climática na Alemanha têm um impacto negativo sobre a economia não é verdadeira", sublinha Kemfert, argumentando que medidas de proteção climática criam grandes vantagens econômicas que são frequentemente subestimadas.
A expansão das energias renováveis, a eletromobilidade, a renovação com eficiência energética e a eficiência energética no setor industrial são, segundo a especialista, medidas que exigem investimentos, que criam "valor e empregos".
O setor de energia renovável é responsável por quase 400 mil novos empregos na Alemanha, ressalta a analista. Os empregos no setor aumentaram quase 15% entre 2021 e 2022, com os setores de energia solar e bombas de calor se expandindo mais rapidamente.
"Se a Alemanha jogar a economia contra o clima, isso acarretará risco de perda de empregos, perda de competitividade e altos custos de combustíveis fósseis", diz Kemfert.
"Dada a força da economia alemã em manufatura, maquinário e setor automotivo, há muitas oportunidades econômicas em se tornar um líder em tecnologias verdes – como energia eólica, bombas de calor, mobilidade elétrica ou tecnologia de controle inteligente para aumentar a flexibilidade das demandas de energia", enumera Luderer.
Os especialistas também destacam que a presença de fontes renováveis na matriz energética fez com que o preço da eletricidade não aumentasse tanto quanto seria esperado, considerando a recente disparada dos preços do gás.
Niklas Höhne, cientista e fundador do NewClimate Institute, uma organização alemã de pesquisa sem fins lucrativos, explica que os preços da eletricidade são impulsionados pela fonte mais cara da matriz energética, que geralmente são as usinas a gás, enquanto o custo das renováveis continua a cair em todo o mundo.
"Portanto, é realmente a nossa dependência de combustíveis fósseis que aumenta os preços da eletricidade, e não a expansão das fontes renováveis", diz Höhne.
Os custos da incerteza e da inação
Vários partidos políticos declararam querer reverter a polêmica lei de energia para construção, a qual prevê a eliminação gradual dos sistemas de calefação a combustíveis fósseis e que vigora desde o início do ano passado. As siglas também querem contestar a proibição de novos carros com motor de combustão na União Europeia (UE) a partir de 2035.
"Essa incerteza política está prejudicando a segurança do planejamento para as empresas", alerta Stefanie Langkamp, diretora executiva de política da Climate Alliance. "Sempre que você conversa com o setor, sempre que conversa com os sindicatos, eles dizem que essa é uma das coisas mais importantes para que eles definam seus caminhos para o futuro."
Ela destaca o setor de bombas de calor – principal alternativa sustentável para substituir o sistema de calefação a gás –, que já contratou e treinou novos trabalhadores qualificados, além de ter adquirido recursos para aumentar sua capacidade.
"Se você não investir em ações climáticas hoje, enfrentará consequências realmente enormes, tanto em relação à economia quanto ao custo das mudanças climáticas", afirma Langkamp.
De acordo com um estudo publicado na revista científica Nature, estima-se que os danos econômicos causados globalmente pelas mudanças climáticas sejam seis vezes maiores do que o dinheiro necessário para investir em medidas para reduzir as emissões e manter o aquecimento global abaixo de 2 ºC acima dos níveis pré-industriais. Na Alemanha, estima-se que o clima extremo, como tempestades e inundações, tenha causado danos no valor de 7 bilhões de euros (R$ 41,7 bilhões) somente em 2024.
"O mundo está mudando para uma economia climaticamente neutra nas próximas décadas, e muitos avanços em energias renováveis, bombas de calor e veículos elétricos já foram feitos", frisa Langkamp. "Pode haver ritmos diferentes em alguns países ou setores, mas ainda assim esse é um movimento mundial e não vai parar. Por isso, se você não investir em ações climáticas agora, terá problemas de competitividade mais tarde."
"A única opção para a economia alemã é realmente abraçar proativamente os desafios e as oportunidades da transição verde", afirma Luderer. "Não há como voltar atrás. E o maior risco para a economia alemã é desacelerar a transição ou confiar demais em modelos de negócios antigos que não são mais viáveis."
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Short teaser | Na campanha eleitoral, clima virou o grande vilão. Candidatos querem reverter medidas para fortalecer indústria. | ||
Author | Holly Young | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/investir-no-clima-foi-o-que-provocou-a-crise-da-economia-alemã/a-71660232?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Cartazes eleitorais em rua alemã: clima virou assunto marginal da campanha | ||
Image source | Karina Hessland/REUTERS | ||
RSS Player single video URL | https://rssplayer.dw.com/index.php?lg=bra&pname=&type=abs&image=https://static.dw.com/image/71563743_354.jpg&title=Investir%20no%20clima%20foi%20o%20que%20provocou%20a%20crise%20da%20economia%20alem%C3%A3%3F |
Item 21 | |||
Id | 71670142 | ||
Date | 2025-02-19 | ||
Title | Acordo UE-Mercosul seria uma saída para contornar tarifas de Trump? | ||
Short title | Acordo UE-Mercosul seria uma saída para contornar Trump? | ||
Teaser |
Presidente dos EUA pressiona países ameaçando impor tarifas comerciais. Estreita cooperação entre União Europeia e América do Sul é vista com bons olhos por especialistas.Seja na política migratória ou na balança comercial: quando o presidente americano, Donald Trump, decide impor seus interesses – que ele define como sendo dos EUA –, ele recorre a tarifas. Para importações dos países vizinhos Canadá e México, por exemplo, ele fala em tarifas de 25% – e ameaça aplicar medidas semelhantes contra a Europa.
Na Europa e na América Latina, por outro lado, parece haver agora uma conscientização crescente da necessidade de responder aos desafios geopolíticos por meio de maior cooperação. Em vista das medidas protecionistas de Trump, o ministro do Exterior do Uruguai, Omar Paganini, pediu há alguns dias, em Bruxelas, a ratificação do acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul para enviar "um forte sinal ao mundo".
No final de dezembro, após mais de duas décadas de negociações, a União Europeia e o Mercosul declararam o acordo de livre comércio como concluído. Se ratificado, ele irá criar uma área comercial composta pelos 27 Estados-membros da UE e pelos quatro países fundadores do bloco sul-americano: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Juntos, eles possuem mais de 700 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 22 trilhões de dólares (cerca de 125,2 trilhões de reais). O acordo de livre comércio ainda não se aplicaria à Bolívia, que só aderiu ao Mercosul no ano passado.
Estado de grande incerteza
A política tarifária de Trump também tem causado agitação na América Latina, disse Vladimir Rouvinski, do Centro de Pesquisa da Universidade de Icesi, em Cali (Colômbia). "As ameaças tarifárias que Trump tenta impor são uma espécie de terapia de choque. Ele não dá muito espaço de manobra aos governos latino-americanos, que se sentem pressionados." Nesse contexto, a Europa oferece uma oportunidade única para a América Latina, avalia.
O economista e empresário teuto-brasileiro Ingo Plöger vê grandes vantagens para ambos os lados no acordo entre Mercosul e UE. "O acordo oferece uma grande oportunidade. Trata-se de expandir o que foi acordado – no interesse estratégico tanto da União Europeia quanto do Mercosul", diz. Ele ressalta que, por exemplo, inúmeras empresas alemãs e europeias já atuam no Brasil e teriam um bom ponto de partida para expandir seus negócios no âmbito do pacto.
Morosidade europeia
O economista Gilvan Bueno, no entanto, faz um alerta sobre expectativas muito altas de uma rápida cooperação entre Europa e América do Sul. Ele aponta, afinal, que a UE e o Mercosul levaram 20 anos para negociar o acordo. "Isso mostra que a parceria comercial entre Europa e América do Sul não vai acontecer tão rápido. Vimos que há muitos obstáculos."
Por um lado, o processo de ratificação ainda não foi concluído e, por outro, há resistência de agricultores da França e de países do sul da Europa, que precisam se preparar para competir com a altamente eficiente indústria agrícola brasileira.
Isso, por sua vez, revela por que a Europa perdeu poder econômico, os Estados Unidos se tornaram uma potência e a China conseguiu crescer tão rapidamente. "A China consegue fechar acordos mais rapidamente, e os Estados Unidos têm uma moeda dominante."
Apesar de todas as oportunidades que o acordo de livre comércio oferece no médio prazo, ele chega tarde demais para compensar as atuais disputas alfandegárias entre os EUA e o resto do mundo, pois o pacto não deve entrar em vigor antes de 2026.
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Short teaser | Presidente dos EUA pressiona países ameaçando impor tarifas comerciais. | ||
Author | Tobias Käufer | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/acordo-ue-mercosul-seria-uma-saída-para-contornar-tarifas-de-trump/a-71670142?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Política tarifária de Trump também tem causado agitação na América Latina | ||
Image source | Isac Nobrega/Palacio Planalto/dpa/picture alliance | ||
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Item 22 | |||
Id | 71667808 | ||
Date | 2025-02-19 | ||
Title | Bolsonaro denunciado por tentar golpe: o que vem pela frente | ||
Short title | Bolsonaro denunciado por tentar golpe: o que vem pela frente | ||
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Se denúncia for aceita, seria o primeiro julgamento de um ex-presidente por tentativa de golpe. Bolsonaro tenta reverter situação, buscando anistia e mudança na Lei da Ficha Limpa.Pouco mais de dois anos após os atos golpistas e de um volume expressivo de denúncias e condenações ter atingido a massa de bolsonaristas que invadiu e depredou as sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023, o sistema de Justiça brasileiro deu mais um passo para avaliar a responsabilização de membros do alto escalão político e militar acusados de comandar uma tentativa de golpe de Estado, entre os quais o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nesta terça-feira (18/02), a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncias contra 34 pessoas, incluindo Bolsonaro, que foi acusado de cinco crimes: organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Somadas, as penas máximas podem chegar a 43 anos de prisão.
As denúncias foram fatiadas em cinco peças, com o objetivo de agilizar a análise pelo STF. No grupo de Bolsonaro, também figuram os ex-ministros Walter Souza Braga Netto (Casa Civil), – que está preso preventivamente –, Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), Anderson Torres (Justiça) e Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o ex-comandante da Marinha Almir Garnier e o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem.
Agora caberá à Primeira Turma do STF avaliar se aceita a denúncia e torna Bolsonaro réu – e, nesse cenário, julgar o ex-presidente, em uma análise que deve transcorrer, pelo menos, até o final do ano, segundo avaliação de especialistas que acompanham a corte.
A Primeira Turma é formada pelos ministros Alexandre de Moraes, relator da denúncia, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Flávio Dino e Cristiano Zanin. O colegiado considera ampliar a frequência de suas reuniões – de a cada 15 dias para semanal – para agilizar a análise dos processos e tentar concluir o de Bolsonaro antes de 2026, um ano eleitoral.
O ex-presidente articula em frentes políticas e jurídicas para se defender da denúncia, tentar recuperar sua elegibilidade e se manter como candidato da direita, que já discute nomes alternativos para 2026, como o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. O tensionamento com o Supremo faz parte dessa estratégia, e a Corte se virá nos próximos meses em um clima que pode lembrar o do julgamento do mensalão, ocorrido em 2012, analisando um caso complexo e com fortes reflexos políticos.
Em nota, a defesa de Bolsonaro afirmou que "não há qualquer mensagem do Presidente da República que embase a acusação, apesar de uma verdadeira devassa que foi feita em seus telefones pessoais", e classificou a peça da PGR como "inepta" e "baseada numa única delação premiada".
Como Bolsonaro se movimenta
O ex-presidente reuniu-se com congressistas da oposição nesta terça-feira em Brasília, antes da apresentação da denúncia, para buscar o apoio de partidos do centrão para duas propostas legislativas que podem indiretamente beneficiá-lo.
Uma delas é perdoar as condenações criminais dos envolvidos nos atos golpistas. Há alguns projetos de lei com esse teor tramitando no Congresso, e o mais avançado aguarda a instalação de uma comissão especial na Câmara para ser analisado.
Para fortalecer essa pauta, Bolsonaro e seu entorno tentam mobilizar sua base para ir às ruas apoiar a proposta de anistia em um ato no Rio de Janeiro no dia 16 de março.
Outra frente é tentar alterar a Lei da Ficha Limpa para reduzir de oito para dois anos o período de inelegibilidade de políticos condenados por abuso de poder político, abuso de poder econômico ou uso indevido dos meios de comunicação.
Bolsonaro está inelegível até 2030 após ter sido condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral em duas ações distintas: por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação ao atacar o sistema eleitoral em uma reunião com embaixadores do Palácio da Alvorada, e por abuso de poder político e econômico por ter transformado as comemorações do Bicentenário da Independência, em 7 de setembro de 2022, em um comício eleitoral.
Após reunir-se com os congressistas da oposição, Bolsonaro afirmou que a Lei da Ficha Limpa "é usada para perseguir a direita", e citou que os Estados Unidos não possuem uma norma do tipo. "Se tivesse, o [Donald] Trump estaria inelegível", afirmou.
A mudança na lei o beneficiaria, já que a sua atual inelegibilidade começa a ser contada a partir do pleito de 2022, mas no momento há pouca chance de aprovação de uma iniciativa nesse sentido.
Cogitação ou preparação de golpe?
Na seara jurídica, um dos argumentos que devem ser explorados pela defesa de Bolsonaro será afirmar que não houve uma tentativa efetiva de golpe de Estado, e que, portanto, não haveria crime cometido.
Essa linha foi expressa, por exemplo, pelo filho do ex-presidente e senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ): "Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime", escreveu ele no X em novembro, após a Polícia Federal (PF) ter deflagrado uma operação que investigou um plano de execução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e de Alexandre de Moraes.
Para embasar a denúncia contra o ex-presidente, a PGR baseou-se, entre outros elementos, em uma minuta de um decreto golpista localizada na residência de Anderson Torres, em mensagens trocadas entre militares que mencionavam o plano de execução de autoridades, e em documentos apreendidos em dispositivos usados pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que fez um acordo de colaboração premiada.
Segundo o relatório da PF, a partir de mensagens trocadas por Cid e outros envolvidos na trama, há indícios de que Bolsonaro teria feito ajustes na minuta do decreto golpista, que decretava estado de defesa e criava uma comissão para revisar o resultado das eleições de 2022.
Diego Nunes, professor de direito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e organizador de um livro sobre a lei dos crimes contra o Estado Democrático de Direito, avalia à DW ser "pouco provável" que investigações de crimes dessa natureza encontrem frases expressas de autoridades como "façam um golpe de Estado", e que nesse cenário cabe ao Ministério Público apontar um "conjunto de elementos contextuais" que consigam representar uma cadeia de comando e execução para um golpe.
Um desses elementos contextuais pode ter surgido em uma reunião convocada por Bolsonaro com os comandantes das Forças Armadas na qual a apontada minuta do golpe teria sido discutida. Segundo um depoimento à PF do então comandante da Aeronáutica, Carlos Baptista Junior, o então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, ameaçou prender Bolsonaro se ele levasse adiante a ideia de decretar estado de sítio, estado de defesa ou Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
"O STF terá de marcar a separação entre atos preparatórios e início de execução. A se confirmar, porém, que houve ordem ao comandante do Exército, será impossível falar em mera cogitação", afirma à DW Davi Tangerino, professor de direito penal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Teste para uma lei relativamente nova
Outro aspecto que agrega importância à análise da denúncia contra Bolsonaro e de um eventual julgamento do ex-presidente é que a lei dos crimes contra o Estado Democrático de Direito, que revogou a Lei de Segurança Nacional da época da ditadura, é relativamente nova, de 2021.
O primeiro caso de político acusado com base na norma foi o do ex-deputado federal Daniel Silveira, condenado pelo STF em abril de 2022 pelo crime de ameaça ao Estado Democrático de Direito.
Em seguida, aponta Nunes, vieram as diversas condenações de bolsonaristas que invadiram as sedes dos Três Poderes. Agora, será a primeira vez que um ex-presidente ou ex-ministros poderão vir a ser enquadrados na nova norma.
"Seria a primeira vez em que um ex-presidente estaria sendo julgado por um tribunal regular por conta do cometimento de uma tentativa de golpe de Estado. O Brasil, na sua história, é farto de tentativas de golpe, principalmente quarteladas feitas pelo pelos militares, mas nunca houve um julgamento desse tipo", afirma.
Ele prevê que isso irá testar o Poder Judiciário, e em particular o Supremo Tribunal Federal, na sua capacidade de conseguir realizar um julgamento imparcial e dentro das regras. "O tribunal vai ter que, estrategicamente, pautar as datas dos atos processuais e do julgamento a ponto de conseguir minimamente se explicar para a opinião pública – porque não bastará para ele apenas fazer justiça, ele vai ter que ser compreendido fazendo justiça. Vai existir uma mediação com a opinião pública, que não se dá de um dia para o outro", afirma.
Tangerino avalia que, tão importante quanto a denúncia contra Bolsonaro, seria a responsabilização de militares de alta patente. "É a primeira vez na história do Brasil e é muito simbólico. Dá importante sinalização de que tentativas de golpe não serão aceitas e não pouparão ninguém."
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Short teaser | Com penas podem chegar a 43 anos de prisão, Bolsonaro tenta reverter situação pela anistia ou mudança na Ficha Limpa. | ||
Author | Bruno Lupion | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/bolsonaro-denunciado-por-tentar-golpe-o-que-vem-pela-frente/a-71667808?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Bolsonaro foi acusado de cinco crimes, entre eles golpe de Estado | ||
Image source | Amanda Perobelli/REUTERS | ||
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Item 23 | |||
Id | 71660732 | ||
Date | 2025-02-18 | ||
Title | ChatGPT será o psicoterapeuta do futuro? | ||
Short title | ChatGPT será o psicoterapeuta do futuro? | ||
Teaser |
Em teste, respostas do chatbot foram indistinguíveis das de especialistas reais, em cenários de terapia de casal. Mas IA (ainda) não pode e não deve substituir a psicoterapia humana, alertam especialistas.A necessidade de cuidados psicológicos excede em muito a oferta terapêutica. Assim, há quem deposite esperanças de que a inteligência artificial (IA) possa ser útil, por exemplo, no diagnóstico, em terapias comportamentais e, acima de tudo, no suporte organizacional dos psicoterapeutas, muitas vezes sobrecarregados.
Segundo Johanna Löchner, professora de Psicologia Clínica e Psicoterapia da Universidade de Erlangen-Nurembergue, principalmente os mais jovens utilizarão máquinas de busca e chatbots para responder perguntas de caráter psicológico, de preferência usando as ferramentas de voz em seus celulares.
Com a IA, o limiar de inibição é claramente menor, por exemplo, "para quem hesita em se submeter a psicoterapia, por causa do estigma associado à doença mental ou de temas cercados de vergonha".
Contudo a nova tecnologia não pode e não deve substituir a psicoterapia real no futuro. Ela não é capaz de conduzir discussões terapêuticas profissionais nem desenvolver planos terapêuticos confiáveis. Nada substitui uma conversa pessoal.
Para que a IA responda a quem busca conselhos da forma mais direcionada possível, ela precisa ser mais desenvolvida. Condições legais e éticas também precisam ser esclarecidas.Portanto quem busca aconselhamento deve se sentir abordado pessoalmente, mas, ao mesmo tempo, estar ciente de estar se comunicando com uma máquina e não com um indivíduo treinado.
Quanto mais precisa a pergunta, mais útil a resposta
Para obter respostas precisas de assistentes de IA como o ChatGPT, é crucial o comando ("prompt"), ou seja, a forma como as perguntas ou instruções são formuladas.
Um teste mostra que não é fácil para a IA entender as sutilezas das formulações e derivar delas os resultados desejados. Para quem descreve os sintomas clássicos da depressão em linguagem coloquial, a resposta no ChatGPT é um tanto floreada:
Pergunta: "O que há de errado comigo? Estou muito irritado porque não sinto mais vontade de fazer nada. Geralmente gosto de sair para comer, mas ultimamente não tenho sentido fome. Em vez disso, passo muito tempo deitado na cama e ainda não consigo dormir."
ChatGPT: "Sinto muito que você esteja se sentindo assim agora. Isso parece muito estressante. [...] Estresse, preocupação ou simplesmente um período de exaustão podem realmente desgastar o corpo e a mente."
A máquina claramente tenta estabelecer um tom pessoal ("Sinto muito..."), faz perguntas ("Você passou por muita coisa ultimamente, talvez mudanças ou muita pressão na sua vida cotidiana?") e gentilmente dá sugestões ("Talvez sair para tomar um ar fresco [...] ou comer algo leve. Também pode ser bom conversar com alguém sobre seus pensamentos.")
No entanto, usando termos-chave claros para depressão nas perguntas ou instruções (cansaço constante, irritabilidade, apatia, distúrbios do sono, perda de apetite), o "diagnóstico" no ChatGPT se torna muito mais preciso:
ChatGPT: "O que você está descrevendo são sinais que podem indicar estresse emocional severo. Apatia, mau sono e falta de apetite costumam ser associados a estados depressivos."
As recomendações de ação também se tornam mais precisas. O chatbot reconhece que a ajuda profissional seria apropriada: "Seria bom se você conversasse com um médico ou terapeuta sobre isso, para obter apoio adequado."
Bom desempenho em terapia de casais
Num estudo recente, os participantes primeiro fizeram o assim chamado Teste de Turing, em que deveriam avaliar se a resposta fora escrita por um terapeuta ou pelo ChatGPT-4o.
Ou um de 13 terapeutas ou o ChatGPT responderam a um total de 18 vinhetas de conversas de terapia de casal. As respostas foram avaliadas pelos 830 participantes do estudo. As vinhetas de conversa são representações curtas e cênicas de uma situação cotidiana, ilustrando um aspecto específico de um tópico.
De acordo com o estudo, para os leigos, os padrões de linguagem e as respostas geradas pelo ChatGPT em sessões fictícias de terapia de casais são difíceis de distinguir, em relação às de psicoterapeutas reais. Já em relação aos fatores efetivos, ou seja, a eficácia da psicoterapia, as respostas do ChatGPT receberam, em geral, notas melhores.
O resultado parece um grande êxito para a IA, mas para especialistas independentes, o estudo tem pouca relevância "para a questão de se a IA pode ser eficaz na psicoterapia", devido à forma como foi estruturado, explica Löchner.
Lasse Sander, chefe do grupo de pesquisa em sociologia médica da Universidade de Freiburg, também duvida da validade do estudo: "Terapia de casal não é psicoterapia. O objetivo da psicoterapia é reduzir os sintomas de uma doença mental."
Potencial da IA na psicoterapia
Em princípio, porém, Sander acredita que um chatbot tem "enormes vantagens, especialmente em vista da falta de opções de terapia": "Ele exige recursos modestos, está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana, e se pode contatá-lo de forma relativamente anônima, o que é uma vantagem para quem sofre um alto nível de estigma. Muitos com estresse psicológico não procuram psicoterapia, mesmo que ela esteja disponível gratuitamente."
A IA também pode melhorar as terapias comportamentais, incentivando os pacientes a fazerem exercícios, ou estando disponível como uma "pessoa de contato" adicional entre as sessões de terapia.
Markus Langer, da Universidade de Freiburg, vê o potencial da inteligência artificial atualmente "mais no suporte aos terapeutas em suas vidas cotidianas, por exemplo, com tarefas administrativas".
Langer diz que consegue facilmente imaginar a IA "como uma extensão do braço dos terapeutas, uma ferramenta que reduz os tempos de espera antes e durante a terapia, serve como uma pessoa de contato, prepara e acompanha a terapia".
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Short teaser | Em teste, respostas do chatbot foram indistinguíveis das de especialistas reais, em cenários de terapia de casal. | ||
Author | Alexander Freund | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/chatgpt-será-o-psicoterapeuta-do-futuro/a-71660732?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Mecanismos de busca e chatbots já são procurados para responder perguntas de caráter psicológico | ||
Image source | Jaap Arriens/NurPhoto/picture alliance | ||
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Item 24 | |||
Id | 71664035 | ||
Date | 2025-02-18 | ||
Title | Gigante alemã de autopeças Continental cortará mais 3 mil empregos | ||
Short title | Gigante alemã de autopeças Continental demitirá mais 3 mil | ||
Teaser |
Empresa anuncia nova leva de demissões em meio a crise do setor automobilístico alemão e dificuldades de mercado. Total de cortes já chega a 10 mil. Funcionários criticam decisão.A fornecedora alemã de peças para automóveis Continental planeja cortar mais 3 mil empregos de pesquisa e desenvolvimento em sua divisão automotiva, até o fim de 2026. Mais da metade das demissões atinge suas fábricas na Alemanha.
O anúncio desta nesta terça-feira (18/02) ocorre em meio a uma crise no setor automobilístico alemão e europeu, com empresas como a Volkswagen promovendo cortes e fechamento de unidades.
A multinacional informou que sua unidade de Nurembergue será fechada, como parte da decisão de impor os cortes. Outras unidades nos estados de Hesse e Baviera também deverão ser duramente atingidas.
Há um ano, a Continental anunciou a primeira rodada de cortes como parte de seus esforços para reduzir custos. À época, a empresa anunciou que 7.150 empregos seriam eliminados em sua divisão automotiva, com 5.400 desses cortes atingindo a administração e 1.750 o setor de desenvolvimento.
A Continental mencionou a crise na indústria automotiva da Alemanha como a justificativa para o anúncio desta terça-feira e informou que 80% a 90% das reduções anunciadas anteriormente foram agora implementadas. Com o último anúncio, o total de cortes de empregos agora é de mais de 10 mil.
Haverá ainda 480 cortes de empregos na subsidiária de software da Continental, a Elektrobit, 330 deles na Alemanha. Uma porta-voz da empresa não forneceu detalhes sobre onde ocorrerão os cortes.
Cortes anteriores não aliviam crise na empresa
Ao todo, a Continental mantém cerca de 31 mil postos em pesquisa e desenvolvimento em todo o mundo. Segundo um porta-voz, o objetivo continua sendo reduzir as despesas nesses setores para menos de 10% do faturamento, até 2027.
A empresa informou que pretende levar adiante as reduções da forma mais socialmente responsável possível, ao não substituir funcionários que se aposentam ou pedem demissão. Os detalhes serão a partir de agora negociados com os trabalhadores e representantes sindicais.
Um representante da Continental disse que os cortes adicionais de empregos são necessários, porque a situação desafiadora do mercado significou deixou a empresa aquém das metas financeiras, apesar dos cortes anteriores.
"Ofertas de tecnologia voltadas para o futuro são de importância crucial para nossa empresa", disse o principal executivo da Continental para a divisão automotiva, Philipp von Hirschheydt, em comunicado à imprensa.
Ele completou que a Continental continuará "investindo substancialmente em pesquisa e desenvolvimento nos próximos anos", mesmo que procure melhorar sua "força competitiva no interesse de nosso sucesso sustentável de mercado ".
Trabalhadores criticam decisão
Representantes dos funcionários criticaram duramente o anúncio das demissões. "Estamos profundamente preocupados de que os cortes profundos em pesquisa e desenvolvimento automotivo se transformem numa reestruturação abrangente", comentou Michael Iglhaut, chefe do Conselho Geral Trabalhista da Continental, em nota.
Cortes de empregos e redução de custos a qualquer preço não são uma estratégia sustentável para o futuro, afirmou, acrescentando que o "sangramento deliberado das unidades alemãs" enfraquece a divisão automotiva geral do setor, que em 2025 a Continental pretende tornar independente.
Em dezembro, a Continental anunciou a intenção de desmembrar sua divisão de fornecedores automotivos, que há anos vem lutando com perdas financeiras, e lançá-la no mercado de ações como uma empresa separada – plano que ainda precisará ser aprovado pelos acionistas na próxima reunião geral da Continental.
Se os investidores aprovarem a mudança, uma oferta pública inicial no mercado de ações para a divisão sob um novo nome pode ocorrer até o final do ano.
rc/av (DPA,AFP)
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Short teaser | Empresa anuncia nova leva de demissões em meio à crise no setor automobilístico alemão e dificuldades de mercado. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/gigante-alemã-de-autopeças-continental-cortará-mais-3-mil-empregos/a-71664035?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Continental diz que objetivo da empresa continua sendo reduzir, após ter ficado aquém de suas metas financeiras | ||
Image source | Moritz Frankenberg/dpa/picture alliance | ||
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Item 25 | |||
Id | 71647414 | ||
Date | 2025-02-18 | ||
Title | [Coluna] Os clichês que brasileiros ainda escutam na Europa | ||
Short title | Os clichês que brasileiros ainda escutam na Europa | ||
Teaser |
Caso do livro escolar é revoltante mas, infelizmente, não é isolado. Em 2025, ainda existem muitos europeus para quem o Brasil se resume a miséria, samba, bunda, futebol e selva. "Olá, meu nome é Marco. Eu vivo no Rio de Janeiro. Eu não vou à escola. Pela manhã, procuro restos de comida na lata de lixo. Meu sonho é ser jogador de futebol profissional". É inacreditável, mas esse perfil está num livro didático da Alemanha dirigido a crianças do quarto ano do ensino fundamental. O caso é muito sério, ainda mais pelo fato de esse exemplo estar num livro usado por escolas públicas, que deveriam estar educando as crianças, e não repetindo e corroborando clichês. O fato foi denunciado por pais brasileiros que moram em Berlim e causou uma justa revolta. Como resultado, a Embaixada do Brasil na Alemanha também reclamou e a editora da obra, a Mildenberger, disse que suspendeu as vendas dos livros e que iria fazer uma "versão atualizada que seria discutida com a comunidade brasileira". A versão online da obra já foi alterada. Agora, Marco adora esportes e continua sonhando em ser jogador de futebol. Ou seja, melhorou, mas continua sendo um clichê. "Ah, mas todo menino brasileiro ama esportes e sonha em ser jogador de futebol", dirão alguns. Não, não são todos. O que existe é um estereótipo antigo de que o Brasil é o país do "futebol, do samba e da bunda", quando, na verdade, o Brasil é enorme e diverso. É fato também que, infelizmente, existem no Brasil crianças que não vão à escola e catam comida no lixo. Mas usar esse exemplo para retratar as crianças do país é um estereótipo preconceituoso, dirigido a países em desenvolvimento como o Brasil. Por exemplo, você acha que um menino nascido nos Estados Unidos seria retratado como alguém que não vai à escola e se alimenta do lixo? Não, apesar de isso também acontecer lá. E, claro, na Alemanha também existem crianças que vivem em situações de vulnerabilidade. Rotina de estereótiposO caso do livro escolar é revoltante, mas, infelizmente, não é isolado. Brasileiros que moram na Alemanha, e também em outros países mundo afora, continuam lidando com clichês rotineiramente. É absurdo, mas em 2025 ainda existe muito europeu que acha que o Brasil se resume a miséria, samba, bunda, futebol e selva. Sabe aquela ideia antiga de que toda mulher brasileira é sexy e sabe sambar e que os homens sabem todos jogar futebol? Ela ainda existe. Nada contra sambistas, jogadores de futebol e ser quente na cama (muito pelo contrário). Tudo contra o fato de o Brasil, para muitos, ainda se resumir a clichês que datam dos anos 60. "Quando entro num táxi, nem falo mais que sou brasileira", diz uma amiga que mora há muitos anos aqui e simplesmente se cansou de ouvir piadinhas e cantadas pelo simples fato de ser brasileira. "Tem homem alemão que acha que pode passar a mão na gente quando falamos que somos brasileiras", me conta uma moça de 20 e poucos anos. No caso das mulheres, é ainda mais difícil, porque temos essa imagem da hipersexualização, e por isso somos extremamente objetificadas. Nas lojas, ainda é possível encontrar calcinhas tangas chamadas de "modelo brasileiro", e claro, o Brasil é famoso também pela depilação e a cirurgia Brazilian booty lift (um preenchimento dos glúteos conhecido no mundo todo por esse nome "lift de bunda brasileira"). Mas os clichês e estereótipos vão além dos sexuais. Energia brasileira"Quando a minha irmã visitou a Alemanha pela primeira vez sozinha, nos anos 90, já perguntaram para ela se ela ia para a escola de cipó", me conta uma amiga. É chocante que ainda exista gente que pensa que o Brasil é uma selva, na "civilizada" e "educada" Europa. Assim como é assustador que ainda haja europeu achando que no Brasil falamos espanhol. "Você pode ajudar minha filha na lição de espanhol?" Eu já ouvi isso de uma mulher teoricamente muito culta e sofisticada. Como pode? Outro clichê comum (e que acho que atinge os latinos em geral) é o temperamento "quente, passional". Quem me conhece pessoalmente sabe que eu sou uma pessoa inofensiva, que as crianças adoram e que não oferece perigo (risos) mas juro que uma alemã já se referiu a mim da seguinte maneira: "Ela tem uma energia brasileira muito forte e eu me sinto desprotegida diante dela". Eu não estou brincando. Isso aconteceu comigo. O que é "energia brasileira" é algo que eu ainda não entendi e nem pretendo entender. Já o preconceito, entendi na hora. A "pobre mulher branca europeia" se sentiu "desprotegida" diante da "selvagem". Sem querer, ela reproduziu outro clichê. Não estou falando que todos os europeus têm essa ignorância e preconceitos em relação ao Brasil e brasileiros, de forma alguma. O que acho importante é a gente reconhecer que esse comportamento ainda existe. E denuncie para que um dia, quem sabe, brasileiros sejam tratados apenas como… pessoas que nasceram num país diverso chamado Brasil. _____________________________ Nina Lemos é jornalista e escritora. Escreve sobre feminismo e comportamento desde os anos 2000, quando lançou com duas amigas o grupo "02 Neurônio". Já foi colunista da Folha de S.Paulo e do UOL. É uma das criadoras da revista TPM. Em 2015, mudou para Berlim, cidade pela qual é loucamente apaixonada. Desde então, vive entre as notícias do Brasil e as aulas de alemão. O texto reflete a opinião da autora, não necessariamente da DW. |
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Short teaser | Caso do livro escolar não é isolado. Para muitos europeus, Brasil se resume a miséria, samba, bunda, futebol e selva. | ||
Author | Nina Lemos | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/coluna-os-clichês-que-brasileiros-ainda-escutam-na-europa/a-71647414?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
RSS Player single video URL | https://rssplayer.dw.com/index.php?lg=bra&pname=&type=abs&title=%5BColuna%5D%20Os%20clich%C3%AAs%20que%20brasileiros%20ainda%20escutam%20na%20Europa |
Item 26 | |||
Id | 61989562 | ||
Date | 2025-02-18 | ||
Title | De quanta água o organismo precisa e para quê? | ||
Short title | De quanta água o organismo precisa e para quê? | ||
Teaser |
O ser humano pode passar três minutos sem oxigênio, 30 dias sem comida, porém apenas três dias sem ingerir líquido. Sem água, o corpo não funciona. Mas o excesso também pode ser fatal.O corpo de um recém-nascido consiste em cerca de 80% de água. À medida que o ser humano envelhece, o conteúdo de água do corpo diminui para cerca de 60%.
As células gordurosas têm um teor de água mais baixo do que as demais. Assim, quem tem sobrepeso possui um percentual de água menor do que os magros, e o percentual de água é menor nas mulheres do que nos homens. Para todos, no entanto, é essencial para a sobrevivência fornecer regularmente líquido ao organismo.
Entre os órgãos que contêm uma quantidade extremamente grande de água está o olho, cujo corpo vítreo é até 99% líquido. Os músculos também têm alto teor de fluido, de cerca de 80%. Para abastecer o corpo com líquido suficiente, é, acima de tudo, necessário beber bastante.
Perigo de coma
O organismo humano perde cerca de dois litros de líquido por dia, acima de tudo através da pele, que assim regula a temperatura corporal. Isto acontece especialmente em períodos de calor. Mas o ar seco do sistema de calefação também pode ressecar. Os rins, que livram o corpo de toxinas, excretam fluido sob a forma de urina.
A urina de quem não bebe o suficiente tem uma cor amarela intensa.A cor marrom é um sério sinal de que algo está errado. Nos intestinos, líquidos são expelidos com as fezes, e também se perde água na forma de gotículas ao respirar.
Para compensar essas perdas, é preciso consumir de 1,5 a 2 litros de líquido por dia. A necessidade aumenta com esforço físico, prática de esporte, temperaturas altas, febre, vômito e diarreia. No entanto, nem sempre tem que ser água: sopas, frutas e vários tipos de vegetais também ajudam a manter as reservas de líquido.
Isso é absolutamente necessário, pois uma deficiência de 1% a 2% já resulta em sintomas físicos. A perda de 7% de líquido já representa perigo, levando à aceleração do pulso e confusão mental, pois todas as reações e processos químicos precisam de líquido. Um déficit de 12% pode levar a complicações: no pior dos casos a estado de choque ou mesmo coma.
Água protege o cérebro
O cérebro e a medula espinhal tampouco funcionam sem líquido. O líquido cerebroespinhal – também chamado de líquido cefalorraquidiano ou ainda líquor – são 140 mililitros um fluido transparente no qual o cérebro praticamente flutua dentro do crânio, ficando protegido de choques. Todos os dias o corpo produz cerca de meio litro desse fluido, que se decompõe, naturalmente, precisa ser substituído.
Os primeiros sinais de que se precisa urgentemente de água são dores de cabeça e tonturas, mucosas secas na boca e garganta, e possivelmente dificuldade de engolir. Sente-se cansaço e falta de disposição, que de início não se associa à falta de fluidos.
No calor e com a perda adicional através do suor, o sistema circulatório pode entrar em colapso, resultando em desmaio. O corpo diz inequivocamente que é urgente beber, pois a pressão arterial também sobe. Sem líquido suficiente, o sangue se torna mais espesso e não pode mais manter a circulação normal.
Quando mais líquido é necessário
Também não é raro os mais idosos simplesmente esquecerem de beber o suficiente. O resultado pode ser vertigem, confusão mental, distúrbios de consciência ou inconsciência, entre outros. Em casos de extrema falta de fluidos, os médicos têm recorrer à infusão de soro.
Alguns se abstêm deliberadamente de beber o suficiente devido à dificuldade de controlar a micção ditada pela idade. Por medo de perder o controle ou de ter que urinar com frequência à noite, bebem muito pouco ou nada. Porém isso não é solução em nenhum caso e em nenhuma idade.
Em caso de diarreia ou vômitos, o mínimo de 1,5 litro por dia não basta. Se o equilíbrio hídrico não for restaurado o mais rápido possível, o corpo se desidrata, podendo resultar em colapso circulatório ou uma inconsciência.
Também é necessário beber bastante quando se tomam certos medicamentos. Diuréticos desidratam o corpo a fim de, por exemplo, evitar edemas, ou seja, retenção de líquido.
Tudo uma questão de medida
Bebidas alcoólicas igualmente têm efeito diurético, em especial a cerveja. Os rins tentam expelir as substâncias tóxicas do corpo, forçando a ida ao banheiro.
O álcool também inibe a liberação no hipotálamo da vasopressina, hormônio antidiurético que regula o equilíbrio hídrico dos rins. Em caso de escassez desse hormônio, os rins excretam água demais, e o equilíbrio hídrico é perturbado.
Beber cinco litros ou mais em poucas horas também implica risco de morte por hiperidratação. Os rins então não conseguem mais regular e excretar a grande quantidade de fluido e, no pior dos casos, a consequência pode ser um edema cerebral.
Assim, concursos do tipo "quem bebe mais" podem sobrecarregar totalmente organismo dos participantes. Não só os rins não conseguem mais fazer seu trabalho: também o equilíbrio de sal é afetado. Como um organismo lida com tudo isso dependerá da idade, do peso e do estado geral de saúde.
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Short teaser | Ser humano pode passar 30 dias sem comida, porém apenas três dias sem ingerir líquido. Mas o excesso também é fatal. | ||
Author | Gudrun Heise | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/de-quanta-água-o-organismo-precisa-e-para-quê/a-61989562?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 27 | |||
Id | 70322402 | ||
Date | 2025-02-18 | ||
Title | O que é estresse térmico, causado por exposição a temperaturas extremas | ||
Short title | O que é estresse térmico, causado por temperaturas extremas | ||
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Fenômeno traz riscos para a saúde e, em casos graves, pode causar até morte. Saiba como se prevenir.A onda de calor que atinge o Sudeste do Brasil é a terceira deste ano no país, já está se espalhando para o sul e deve persistir pelo menos até a próxima segunda-feira (24/02), segundo previsões do site Climatempo: "Temperaturas em torno dos 40°C poderão ser observadas em vários locais do Sudeste até o fim desta semana."
O calor extremo atinge os estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul e poderá chegar a Goiás e Bahia.
Nesta segunda, a cidade do Rio de Janeiro atingiu o nível 4 de calor pela primeira vez desde junho de 2024, quando a prefeitura passou a emitir alertas sobre ondas de calor.
O patamar 4 é o penúltimo dos cinco que foram protocolados pela prefeitura e é emitido quando a temperatura registra entre 40ºC e 44ºC. Além disso, o nível 4 também inclui previsão de que essas temperaturas podem permanecer ou até aumentar por três dias seguidos.
As notícias chegam como alertas para a população que pode sofrer com uma condição chamada estresse térmico, que traz riscos para a saúde e ainda é pouco conhecida.
O estresse térmico ocorre quando o corpo é exposto a temperaturas extremas, baixas ou altas, mas principalmente calor intenso, e não consegue se resfriar adequadamente e se manter nos 36,5°C – ideal para o nosso organismo. É diferente de insolação e golpe de calor, causados pela exposição ao sol, e no caso do segundo também por esforço físico excessivo num ambiente quente.
Um índice chamado bioclimático que analisa não apenas a temperatura, mas o conforto fisiológico do corpo humano diante de algumas condições específicas como o calor, umidade do ar, vento e índice de radiação, é utilizado para avaliar o estresse térmico.
"O corpo humano tende a manter a temperatura constante entre 36 e 37 °C. Quando as temperaturas se elevam o corpo dá início a mecanismos para resfriamento, como a transpiração. Transpiração em excesso sem a adequada reposição de fluídos e eletrólitos pode levar a perda da capacidade de controlar a temperatura, havendo aumento muito significativo da temperatura corporal", explica Marcelo Franken, cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Problemas para a saúde
O estresse térmico faz com que o corpo perca água e sais minerais em excesso podendo acarretar problemas de saúde que vão desde um leve desconforto, cansaço e tontura até condições mais graves, como exaustão pelo calor e desidratação.
A frequência cardíaca e a pressão arterial podem aumentar, como um mecanismo compensatório ao calor extremo do corpo, podendo evoluir para um choque térmico, confusão mental e convulsões. Em quadros mais graves e extremos, a condição pode causar falência de múltiplos órgãos e óbito. Idosos, crianças e pessoas com comorbidades são os mais suscetíveis.
"O coração é um dos órgãos que mais é comprometido, podendo causar arritmias, aumento da pressão arterial e, em casos mais severos, pode até resultar em uma parada cardíaca, especialmente em pessoas com condições cardíacas preexistentes", acrescenta Diego Gaia, cirurgião cardiovascular do Hospital Santa Catarina – Paulista e professor na Universidade Federal de São Paulo.
Para amenizar os sintomas do estresse térmico, os especialistas recomendam manter o corpo hidratado, dando preferência para ingestão de água, água de coco ou isotônicos, ingerir alimentos frescos, pouco gordurosos e calóricos, procurar permanecer em locais frescos (com sombra ou espaços com ar-condicionado ou ventilador), usar roupas leves e, se possível, evitar andar na rua nos horários de pico do calor.
Estresse térmico também afeta o emocional
Os efeitos do estresse térmico vão além do físico e influenciam diretamente o estado emocional. A psicóloga Tatiane Mosso explica que as altas temperaturas podem causar aumento da irritabilidade, sensação constante de cansaço, dificuldade de concentração e tomadas de decisão, além de quadros de ansiedade e apatia. A falta de energia física pode repercutir em desmotivação para atividades de rotina e uma consequente sensação de frustração.
"O estresse térmico afeta o bem-estar psicológico porque coloca o nosso corpo em estado constante de alerta, já que o organismo precisa se esforçar mais para manter a temperatura interna equilibrada. Além disso, temperaturas extremas podem dificultar o descanso adequado, prejudicando a qualidade do sono, fator que compromete a capacidade do corpo e da mente de se recuperar, gerando maior instabilidade emocional", explica.
Para lidar com esse tipo de estresse, a psicóloga ressalta que é importante adotar algumas medidas como usar técnicas de respiração profunda para aliviar a tensão e a ansiedade.
"Manter-se hidratado e buscar ambientes com temperaturas mais amenas é fundamental. Dormir adequadamente e praticar atividades físicas em horários mais frescos também ajudam a melhorar o humor e reduzir o cansaço emocional. Além disso, buscar um apoio social, conversar sobre o desconforto e reconhecer os limites pessoais em situações de estresse térmico são passos importantes para promover equilíbrio emocional", acrescenta a psicóloga.
38 milhões de brasileiros expostos ao estresse térmico
No Brasil, estima-se que ao menos 38 milhões de pessoas estejam expostas ao estresse térmico, segundo dados são de um estudo realizado pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ).
O estudo, que teve como objetivo analisar o fenômeno na América do Sul e como ele evoluiu ao longo das últimas quatro décadas, analisou dados de 31 cidades da América do Sul com mais de um milhão de habitantes, sendo 13 delas no Brasil – Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife, Fortaleza, Manaus, Belém, Goiânia, Porto Alegre, Curitiba e Campinas.
Os pesquisadores perceberam que a cada ano, em média, os períodos de estresse térmico ganham dez horas extras nas cidades brasileiras analisadas. A escalada de aumento do estresse térmico começou há 20 anos. Os moradores das cidades analisadas passam de 17 a 25 dias por ano sob condições meteorológicas superiores às que o corpo humano pode suportar.
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Short teaser | Fenômeno traz riscos para a saúde e, em casos graves, pode causar até morte. Saiba como se prevenir. | ||
Author | Simone Machado | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/o-que-é-estresse-térmico-causado-por-exposição-a-temperaturas-extremas/a-70322402?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Nesta semana, o Brasil enfrenta sua sétima onda de calor do ano | ||
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Item 28 | |||
Id | 71612762 | ||
Date | 2025-02-18 | ||
Title | Por que algumas músicas "grudam" na nossa cabeça? | ||
Short title | Por que algumas músicas "grudam" na nossa cabeça? | ||
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Canções que não param de "tocar" dentro de nossas cabeças são nossa memória em funcionamento. Como surgem esses "vermes de ouvido", e de que forma podemos nos livrar deles?Conhece aquele hit viral no TikTok que diz "oh no, oh no no no no no”?
Não consigo tirá-lo da minha cabeça. Fica tocando em loop. É como se a melodia tivesse se infiltrado em meus ouvidos. Essa é exatamente a definição de "vermes de ouvido" (earworm, em inglês).
O que são "vermes de ouvido" e por que os temos?
Os "vermes de ouvido" são memórias involuntárias desencadeadas por um pensamento, humor ou uma sugestão externa, como seu trajeto diário. Você não os escolhe, eles simplesmente acontecem. Os cientistas os chamam de imagens musicais involuntárias, ou INMI, para abreviar.
Isso também pode ocorrer se você ouvir uma música repetidamente ou mesmo se simplesmente não estiver fazendo nada. Você nem precisa entender as palavras da música; as pessoas têm "vermes de ouvido" independentemente do idioma e da cultura.
Quando você não está ativamente resolvendo problemas ou tomando decisões, seu cérebro muda para um modo padrão onde começa a conectar ideias, sonhar acordado, processar memórias, ou "grudar" uma música em sua cabeça.
Desencadeamento de emoções
A emoção é um grande fator pelo qual algumas músicas grudam em nossas cabeças.
"Ou amamos e cantamos junto, ou odiamos e tentamos fazer com que desapareça, Ambas as reações têm como resultado manter a melodia em mente, tornando-a um 'verme de ouvido'", afirmou à DW Philip Beaman, professor de psicologia experimental da Universidade de Reading, no Reino Unido.
A maioria das pessoas gosta realmente de seus "vermes de ouvido", observou.
Você lembra ou pensa em todos os tipos de coisas durante o dia, mas consegue descartar a maioria dos seus pensamentos quando conclui uma situação. Você pensa, "estou com fome", come alguma coisa e o pensamento acabou. Com a música, porém, não é tão fácil.
"Se você pensa em uma música, ela se desenrola ao longo do tempo", explica Beaman. Os "vermes de ouvido" são uma memória involuntária que toca como uma sequência em sua mente. É diferente da memória de uma imagem estática, como uma fotografia.
Quando você se lembra de uma música, você a "ouve” em sua mente, ou seja, você recria em sua cabeça a experiência de ouvi-la, como se a estivesse reproduzindo. A música ativa seu córtex auditivo, a parte do seu cérebro responsável pelo processamento do som.
"Vermes de ouvido" são trechos de músicas
Os "vermes de ouvido" geralmente são curtos – apenas algumas palavras de um refrão, ou um gancho, como uma melodia ou um riff de guitarra. Pense, por exemplo, na música Seven Nation Army, do White Stripes.
Elas tendem a ser sequências curtas porque nossos cérebros dividem grandes quantidades de informação em trechos para nos ajudar a lembrá-los. Isso tem a ver com os limites da nossa memória de trabalho.
Seu cérebro só pode armazenar alguns segundos de informação por vez. Pense nisso como a memória RAM de um computador – um armazenamento mental temporário para o que você está fazendo ativamente. Como ao fazer pequenas somas em sua cabeça.
A maneira como lembramos de coisas mais longas é de tal forma que o início e o fim de um trecho de informação agem como uma deixa para o próximo. Contudo, se você não sabe o que vem a seguir, seu cérebro apenas repetirá o mesmo trecho várias vezes.
Características comuns
Os "vermes de ouvido" que tendem a ser mais comuns são as músicas simples e repetitivas.
"As músicas mais populares tendem a ser mais rápidas e têm padrões melódicos incomuns em relação a como sobem e descem", afirmou à DW Michelle Ulor, psicóloga musical e pesquisadora independente.
As músicas Bad Romance, de Lady Gaga, e Can't Get You Out of My Head, de Kylie Minogue são "vermes de ouvido" até hoje. No caso de Minogue, a canção foi originalmente lançada há décadas.
Curiosamente, as letras nem sempre são necessárias. Ambas as músicas têm partes vocais não líricas fáceis que são memoráveis e transcendem as barreiras linguísticas.
O que fazer para se livrar disso
Se você é uma das muitas pessoas que não gosta de músicas que grudam na cabeça, uma boa maneira de se livrar delas é se distrair com outra coisa que chame sua atenção, como se concentrar no trabalho, assistir a um programa de TV ou ouvir uma outra música.
Mascar chicletes também funciona para algumas pessoas, uma vez que "existem vias neurais semelhantes envolvidas em ambas as atividades", diz Ulor.
Ouvir a música que está grudada em sua cabeça também pode, às vezes, "completar" o loop, ajudando seu cérebro a seguir em frente.
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Short teaser | Canções que não param de "tocar" dentro de nossas cabeças são nossa memória em funcionamento. Como se livrar delas? | ||
Author | Esteban Pardo | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/por-que-algumas-músicas-grudam-na-nossa-cabeça/a-71612762?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Os "vermes de ouvido" são memórias involuntárias desencadeadas por um pensamento, humor ou uma sugestão externa | ||
Image source | Phongthorn Hiranlikhit/Zoonar/picture alliance | ||
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Item 29 | |||
Id | 71644351 | ||
Date | 2025-02-17 | ||
Title | O que é infecção polimicrobiana, que atinge papa Francisco? | ||
Short title | O que é infecção polimicrobiana, que atinge papa Francisco? | ||
Teaser |
Pontífice está internado em Roma, onde foi diagnosticado com bronquite causada por vários microrganismos. Seu quadro de saúde é estável, mas não tem previsão de alta, segundo Vaticano.Hospitalizado há quatro dias devido a uma bronquite, opapa Francisco enfrenta um "quadro clínico complexo" que exigirá que permaneça mais tempo do que o previsto inicialmente, informou o Vaticano nesta segunda-feira (17/02).
Exames realizados nos últimos dias chegaram ao diagnóstico de "infeccão polimicrobiana" no trato respiratório, segundo o comunicado da Santa Sé. A condição ocorre quando vários tipos de microrganismos, como bactérias, vírus ou fungos, infectam o corpo simultaneamente, o que demandou uma mudança em seu tratamento.
Na tarde desta segunda-feira, o Vaticano informou que o pontífice de 88 anos está sem febre e com quadro de saúde estável: "O Santo Padre continua apirético [sem febre] e prossegue com a terapia prescrita. Sua condição clínica é estável. Esta manhã, ele recebeu a Eucaristia e depois se dedicou a algumas atividades de trabalho e à leitura de textos."
O que é infeccção polimicrobiana
Infecção polimicrobiana é uma doença causada pela combinação de pelo menos dois microrganismos, sejam eles vírus, bactérias, fungos ou parasitas. O termo não especifica a causa do problema, mas aponta para a presença de mais de um agente infeccioso.
Essa condição acontece quando a presença de um microrganismo gera um ambiente propício a outras infestações, segundo um artigo publicado na revista científica Lancet em 2005.
Por exemplo, um vírus do trato respiratório (como o da gripe ou influenza) fragiliza o epitélio respiratório, aumentando a adesão de bactérias na região e favorecendo outras infecções.
Segundo o artigo, são doenças geralmente graves – agudas ou crônicas – e difíceis de diagnosticar e tratar. Enquanto uma infecção bacteriana pode ser medicada com antibióticos, as virais não. Os vírus geralmente precisam seguir seu curso, restando ao paciente medicamentos para baixar a febre ou ajudar o corpo a combater a doença.
Histórico de saúde
No caso do papa Francisco, a infecção afetou o trato respiratório, uma região vulnerável para ele, devido a problemas de saúde anteriores. Ele foi internado em 14 de fevereiro no hospital Policlínico Universitário Agostino Gemelli, em Roma, para tratar uma bronquite – inflamação nos brônquios que pode ser alérgica, inflamatória ou infecciosa.
De acordo com os boletins médicos divulgados pelo Vaticano, trata-se de uma bronquite infecciosa causada por vários microrganismos. O pontífice argentino, na função desde 2013, tem um longo histórico de problemas médicos relacionados ao pulmão. Na juventude, teve pneumonia grave, resultando na remoção de parte de um pulmão.
Em março de 2023, foi hospitalizado por três noites com bronquite, que foi curada com antibióticos. Outra crise de bronquite o forçou a cancelar uma visita a Dubai em dezembro do mesmo ano.
Além das afecções respiratórias, em 2021 Francisco submeteu-se a uma cirurgia para tratar um tipo de diverticulite – inflamação de bolsas que se desenvolvem no revestimento do intestino. Desde 2022 usa cadeira de rodas, devido a dores persistentes no joelho. Nos raros momentos em que fica em pé, ampara-se numa bengala. Ele foi ainda submetido a uma operação de hérnia em junho de 2023.
Nos últimos meses, o papa caiu algumas vezes, chegando a machucar o antebraço em janeiro. Antes, apresentou um grande hematoma na mandíbula direita, causado por uma queda da cama.
Apesar de seus problemas de saúde, o papa Francisco continua sendo um pontífice ativo. Em setembro de 2024, ele concluiu uma missão em quatro países asiáticos, a mais longa de seu papado em termos de duração e distância.
O Vaticano informou que não há previsão para seu retorno às atividades presenciais.
sf/av (AFP, Reuters, ots)
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Short teaser | Pontífice está internado em Roma, onde foi diagnosticado com bronquite causada por vários microrganismos. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/o-que-é-infecção-polimicrobiana-que-atinge-papa-francisco/a-71644351?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Papa Francisco conduz missa na Praça de São Pedro, no Vaticano, em 9 de fevereiro de 2025 | ||
Image source | Maria Grazia Picciarella/ROPI/picture alliance | ||
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Item 30 | |||
Id | 71639905 | ||
Date | 2025-02-17 | ||
Title | Montadoras alemãs aguardam ansiosas resultado da eleição | ||
Short title | Montadoras alemãs aguardam ansiosas resultado da eleição | ||
Teaser |
Maior economia da Europa está em crise. Entre as mais afetadas estão as fábricas de automóveis, esperando que o novo governo da Alemanha crie um clima econômico mais favorável.Num momento em que enfrenta grandes dificuldades, a indústria automobilística alemã aguarda ansiosamente o resultado da eleição de 23 de fevereiro de 2025. Com a economia em recessão, o governo do chanceler federal Olaf Scholz, hoje reduzido a uma coalizão minoritária entre social-democratas e verdes, está sendo diretamente responsabilizado por parte dos problemas.
De acordo com o instituto econômico Ifo, o clima na indústria automobilística alemã está ruim há meses. Em janeiro, o índice Ifo para o clima de negócios caiu para 40,7 pontos negativos, de 34,7 pontos negativos em dezembro.
Janeiro registrou um recuo nas vendas de automóveis novos. Dados oficiais mostram que 207.640 unidades foram vendidas, ou 2,8% a menos que no mesmo mês de 2024. Carros exclusivamente elétricos tiveram uma participação de mercado de 16,6%, ficando atrás dos híbridos, com 37,1%, e dos movidos a gasolina, com 30%. Em termos absolutos, as vendas de carros elétricos estão no mesmo nível dos meses anteriores.
A substituição dos motores de combustão pelos elétricos é um ponto central para todos os fabricantes de automóveis da Alemanha. Mesmo que especialistas prevejam um aumento de médio e longo prazo nas vendas de elétricos, o que predomina é a incerteza, tanto entre as montadoras como entre os consumidores. O principal motivo é "a falta de uma linha clara do governo federal na mobilidade elétrica", avalia o economista Jürgen Pieper. Ele lembra que Berlim inicialmente subsidiou a compra de carros elétricos, mas de repente acabou com o subsídio.
O economista Dirk Dohse, do instituto econômico IfW, também critica o "vai e vem" no apoio estatal aos carros elétricos: em especial o fim sumário do "bônus ambiental" em dezembro de 2023 teria contribuído para o ambiente de incerteza.
Energia cara demais
Indagada sobre o que está causando mais preocupação para os fabricantes de automóveis alemães, a Associação da Indústria Automotiva Alemã (VDA) menciona outro problema central: a perda de atratividade do país como polo industrial, que se reflete em perda de competitividade internacional para as empresas nacionais.
Para Dohse, esse ponto é particularmente preocupante: "Nos rankings internacionais, a Alemanha frequentemente é empurrada para baixo". O setor industrial sofre com os altos custos de energia e a burocracia excessiva, afirma.
A questão da atratividade da Alemanha como polo industrial é crucial para a VDA, a qual exige que o governo federal e a União Europeia recoloquem o país nas primeiras posições do ranking internacional. Isso requereria energia barata, menos regulamentações e burocracia, e um sistema de impostos mais competitivo.
Dohse ressalva que a União Europeia também desempenha um papel, já que o governo federal alemão teria apenas influência limitada sobre as metas climáticas que partem da UE".
Erros da própria indústria
Além disso, o economista vê um certo grau de culpa por parte do próprio setor industrial: "Ajustes estruturais necessários foram adiados por muito tempo, o que acarretou uma diminuição considerável das margens de lucro. As empresas alemãs levaram muito tempo para se aliarem a parceiros forte na área de software".
É por isso, segundo ele, que hoje a indústria automobilística alemã não tem nenhum modelo de grande sucesso no mercado de carros elétricos, ao contrário, por exemplo, da chinesa BYD.
Um estudo recente da associação de acionistas DSW confirma que muitos dos problemas enfrentados pela indústria alemã foram criados por ela mesma. Estruturas ultrapassadas, diretorias infladas e fraca capacidade de inovação seriam as principais razões para a crise. Já os altos preços da energia, frequentemente mencionados, desempenhariam um papel secundário.
Devido à pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia, as empresas alemãs enfrentaram condições difíceis, afirma o autor do estudo, o consultor Martin Geissler. "Mas isso não deve obscurecer o fato de que muitos dos problemas atuais são causados internamente, sendo o resultado de as empresas simplesmente deixarem de fazer mudanças importantes por duas décadas."
De acordo com o estudo, altos custos salariais e estruturais representam o maior fardo para as empresas alemãs, seguidos pela burocracia. Soma-se a isso o aumento da concorrência internacional, por exemplo da China, que afeta particularmente a indústria automobilística (incluindo a Volkswagen, a maior montadora da Europa), e a escassez de trabalhadores qualificados.
Clareza nos incentivos
Os especialistas dizem que a solução para o setor automotivo passa por acabar com a incerteza para a indústria e os consumidores. É questionável se subsídios são a melhor opção, mas, se eles existirem, então deve haver um período de validade pré-determinado e regras claras e transparentes, diz Dohse, para quem alterações ao sabor da conjuntura econômica devem ser evitadas.
Pieper acrescenta que o governo não deve regulamentar demais, mas permanecer aberto a diferentes soluções tecnológicas. Além disso, deve "estabelecer metas precisas, mas deixar para o setor industrial decidir qual o melhor caminho para alcançá-las". Dohse lembra que a infraestrutura para a recargas das baterias também é importante, sendo prioritária a rápida expansão das estações de carregamento.
Influência dos EUA
No entanto, está claro para todos que o futuro da indústria automobilística alemã não depende apenas de decisões tomadas em Berlim ou em Bruxelas. Também terão grande influência as políticas do governo do presidente americano Donald Trump, que logo no início do mandato adotou medidas vistas por economistas como o início de uma guerra comercial.
Pieper avalia que, diante da atual situação de incertezas, o próximo governo alemão provavelmente tentará facilitar a vida da indústria automobilística, por exemplo adiando a proibição dos motores de combustão, anunciada para 2035, ou criando novos incentivos para a compra de carros elétricos ou híbridos.
A primeira opção, porém, se torna mais improvável se o Partido Verde integrar a próxima coalizão de governo, que possivelmente será liderada pelos conservadores da aliança entre entre a União Democrata Cristã e Social Cristã (CDU-CSU), que têm como candidato a chanceler federal Friedrich Merz, um político sem experiência de governo, mas com fortes ligações com o setor empresarial.
Conexões entre indústria e estados
Na Alemanha, as conexões entre a indústria automobilística e a política são estreitas, e não apenas no nível federal. As montadoras dependem, também nos níveis estadual e municipal, de taxas e impostos favoráveis. E para os governos, os empregos gerados são muito importantes e precisam ser protegidos.
Na Baixa Saxônia, a interdependência é mais óbvia, pois o estado detém 20% das ações do Grupo VW, possuindo, portanto, poder de veto em decisões da direção. O governo estadual, hoje liderado pelo Partido Social-Democrata (SPD), também integra o conselho de supervisão da empresa.
Mas também há fortes conexões no estado de Baden-Württemberg, hoje comandado pelo Partido Verde. Lá estão sediadas a Mercedes-Benz e a Porsche (do Grupo VW). Na Baviera, governada há décadas pelo partido conservador CSU, estão as sedes da Audi, também parte do Grupo VW, e da BMW.
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Short teaser | Afetadas pela crise, fábricas esperam que novo governo da Alemanha crie um clima econômico mais favorável. | ||
Author | Dirk Kaufmann, Alexandre Schossler | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/montadoras-alemãs-aguardam-ansiosas-resultado-da-eleição/a-71639905?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Volkswagen, maior montadora da Europa, é uma das afetadas pela forte concorrência chinesa | ||
Image source | Sina Schuldt/dpa/picture alliance | ||
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Item 31 | |||
Id | 71641205 | ||
Date | 2025-02-17 | ||
Title | Casos de gonorreia e sífilis atingem recorde na Europa | ||
Short title | Casos de gonorreia e sífilis atingem recorde na Europa | ||
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Infecções sexualmente transmissíveis estão em alta, principalmente entre jovens adultos europeus. No entanto, uma IST específica teve queda do número de casos que os cientistas não sabem explicar. As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) vêm aumentando em todas as nações europeias, de acordo com dados anuais divulgados pelo Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (EDCD). O relatório mais recente, publicado em meados de fevereiro, relativo aos dados de 2023, mostra que as taxas de infecções bacterianas, como gonorreia e sífilis, aumentaram novamente na União Europeia (UE) e no Espaço Econômico Europeu (EEE) – bloco de países formado pelos 27 Estados-membros da UE, mais a Islândia, Lichtenstein e Noruega. Um recorde de quase 100 mil novos casos de gonorreia foi registrado, superando os cerca de 74 mil em 2022. Os dados de 2023 são mais de quatro vezes maiores do que os relatados dez anos antes. As infecções com gonorreia foram mais frequentes entre as mulheres de 20 a 24 anos e os homens de 25 a 34 anos. Os homens que mantêm relações homossexuais representaram mais da metade de todos os casos. As taxas de sífilis também estiveram 13% acima dos níveis de 2022, com mais de 40 mil casos relatados, sendo cerca de metade entre homens homossexuais. A clamídia continua sendo a IST mais frequentemente relatada na Europa, com prevalência particularmente alta em mulheres e homens de 20 a 24 anos (577 casos em cada 100 mil). A questão não é o sexo, mas como se fazApesar de preocupados, os especialistas sabem que há uma explicação simples. "As pessoas estão fazendo sexo", comenta Maria Wessman, chefe da seção de infecções transmitidas pelo sangue e pelo sexo do Statens Serum Institut da Dinamarca, que não participou da compilação de dados do ECDC. Sua declaração é factual e também óbvia. Mas, para ela, a questão é como se está fazendo sexo: o que estaria por trás da alta ocorrência de ISTs bacterianas na Europa é provavelmente uma redução do uso de preservativos, especialmente entre os jovens. Num relatório de 2024 da Organização Mundial da Saúde (OMS), um quinto dos meninos e um sétimo das meninas de 15 anos se declarou sexualmente ativo. Do total, 30% disseram não usar nenhum método contraceptivo. "Algo mudou no uso dos preservativos; ou as pessoas têm mais parceiros, talvez diferentes tipos de parceiros ou mais parceiros ao mesmo tempo", deduz Lina Nerlander, especialista-chefe em do ECDC infecções sexualmente transmissíveis. Outra explicação seriam as melhorias contínuas dos testes e da monitoração, ou seja, a detecção e notificação das doenças são mais eficazes, e mais casos estão sendo identificados. Responsáveis pela maioria dos casos de ISTs bacterianas, os homossexuais também são os mais propensos a fazer testes regularmente e buscar tratamento. E Wessman lembra que, "quando são tratados com medicamentos preventivos contra HIV, eles são obrigados a fazer um exame de IST a cada três meses". Não obstante, "acho que homens e mulheres heterossexuais jovens estão se preocupando mais em fazer o teste. Há mais conscientização sobre ISTs do que há alguns anos". Mudanças genéticas impulsionam a gonorreiaGonorreia, sífilis e clamídia são causadas por infecções bacterianas e transmitidas sobretudo por sexo vaginal, oral ou anal desprotegido. Mas enquanto aumentam as taxas de gonorreia e sífilis, as de clamídia parecem estar diminuindo. Os cientistas não conseguem explicar as tendências contrastantes, já que todas essas doenças são transmitidas de forma semelhante. "Precisamos analisar mais, para explicar por que esse declínio está acontecendo de repente", comenta Wessman. Em toda a Europa é utilizado o sequenciamento do genoma completo para identificar mudanças genéticas em espécies bacterianas e aprender quais podem estar agravando essas tendências. "Temos uma grande amostra de cepas de gonorreia de toda a UE, e estamos fazendo sequenciamento genético para ver quais se espalham em quais populações. Mas não há respostas claras até hoje", explica Nerlander. A compreensão detalhada dos comportamentos sexuais também pode ajudar a identificar se certos tipos de sexo facilitam a transmissão de IST, mas a UE ainda não dispõe dessas informações. Mais conversa (e ação) sobre sexo seguroOs especialistas são unânimes em aconselhar os indivíduos sexualmente ativas a continuarem usando preservativos, a fim de prevenir a disseminação de ISTs na Europa. Mas também é preciso conversas mais abertas sobre sexo, além de um esforço para desestigmatizar as ISTs. Para Mojca Matičič, que lidera um serviço ambulatorial de ISTs no Centro Médico Universitário de Liubliana, na Eslovênia, o comportamento sexual de risco pode estar por trás do aumento nas infecções, e "tanto os profissionais de saúde quanto os legisladores precisam estar cientes disso". "A estigmatização dessas doenças é uma das principais razões por que as pessoas não vão ao médico, não procuram ajuda. Portanto está claro que precisamos mudar o comportamento sexual." Não se trata de impedir que se faça sexo, mas de torná-lo mais seguro: para Matičič, o "chem sex" ("sexo químico", envolvendo consumo de drogas) e os aplicativos de namoro criam um ambiente que propicia os encontros fortuitos, aumentando o risco de disseminação de ISTs. Como é o sexo seguro na Europa hoje?Matičič define "sexo seguro" como o que ocorre entre dois parceiros permanentes, não infectados e monogâmicos, sem o uso de preservativo. Em todos os outros casos, deve-se usar preservativos. Especialistas enfatizam a importância de fazer um teste de IST após o sexo desprotegido com um novo parceiro. E "se você vai fazer sexo com um novo parceiro sem preservativo, é uma boa ideia fazer o teste antes", acrescenta Lina Nerlander. "Mas se você não conseguir fazer antes do sexo desprotegido, faça depois", e especialmente se surgir algum sintoma, como dor ao urinar, corrimento, e erupção cutânea ao redor dos órgãos genitais e/ou da boca. |
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Short teaser | Infecções sexualmente transmissíveis estão em alta principalmente entre jovens adultos europeus. | ||
Author | Matthew Ward Agius | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/casos-de-gonorreia-e-sífilis-atingem-recorde-na-europa/a-71641205?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 32 | |||
Id | 71629863 | ||
Date | 2025-02-16 | ||
Title | Criptomoeda promovida por Milei será investigada por suposta fraude | ||
Short title | Criptomoeda promovida por Milei será investigada por fraude | ||
Teaser |
Ativo propagandeado pelo presidente argentino perde valor em poucas horas após denúncias de suposto esquema de pirâmide. Escritório Anticorrupção investigará o caso; oposição acusa "golpe digital" e fala em impeachment. O governo argentino anunciou na noite deste sábado (16/02) a abertura de uma "investigação urgente" sobre o lançamento de uma criptomoeda promovida nas redes sociais pelo presidente Javier Milei. Após um aumento exponencial, o valor da criptomoeda despencou em questão de poucas horas depois de uma publicação nas redes sociais do político ultraliberal, em meio uma série de acusações de fraude e ameaças de pedidos de impeachment por parte da oposição. Milei teria postado uma mensagem no X que permaneceu fixada em seu perfil por mais de cinco horas com um link para uma iniciativa chamada projeto Viva La Libertad, que emulava o slogan Viva la libertad, carajo, utilizado com frequência pelo presidente argentino. "O mundo quer investir na Argentina. $LIBRA", dizia a mensagem de Milei com o nome do token, uma unidade de valor digital baseada na tecnologia blockchain que não é lastreada por dinheiro real. Segundo a postagem, a criptomoeda era "um projeto privado" dedicado a "incentivar o crescimento da economia argentina, financiando pequenos negócios e startups argentinos". Suposto esquema de pirâmideEconomistas e especialistas em criptomoedas na Argentina, assim como políticos de oposição, rapidamente criticaram Milei e apontaram que o ativo digital poderia ser um golpe ou esquema de pirâmide. Horas depois, o perfil do presidente apagou a mensagem. "Eu não estava ciente dos detalhes do projeto e depois de tomar conhecimento dele decidi não continuar a divulgá-lo", explicou Milei na madrugada de sábado, também em postagem no X. Enquanto as críticas aumentavam, o gabinete de Milei anunciou que, "à luz dos acontecimentos", ele decidiu "encaminhar imediatamente o assunto ao Escritório Anticorrupção (OA) para determinar se houve conduta imprópria por parte de qualquer membro do governo nacional, incluindo o próprio presidente". O comunicado da Presidência argentina postado no X também anunciava a criação de uma Força-Tarefa Investigativa encarregada de "iniciar uma investigação urgente sobre o lançamento da criptomoeda $LIBRA e todas as empresas ou pessoas envolvidas nesta operação". "Tapete puxado"Segundo a revista The Kobeissi Letter, especializada no mercado de capitais, quase 80% do ativo $LIBRA estava nas mãos de apenas alguns poucos investidores antes do apoio de Milei. Após a publicação da mensagem do presidente promovendo o ativo, seu valor cresceu exponencialmente, de décimos para um pico de 4,978 dólares (R$ 29,7). Os detentores originais começaram a vender obtendo lucro de milhões, mas o valor da criptomoeda logo despencou. O especialista em informática e influenciador digital dedicado a expor esquemas de pirâmide Javier Smaldone explicou que aconteceu algo o que no mundo dos títulos negociáveis é chamado de "tapete puxado". "Uma criptomoeda é criada, o que também pode ser feito com ações, é dada liquidez inicial para que o que foi criado valha alguma coisa e então uma campanha publicitária de algum tipo é iniciada para atrair pessoas", afirmou Smaldone à agência de notícias AFP, explicando o papel que a promoção de Milei poderia ter desempenhado. Smaldone explicou que, à medida que "as pessoas vão comprando, o valor daquele ativo vai subindo [...] até que chega um momento em que aqueles que administram a liquidez retiram o dinheiro e a coisa entra em colapso". Segundo o especialista, toda a operação durou "cerca de duas horas" e envolveu um volume de aproximadamente 4,4 bilhões de dólares. "O que foi descoberto até agora é que o dinheiro que eles roubaram gira em torno de 107 milhões de dólares", disse Smaldone sobre o valor que teria sido fraudado, acrescentando que o montante provavelmente deve ser ainda maior. Oposição pedirá impeachmentO bloco de oposição União pela Pátria, liderado na Câmara dos Deputados pela centro-esquerda peronista, anunciou que apresentará na segunda-feira um pedido de impeachment contra Milei em razão do ocorrido. A ex-presidente e líder do peronismo Cristina Kirchner, chamou Milei de "golpista de criptomoedas" em postagem no X e disse que ele operava "como um gancho para um golpe digital". O senador Martín Lousteau, do partido centrista União Cívica Radical (UCR), destacou que esta foi a segunda vez que Milei anuncia ativos do mundo das criptomoedas "que acabam sendo uma fraude". Em 2021, em seu mandato como parlamentar, Milei promoveu a plataforma CoinX, que oferecia lucros mensais de 8% em dólares e que agora também está sob investigação por suposta fraude. Ao longo do sábado, várias supostas vítimas do esquema começaram a surgir nas redes sociais, como o influencer americano Threadguy, que possui centenas de milhares de seguidores. Ele disse ter perdido 250.000 dólares na criptomoeda. "Hoje foi um dia difícil. O presidente da Argentina [...] nos enganou", lamentou. rc (AFP, EFE) |
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Short teaser | Escritório Anticorrupção investigará o presidente argentino; oposição já fala em impeachment. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/criptomoeda-promovida-por-milei-será-investigada-por-suposta-fraude/a-71629863?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 33 | |||
Id | 71623870 | ||
Date | 2025-02-15 | ||
Title | Descoberta misteriosa em Frankfurt guarda enigma religioso | ||
Short title | Descoberta misteriosa em Frankfurt guarda enigma religioso | ||
Teaser |
Alguns acreditam que inscrição de prata de 1.800 anos seria a mais antiga evidência da vida cristã ao norte dos Alpes.Mais de dois meses após a revelação da chamada Inscrição de Prata de Frankfurt, os cientistas ainda mantem uma série de dúvidas sobre o significado do objeto encontrado por arqueólogos alemães.
O prefeito de Frankfurt, Mike Josef, afirmou quando a inscrição foi apresentada a jornalistas no final de 2024, que ela seria a evidência mais antiga até hoje da vida cristã ao norte dos Alpes. A inscrição de prata extremamente fina sobreviveu aos séculos por ter sidoi protegida da destruição por um amuleto de prata.
Alguns estudiosos, porém, não estão seguros quanto à possível relação do amuleto com o cristianismo.
"Especulações sobre se e como o portador do amuleto de Nida assumiu e viveu um compromisso com o cristianismo são difíceis de determinar devido ao caráter quase inter-religioso dos amuletos", afirmaram o historiador eclesiástico Christoph Markschies e o judaísta Peter Schäfer ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung. Eles argumentam que as interpretações anteriores do objeto não levaram suficientemente em conta, entre outras coisas, que o achado era um amuleto cuja escrita era quase indecifrável.
A antiga cidade romana de Nida é considerada a antecessora da Frankfurt atual.
Tradução do Novo Testamento?
O túmulo em um cemitério romano nos arredores de Frankfurt, onde o amuleto foi descoberto, data de meados do século 3. O pergaminho de prata de aproximadamente 1.800 anos foi analisado após sua descoberta em 2018 e sua existência foi tornada pública somente em dezembro do ano passado.
Pode-se presumir que esta seja uma das mais antigas traduções latinas de um texto do Novo Testamento, disse o arqueólogo Markus Scholz à rádio Deutschlandfunk em janeiro. A parte final da inscrição prateada de 18 linhas se traduz como "toda língua confessa Jesus Cristo".
O texto do amuleto ainda não foi publicado em detalhes pelas revistas científicas. Uma tradução preliminar feita por Scholz serve de base para uma "torre de hipóteses" para muitos estudiosos, escrevem Markschies e Schäfer, que questionam a teoria do primeiro testemunho de vida cristã na Alemanha.
Especialistas levantam dúvidas
Segundo os especialistas, há aspectos da história religiosa que levantam dúvidas a esse respeito. O nome Jesus, por exemplo, também era popular em textos judaicos.
"Embora seja compreensível que cada nova descoberta seja recebida com entusiasmo pelos pesquisadores e pelo público, é preciso ser cauteloso com atribuições claras", enfatizam os autores.
Markschies ensina história da igreja primitiva em Berlim e é presidente da Academia de Ciências de Berlim-Brandemburgo.
rc (KNA)
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Short teaser | Alguns acreditam que inscrição de prata de 1.800 anos seria a mais antiga evidência da vida cristã ao norte dos Alpes. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/descoberta-misteriosa-em-frankfurt-guarda-enigma-religioso/a-71623870?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Anunciada como uma descoberta sensacional, significado da inscrição é motivo de debate entre historiadores | ||
Image source | Boris Roessler/dpa/picture alliance | ||
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Item 34 | |||
Id | 71613634 | ||
Date | 2025-02-14 | ||
Title | Morre Cacá Diegues, cineasta de "Deus é brasileiro" | ||
Short title | Morre Cacá Diegues, cineasta de "Deus é brasileiro" | ||
Teaser |
Cofundador do movimento Cinema Novo, imortal da ABL marcou décadas do cinema brasileiro, como diretor e roteirista. Entre seus colaboradores, nomes como Sônia Braga, Chico Buarque, João Ubaldo Ribeiro e Jeanne Moreau. Morreu aos 84 anos, na manhã desta sexta-feira (14/02), no Rio de Janeiro, o cineasta Cacá Diegues, devido a complicações durante uma cirurgia. Um dos fundadores do movimento Cinema novo, entre 1963 e 2018, ele dirigiu 18 longas-metragens, alguns dos quais estão entre os clássicos da cinematografia brasileira. Nascido Carlos José Fontes Diegues em Maceió, em 1940, segundo filho de um antropólogo e uma fazendeira, sua família mudou-se para o Rio de Janeiro quando ele tinha seis anos. Durante o estudo de Direito, fundou um cineclube e começou a atuar como cineasta amador. Ainda no contexto da universidade, iniciou, juntamente com Glauber Rocha, Leon Hirszman, Paulo Cesar Saraceni e Joaquim Pedro de Andrade, o movimento Cinema Novo, inspirado pelo neorrealismo italiano e a Nouvelle Vague francesa, e marcado pela crítica social. O curta-metragem Domingo, de 1961, realizado por Diegues em colaboração com David Neves e Affonso Beato, é considerado um dos pioneiros da nova tendência artística. Seus primeiros longas-metragens foram Ganga Zumba (1964), A grande cidade (1966) e Os herdeiros (1969). Em 1968, a ditadura militar promulga o Ato Institucional nº 5 (AI-5), que suspendia direitos e garantias constitucionais individuais. Politicamente exposto, Diegues deixa o país no ano seguinte, indo morar com a esposa, a cantora Nara Leão, na Itália e depois a França. Década dourada, "patrulhas ideológicas", enredo de sambaApós a volta ao Brasil, escreve e dirige os filmes que mais definiram seu reconhecimento junto ao público: Quando o Carnaval chegar (1972), Joanna Francesa (1973), Xica da Silva (1976), Chuvas de verão (1978) e Bye bye Brasil (1979). Neles, equilibra humor e entretenimento com emoção e profundidade, no tratamento de temas complexos. Nessa época de transição política para o Brasil, para certos meios a produção do cofundador do Cinema Novo faz concessões demais, não é suficientemente radical. Consta que Diegues foi quem cunhou o termo "patrulhas ideológicas", numa entrevista de 1978 ao jornal O Estado de S. Paulo, para definir quem desqualificava a produção cultural não alinhada aos cânones da esquerda política mais ortodoxa. Após o fim da ditadura e com a gradual redemocratização do Brasil, a produção de Cacá Diegues se rarefaz, porém inclui destaques como o épico Quilombo (1984), Tieta do Agreste (1996), Orfeu (1999), Deus é brasileiro (2003, com João Ubaldo Ribeiro como corroteirista) e O Grande Circo Místico (2018, baseado no espetáculo de 1983 de Chico Buarque e Edu Lobo). Sua reputação nacional e internacional estava consolidada: jurado do Festival de Cannes em 1981, seus filmes foram laureados em eventos da Colômbia, Cuba, Estados Unidos, Porto Rico, Reino Unido e Síria, entre outros. Produtor incansável (Getúlio, Aquarius, Bacurau), para além das grandes telas Diegues dirigiu séries televisivas e vídeos de música. Entre os atores com que Diegues trabalhou, esteve a elite de diversas décadas do cinema, teatro e TV nacional: Antônio Fagundes, Betty Faria, Carlos Kroeber, Fábio Júnior, Hugo Santana, Jofre Soares, José Wilker, José Lewgoy, Sônia Braga, Wagner Moura, Walmor Chagas, Zezé Motta – assim como a diva do cinema francês Jeanne Moreau. O "cantautor" Chico Buarque se encarregou de algumas de suas trilhas sonoras mais marcantes – e em Quando o Carnaval chegar fez também uma aparição como ator, ao lado de Nara Leão e Maria Bethânia. Em 2016, a escola de samba Inocentes de Belford Roxo o homenageou no Rio de Janeiro no enredo "Cacá Diegues – Retratos de um Brasil em cena!". Deus ainda é brasileiroOficial da Ordem das Artes e das Letras da França, comendador da Ordem de Mérito Cultural e Medalha da Ordem de Rio Branco, em 2018, Diegues passou a ocupar a cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras, como imortal. A instituição lamentou sua morte, em 14 de fevereiro de 2025, em comunicado: "Sua obra equilibrou popularidade e profundidade artística ao abordar temas sociais e culturais com sensibilidade. Durante a ditadura militar, viveu no exílio, mas se manteve sempre ativo no debate sobre política, cultura e cinema." O cineasta deixou em fase de pós-produção sua última obra, Deus ainda é brasileiro, com estreia marcada para outubro deste ano. Nessa sequência do clássico de 2003, Cacá Diegues revisita sua mitologia, narrando uma nova jornada de Deus ao país tropical. Segundo o website AdoroCinema.com, "a trama reflete um Brasil contemporâneo, pós-pandemia, marcado pela transição política e os desafios deixados por uma liderança de extrema direita": "Com toques de crítica social, o filme conecta passado e presente, propondo uma reflexão sobre a capacidade humana de se transformar diante de crises." |
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Short teaser | Cofundador do movimento Cinema Novo, imortal da ABL marcou décadas do cinema brasileiro, como diretor e roteirista. | ||
Author | Augusto Valente | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/morre-cacá-diegues-cineasta-de-deus-é-brasileiro/a-71613634?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 35 | |||
Id | 71607919 | ||
Date | 2025-02-14 | ||
Title | Como o YouTube passou de site de namoro a ícone da cultura pop | ||
Short title | Como YouTube passou de site de namoro a ícone da cultura pop | ||
Teaser |
Há 20 anos, rede social era lançada como um site de relacionamento. Ideia, porém, não deu certo, mesmo assim plataforma ganhou milhões de usuários no mundo e revolucionou o consumo de vídeos. A vida do século 21 sem o YouTube pode, de certa forma, parecer impensável. Tudo começou como uma ideia peculiar de três ex-funcionários do PayPal – Jawed Karim, Chad Hurley e Steve Chen – que ativaram o domínio de sua plataforma no Dia de São Valentim – data na qual é comemorado o Dia dos Namorados nos EUA – de 2005, ainda confusos sobre qual direção tomar. Em seu discurso de formatura na Universidade de Illinois em 2007, o alemão Karim explicou como foi o início. "Nós nem sabíamos como descrever o nosso novo produto. Para gerar interesse, dissemos apenas que era um novo tipo de site de namoro. Tínhamos até um slogan: 'Sintonize, conecte-se'." Mas, ninguém o fez. Também não funcionou a ideia de colocar anúncios no Craigslist, uma rede on-line de anúncios, em Las Vegas e Los Angeles oferecendo 20 dólares (R$ 115) para as mulheres que enviassem vídeos delas mesmas para o site. Eles mudaram de ideia quando perceberam que os usuários enviavam vídeos de cachorros, viagens de férias e coisas desse tipo. "Achamos isso muito interessante. Pensamos 'por que não deixar os usuários definirem o que é o YouTube?' Em junho, havíamos reformulado completamente o site, tornando-o mais aberto e geral. Funcionou." Conheça o canal da DW Brasil no YouTube Um ano após o lançamento, usuários em todo o mundo foram atraídos pela interface amigável do YouTube e pela novidade de permitir que as pessoas fossem criadoras de conteúdo com apenas um perfil e uma câmera. Além disso, era possível "curtir, comentar ou assinar" conteúdos, criando uma experiência inclusiva e imersiva. Pouco mais de um ano depois da plataforma ter sido colocada on-line, em novembro de 2006, o Google reconheceu o potencial do YouTube e o adquiriu por 1,65 bilhão de dólares em ações. Momentos "piscou, perdeu"O mito do YouTube diz que Karim concebeu a ideia de codificar um site para compartilhamento de vídeos caseiros depois de ele ter procurado sem sucesso imagens de dois eventos distintos em 2004. Em fevereiro, o infame incidente durante o Super Bowl nos EUA que ficou conhecido como "mamilogate", quando "falha de vestuário" expôs o seio da cantora Janet Jackson, viu um pico na demanda por videoclipes por parte daqueles que perderam o momento que durou uma fração de segundo. Em dezembro, o tsunami no Oceano Índico fez com que as pessoas procurassem e compartilhassem desesperadamente imagens do desastre. Atualmente, mais de 500 horas de conteúdo são carregadas na plataforma a cada minuto. O YouTube também se tornou o site de vídeos virais que deixaram marcas inesquecíveis na cultura global, seja o charme inocente de Charlie Bit My Finger ou a energia contagiante de Gangnam Style do cantor sul-coreano Psy, em 2012. Além de se tornar o primeiro vídeo a atingir um bilhão de visualizações, este último também demonstrou a capacidade da plataforma de transcender barreiras culturais e linguísticas. Atualmente, o vídeo mais visto do YouTube é Baby Shark Dance, com mais de 15 bilhões de visualizações. Sensações da noite para o diaNenhuma história sobre a origem do YouTube estaria completa sem mencionar a descoberta da sensação pop Justin Bieber. Em 2007, Patti Mallette carregou vídeos de seu filho cantando covers, chamando a atenção do empresário de talentos Scooter Braun. O que veio depois se tornou parte do folclore da música pop, mas ilustrou o potencial do site como uma plataforma de lançamento para talentos desconhecidos. A ascensão de Bieber à fama também refletiu o papel do YouTube em nivelar o campo de atuação na indústria do entretenimento: qualquer um com uma câmera e um bom conjunto de instrumentos poderia potencialmente se tornar o próximo grande sucesso. O mesmo vale para a produção cinematográfica. Por exemplo, depois que o curta-metragem escrito e dirigido por Wesley Wang, Nothing, Except Everything, se tornou viral, o cineasta de 20 anos se uniu à produtora Protozoa de Darren Aronofsky – de A baleia (2022) e Cisne negro (2010) – para criar uma versão longa-metragem da obra. O curta de 13 minutos, que mergulha na angústia adolescente em um ambiente de ensino médio, foi criado durante o último ano de escola de Wang. O vídeo já foi visto mais 4 milhões de vezes após estrear no YouTube e ganhou o Grande Prêmio do Júri no Indy Shorts Film Festival de Indianápolis. Ao mesmo tempo, os gêmeos australianos Daniel e Micheal Philippou, que criaram o canal RackaRacka no YouTube, fizeram sucesso com seu longa-metragem de terror de 2022 Talk To Me. "Como fazer..."Contudo, talvez a plataforma seja mais conhecida por ser uma fonte de dicas úteis, o que pode incluir qualquer coisa, desde "como tirar fotos da lua com o iPhone" até "limpeza com Coca-Cola". Canais como TED-Ed, Khan Academy e CrashCourse também transformaram a plataforma em uma sala de aula virtual acessível a qualquer pessoa, em qualquer lugar. O estudo Uso de Redes Sociais, de 2021, do Centro de Pesquisas Pew, afirma que, durante a pandemia de covid-19 e as medidas de isolamento, o YouTube cresceu mais do que qualquer outra plataforma do tipo, em um momento em que as pessoas buscavam maneiras produtivas de passar o tempo. Uma curiosidade: Finneas O'Connell – também conhecido como irmão da cantora Billie Eilish e produtor musical – afirmou à Future Music em setembro de 2021 que aprendeu os fundamentos da música com seus pais, "depois aprendi o resto no YouTube". Ele produziu o álbum de estreia de Eilish, When We All Fall Asleep, Where Do We Go?, que ganhou vários Grammys em 2020, incluindo Álbum do Ano. Sem estar livre de críticasA plataforma, no entanto, também enfrentou críticas sobre o manuseio de conteúdo protegido por direitos autorais, promoção de teorias da conspiração e presença de conteúdo inapropriado. Várias medidas foram implementadas para lidar com essas preocupações, incluindo políticas de conteúdo mais rígidas e algoritmos aprimorados para filtrar conteúdo prejudicial. A plataforma, por exemplo, enfrentou reações negativas por permitir a disseminação de desinformação antivacina e conteúdo extremista, o que a levou a fortalecer suas políticas de moderação de conteúdo e fazer parcerias com organizações de verificação de fatos. Mas, segundo os críticos, a desinformação ainda abunda na plataforma. O Google vem rejeitando as regras da União Europeia (UE) para lidar com esse problema. "O que aconteceu com…?""Eu no zoológico" é reconhecido como o primeiro vídeo carregado no YouTube, em 23 de abril de 2005. O clipe de 19 segundos apresenta Jawed Karim falando em frente ao recinto de elefantes do zoológico de San Diego. No entanto, ao contrário de alguns "manos" da tecnologia que gostam de chamar a atenção, Karim, Chad Hurley e Steve Chen mantiveram posturas discretas. Um denominador comum de suas vidas pós-YouTube é seu apoio (individual) ao longo dos anos a diversas startups. O paradeiro do trio hoje também fornece material para vídeos na plataforma que eles mesmo criaram duas décadas atrás. O comentário de usuário em um desses vídeos talvez resuma melhor isso: "é uma loucura pensar que esses três caras não mudaram apenas a internet, mas também o mundo". |
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Short teaser | Há 20 anos, rede social era lançada como site de relacionamento. Ideia não deu certo, mas plataforma foi revolucionária. | ||
Author | Brenda Haas | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/como-o-youtube-passou-de-site-de-namoro-a-ícone-da-cultura-pop/a-71607919?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
RSS Player single video URL | https://rssplayer.dw.com/index.php?lg=bra&pname=&type=abs&f=https://tvdownloaddw-a.akamaihd.net/dwtv_video/flv/vdt_br/2017/bbra170612_025_c21playmobil_01i_sd_sor.mp4&title=Como%20o%20YouTube%20passou%20de%20site%20de%20namoro%20a%20%C3%ADcone%20da%20cultura%20pop |
Item 36 | |||
Id | 71579752 | ||
Date | 2025-02-13 | ||
Title | Festival de Berlim destaca diversidade do cinema brasileiro | ||
Short title | Festival de Berlim destaca diversidade do cinema brasileiro | ||
Teaser |
Filme brasileiro "O Último Azul" concorre em 2024 ao prêmio principal da Berlinale. Festival de cinema conta com 13 produções do país, entre curta e longa-metragem e uma série de TV.A 75ª edição do Festival de Cinema de Berlim, a Berlinale, começa nesta quinta-feira (13/02) com a presença de 13 produções audiovisuais com participação brasileira – mais que o dobro da edição do ano passado, que teve cinco contribuições do Brasil –, sendo 12 novos filmes e um que já foi exibido anteriormente no evento.
Serão exibidos no total 243 filmes de 74 países, uma demonstração da abrangência da curadoria do evento, que gosta de se promover como o mais politizado entre os principais festivais de cinema da Europa, com foco na promoção e visibilidade de novos talentos.
"O festival é um pouco pensado desse jeito, pra atender uma ampla gama de interesses do setor audiovisual, que é muito complexo, muito amplo. Dentro disso, o cinema brasileiro vai estar representado em praticamente todas as seções, com formatos diferentes – entre curtas, filme clássico, longas mais recentes, documentário, série de TV e coproduções", explica o cineasta e curador Eduardo Valente, delegado brasileiro da Berlinale. "Não são muitos os países que têm uma representatividade tão transversal", conclui.
O longa O Último Azul, de Gabriel Mascaro – uma distopia amazônica em que o governo isola idosos em uma colônia, com Rodrigo Santoro no elenco – concorre ao prêmio principal do festival, que já premiou com o Urso de Ouro os filmes Central do Brasil (1998), de Walter Salles, e Tropa de Elite (2008), de José Padilha.
Outro destaque brasileiro é a estreia do filme A Melhor Mãe do Mundo, de Anna Muylaert, que volta ao festival dez anos depois de receber o prêmio do público por Que Horas Ela Volta. O novo drama da diretora, parte de uma mostra não competitiva, acompanha a história de uma catadora de lixo em São Paulo que, para escapar do marido abusivo, coloca seus dois filhos pequenos em seu carrinho e atravessa a cidade de São Paulo. Entre os atores, estão Shirley Cruz e Seu Jorge.
Boa fase do cinema brasileiro
A brasiliense Rafaela Camelo é outra diretora que volta para Berlim, agora com seu primeiro longa, A Natureza das Coisas Invisíveis, que abrirá a seção direcionada para o público infanto-juvenil. O filme conta a história de duas crianças que se conhecem num hospital e vivem juntas descobertas e dores de crescimento. Em 2023, ela exibiu no festival o curta As Miçangas, codirigido com Emanuel Lavor.
"É um orgulho fazer parte de uma comitiva tão grande, e muito interessante ver a presença do Brasil em diferentes seções do festival. Isso demonstra muito da nossa potência criativa, da nossa capacidade de produção, nossa capacidade também de se comunicar com o público internacional", diz a diretora.
Camelo celebra o atual momento do cinema brasileiro, com o filme Ainda Estou Aqui e a atriz Fernanda Torres – indicados ao Oscar – mobilizando paixões. "Isso gera uma expectativa na gente, que é cineasta, que nossos filmes também possam ser bem recebidos, possam gerar também essa comoção, possam se comunicar com as pessoas, possam lotar salas. Se essa for uma tendência, será muito bem-vinda."
Por ter estreado no Festival de Veneza no ano passado, Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, não estará na Berlinale. Sua estreia na Alemanha está prevista para março.
Nos espaços dedicados a obras mais experimentais e artísticas, um dos destaques é Cartas do Absurdo, média-metragem de Gabraz Sanna todo falado em tupi, que trata da violência do processo colonial no Brasil a partir de quatro cartas de indígenas brasileiros do século 17.
Sanna, que integra pela terceira vez a programação da Berlinale, acredita que a forte presença de filmes brasileiros em espaços internacionais é resultado de uma mudança de vento nas políticas voltadas para a cultura no país nos últimos dois anos, com a realização de projetos que antes estavam engavetados. Ele resiste, contudo, em colocar a produção nacional em um só balaio.
"O termo 'cinema brasileiro' me soa como algo bastante vago, por vezes arbitrário. Talvez fosse mais justo falar da existência dos absurdamente distintos cinemas brasileiros – dos herdeiros de banco aos ribeirinhos do Amazonas – que vêm ao longo do tempo ocupando os mais diversos espaços no cenário internacional", diz Sanna.
Entre os curtas, estão produções como Anba dlo, realizado por Luiza Calagian e Rosa Caldeira, brasileiras que estudaram na Escola Internacional de Cinema e TV de Cuba, sobre uma personagem haitiana. É o caso também de Arame Farpado, do paulista Gustavo de Carvalho, que teve a ideia do roteiro durante uma madrugada em que passou num pronto-socorro de hospital, acompanhando o pai que precisou ficar internado depois de se engasgar com um pedaço de carne.
"A seleção pro Festival de Berlim vem como uma resposta de como o cinema brasileiro pode chegar longe, mesmo sendo produzido de uma forma independente. Nossa cultura tem um jeito de conquistar o mundo, são histórias únicas", defende Carvalho.
O festival irá estrear também a versão remasterizada do clássico Iracema, Uma Transa Amazônica (1975), produção teuto-brasileira dirigida por Jorge Bodanzky.
Uma mostra política
Um festival que conta com subsídios públicos para promover um espectro tão amplo de narrativas é um "luxo" que só um país rico como a Alemanha pode proporcionar, como definiu a revista alemã tipBerlin. Cortes no orçamento cultural motivados pela crise econômica no país e um cenário político incerto acendem alertas para as próximas edições.
Neste ano, a eleição geral da Alemanha – que, segundo as pesquisas, pode resultar em ganhos sem precedentes para o partido de ultradireita Alternativa Para Alemanha (AfD) – ocorre no último domingo do festival, em 23 de fevereiro.
A nova diretora da Berlinale, a americana Tricia Tuttle, afirmou que a mostra não "fugiria" dos eventos políticos atuais, mas que espera que eles não ofusquem totalmente as histórias na tela.
A noite de abertura, nesta quinta-feira, já começa com os dois pés fincados no campo político, com um filme que aborda uma das questões mais sensíveis da Alemanha – a imigração. Das Licht (A Luz, em tradução livre), do diretor alemão Tom Tykwer (diretor do sucesso Corra, Lola, Corra, de 1998) apresenta uma família alemã de classe média cujas vidas são transformadas por sua misteriosa empregada doméstica síria.
A chegada em massa de refugiados sírios e outros migrantes na Alemanha, sobretudo em 2015 e 2016, ajudou a alimentar o apoio à AfD no país, que deverá emergir, com sua retórica nacionalista e anti-imigração, como a segunda maior bancada no Parlamento alemão.
No ano passado, as críticas às políticas de Israel durante a cerimônia de premiação – em especial pelos diretores israelense e palestino do documentário No Other Land – levaram a acusações de antissemitismo do festival por parte de alguns políticos alemães.
"As pessoas sempre nos perguntam se somos um festival político. E sim, embora eu diga que somos um festival social, a política está em nosso DNA. [...] Berlim é uma cidade repleta de história. Não nos esquivamos disso", disse Tuttle.
Tapete vermelho
A grande homenageada deste ano será a atriz britânica Tilda Swinton, que receberá um Urso de Ouro honorário por toda a sua carreira.
Os filmes da competição que levarão celebridades a Berlim incluem Blue Moon, de Richard Linklater, estrelado por Ethan Hawke, Margaret Qualley e Andrew Scott. O cineasta americano ganhou Urso de Prata de melhor diretor por Antes do Amanhecer (1995) e Boyhood (2014).
O diretor sul-coreano Bong Joon-ho, de Parasita (2019), apresentará seu novo filme, Mickey 17, com Robert Pattinson fora da competição.
Jessica Chastain, Marion Cotillard, Timothee Chalamet e Benedict Cumberbatch são outras celebridades aguardadas neste ano.
A 75ª edição do Festival de Cinema de Berlim vai até o dia 23 de fevereiro.
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Short teaser | Brasileiro "O Último Azul" concorre ao prêmio principal da Berlinale. Festival de cinema tem 13 produções do país. | ||
Author | Sofia Fernandes | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/festival-de-berlim-destaca-diversidade-do-cinema-brasileiro/a-71579752?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Berlinale de 2025 vai exibir 243 obras de 74 países, sendo 12 produções do Brasil | ||
Image source | Annegret Hilse/REUTERS | ||
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Item 37 | |||
Id | 70932615 | ||
Date | 2024-12-01 | ||
Title | Briga de torcidas deixa 79 feridos no leste da Alemanha | ||
Short title | Briga de torcidas deixa 79 feridos na Alemanha | ||
Teaser |
Partida da quarta divisão do futebol alemão em Jena, no leste do país, foi marcada por confrontos com a polícia e brigas entre torcedores rivais. Confrontos entre torcedores antes e durante uma partida de uma liga regional de futebol do leste da Alemanha no sábado (30/11) deixaram 79 feridos, incluindo dez policiais e cinco seguranças. Os incidentes ocorreram na cidade de Jena, no estado da Turíngia, e tiveram como pano de fundo uma partida entre o Carl Zeiss Jena e o BSG Chemie Leipzig, duas equipes que disputam a Regionalliga Nordost, liga equivalente à quarta divisão do futebol alemão. Além dos 79 feridos - que incluíram 64 torcedores de ambos os times -, foram registradas 40 acusações criminais e de contravenção. Jena fica a cerca de 100 quilômetros de Leipzig, cidade-sede do rival Chemie e que fica no estado da Saxônia. Apesar de ambas às torcidas serem associadas à ideologia de esquerda, as autoridades esperavam confusão, e a partida foi considerada de alto risco devido à antipatia entre os grupos de torcedores. Uma multidão de 7.224 espectadores, incluindo 1.084 torcedores do Chemie, compareceu à partida em Jena. De acordo com a polícia, cerca de 350 torcedores do visitante Chemie fizeram uma marcha pela cidade antes do jogo, sem aviso prévio. Durante o ato, torcedores dispararam fogos de artificio e a polícia disse que teve de intervir "com o uso de força física e violência física, além de cassetetes e gás lacrimogêneo". Mais tarde, durante a partida - vencida pelo Carl Zeiss Jena por 5 a 0 -, houve confrontos entre as duas torcidas dentro do estádio. Clubes condenam a violênciaO Carl Zeiss Jena divulgou uma declaração no domingo sugerindo que grande parte da culpa foi dos torcedores visitantes. "Um grande grupo de aproximadamente 1.200 torcedores visitantes do Leipzig rompeu violentamente a barreira entre o bloco de visitantes e o Bloco N e obteve acesso à área da torcida do Jena", apontou o comunicado. "Acima de tudo, o FC Carl Zeiss Jena deseja aos afetados uma rápida recuperação. O clube terá um quadro abrangente do que aconteceu nos próximos dias.” O Chemie Leipzig adotou uma postura semelhante, criticando "a má conduta de uma minoria" de seus torcedores. "Como clube, sofremos grandes danos ontem. De acordo com nossas evidências, fogos de artifício foram lançados repetidamente do setor visitante em direção ao setor da torcida adversária", disse um comunicado no site do clube. "Condenamos a violência na forma de confrontos físicos, especialmente o uso de fogos de artifício contra pessoas. Isso não tem lugar em nossos jogos de futebol e não será tolerado por nós." Ambos os clubes disseram que ainda pretendem investigar os incidentes. jps (DW, dpa, ots) |
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Short teaser | Partida da 4° divisão do futebol alemão no leste do país foi marcada por confrontos com a polícia e briga de torcidas | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/briga-de-torcidas-deixa-79-feridos-no-leste-da-alemanha/a-70932615?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 38 | |||
Id | 70919291 | ||
Date | 2024-12-01 | ||
Title | A luta de "Magic" Johnson contra o HIV e a aids | ||
Short title | A luta de "Magic" Johnson contra o HIV e a aids | ||
Teaser |
Em 1991, o então astro do basquete foi diagnosticado com HIV, e sua declaração pública tornou-se um marco na luta contra a aids. Até hoje, ele segue empenhado em campanhas de esclarecimento sobre a doença. Em meio a lágrimas dos repórteres veteranos, Earvin "Magic" Johnson permanece calmo. "Vou ter que me aposentar do Lakers porque contraí o vírus HIV", afirma. O astro do basquete tinha 32 anos quando proferiu essa frase, com voz firme, em 7 de novembro de 1991. Em seguida, acrescentou que não tinha aids, mas apenas HIV, o que havia sido confirmado pelo Dr. Michael Mellman pouco antes da coletiva de imprensa. O médico do Los Angeles Lakers havia chamado Johnson depois de uma viagem do time para lhe dar a má notícia. "Quando ele me contou pela primeira vez, eu pensei: 'Ah, cara, eu vou morrer. Acho que acabou'. E ele disse: 'Não, não, não acabou'", lembrou Johnson mais tarde em uma entrevista à emissora pública PBS. Melman lhe disse que ele tinha que começar a tomar medicação e aprender a se sentir confortável com sua nova condição. Assim, poderia viver por muito tempo. Em 1991, a infecção pelo HIV ainda era considerada uma sentença de morte pela opinião pública. Isso explica por que a coletiva de imprensa de Johnson causou um choque tão grande, comparável, para alguns, com a morte de John F. Kennedy, assassinado em 1963, ou com a renúncia de Richard Nixon após o caso Watergate em 1974. "Magic" Johnson estava no auge da carreira e era uma superestrela do esporte em todo o mundo. Ele havia conquistado cinco títulos da NBA com o Lakers e tinha sido eleito o Jogador Mais Valioso (MVP) da temporada três vezes. "Magic" Johnson era famoso em quase todo o mundo. Até então, muitos viam a aids como uma doença que só afetava gays ou viciados em drogas. Johnson, entretanto, não pertencia a nenhum desses grupos. "Agora estou me tornando um porta-voz do HIV porque quero que as pessoas entendam que não há como evitar o sexo seguro. Às vezes, pensamos que somente os homossexuais podem contrair o vírus, que isso não pode acontecer comigo. Mas agora estou aqui para dizer que pode acontecer com qualquer um, até comigo. Todos deveriam ter mais cuidado", disse Johnson. Dois meses antes do anúncio, em setembro de 1991, Johnson havia se casado com sua esposa Cookie. Na coletiva de imprensa, disse que sua esposa grávida não era portadora do vírus. Foi somente mais tarde que ele revelou que havia contraído o HIV durante relações sexuais desprotegidas com outra mulher. "Efeito Johnson" em testes de HIVAinda em 1991, o astro do basquete criou a Fundação Magic Johnson, que apoia financeiramente grupos e campanhas contra a aids. E ele nunca se cansou de engajar ações para afetados e para aumentar a conscientização sobre a doença. Em 1º de dezembro de 1999, no Dia Mundial da Aids das Nações Unidas, ele foi um dos principais oradores, descrevendo a doença como "inimigo público número um". As palavras de Johnson não foram em vão. Em 2021, cientistas americanos estimaram que a coletiva de imprensa de 7 de novembro de 1991 fez com que um número significativamente maior de homens nos EUA fizesse o teste de HIV nos meses seguintes, principalmente entre heterossexuais negros e hispânicos em cidades com clubes da NBA. A carreira de "Magic" Johnson, porém, não terminou naquele dia de novembro. Em 1992, ele jogou no time All-Star da NBA pela conferência oeste – esse jogo coloca frente a frente jogadores de equipes do leste e do oeste dos EUA. No mesmo ano, fez parte do chamado "Dream Team" que ganhou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona. Na temporada 1995/96, Johnson comemorou outro retorno como jogador do Lakers antes de se aposentar definitivamente. Em homenagem ao ex-atleta, o clube aposentou a camisa número 32. E "Magic" Johnson entrou para o Hall da Fama do Basquete em 2002. Bilionário e filantropo"Magic" Johnson está agora com 65 anos. Investiu com sucesso o dinheiro que ganhou no esporte, em imóveis, cinemas e empresas como a seguradora de vida EquiTrust e a rede de cafeterias Starbucks. A revista Forbes estima que a fortuna atual de Johnson seja de 1,2 bilhão de dólares. Há muito tempo, a Fundação Magic Johnson apoia não somente projetos de combate à aids, mas também outras organizações ligadas à educação, à saúde e que atuam para atuar carências sociais em cidades etnicamente diversas. Johnson está sempre envolvido, geralmente acompanhado de sua esposa Cookie e, com frequência, de seus filhos Earvin "EJ", Elisa e Andre, de um relacionamento anterior. Quando Johnson foi diagnosticado com HIV em 1991, havia apenas um medicamento contra a aids no mercado, a azidotimidina, ou AZT. Atualmente, há várias substâncias ativas que ajudam a reduzir a carga viral do HIV. Quando bem-sucedido, o sistema imunológico do paciente se recupera e ele pode viver e trabalhar normalmente. O HIV é considerado altamente tratável, se a infecção for detectada precocemente e o tratamento for iniciado imediatamente. Mas ainda há uma clara divisão entre os hemisférios Norte e Sul: o número de soropositivos no mundo todo é estimado em cerca de 40 milhões, com mais da metade vivendo no sul da África. Um quarto de todas os infectados não recebe nenhum medicamento. "Não estou curado. Apenas tomei minha medicação. Estou fazendo o que devo fazer e, graças a Deus, o HIV no meu sistema sanguíneo e no meu corpo está praticamente morto. E não queremos que nada o desperte", disse Johnson em uma entrevista à PBS há alguns anos. |
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Short teaser | Em 1991, astro do basquete foi diagnosticado com HIV, e sua declaração pública tornou-se marco na luta contra o vírus. | ||
Author | Stefan Nestler | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/a-luta-de-magic-johnson-contra-o-hiv-e-a-aids/a-70919291?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 39 | |||
Id | 70326170 | ||
Date | 2024-09-25 | ||
Title | Promotoria acusa trio de chantagem contra família Schumacher | ||
Short title | Promotoria acusa trio de chantagem contra família Schumacher | ||
Teaser |
Três homens são acusados de exigirem 15 milhões de euros dos parentes do heptacampeão de Fórmula 1 em troca da não publicação de imagens privadas.O Ministério Público de Wuppertal, oeste da Alemanha, apresentou nesta quarta-feira (25/09) acusações contra três homens por supostamente tentarem extorquir dinheiro da família do ex-piloto de Fórmula 1 Michael Schumacher para não publicarem imagens privadas dele.
Os três acusados são um segurança de boate, 53 anos, seu filho, de 30 anos, e um ex-funcionário de segurança da família do ex-campeão mundial, de 53 anos.
De acordo com a investigação, o ex-funcionário da família de Schumacher disponibilizou gravações privadas ao segurança, que as teria adquirido para tentar fazer chantagem contra a família do ex-piloto.
Telefonemas exigindo 15 milhões de euros
Os supostos criminosos fizeram várias ligações exigindo 15 milhões de euros (R$ 79 milhões) da família Schumacher, caso contrário publicariam arquivos e materiais privados, obtidos e fornecidos pelo próprio ex-funcionário.
No momento da primeira prisão, em junho, foram apreendidos até 1.500 documentos, incluindo fotografias, vídeos e relatórios médicos do alemão em discos rígidos, pen drives e telefones celulares.
Os investigadores dizem que o material contém fotos e vídeos particulares da coleção da família, alguns tirados antes e outros depois do acidente de esqui de Schumacher em 2013.
O segurança de boate implicou seu filho no momento da prisão (ele foi o primeiro a ser preso), que foi liberado sob fiança com a obrigação de se apresentar, e foi o pai que revelou aos investigadores a identidade da pessoa que lhes forneceu os documentos de Schumacher.Duas semanas depois, o ex-funcionário dos Schumacher foi preso em seu apartamento em Wülfrath, no estado de Renânia do Norte-Vestfália, onde foram confiscados mais dispositivos eletrônicos contendo material sensível do sete vezes campeão mundial de Fórmula 1.
O caso não é o primeiro envolvendo de tentativa de chantagem contra os Schumachers. Em 2017, um homem de 25 anos recebeu uma sentença suspensa de 21 meses de prisão por exigir 900 mil euros da mulher do ex-piloto, Corinna Schumacher. Esse caso foi julgado em Reutlingen, no sudoeste da Alemanha.
Em 2013, ex-piloto sofreu uma grave lesão na cabeça em um acidente de esqui na França, tendo passado quase seis meses em coma induzido. Desde então, tem sido recebido cuidados em sua casa na Suíça, longe da mídia, e não se sabe exatamente qual é sua condição física.
md (EFE, AFP, DPA, SID)
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Short teaser | Três homens são acusados de exigirem dinheiro dos parentes do ex-piloto em troca da não publicação de imagens privadas. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/promotoria-acusa-trio-de-chantagem-contra-família-schumacher/a-70326170?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Michael Schumacher e sua mulher, Corinna, em 2001 | ||
Image source | Oliver Multhaup/dpa/picture-alliance | ||
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Item 40 | |||
Id | 70166593 | ||
Date | 2024-09-08 | ||
Title | Brasil pela primeira vez no top 5 dos Jogos Paralímpicos | ||
Short title | Brasil pela primeira vez no top 5 dos Jogos Paralímpicos | ||
Teaser |
País bate próprio recorde nos Jogos de Paris com 89 medalhas, sendo 25 ouros, 26 pratas e 38 bronzes, e alcança sua melhor colocação na história da competição.O Brasil encerrou neste domingo (08/09) sua participação nos Jogos Paralímpicos de Paris com sua melhor campanha na história do evento. Foram 89 medalhas, sendo 25 de ouro, 26 de prata e 38 de bronze, que deixaram o país na quinta colocação no quadro geral de medalhas.
A grande campeã foi a China, com 84 ouros, seguida pelo Reino Unido (49 ouros), Estados Unidos (36) e Holanda (27). O Brasil manteve uma disputa acirrada com a Itália pelo quinto lugar, que apenas foi resolvida no último dia da competição. A batalha foi decidida com dois ouros – um no halterofilismo, com Tayana Medeiros, e outro na canoagem, com Fernando Rufino.
A campanha brasileira superou o melhor resultado obtido pelo país até então. Nos Jogos de Tóquio, em 2021, os brasileiros conquistaram 72 pódios e garantiram a sétima posição. Esta é a quinta edição seguida que o Brasil termina no top 10 dos Jogos Paralímpicos. Os brasileiros ficaram em 8º nos Jogos do Rio 2016; em 7º em Londres 2012, e 9º em Pequim 2008.
Em Paris, a maioria das medalhas brasileiras veio da natação (28 medalhas) e do atletismo (36), sendo estas as melhores participações na história em números quantitativos dessas modalidades. O nadador Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, foi um dos grandes destaques, conquistando três ouros.
Os judocas também tiveram grande contribuição para o bom resultado da delegação brasileira, conquistando quatro ouros.
Meta mais do que atingida
"Em cada brasileiro pulsa hoje um coração Paralímpico", festejou o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Mizael Conrado. "Nossa meta era 75 a 90 [medalhas]. Era ficar entre os oito, ficamos entre os cinco. Muita sensação de que o trabalho compensa."
Conrado disse que o plano, a partir de agora, é ampliar a participação de mulheres. "Essa delegação já teve 40% de mulheres. Se a gente olhar para China, mais de 60% das medalhas foram conquistadas por mulheres. Se a gente oportunizar, elas vão ser cada vez mais protagonistas."
rc/as (ots)
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Short teaser | País bate próprio recorde nos Jogos de Paris com 89 medalhas e alcança sua melhor colocação na história da competição. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/brasil-pela-primeira-vez-no-top-5-dos-jogos-paralímpicos/a-70166593?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Campanha brasileira em Paris deixou o país na quinta colocação no quadro geral de medalhas | ||
Image source | Umit Bektas/REUTERS | ||
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Item 41 | |||
Id | 70166081 | ||
Date | 2024-09-08 | ||
Title | Alemanha investiga novos casos de manipulação de resultados em jogos de futebol | ||
Short title | Alemanha apura manipulação de resultados em jogos de futebol | ||
Teaser |
Casos estariam diretamente ligados à atuação das "bets", as empresas de apostas online. Autoridades analisam "decisões suspeitas dos árbitros" e comportamento de jogadores em 17 partidas de divisões diferentes. A polícia alemã confirmou a abertura de investigações sobre 17 partidas das divisões mais baixas do futebol alemão por suspeitas de manipulação de resultados em associação a empresas de apostas online – as chamadas "bets". Autoridades nos estados de Hesse e no Sarre deram inicio à análise de partidas consideradas suspeita. O Departamento Federal de Investigações Criminais (BKA) – a Policia Federal alemã – confirmou estar "envolvido no processo, no papel de coordenador central". As investigações se seguiram a uma matéria publicada no jornal Hamburger Morgenpost neste fim de semana. A reportagem denunciou esquemas de manipulação de resultados em partidas na terceira divisão do futebol alemão (3. Liga), no torneio semiprofissional da quarta divisão (Regionallliga) e na liga amadora que equivale a 5ª divisão (Oberliga). As manipulações estariam ocorrendo por intermédio das casas de apostas online desde novembro de 2022. Nos 17 jogos em questão, as autoridades disseram que estão sendo observadas decisões suspeitas dos árbitros das partidas e algum comportamento incomum de goleiros e defensores. As discussões sobre manipulação teriam ocorrido na chamada dark web. As trocas de mensagens revelam que os ganhos ilegalmente acumulados seriam pagos em criptomoedas, como o Bitcoin. Salários baixos propiciam manipulaçãoO jornal Hamburger Abendblatt denunciou outros dois incidentes na quinta divisão da Oberliga de Hamburgo, na semana passada, onde os chamados scouts de dados foram descobertos enviando informações em tempo real para plataformas de apostas durante as partidas. Após os scouts serem retirados dos estádios, não era mais possível apostar nesses jogos. A Associação Alemã de Futebol (DBF) afirmou não ter provas concretas, mas disse estar em contato com as autoridades e que analisa os casos junto a sua empresa parceira de monitoramento de apostas, a Genius Sports. A DFB disse que não vai comentar o caso em razão de as investigações estarem em andamento. Na Alemanha, é proibido apostar em atividades do esporte amador, mas as legislações vigentes não se aplicam a empresas estrangeiras de apostas. No final do ano passado, promotores públicos passaram a investigar uma quantidade incomum de apostas feitas em uma partida da quarta divisão do futebol alemão, envolvendo a equipe do FSV Frankfurt, após uma dica dada por uma empresa de apostas. Hannes Beuck, fundador da Gamesright, uma entidade que apoia apostadores que perderam dinheiro em casinos online, avalia que o potencial para manipulação de resultados no esporte amador é mais alto, uma vez que jogadores e juízes recebem salários menores, ou inexistentes. Lembranças do escândalo HoyzerAs novas investigações reavivaram a memória dos alemães de um escândalo de 2005, quando foi revelado que o árbitro Robert Hoyzer manipulou partidas da segunda e da quarta divisão alemã e da Copa da Alemanha, em colaboração com uma máfia de apostas da Croácia. Hoyzer foi condenado a dois anos e cinco meses de prisão. Também foi envolvido no escândalo o árbitro Felix Zwayer, que foi banido por seis meses por não denunciar imediatamente uma propina de 300 euros (R$ 1.856) oferecida por Hoyer em 2004. Zwayer negou ter aceitado o dinheiro e até hoje é árbitro da DFB e da União das Associações Europeias de Futebol (Uefa). rc (dpa, AP) |
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Short teaser | Casos estariam ligados à atuação das "bets". Autoridades analisam "decisões suspeitas de árbitros" e de jogadores. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/alemanha-investiga-novos-casos-de-manipulação-de-resultados-em-jogos-de-futebol/a-70166081?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
RSS Player single video URL | https://rssplayer.dw.com/index.php?lg=bra&pname=&type=abs&title=Alemanha%20investiga%20novos%20casos%20de%20manipula%C3%A7%C3%A3o%20de%20resultados%20em%20jogos%20de%20futebol |
Item 42 | |||
Id | 70114392 | ||
Date | 2024-09-02 | ||
Title | Atletas norte-coreanos podem ser punidos por selfie com sul-coreanos | ||
Short title | Atletas norte-coreanos podem ser punidos por selfie em Paris | ||
Teaser |
Mesatenistas teriam sido colocados sob "vigilância ideológica" após interação com colegas do país vizinho nos Jogos Olímpicos e podem ser punidos se não demonstrarem arrependimento e remorso pelo gesto. Uma das imagens mais emblemáticas dos Jogos Olímpicos de Paris pode ter gerado graves problemas para alguns atletas norte-coreanos. Há semanas, mesatenistas da Coreia do Sul e Norte protagonizaram um momento histórico após disputarem o pódio na categoria de duplas mistas. Após receberem a medalha de bronze, os sul-coreanos Lim Jong-hoon e Shin Yu-bin se juntaram aos norte-coreanos Kim Kum-yong e Ri Jong-sik, que conquistaram a prata em Paris, para uma selfie. Os chineses Wang Chuqin e Sun Yingsha, também aparecem na imagem. O gesto foi visto internacionalmente como um símbolo de como o esporte é capaz de superar barreiras e unir os povos. Uma das imagens foi postada no Instagram oficial dos Jogos de Paris e gerou enorme repercussão positiva, sendo considerada um dos grandes momentos do megaevento esportivo. Contudo, relatos divulgados na imprensa sugerem que Kim e Ri teriam sido colocados sob "escrutínio ideológico" após retornarem ao seu país. O portal de notícias sobre a Coreia do Norte Daily NK, com sede em Seul, citou uma autoridade de alto escalão em Pyongyang que disse que atletas e membros do Comitê Olímpico Norte-Coreano passaram por uma "lavagem ideológica" de um mês de duração. De acordo com a reportagem, este seria um procedimento padrão no país imposto aos atletas que forem expostos à vida fora do regime comunista. "Lavagem ideológica"Segundo o Daily NK, o termo "lavagem ideológica" reflete como Pyongyang avalia que passar algum tempo fora de suas fronteiras pode "contaminar" seus cidadãos ao serem expostos a outras culturas. O portal destaca que os atletas norte-coreanos recebem instruções para não interagirem com competidores de outros países, incluindo da Coreia do Sul, e teriam sido advertidos que tais "confraternizações" seriam passíveis de punição. Os mesatenistas teriam sido alvo de críticas em um relatório enviado às autoridades do regime de Pyongyang por sorrirem enquanto posavam ao lado de atletas do país vizinho, que o regime comunista considera como seu pior inimigo. Não está claro qual punição deve ser dada aos atletas. O portal Korea Times sugeriu que isso pode depender da intensidade do arrependimento demonstrado pelos esportistas. Segundo o portal, os atletas norte-coreanos que retornam de competições internacionais no exterior costumam passar por sessões de "avaliação ideológica" em três etapas. As avaliações terminam em sessões de autorreflexão, nas quais eles devem criticar "comportamentos inadequados" dos integrantes de suas equipes, além de suas próprias ações. O Korea Times citou o relato de uma fonte anônima, segundo a qual, expressões emocionadas de arrependimento podem poupar os atletas de "punições políticas ou administrativas", cujo teor é desconhecido. Pressão por resultadosA ONG Human Rights Watch disse que os relatos revelam os esforços do regime do ditador Kim Jong-un para controlar seus cidadãos além de suas fronteiras. "O Comitê Olímpico Internacional (COI) tem a responsabilidade de proteger os atletas de todas as formas de assédios e abusos, como consta na Carta Olímpica", disse a entidade, em nota. "Os atletas norte-coreanos não deveriam temer retaliações por suas ações durante os Jogos, menos ainda quando incorporam os valores do respeito e da amizade, sobre os quais se ergue o movimento olímpico." Segundo os relatos, outros atletas que não conquistaram medalhas nos Jogos Olímpicos de Paris teriam sido punidos pela suposta baixa performance nas competições. O Daily NK menciona o caso da seleção de futebol norte-coreana que foi eliminada da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, depois de perder os três jogos da fase de grupos e sofrer 12 gols. Segundo o portal, os jogadores teriam sido alvos de uma bronca de horas de duração por supostamente traírem o regime. O técnico da equipe teria sido forçado a trabalhar na construção civil. rc/md (Reuters, ots) |
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Short teaser | Mesatenistas teriam sido colocados sob "vigilância ideológica" após interação com sul-coreanos nos Jogos Olímpicos. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/atletas-norte-coreanos-podem-ser-punidos-por-selfie-com-sul-coreanos/a-70114392?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 43 | |||
Id | 64814042 | ||
Date | 2023-02-25 | ||
Title | Qual ainda é o real poder dos oligarcas ucranianos? | ||
Short title | Qual ainda é o real poder dos oligarcas ucranianos? | ||
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UE condicionou adesão da Ucrânia ao bloco ao combate à corrupção. Para isso, país precisa reduzir influência dos oligarcas na política.Durante uma visita a Bruxelas em 9 de fevereiro, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que Kiev espera que as negociações sobre a adesão da Ucrânia à União Europeia (UE) comecem ainda em 2023. O bloco salientou, porém, que essa decisão depende de reformas a serem realizadas no país, como o combate à corrupção.
Para isso, é necessário reduzir a influência dos oligarcas na política ucraniana. A chamada lei antioligarca, aprovada em 2021 e que pretende atender a esse requisito, está sendo examinada pela Comissão de Veneza – um órgão consultivo do Conselho da Europa sobre questões constitucionais –, que deverá apresentar as conclusões em março.
Lei antioligarca
De acordo com a lei, serão considerados oligarcas na Ucrânia quem preencher três dos quatro seguintes critérios: possuir um patrimônio de cerca de 80 milhões de dólares; exercer influência política; ter controle sobre a mídia; ou possuir um monopólio em um setor econômico. Aqueles que entrarem para o registro de oligarcas não podem financiar partidos políticos, ficam impedidos de participar de grandes privatizações e devem apresentar uma declaração especial de imposto de renda.
Durante décadas, a política ucraniana girou em um círculo vicioso de corrupção política: os oligarcas financiaram – principalmente de forma secreta – partidos para, por meios de seus políticos, influenciar leis ou regulamentos que maximizariam seus lucros. Por exemplo, era mais lucrativo garantir que os impostos do governo sobre a extração de matérias-primas ou o uso de infraestrutura permanecessem baixos do que investir na modernização de indústrias.
Entretanto, a lei antioligarca já surtiu efeitos. No verão passado, o bilionário Rinat Akhmetov foi o primeiro a desistir das licenças de transmissão de seu grupo de mídia. O líder do partido Solidariedade Europeia, o ex-presidente ucraniano Petro Poroshenko, também perdeu oficialmente o controle sobre seus canais de TV. E o bilionário Vadim Novinsky renunciou ao seu mandato de deputado.
Guerra dilacerou fortunas de oligarcas ucranianos
A destruição da indústria ucraniana após a invasão russa reduziu a riqueza dos oligarcas. Em um estudo publicado no final de 2022, o Centro para Estratégia Econômica (CEE), em Kiev, estimou as perdas dos oligarcas em 4,5 bilhões de dólares. Rinat Akhmetov foi o mais impacto: com a captura de Mariupol pelas tropas russas, sua empresa Metinvest Holding perdeu a importante siderúrgica Azovstal e mais um outro combinat. O CEE estima o valor das plantas industriais em mais de 3,5 bilhões de dólares.
Além disso, a produção na usina de coque de Akhmetov – localizada em Avdiivka, perto de Donetsk, avaliada em 150 milhões de dólares – foi paralisada devido a danos causados por ataques russos. Os bombardeios do Kremlin também destruíram muitas instalações das empresas de energia de Akhmetov, especialmente usinas termelétricas.
Devido à guerra, especialistas da revista Forbes Ucrânia estimam as perdas de Akhmetov em mais de 9 bilhões de dólares. No entanto, ele ainda lidera a lista dos ucranianos mais ricos, com uma fortuna de 4 bilhões de dólares. Já Vadim Novinsky, sócio de Akhmetov na Metinvest Holding, perdeu de 2 bilhões de dólares. Antes da guerra, sua fortuna era estimada em 3 bilhões de dólares.
Kolomojskyj: sem passaporte ucraniano e refinaria de petróleo
A fortuna do até recentemente influente oligarca Igor Kolomojskyj também diminuiu drasticamente. No ano passado, ataques russos destruíram sua principal empresa, a refinaria de petróleo Kremenchuk, e o CEE estima os danos em mais de 400 milhões de dólares. Kolomoiskyi, juntamente com seu sócio Hennady Boholyubov, controlava uma parte significativa do mercado ucraniano de combustíveis. Eles eram donos, inclusive, da maior rede de postos de gasolina do país.
Por meio de sua influência política, Kolomojskyj conseguiu por muitos anos controlar a administração da petroleira estatal Ukrnafta, na qual possuía apenas uma participação minoritária. O controle da maior petrolífera do país, da maior refinaria e da maior rede de postos de gasolina lhe garantia grandes lucros.
A refinaria foi destruída, e o controle da Ukrnafta e da refinaria de petróleo Ukrtatnafta foi assumido pelo Estado durante o período de lei marcial. O oligarca, que também possui passaportes israelense e cipriota, perdeu ainda a nacionalidade ucraniana, já que apenas uma cidadania é permitida na Ucrânia. Ele ainda responde a um processo por possíveis fraudes na Ukrnafta, na casa dos bilhões.
Dmytro Firtash – que vive há anos na Áustria – é outro oligarca sob investigação. Ele também é conhecido por sua grande influência na política ucraniana. Neste primeiro ano de guerra, ele também perdeu grande parte de sua fortuna. Sua fábrica de fertilizantes Azot, em Sieveirodonetsk, que foi ocupada pela Rússia, foi severamente danificada pelos combates. O CEE estima as perdas em 69 milhões de dólares.
Não existem mais oligarcas ucranianos?
Os oligarcas perderam recursos essenciais para influenciar a política ucraniana, afirmou Dmytro Horyunov, um especialista do CEE. "Os investimentos na política estão se tornando menos relevantes", disse e acrescentou que espera que a lei antioligarca obrigue as grandes empresas a abrir mão de veículos de imprensa e de um papel na política.
Ao mesmo tempo, Horyunov não tem ilusões: muito pouco tem sido feito para eliminar completamente a influência dos oligarcas na política ucraniana. "Enquanto tiverem bens, eles farão de tudo para protegê-los ou aumentá-los".
De acordo com os especialistas do CEE, os oligarcas tradicionalmente defendem seus interesses por meio do sistema judicial. Desde 2014, a autoridade antimonopólio da Ucrânia impôs multas de mais de 200 milhões de dólares às empresas de Rinat Akhmetov e dezenas de milhões de dólares às companhias de Ihor Kolomoiskyi e Dmytro Firtash por abuso de posição dominante. Todas essas multas foram contestadas no tribunal, e nenhuma foi paga até o momento, disse o CEE.
Apesar de alguns oligarcas terem renunciado formalmente a empresas de comunicação, Ihor Feschtschenko, do movimento "Chesno" (Honesto), duvida que as grandes empresas ficarão de fora das eleições após o fim da guerra.
"Acho que a primeira coisa que veremos por parte dos oligarcas é a criação de novos canais de TV e, ao mesmo tempo, partidos políticos ligados a eles", avalia Feshchenko. Ele salienta que, para bloquear o fluxo de fundos não transparentes para as campanhas eleitorais é necessário implementar a legislação sobre partidos políticos.
Os especialistas do CEE esperam que, durante o processo de integração à UE, grandes investidores europeus se dirijam à Ucrânia. Ao mesmo tempo, eles apelam às instituições financeiras internacionais, de cuja ajuda a Ucrânia agora depende extremamente, para vincular o apoio a Kiev a progressos no processo de desoligarquização e apoiar as empresas que competiriam com os oligarcas.
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Short teaser | UE condiciona adesão da Ucrânia ao bloco a combate à corrupção. Para isso, país precisa reduzir influência de oligarcas. | ||
Author | Eugen Theise | ||
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Image caption | O oligarca ucraniano Rinat Akhmetov sofreu a maior perda após a Rússia invadir a Ucrânia | ||
Image source | Daniel Naupold/dpa/picture alliance | ||
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Item 44 | |||
Id | 64820664 | ||
Date | 2023-02-25 | ||
Title | Mortos em terremoto na Turquia e na Síria passam de 50 mil | ||
Short title | Mortos em terremoto na Turquia e na Síria passam de 50 mil | ||
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De acordo com autoridades turcas, 173 mil prédios ruíram ou precisam ser demolidos. Prefeito de Istambul diz ser necessário até 40 bilhões de dólares para se preparar para possível novo grande tremor.Duas semanas e meia após o terremoto de 7,8 de magnitude na área de fronteira turco-síria, o número de mortos aumentou para mais de 50 mil, informaram as autoridades dos dois países nesta sexta-feira (24/02).
A Turquia registrou 44.218 mortes, de acordo com a agência de desastres turca Afad, e a Síria reportou ao menos 5,9 mil mortes. Nos últimos dias, não houve relatos de resgate de sobreviventes.
Tremores secundários continuam a abalar a região. Neste sábado (25/02), um tremor de magnitude 5,5 atingiu o centro da Turquia, informou o Centro Sismológico Euro-Mediterrânico, a uma profundidade de 10 quilômetros.
O observatório sísmico de Kandilli disse que o epicentro foi localizado no distrito de Bor, na província de Nigde, que fica a cerca de 350 quilômetros a oeste da região atingida pelo grande tremor de 6 de fevereiro.
Graves incidentes e vítimas não foram reportados após o tremor deste sábado.
Segundo a Turquia, nas últimas três semanas, foram mais de 9,5 mil tremores secundários e a terra chegou a tremer, em média, a cada quatro minutos.
De acordo com o governo turco, 20 milhões de pessoas no país são afetadas pelos efeitos do terremoto. As Nações Unidas estimam que na Síria sejam 8,8 milhões de pessoas afetadas.
Turquia começa reconstrução
As autoridades turcas começaram a construir os primeiros alojamentos para os desabrigados. O trabalho de escavação de terra está em andamento nas cidades de Nurdagi e Islahiye, na província de Gaziantep, escreveu no Twitter o ministro do Meio Ambiente, Planejamento Urbano e Mudança Climática, Murat Kurum. Inicialmente, estão previstos 855 apartamentos.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan prometeu a reconstrução em um ano. Críticos alertam que erguer prédios tão rapidamente pode fazer com que a segurança sísmica dos edifícios seja negligenciada novamente. A oposição culpa o governo de Erdogan, que está no poder há 20 anos, pela extensão do desastre porque não cumpriu os regulamentos de construção.
Também neste sábado, o ministro da Justiça turco, Bekir Bozdag, disse que pelo menos 184 pessoas foram detidas por suposta negligência em relação a prédios desabados após os terremotos. Entre eles, estão empreiteiros e o prefeito do distrito de Nurdagi, na província de Gaziantep.
Até agora, o Ministério do Planejamento Urbano inspecionou 1,3 milhão de edifícios, totalizando mais de meio milhão de residências e escritórios, e relatou que 173 mil propriedades ruíram ou estão tão seriamente danificadas que precisam ser demolidas imediatamente.
Ao todo, quase dois milhões de pessoas tiveram de abandonar suas casas, demolidas ou danificadas pelos tremores, e vivem atualmente em tendas, casas pré-fabricadas, hotéis, abrigos e diversas instituições públicas, detalhou um comunicado do Afad.
Cerca de 528 mil pessoas foram evacuadas das 11 províncias listadas como regiões afetadas, acrescentou o comunicado do serviço de emergência, enquanto 335 mil tendas foram montadas nessas áreas e 130 núcleos provisórios de casas pré-fabricadas estão sendo instalados.
Em março e abril começará a construção de 200 mil novas casas, prometeu o ministério turco. Estima-se que o terremoto de 6 de fevereiro tenha custado à Turquia cerca de 84 bilhões de dólares.
Na Síria, o noroeste é particularmente atingido pelos efeitos do tremor. Há poucas informações sobre o país devastado pela guerra. Diante de anos de bombardeios e combates, muitas pessoas ali já viviam em condições precárias antes dos tremores.
Istambul precisa de 40 bilhões de dólares
Enquanto isso, o prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, disse a cidade, que fica perto de uma grande falha geológica, precisa de um programa urgente de urbanização no valor de "cerca de 30 bilhões a 40 bilhões de dólares" para se preparar para um possível novo grande terremoto.
"A quantia é três vezes maior do que o orçamento anual da cidade de Istambul, mas precisamos estar prontos antes que seja tarde demais", disse Imamoglu a um conselho científico.
De acordo com um relatório de 2021 do observatório sísmico de Kandilli, um potencial terremoto de magnitude superior a 7,5 danificaria cerca de 500 mil edifícios, habitados por 6,2 milhões de pessoas, cerca de 40% da população da cidade, a mais populosa da Turquia.
Istambul fica ao lado da notória falha geológica do norte da Anatólia. Um grande terremoto em 1999 que atingiu a região de Mármara, incluindo Istambul, matou mais de 18 mil.
le (EFE, DPA, Reuters, ots)
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Short teaser | De acordo com autoridades turcas, 173 mil prédios ruíram ou precisam ser demolidos. | ||
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Image caption | Turquia registrou a grande maioria dos mortos: mais de 44 mil | ||
Image source | Selahattin Sonmez/DVM/abaca/picture alliance | ||
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Item 45 | |||
Id | 64819106 | ||
Date | 2023-02-25 | ||
Title | UE impõe 10° pacote de sanções contra a Rússia | ||
Short title | UE impõe 10° pacote de sanções contra a Rússia | ||
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Medidas incluem veto à exportação de tecnologia militar e, pela primeira vez, retaliações contra firmas iranianas que fornecem drones a Moscou. Mais de 100 indivíduos e entidades russas são afetados.A União Europeia prometeu aumentar a pressão sobre Moscou "até que a Ucrânia seja libertada", ao adotar neste sábado (25/02) um décimo pacote de sanções contra a Rússia, acordado pelos líderes do bloco no dia anterior, que marcou o primeiro aniversário da invasão da Ucrânia. O conjunto de medidas inclui veto à exportação de tecnologia militar e, pela primeira vez, retaliações contra empresas iranianas que fornecem drones a Moscou.
"Agora temos as sanções de maior alcance de todos os tempos – esgotando o arsenal de guerra da Rússia e mordendo profundamente sua economia", disse a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, através do Twitter, acrescentando que o bloco está aumentando a pressão sobre aqueles que tentam contornar as sanções da UE.
O chefe de política externa da UE, Josep Borrell, alertou que o bloco continuará a impor mais sanções contra Moscou. "Continuaremos a aumentar a pressão sobre a Rússia – e faremos isso pelo tempo que for necessário, até que a Ucrânia seja libertada da brutal agressão russa", disse ele em comunicado.
Restrições adicionais são impostas às importações de mercadorias que geram receitas significativas para a Rússia, como asfalto e borracha sintética.
Os Estados-membros da UE aprovaram as sanções na noite de sexta-feira, depois de uma agitada negociação, que foi travada temporariamente pela Polônia.
Acordo após mais de 24 horas de reuniões
As negociações entre os países da UE ficaram estagnadas durante a discussão sobre o tamanho das cotas de borracha sintética que os países poderão importar da Rússia, uma vez que a Polônia queria reduzi-las, mas finalmente houve o acordo, após mais de 24 horas de reuniões.
"Hoje, a UE aprovou o décimo pacote de sanções contra a Rússia" para "ajudar a Ucrânia a ganhar a guerra", anunciou a presidência sueca da UE, em sua conta oficial no Twitter.
O pacote negociado "inclui, por exemplo, restrições mais rigorosas à exportação de tecnologia e produtos de dupla utilização", medidas restritivas dirigidas contra indivíduos e entidades que apoiam a guerra, propagandeiam ou entregam drones usados pela Rússia na guerra, e medidas contra a desinformação russa", listou a presidência sueca.
Serão sancionados, concretamente, 47 componentes eletrônicos usados por sistemas bélicos russos, incluindo em drones, mísseis e helicópteros, de tal maneira que, levando em conta os nove pacotes anteriores, todos os produtos tecnológicos encontrados no campo de batalha terão sido proibidos, de acordo com Ursula von der Leyen.
O comércio desses produtos, que as evidências do campo de batalha sugerem que Moscou está usando para sua guerra, totaliza mais de 11 bilhões de euros (mais de R$ 60 bilhões), segundo autoridades da UE.
Sanções contra firmas iranianas
Também foram incluídas, pela primeira vez, sete empresas iranianas ligadas à Guarda Revolucionária que fabricam os drones que Teerã está enviando a Moscou para bombardear a Ucrânia.
As novas medidas abrangem mais de 100 indivíduos e empresas russas, incluindo responsáveis pela prática de crimes na Ucrânia, pela deportação de crianças ucranianas para a Rússia e oficiais das Forças Armadas russas.
Todos eles terão os bens e ativos congelados na UE e serão proibidos de entrar no território do bloco.
O décimo pacote novamente foca na necessidade de evitar que tanto a Rússia como os oligarcas contornem as sanções, tendo sido acordado considerar a utilização de bens do Banco Central russo congelados na UE para a reconstrução da Ucrânia.
No entanto, vários países têm dúvidas jurídicas sobre a possibilidade de utilizar esses recursos para a reconstrução e pedem o máximo consenso internacional.
md (EFE, Reuters, AFP)
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Short teaser | Medidas incluem veto à exportação de tecnologia militar e retaliações a empresas iranianas que fornecem drones a Moscou. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/ue-impõe-10°-pacote-de-sanções-contra-a-rússia/a-64819106?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 46 | |||
Id | 64816115 | ||
Date | 2023-02-24 | ||
Title | Zelenski quer América Latina envolvida em processo de paz | ||
Short title | Zelenski quer América Latina envolvida em processo de paz | ||
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Presidente ucraniano propõe cúpula com os países da região e diz ter convidado Lula para ir a Kiev. Ele diz ainda que nações da África, além de China e Índia, deveriam se sentar na mesa de negociações.O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou nesta sexta-feira (24/02) que deseja que países da América Latina e África, além da China e Índia, façam parte de um processo de paz para o fim da guerra com a Rússia. A declaração foi feita durante uma coletiva de imprensa para veículos internacionais que marcou um ano da invasão russa na Ucrânia.
Buscando fortalecer os laços diplomáticos, Zelenski propôs a realização de uma cúpula com os líderes latino-americanos. "É difícil para mim deixar o país, mas eu viajaria especialmente para essa reunião", destacou.
Ao manifestar a intenção de reforçar os contatos bilaterais, Zelenski citou especificamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ser questionado por um jornalista brasileiro. "Eu lhe mandei [a Lula] convites para vir à Ucrânia. Realmente espero me encontrar com ele. Gostaria que ele me ajudasse e apoiasse com uma plataforma de conversação com a América Latina", disse Zelenski. "Estou realmente interessado nisso. Estou esperando pelo nosso encontro. Face a face vou me fazer entender melhor."
Nesta sexta-feira, Lula voltou a defender uma iniciativa de "países não envolvidos no conflito" para promover as negociações de paz.
"No momento em que a humanidade, com tantos desafios, precisa de paz, completa-se um ano da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. É urgente que um grupo de países, não envolvidos no conflito, assuma a responsabilidade de encaminhar uma negociação para restabelecer a paz", escreveu o presidente brasileiro no Twitter.
Estreitar laços
O presidente ucraniano destacou ainda que seu governo começou a abrir novas embaixadas na América Latina e África, onde alguns países continuam mantendo boas relações com a Rússia e se recusam a condenar a guerra.
Zelenski ressaltou ainda que Kiev deve tomar medidas para construir relações com os países africanos. "A Ucrânia deve dar um passo à frente para se encontrar com os países do continente africano", declarou.
Ele propôs também organizar uma cúpula com "países de todos os continentes" após Kiev ter recebido um apoio generalizado na Assembleia Geral da ONU, que na quinta-feira aprovou uma resolução sobre o fim das hostilidades e a retirada das tropas russas do território ucraniano. Ele disse que essa reunião deve ocorrer num país "que seja capaz de reunir o maior número possível de países do mundo".
O presidente ucraniano aludiu indiretamente às abstenções registradas durante essa votação, incluindo a China e a Índia, e disse que o seu governo trabalha "para transformar essa neutralidade num estatuto de não-neutralidade diante a guerra".
Proposta da China
Apesar de ter manifestado algum ceticismo, Zelenski saudou alguns elementos do "plano de paz" apresentado pela China e disse esperar que a posição da liderança chinesa evolua no sentido de exigir que a Rússia respeite os princípios básicos do direito internacional, no qual se incluem a soberania e a integridade territorial dos países.
"Pelo menos, a China começou a falar conosco, nos chamou de 'país invadido' e julgo que isso é bom. Mas a China não é propriamente pró-ucraniana e temos que ver que atos seguirão as palavras", afirmou.
Ele também destacou ser promissor a China estar pensando em intermediar a paz, mas reiterou que qualquer plano que não incluir a retirada total das tropas russas de territórios ucranianos é inaceitável para Kiev.
cn/bl (Reuters, AFP, Efe)
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Short teaser | Presidente ucraniano propõe cúpula com os países da região e diz ter convidado Lula para ir a Kiev. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/zelenski-quer-américa-latina-envolvida-em-processo-de-paz/a-64816115?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 47 | |||
Id | 64811757 | ||
Date | 2023-02-24 | ||
Title | "Plano de paz" chinês deixa mais dúvidas do que respostas | ||
Short title | "Plano de paz" chinês deixa mais dúvidas do que respostas | ||
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Desde que o principal diplomata da China, Wang Yi, anunciou um plano de Pequim para um acordo político sobre a Ucrânia, surgiram especulações sobre seu papel na resolução da guerra. O plano foi agora divulgado. Durante a Conferência de Segurança de Munique na semana passada, o representante máximo da diplomacia chinesa, Wang Yi, anunciou a proposta de Pequim de um "plano de paz" para resolver a guerra na Ucrânia por meios políticos. Nesta sexta-feira (24/02), no aniversário de um ano da invasão da Ucrânia pela Rússia, o Ministério das Relações Exteriores chinês divulgou a proposta de 12 pontos. Entre eles, estão críticas às sanções unilaterais do Ocidente e apelos para retomar as negociações de paz e reduzir os riscos estratégicos associados às armas nucleares. Por muito tempo, a China relutou em assumir um papel ativo no conflito, preferindo apresentar-se como neutra e ignorar os apelos de países do Ocidente para pressionar a Rússia. Faz sentido, tendo em vista que a China é uma das principais beneficiárias das sanções contra a Rússia. Devido ao isolamento internacional de Moscou, a China ganhou forte influência sobre os suprimentos russos de energia e seus preços. Em 2022, as exportações chinesas para a Rússia aumentaram 12,8%, enquanto as importações, incluindo recursos naturais, cresceram 43,4%. No entanto, os impactos negativos da guerra estão lentamente superando os ganhos de curto prazo. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que a China está considerando fornecer armas letais à Rússia. O suposto apoio de Pequim a Moscou já resultou em controles de exportação mais rígidos e restrições a investimentos do Ocidente. Análises sugerindo que o que acontece hoje na Ucrânia pode ser repetido no futuro pela China em relação a Taiwan também provocam preocupação no Ocidente e afetam as relações com os EUA e a União Europeia (UE), os maiores parceiros comerciais de Pequim. "A Rússia não ajudou Pequim ao despertar o mundo para essa ameaça antes que Pequim estivesse pronta para empreender uma possível invasão de Taiwan", disse à DW Blake Herzinger, membro não residente do American Enterprise Institute especialista na política de defesa do Indo-Pacífico. A proposta da China para a guerra na UcrâniaAté a divulgação nesta sexta-feira, os detalhes do plano chinês estavam sendo mantidos em sigilo. Wang Yi apresentou os pontos-chave ao ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em Munique. No entanto, nem Kuleba nem o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, viram o texto da proposta. Após a conferência em Munique, Wang Yi visitou a Rússia e se reuniu com várias autoridades de alto escalão, incluindo o presidente russo, Vladimir Putin. Embora Wang Yi estivesse na Rússia apenas dois dias antes da divulgação do documento, Moscou informou que não houve negociações sobre o chamado "plano de paz da China" e que o lado chinês apenas expressou vontade de desempenhar um papel "construtivo" no conflito. No documento divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério das Relações Exteriores da China, o foco principal é na soberania e integridade territorial. No entanto, a China não especifica como essa questão, fundamental tanto para a Rússia quanto para a Ucrânia, deve ser abordada. "A China defende da boca para fora a integridade territorial, mas não pediu à Rússia para parar com sua guerra ilegal de conquista e retirar suas tropas", disse à DW Thorsten Benner, diretor do Global Public Policy Institute, à DW. Ao contrário de muitas expectativas, o plano também não pediu a interrupção do fornecimento de armas à Ucrânia. O documento menciona o diálogo e as negociações como a única solução viável para a crise. Atualmente, porém, as conversas entre Rússia e Ucrânia têm se resumido à troca de prisioneiros e a raros contatos informais. "Para ser bem-sucedida, a mediação de paz precisa da disposição das partes em conflito", disse à DW Artyom Lukin, professor da Universidad Federal do Extremo Oriente, em Vladivostok, na Rússia. "No entanto, agora há poucos sinais de que Moscou e Kiev estejam interessadas em chegar a um acordo. Moscou ainda está determinada a se apossar de todas as regiões de Donetsk e Lugansk, mantendo o controle sobre as áreas das regiões de Zaporíjia e Kherson que foram tomadas pelas forças russas em 2022. Kiev parece determinada a expulsar a Rússia do Donbass, de Zaporíjia e Kherson, e talvez ir atrás da Crimeia em seguida. É difícil imaginar como as posições de Rússia e Ucrânia possam chegar a um ponto comum no momento", acrescentou. Mediador duvidosoAlém disso, o papel da China como mediadora no conflito parece duvidoso, uma vez que o país não atua como um ator imparcial. No ano passado, a China intensificou os laços políticos, militares e econômicos com a Rússia. Na proposta desta sexta-feira, Pequim, mais uma vez, opôs-se a "sanções unilaterais não autorizadas pelo Conselho de Segurança da ONU", o que claramente se refere às sanções do Ocidente a Moscou. Além disso, o presidente chinês, Xi Jinping, não se encontrou ou ligou para Zelenski nem uma vez, apesar de manter contato regular com Putin. "É tolice acreditar que uma parte que está envolvida com um dos lados, neste caso a China do lado da Rússia, possa desempenhar o papel de mediador. Da mesma forma, a Europa não poderia ser um mediador porque está firmemente no lado de Kiev", disse Benner. Campanha de relações públicas sem riscosA proposta da China parece ser em grande parte uma declaração de princípios, e não uma solução prática. "O que me impressionou em particular é o fato de que não há propostas para incentivar ou influenciar Moscou na direção de uma mudança de comportamento", disse à DW Ian Chong, cientista político da Universidade Nacional de Cingapura. "Não há nenhuma pressão ou e não há nenhuma oferta que possa beneficiar a Rússia caso ela cumpra o proposto. Apenas na linguagem da declaração, não está claro por que haveria um incentivo para a Rússia, e não está claro por que haveria um incentivo para a Ucrânia, se não há um motivo para a Rússia parar a invasão em primeira instância", destacou. "Acho que a China está fazendo isso apenas como objetivo de relações públicas. Esse 'plano de paz' e falar de si mesmo como mediador é sobretudo uma ferramenta retórica que Pequim usa, em um esforço para reparar as relações com a Europa e melhorar o diálogo com o resto do mundo, bem como para apoiar a mensagem de que os Estados Unidos é o culpado pela guerra e que a China, na verdade, é uma força pela paz", afirma Benner. Outros pontos da propostaO texto pede ainda um cessar-fogo, proteção para prisioneiros de guerra e cessação de ataques a civis, sem dar mais detalhes, além de defender a manutenção da segurança das centrais nucleares e dos acordos para facilitar a exportação de cereais. A proposta também condena a "mentalidade de Guerra Fria", um termo usado frequentemente pela China quando se refere aos Estados Unidos ou à Otan. "A segurança de uma região não deve ser alcançada pelo fortalecimento ou expansão de blocos militares", diz a proposta. "O tom básico e a mensagem fundamental da política são bastante pró-Rússia", afirmou o professor de política externa chinesa e segurança internacional da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura, Li Mingjiang. |
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Short teaser | Pequim divulgou seu esperado plano de 12 pontos para um acordo político sobre a Ucrânia. | ||
Author | Alena Zhabina | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/plano-de-paz-chinês-deixa-mais-dúvidas-do-que-respostas/a-64811757?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 48 | |||
Id | 64811407 | ||
Date | 2023-02-24 | ||
Title | Volodimir Zelenski, o presidente subestimado por Vladimir Putin | ||
Short title | Zelenski, o presidente subestimado por Putin | ||
Teaser |
Um ano após a invasão russa, a Ucrânia continua resistindo. A resiliência de Kiev deve-se também ao presidente Volodimir Zelenski, que surpreendeu todos – especialmente o país agressor. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, detém um recorde mundial: nenhum outro chefe de Estado fez pronunciamentos diários durante um período tão longo. Os discursos de Zelenski acontecem há um ano – diariamente. As mensagens em vídeo do presidente ucraniano, gravadas alternadamente em seu escritório ou num bunker, são sua crônica da guerra. Documentam como o país – e ele mesmo – mudaram depois da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022. No dia anterior, poucas horas antes do ataque russo à Ucrânia, Zelenski gravou uma mensagem especial. Dirigiu-se aos seus compatriotas, principalmente aos cidadãos russos, tentando impedir a ameaça de guerra. Pediu protestos na Rússia, e soou o alarme. "Se formos atacados, se tentarem tomar nosso país, nossa liberdade, nossa vida e a vida dos nossos filhos, vamos nos defender", disse Zelenski, em russo. Foi a última vez em que ele, então com 44 anos, foi visto com a barba feita e vestindo terno e gravata. "Com um ataque, vocês verão os nossos rostos, não as nossas costas!". "Preciso de munição, não de carona"Depois da invasão, Zelenski e seu governo ficam na capital, Kiev – mesmo com o avanço das tropas russas na periferia da cidade. A atitude surpreendeu. Especialmente o presidente russo, Vladimir Putin, parecia apostar na fuga de Zelenski para o oeste da Ucrânia, ou o exterior. Teria havido ofertas ao mandatário ucraniano nesse sentido. A resposta de Zelenski, divulgada pela agência de notícias AP, já se tornou lendária: "Preciso de munição, não de carona". Não é possível verificar se Zelenski formulou a frase exatamente desse jeito. Mas a mensagem foi passada, e Zelenski conquistou muitas simpatias no plano internacional, além de fortalecer o espírito de combate dos ucranianos. A mensagem também simboliza uma reviravolta de 180 graus na atitude do presidente ucraniano. Semanas antes, seu comportamento foi motivo de especulação. Quando serviços secretos do Ocidente e chefes de Estado e de governo alertaram contra uma invasão russa iminente e retiraram pessoal das embaixadas internacionais em Kiev, Zelenski reagiu com impaciência, desconfiança e críticas. Mais tarde, explicou que queria evitar pânico. A invasão russa, porém, mudou tudo. Câmeras, as armas mais poderosas de ZelenskiEm seu pronunciamento de 24 de fevereiro de 2022, o primeiro dia da guerra, o presidente ucraniano usava uma camiseta verde-oliva. Até hoje, a vestimenta militar permanece sua marca, assim como a barba de três dias. É assim que o mundo o conhece, é assim que ele aparece em inúmeras entrevistas e manchetes da imprensa mundial. O uniforme também foi usado durante cerimônia em homenagem aos soldados mortos no conflito e que marcou o primeiro ano da guerra nesta sexta-feira (24/02) na praça em frente à Catedral de Santa Sofia em Kiev, diante do monumento de domo verde e dourado que simboliza a resistência da capital ucraniana. No segundo dia da guerra, Zelenski gravou um dos seus vídeos mais importantes e mais conhecidos. As imagens com duração de meio minuto mostram Zelenski em seu gabinete à noite, diante da sede da Presidência, em Kiev. A mensagem principal: "Todos estamos aqui, ficaremos e lutaremos". No início do conflito, Zelenski ainda se mostrou disposto a concessões, a exemplo da entrada desejada pela Ucrânia na aliança militar altântica Otan. Mas, depois da divulgação dos primeiros massacres perpetrados pelo Exército russo e da anexação ilegal de regiões pró-russas da Ucrânia por Moscou, ele rechaçou quaisquer compromissos. E sabia que a maioria da população concordava com ele – um presidente ainda altamente popular na Ucrânia devido à conexão diária com os cidadãos do país via mensagens de vídeo. Como presidente numa guerra, Zelenski aposta naquilo que domina melhor: a comunicação. A câmera tornou-se sua arma mais poderosa. O mandatário ucraniano grava vídeos na capital, dissemina confiança, passa a impressão de proximidade com as pessoas e encontra as palavras certas. Além disso, viajou diversas vezes para o front, encontrou soldados na cidade libertada de Izium, no nordeste do país, ou em Bakhmut, no leste, cercada pelos russos. Em alguns discursos por vídeo, são inseridas imagens das cidades destruídas pelo Exército russo. Seus índices de popularidade, em declínio vertiginoso antes da invasão russa, triplicaram desde o início da guerra e, atualmente, oscilam entre 80% e 90% de aprovação. Putin não levou Zelenski a sérioMuitos observadores se perguntam como Zelenski pôde ser tão subestimado pelo presidente russo, Vladimir Putin. A resposta está no passado do presidente ucraniano. Zelenski não é político de carreira, e sua vitória na eleição de 2019 foi uma surpresa. Antes de se candidatar a presidente, era um comediante, ator e produtor de sucesso. Chegou até a se apresentar no palco para o ex-presidente russo Dmitri Medvedev durante uma visita à Ucrânia. Sua ascensão política tem paralelos com a série satírica de TV Servidor do Povo, na qual Zelenski interpretava o papel de um professor que, mais tarde, se torna chefe de Estado. Por esse motivo, a liderança russa não levou Zelenski a sério e, depois, ficou irritada pelo fato de ele não querer fazer maiores concessões como presidente. Como comediante que fala russo, Zelenski chegou a tirar sarro frequentemente do modo de vida ucraniano e também de políticos pró-Ocidente no país. Por outro lado, pegava bastante leve com o ex-presidente pró-russo Viktor Yanukovitch. Zelenski também tinha ligações estreitas com a Rússia e ganhou dinheiro se apresentando no país até depois da anexação da Península da Crimeia em 2014 – algo que incomodou bastante seus compatriotas. A invasão da Ucrânia pela Rússia, porém, mudou tudo. Os críticos de Zelenski silenciaram, e ele conquistou muitos céticos ao permanecer em Kiev em vez de fugir. Essa determinação pode ter relação com sua educação. Filho privilegiado de um professor universitário, Zelenski cresceu em Kryvyi Rih, cidade industrial da classe trabalhadora no sudeste da Ucrânia. Porém, sua geração viveu os duros anos finais da União Soviética. A experiência lhes ensinou a não fugir de conflitos. Quando Putin atacou a Ucrânia, Zelenski pôde recorrer a essa vivência. O presidente russo subestimou seu homólogo e o tratou como um político fraco e sem experiência que acreditava ser fácil de derrotar. Nem tudo é fácilIsso não quer dizer, no entanto, que tudo sempre foi fácil para Zelenski. Seu governo cometeu erros: alguns líderes políticos foram forçados a deixar seus cargos, e amigos próximos do presidente ucraniano perderam seus postos. Zelenski também causou irritação internacional quando afirmou, em novembro passado, que um míssil russo tinha atingido território polonês, matando duas pessoas – porém, de acordo com relatórios dos Estados Unidos, o míssil provavelmente foi disparado por uma bateria anti-aérea ucraniana. O incidente representou, porém, uma discórdia rara entre aliados. Acima de tudo, Zelenski considera o uso da mídia para atrair atenção para seu país como sua principal tarefa. Repetidamente, apelou a políticos do Ocidente pedindo – ou, na opinião de alguns, implorando – por armas. Na maior parte dos casos, Zelenski teve sucesso, já que o Ocidente vem enviando mais armamentos à Ucrânia. Zelenski também detém o recorde mundial de pronunciamentos em vídeo em conferências e parlamentos ao redor do mundo. Sua aparição mais recente foi uma transmissão para as estrelas reunidas para a abertura do festival de filmes de Berlim, a Berlinale, na última semana. |
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Short teaser | Um ano após invasão russa, resistência da Ucrânia deve-se também ao presidente Zelenski, que surpreendeu os agressores. | ||
Author | Roman Goncharenko | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/volodimir-zelenski-o-presidente-subestimado-por-vladimir-putin/a-64811407?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Item 49 | |||
Id | 64810396 | ||
Date | 2023-02-24 | ||
Title | Após um ano de guerra na Ucrânia: Por que sofremos fadiga por compaixão? | ||
Short title | Após 1 ano de guerra: Por que sofremos fadiga por compaixão? | ||
Teaser |
Indiferença é uma resposta natural à superexposição ao sofrimento, mas é possível reconstruir a empatia. Depende de como a mídia e os usuários de redes sociais representam as crises.É comum desviarmos o nosso olhar de notícias ou postagens nas redes sociais sobre guerra e violência. Afinal, somos constantemente bombardeados com imagens de eventos traumáticos quando estamos online.
Esse fenômeno, chamado fadiga por compaixão, provoca uma diminuição gradual da compaixão ao longo do tempo. E nos tira a capacidade de reagir e ajudar quem precisa.
"Senti isso depois da invasão da Ucrânia", disse Jessica Roberts, professora de ciências da comunicação da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa. "Quando ouvi falar das atrocidades pela primeira vez, foi horrível. Mas, depois, quando ouvi sobre [atrocidades em] outra cidade, a minha reação foi menos extrema."
A fadiga por compaixão, porém, não precisa ser permanente. Como Susan Sontag escreveu em seu livro Diante da dor dos outros, de 2003, "a compaixão é uma emoção instável, e precisa ser traduzida em ação – ou ela murcha".
Então, como podemos transformar a compaixão em ação? A DW encontrou estudos e conversou com especialistas sobre como a compaixão pode tanto se esvair como também ser reconstruída.
Fadiga por compaixão e insensibilidade à violência
Brad Bushman, um pesquisador de mídia da Ohio State University, nos EUA, conduziu experimentos que ilustram como a violência em mídias como videogames e filmes pode dessensibilizar as respostas das pessoas ao sofrimento ou à violência na vida real.
Em um estudo feito por Bushman e seus colegas, um grupo de alunos jogou um videogame violento, e outro grupo, um jogo não violento, ambos por 20 minutos. Após o jogo, todos os 320 participantes foram instruídos a responder um questionário. Porém, durante esse tempo, eles ouviram uma briga no corredor do lado de fora da sala.
"Na realidade, era uma gravação de atores profissionais simulando uma briga. Também tínhamos um assistente de pesquisa do lado de fora da sala chutando uma lata de lixo e, depois, gemendo", disse Bushman à DW.
Assim, os pesquisadores mediram quanto tempo levou para os participantes ajudarem o assistente que supostamente havia participado de uma briga e gemia do lado de fora: em média, as pessoas que jogaram o jogo não violento levaram 16 segundos; já os que jogaram o jogo violento, 73 segundos.
Bushman disse que os participantes que jogaram o jogo violento relataram que a briga era menos séria do que aqueles que jogaram o jogo não violento.
Seria simplório concluir que videogames violentos geram violência. Mas, nos experimentos de Bushman, jogos violentos parecem mudar temporariamente as respostas das pessoas à violência no mundo real.
"Ver imagens violentas faz com que as pessoas fiquem insensíveis e pensem que a violência não é um grande problema. A consequência no mundo real é que temos uma probabilidade menor de ajudar alguém que é vítima de violência", contou Bushman.
Fadiga por compaixão é uma forma de proteção emocional
De acordo com Bushman, o mecanismo psicológico subjacente por trás da fadiga por compaixão é a dessensibilização.
"É realmente uma espécie de filtragem emocional ou de atenção que nos protege de um sofrimento que se torna estressante ou traumático demais para lidar", disse Bushman.
Também é possível detectar a dessensibilização em relação a imagens violentas nas respostas fisiológicas das pessoas ao estresse.
"Se medirmos as respostas cardiovasculares ou as ondas cerebrais [usando eletroencefalografia], veremos que as respostas de choque fisiológico a imagens violentas serão atenuadas nas pessoas que acabaram de jogar um videogame violento", disse Bushman.
Entretanto, ele argumentou que a dessensibilização à violência e ao trauma pode ser uma estratégia de adaptação importante para profissionais cujo trabalho envolve a exposição frequente a eventos traumáticos, como soldados, trabalhadores humanitários e médicos.
O problema surge quando essa dessensibilização é detectada na população "comum".
"Essa adaptação é um dos mecanismos que estimulam mais agressão e violência na sociedade", afirmou Bushman, referindo-se a uma pesquisa que mostra como o conflito em Israel e na Palestina intensifica a violência em crianças.
Fadiga por compaixão em relação a refugiados
Yasmin Aldamen, da Universidade Ibn Haldun, em Istambul, enfatizou os perigos de como a fadiga por compaixão pode levar a uma maior violência e discurso de ódio na sociedade. A pesquisa de Aldamen se concentra no impacto que a fadiga por compaixão e as representações negativas da mídia têm sobre os refugiados sírios na Turquia e na Jordânia.
"Descobrimos que destacar imagens e mensagens negativas sobre refugiados na mídia abre as portas para que o público perca a empatia por eles – ou até mesmo tenha ódio pelos refugiados", disse Aldamen à DW.
Infelizmente, essas conclusões não são novas ou surpreendentes: a violência contra refugiados e migrantes existe desde que os humanos têm fugido de conflitos para outros lugares. A novidade é a rapidez com que a mídia e as redes sociais podem estimular a fadiga por compaixão e, consequentemente, o discurso de ódio e o racismo.
É algo que vemos repetidas vezes, por exemplo, após parte da população fugir da tomada do Afeganistão pelo Talibã, e com os refugiados fugindo da guerra na Ucrânia e das mudanças climáticas no norte da África.
"Há evidências mostrando que, após um desastre, as pessoas dão menos dinheiro ao longo do tempo. E isso já está acontecendo com as vítimas do terremoto na Turquia e na Síria", disse Roberts, da Universidade Católica Portuguesa.
A fadiga por compaixão é temporária e pode ser revertida
A fadiga por compaixão pode ser revertida, de acordo com Roberts e Aldamen. Elas dizem que as pessoas podem reconstruir a capacidade de compaixão ao longo do tempo.
"Podemos usar as redes sociais para criar empatia e compaixão entre as pessoas. Em nossa pesquisa, analisamos o [fotoblog e livro de relatos de rua e entrevistas] Humans of New York, que se concentra nas histórias positivas sobre a vida das pessoas, em vez de seus traumas. E isso ajudou a criar grande empatia", contou Roberts à DW.
Aldamen tem uma missão semelhante: ela pede aos meios de comunicação e às pessoas nas redes sociais que mudem a forma como representam os refugiados e outras populações vulneráveis.
"Meu estudo recomenda reportar a crise dos refugiados sírios [e outras crises] com uma perspectiva mais humanista. Os veículos de mídia precisam exibir algumas das histórias mais positivas sobre a crise dos refugiados, para garantir que o público não sofra a fadiga por compaixão devido à exposição a histórias trágicas", disse Aldamen à DW.
Ela também contou que é importante que as notícias incluam chamados à ação de indivíduos ou formuladores de políticas públicas para que os leitores possam ajudar os necessitados, em vez de apenas observar uma crise que acham que não pode ser resolvida.
Veja como doar para os esforços de ajuda às vítimas do terremoto na Síria e na Turquia.
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Short teaser | Indiferença é uma resposta natural à superexposição ao sofrimento, mas é possível reconstruir a empatia. | ||
Author | Fred Schwaller | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/após-um-ano-de-guerra-na-ucrânia-por-que-sofremos-fadiga-por-compaixão/a-64810396?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image caption | Muitas pessoas já não mais se sensibilizam com as imagens do sofrimento na Ucrânia | ||
Image source | Andriy Andriyenko/AP Photo/picture alliance | ||
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Item 50 | |||
Id | 64809638 | ||
Date | 2023-02-24 | ||
Title | Comissão Europeia proíbe funcionários de utilizarem TikTok | ||
Short title | Comissão Europeia proíbe funcionários de utilizarem TikTok | ||
Teaser |
Aplicativo chinês de compartilhamento de vídeos representaria risco de cibersegurança e deve ser desinstalado dos celulares corporativos "o mais rápido possível", insta o braço executivo da União Europeia.Alegando considerações de cibersegurança, o departamento de tecnologia da informação da Comissão Europeia pediu a todo o quadro de pessoal que desinstale o aplicativo TikTok de seus telefones de serviço, assim como de aparelhos pessoais que utilizem aplicativos corporativos.
Os funcionários do órgão executivo da União Europeia receberam a notificação a respeito via e-mail, na manhã desta quinta-feira (23/02). Dele consta que a desinstalação do app chinês deve se realizar o mais rápido possível, no máximo até 15 de março.
Segundo o comissário da UE para Mercados Internos, Thierry Breton: "Estamos extremamente ativos [...] para assegurar a proteção de nossos colegas." Ele mencionou ter conversado com o diretor executivo do TikTok, Shou Zi Chew, sobre apreensões relativas à privacidade de dados.
Em seguida à iniciativa da Comissão, o Conselho da União Europeia anunciou que também banirá de seus telefones de serviço o app de compartilhamento de vídeos.
Em resposta, a companhia chinesa argumentou que a proibição se baseia numa ideia equivocada de sua plataforma: "Estamos desapontados com essa decisão, que acreditamos ser mal orientada, baseada em concepções falsas."
Pressão por interdição total do TikTok nos EUA
Devido a suas conexões com Pequim, já há bastante tempo a empresa-matriz da TikTok, a ByteDance, de propriedade chinesa, é alvo de apelos por seu banimento nos Estados Unidos.
O país aprovou em fins de 2022 uma lei proibindo o uso do aplicativo em dispositivos cedidos pelo governo, nos níveis federal e estadual. Em janeiro, o autor do projeto, senador republicano Josh Hawley, requereu a interdição total do TikTok no país, classificando-o como "entrada dos fundos da China para as vidas americanas".
"Ele ameaça a privacidade das nossas crianças, assim como sua saúde mental. No mês passado, o Congresso o baniu de todos os aparelhos governamentais. Agora vou introduzir uma legislação para proibi-lo em toda a nação", anunciou no Twitter em 24 de janeiro.
Na mesma época, diversas universidades americanas, algumas de grande porte, proibiram a utilização do app de compartilhamento em seus campus, a fim de coibir eventual espionagem por parte da China.
TikTok nega ingerência de Pequim
Apesar desses antecedentes nos EUA, a Comissão Europeia assegura não ter havido qualquer pressão por parte de Washington para sua decisão de solicitar a desinstalação do app dos celulares corporativos.
Em novembro de 2022, o TikTok admitiu ser possível acessar dados pessoais de usuários em todo o mundo a partir de sua sede na China. Mais tarde, foi forçado a reconhecer que funcionários da ByteDance acessaram dados da plataforma de vídeo para rastrear jornalistas, com o fim de identificar fontes de vazamentos de dados para a imprensa. A companhia nega que o governo chinês tenha qualquer controle sobre ela ou acesso a dados.
Na Alemanha, na quarta-feira o encarregado de Proteção de Dados, Ulrich Kelber, também reivindicou que o governo em Berlim suspenda a operação de sua presença no Facebook. O motivo seria a página não preencher todos os requisitos de proteção de dados.
av/bl (AFP, Reuters, ots)
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Short teaser | Aplicativo chinês de vídeo representa risco de cibersegurança e deve ser desinstalado dos celelulares corporativos. | ||
Item URL | https://www.dw.com/pt-br/comissão-europeia-proíbe-funcionários-de-utilizarem-tiktok/a-64809638?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste | ||
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Image source | Jakub Porzycki/NurPhoto/picture alliance | ||
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Item 51 | |||
Id | 64800152 | ||
Date | 2023-02-24 | ||
Title | Como e quando poderia haver paz na Ucrânia? | ||
Short title | Como e quando poderia haver paz na Ucrânia? | ||
Teaser |
Um ano após o início da guerra, nenhum dos lados parece disposto a negociações. Analistas ouvidos pela DW se dividem entre vitória militar da Ucrânia e concessões a Moscou como solução para o conflito.Dezenas de milhares de soldados mortos e mutilados dos dois lados, milhares de vidas de civis ucranianos perdidas, cidades destruídas. A isso se somam uma crise energética mundial, inflação em diversos países em desenvolvimento e fome. Este é o balanço de uma guerra que, depois de um ano, parece longe de ter fim.
O presidente russo, Vladimir Putin, não alcançou seu objetivo de conquistar totalmente a Ucrânia. Mas a Rússia ocupa atualmente um quinto do território vizinho.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, por sua vez, afirma reiteradamente que pretende reconquistar toda a área tomada pelos russos – inclusive a Península da Crimeia, anexada ilegalmente em 2014.
Em discurso sobre o estado da naçãona última terça-feira (21/02), Putin não se mostrou disposto a ceder – pelo contrário. "É impossível derrotar nosso país no campo de batalha", afirmou.
O mandatário escalou o discurso com o anúncio da suspensão da participação da Rússia no tratado de desarmamento nuclear New Start, o último acordo do tipo ainda em vigor entre Moscou e Washington.
O anúncio parece ter sido uma reação à visita surpresa do presidente americano, Joe Biden, a Kiev no dia anterior. Biden garantiu a continuidade do apoio dos EUA a Zelenski. "Não se trata apenas da liberdade da Ucrânia. Trata-se da própria liberdade da democracia", disse Biden.
Em seguida, em visita à capital polonesa, Varsóvia, Biden reforçou que a Ucrânia "jamais será uma vitória para a Rússia".
Porém, tanto entre os republicanos no Congresso americano quanto entre a população dos EUA, a disposição em apoiar a Ucrânia no longo prazo está diminuindo.
Temor de uma terceira guerra mundial
A pressão para negociações de paz também aumenta na Alemanha. A mais recente Deutschlandtrend – pesquisa de opinião mensal da emissora pública ARD, realizada pelo instituto Infratest dimap – mostra que 58% dos entrevistados consideram que os esforços diplomáticos para encerrar a guerra são insuficientes – um recorde histórico.
Uma petição encabeçada por Sahra Wagenknecht, da legenda A Esquerda, e pela feminista Alice Schwarzer pede o início imediato de negociações de paz e o fim do envio de armas à Ucrânia pela Alemanha, que reviu seu pacifismo de décadas e adotou uma postura voltada à remilitarização com o início do conflito. O documento, assinado por teólogos, artistas e políticos, alerta contra uma nova guerra mundial.
O embaixador ucraniano em Berlim, Oleksei Makeiev, disse a um portal alemão de notícias que não consegue entender esse temor: "A Ucrânia já está na Terceira Guerra Mundial. A Rússia lidera uma guerra de aniquilação contra nós."
Reconquista de territórios ocupados
Já no ano passado, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, descartou, em entrevista à DW, passos unilaterais para alcançar a paz. O motivo: "Se a Ucrânia encerrar os combates, vai deixar de existir como Estado independente." Por isso, segundo Stoltenberg, Kiev precisaria vencer a guerra.
Para que a Ucrânia possa manter sua liberdade, países ocidentais vêm reforçando seu auxílio militar à nação invadida pela Rússia. No início deste ano, o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, decidiu após longa hesitação, enviar tanques alemães à Ucrânia, depois que os EUA e outros países da Otan, como o Reino Unido, anunciaram o envio de blindados a Kiev.
Especialmente o modelo Leopard 2, fabricado na Alemanha, poderia ajudar a "superar a desvantagem da Ucrânia no campo de batalha", afirmou o coronel reformado Roderich Kiesewetter, que também é político do partido conservador alemão CDU, em mensagem por escrito à DW. "Mas, se os ucranianos conseguirão uma virada na linha de frente, dependerá do número, do tempo de fornecimento e da continuidade do envio de tanques", avalia.
A Ucrânia não espera só rechaçar ataques russos com os blindados. O consultor em segurança Nico Lange, que desde julho de 2022 trabalha para a iniciativa Zeitenwende da Conferência de Segurança de Munique e já ocupou posições de liderança na Fundação Konrad Adenauer, ligada à CDU, considera "realistas as chances militares de a Ucrânia reconquistar a totalidade dos territórios ocupados [pela Rússia] e, assim, reconstituir a paz".
Em entrevista à DW, Lange diz acreditar que "Putin só estará disposto a negociar quando a situação militar ficar tão favorável à Ucrânia que ele entenderá que não vai conseguir vitórias com essa guerra de agressão".
O general aposentado da Bundeswehr Helmut Ganser não partilha dessa visão. Na edição de fevereiro da publicação especializada em política internacional Journal für Internationale Politik und Gesellschaft, ele traça dois cenários para uma contraofensiva ucraniana rumo ao sul do país, na direção do Mar de Azov, com a atuação de tanques ocidentais.
No quadro mais pessimista, a ofensiva ucraniana ficaria atolada em meio à defesa maciça da Rússia. Para esse caso, Ganser já tenta preparar a opinião pública ocidental para "imagens de tanques Leopard destroçados", que a Rússia divulgaria na internet com prazer.
Para Ganser, o cenário mais otimista é ainda mais perigoso: as unidades de blindados avançariam até o Mar de Azov e ficariam diante da Península da Crimeia. O ex-general suspeita que seria no máximo nesse momento que Putin "expandiria a área total da guerra ao território dos países ocidentais apoiadores", e alerta: "Está aumentando o perigo de um deslizamento lento e, na verdade, não intencional, rumo a uma grande catástrofe para toda a Europa."
Já Lange vê a ameaça nuclear da Rússia como "um instrumento de guerra psicológica". Ele não apenas considera uma reconquista da Crimeia "possível do ponto de vista militar", mas endossa também a tentativa como algo aconselhável: "Exatamente pelo fato de que [perder] a Península da Crimeia seria uma vergonha para Vladimir Putin, a pressão militar sobre a Crimeia é uma possibilidade de fazer com que a Rússia se disponha a negociar", avalia.
Onde está o limite?
Os especialistas ouvidos pela DW se dividem quanto à possibilidade de a pressão militar aumentar ou a disposição de negociar da Rússia ou o risco de uma guerra nuclear.
O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD), sempre sublinhou que a Alemanha não pode se tornar parte diretamente envolvida no conflito. Por isso, houve longa hesitação do país em decidir enviar tanques à Ucrânia, e Scholz ainda descarta o envio de aviões de guerra a Kiev. Biden também não prometeu caças a Zelenski.
Já o político da CDU e ex-militar Kiesewetter não "traçaria linhas vermelhas no que se refere a certos sistemas de armas". No contexto do direito internacional, um país só se transforma em parte envolvida numa guerra quando se envia soldados próprios, aponta Kiesewetter, que descarta tal cenário.
Objetivos incompatíveis de pacificação
Porém, entre os países que apoiam a Ucrânia, há muitos que acreditam que não será possível encerrar o conflito sem alguma disposição de Kiev de chegar a um acordo político. Na própria Ucrânia, essa vontade é quase imperceptível, segundo avalia o jornalista Roman Goncharenko, da redação ucraniana da DW.
"Nas primeiras semanas depois da invasão, Kiev estava disposta a fazer concessões, como neutralidade em vez de se tornar país-membro da Otan. Mas a brutalidade do Exército russo e a anexação de mais regiões praticamente impossibilitaram a busca de um compromisso. Uma pesquisa encomendada pela Conferência de Segurança de Munique mostrou que 93% dos ucranianos veem uma retirada completa da Rússia – também da Crimeia – como condição para um cessar-fogo", explica Goncharenko.
Um cenário irrealista na avaliação do cientista político Johannes Varwick, da Universidade alemã de Halle: "Muito provavelmente, no final, haverá uma Ucrânia neutra que não ficará na zona de influência do Ocidente ou da Rússia de forma nítida", especula.
Varwick vê urgência numa iniciativa de negociação do Ocidente. "Se, ao final de uma guerra longa ou que foi intensificada, tivermos o mesmo resultado que já seria possível hoje, não faz sentido continuar lutando com dezenas de milhares de mortos e pessoas traumatizadas", pontua.
Há sinais reais de pacificação?
Na última semana, a embaixada russa em Berlim divulgou o seguinte tuíte: "Todas as ações de combate terminam em negociações, estamos dispostos a elas. Mas apenas a negociações sem condições prévias e com base na realidade válida e considerando os objetivos que comunicamos publicamente."
Uma declaração que não pode ser interpretada como disposição a um acordo. A "realidade válida" inclui a ocupação russa de um quinto da Ucrânia, enquanto um dos objetivos era até mesmo a aniquilação completa do Estado ucraniano.
Durante a Conferência de Segurança de Munique deste ano, a China anunciou um plano de paz. Os governos do Ocidente, no entanto, veem o anúncio com ceticismo devido ao fato de a China nunca ter condenado a invasão da Ucrânia pela Rússia. O Secretário de Estado americano, Antony Blinken, também teme que a China possa enviar armas à Rússia – o que Pequim contesta.
Vitória militar ou paz com compromissos?
O economista americano Jeffrey Sachs escreveu na edição de janeiro da revista britânica The Economist que, para uma solução de paz "credível", é decisivo que "os interesses de segurança mais importantes dos dois lados sejam respeitados". "A soberania e a segurança da Ucrânia precisam ser garantidas, enquanto a Otan precisaria prometer não se expandir para o leste."
Sachs espera impulsos de pacificação vindos sobretudo dos países que recusaram uma condenação da Rússia no Conselho de Segurança das Nações Unidas – além da China, Índia, Brasil e África do Sul, que são parceiros da Rússia no Brics.
"Esses países não odeiam nem a Rússia, nem a Ucrânia", afirma o economista. "Eles não querem nem que a Rússia conquiste a Ucrânia, nem que a Otan se expanda para o leste."
Kiesewetter, da CDU, alerta contra concessões a Moscou: "É um equívoco pensar que basta dar um pouco de terra para a Rússia para que o país mate sua sede de destruição. E uma eventual conquista de território pela Rússia serviria de modelo para outros países autocráticos definirem novas fronteiras militares, recorrendo a chantagem ou ameaça nuclear." O especialista acredita que principalmente a China já encara a Europa como uma "área de teste", tendo em vista a soberania de Taiwan.
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Short teaser | Analistas ouvidos pela DW se dividem entre vitória militar da Ucrânia e concessões a Moscou como solução para a guerra. | ||
Author | Christoph Hasselbach | ||
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Image caption | Um ano após a invasão da Ucrânia pela Rússia, analistas avaliam que conflito está longe de terminar | ||
Image source | Libkos/AP Photo/picture alliance | ||
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Item 52 | |||
Id | 64793993 | ||
Date | 2023-02-24 | ||
Title | A guerra na Ucrânia em números | ||
Short title | A guerra na Ucrânia em números | ||
Teaser |
Cidades bombardeadas, milhões de refugiados, bilhões em apoio militar e várias sanções. Dez gráficos ilustram as consequências de um ano de guerra de agressão russa.A Rússia está em guerra com a Ucrânia há um ano. Apesar da recaptura bem-sucedida de várias áreas pelo Exército ucraniano, grandes partes do país permanecem sob controle russo. Recentemente, em 19 de janeiro de 2023, as forças ucranianas se retiraram de Soledar, na região do Donbass, e desde então a cidade voltou às mãos dos russos.
Milhões de pessoas em fuga
De acordo com a Acnur, a agência de refugiados da ONU, a guerra desencadeou a segunda maior crise de deslocamento do mundo. Na Europa, 6,3 milhões de refugiados ucranianos encontraram abrigo até agora. Outros 6,6 milhões de pessoas estão em fuga dentro do próprio país.
De acordo com as Nações Unidas, muitas pessoas são deportadas para a Rússia ou instadas a emigrar para lá, especialmente das áreas do leste da Ucrânia. Isso explica o alto número de refugiados na Rússia, país que usam para tentar chegar à União Europeia.
Pobreza e recessão
De acordo com o Acnur, a situação humanitária na Ucrânia "deteriorou-se rapidamente". Cerca de 40% da população depende agora de ajuda para sobreviver.
A situação econômica também é catastrófica. De acordo com o Banco Mundial e o Ministério da Agricultura da Ucrânia, o Produto Interno Bruto (PIB) do país encolheu 35% em 2022. Sessenta por cento da população vive agora na linha da pobreza. A destruição da infraestrutura doméstica pela guerra é estimada em mais de 130 bilhões de euros.
Resiliência na Rússia
Em contraste com a Ucrânia, a situação na Rússia é menos crítica do que o estimado. Entretanto, os especialistas esperam uma deterioração este ano devido às sanções adicionais da União Europeia (UE) contra a Rússia adotadas em fevereiro deste ano.
As projeções para o desenvolvimento econômico da Rússia variam muito: enquanto a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) espera que a economia russa retroceda em 5,6% este ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um pequeno crescimento, de 0,3%.
As receitas da Rússia provenientes das exportações de energia inicialmente cresceram acentuadamente após a explosão dos preços em março de 2022, mas depois caíram de forma constante. Entretanto, se estabilizaram no nível de dezembro de 2021, anterior à guerra.
Em vista da queda dos preços do gás e do petróleo, bem como da diminuição da demanda, especialmente na UE, mas também em vista da estagnação na China, espera-se no ano em curso uma nova queda na receita da Rússia proveniente das exportações de energia.
Bilhões para a defesa ucraniana
Bilhões de dólares em ajuda militar, humanitária e financeira têm fluído para a Ucrânia desde que a guerra começou. Com mais de 70 bilhões de euros em ajuda, os Estados Unidos encabeçam a lista de países doadores.
A UE e seus membros já mobilizaram mais de 50 bilhões de euros. A Alemanha é um dos maiores fornecedores de armas para a Ucrânia. Para 2023, estão previstos 2,2 bilhões de euros em ajuda militar.
Em vista da esmagadora superioridade militar da Rússia sobre a Ucrânia, a Otan também expandiu sua presença militar em seu flanco oriental. As chamadas forças de combate multinacionais foram destacadas para os Estados bálticos e a vigilância aérea na região foi reforçada.
Queda do preço do trigo
Pelo menos uma das catástrofes previstas não se concretizou: uma crise alimentar global devido à escassez de trigo foi evitada. De acordo com os ministérios da Agricultura da Ucrânia e dos Estados Unidos, a produção global de trigo aumentará de 778 milhões de toneladas na safra de 2021/2022 para 783 milhões de toneladas na de 2022/2023.
O preço do trigo, que após a invasão russa da Ucrânia atingiu um pico de mais de 430 euros por tonelada no mercado mundial em maio de 2022, voltou a cair para pouco menos de 300 euros a tonelada. O valor aproxima-se assim do preço de antes da guerra, quando o grão era comercializado por 275 euros a tonelada.
As perdas de produção na Ucrânia − ainda um dos principais produtores mundiais de trigo − estão sendo compensadas por outros países. A Austrália e a Rússia, em particular, aumentaram sua produção. Segundo a agência de notícias russa Tass, o aumento se deve "à incorporação de quatro territórios ucranianos". Com 102 milhões de toneladas, o Ministério da Agricultura russo também espera uma safra muito maior do que a estimada pelo Departamento de Agricultura americano.
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Short teaser | Cidades bombardeadas, milhões de refugiados, bilhões em ajuda militar: dez gráficos mostram consequências do conflito. | ||
Author | Astrid Prange | ||
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Image caption | Destruição devido à guerra em Kherson, no sul da Ucrânia | ||
Image source | Nina Lyashonok/Avalon/Photoshot/picture alliance | ||
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