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Item 1
Id 70430304
Date 2024-10-07
Title Contratos temporários de trabalho em alta na Alemanha
Short title Contratos temporários de trabalho em alta na Alemanha
Teaser Empregos temporários perfazem quase 40% dos contratos no país. Proporção entre jovens é especialmente alta, sobretudo em setores como cultura e ciências, diz estudo.

Contratos temporários de trabalho são cada vez mais comuns na Alemanha, apesar de uma leve tendência de queda. A conclusão é de um estudo realizado pelo Instituto de Ciências Econômicas e Sociais (WSI) da Fundação Hans-Böckler, em Dusseldorf, uma entidade associada a sindicatos trabalhistas.

Segundo o estudo, no último trimestre de 2023, 37,8% dos novos funcionários contratados, que também estão sujeitos a contribuírem para a previdência social, assinaram contratos temporários. No fim de 2021, a porcentagem era de 42%.

Os profissionais dos setores de artes cênicas e de entretenimento, são particularmente afetados, assim como as profissões ligadas à ciência. Nessas áreas, nove em cada dez contratos foram em caráter temporário.

Os índices mais baixos desse tipo de contrato estão na construção e na engenharia civil, com apenas 12,7%, tendência decrescente. Entre os auxiliares de médicos e de consultórios, em que os salários costumam ser, baixos, a proporção é menor ainda, apenas 11,6%.

Empregadores acham que podem "experimentar"

A tendência é especialmente grande entre os jovens: 48,4% dos empregados abaixo dos 25 anos trabalham sob contrato temporário. Na faixa etária de 25 a 54 anos, eles são 35%. Já entre os 55 a 65 anos, a proporção é de pouco menos de um terço (32,3%).

A cidade com maior volume de trabalhadores temporários é Heidelberg, com 62,5%, que possui um grande hospital universitário. Em segundo lugar está Colônia (62,2%), onde se concentram empresas de mídia e de publicidade, seguida de Potsdam (59%), que se tornou um centro da indústria cinematográfica. As com menor número de funcionários em contratos limitados são Tirschenreuth (16,8%) e Coburg (19%), ambas na Baviera, e Neustadt an der Weinstrasse (17,5%), na Renânia-Palatinado.

"Muitos empregadores continuam acreditando que podem simplesmente 'experimentar' os empregados, sem obrigações. Assim, sobretudo os jovens atravessam fases problemáticas de incerteza no início de suas vidas profissionais, que podem moldar sua visão do mundo do trabalho também por períodos mais prolongados", explica a diretora científica da WSI, Bettina Kohlrausch.

rc/av (DPA, ots)

Short teaser Empregos temporários perfazem quase 40% dos contratos no país. Proporção entre jovens é especialmente alta.
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Item 2
Id 70426664
Date 2024-10-07
Title Como o Brasil combate incêndios florestais
Short title Como o Brasil combate incêndios florestais
Teaser

Cena de aviões ou helicópteros despejando água nas chamas não é comum no Brasil

Sem prazo para acabar, operações contra incêndios dependem menos de água e mais de brigadistas para confinar chamas em perímetro seguro.O poder e a duração das chamas desafiam o planejamento de combate aos incêndios na Floresta Amazônica nesta temporada. Sem previsão de chuva consistente no horizonte, a operação contra o fogo em várias regiões, que costumava ser encerrada no início de outubro, não tem data para acabar neste ano de seca recorde com sinais de agravamento da crise climática. "Este tem sido o pior ano para o combate, para as operações. O comportamento do fogo está muito extremo, tem rajadas de vento muito fortes e as chamas mudam de direção toda hora", afirma Ana Canut, chefe de operações do Prevfogo, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama). Canut falou com a DW direto da Terra Indígena do Xingu, Mato Grosso (MT). A missão dela é estabelecer as prioridades da operação, mobilizar as equipes e manter estratégia e tática de acordo com o planejado. No Xingu, pelo menos dois grandes incêndios estão ativos há quase um mês e o mais importante no momento é proteger as aldeias, já que existe o risco de elas serem atingidas. É praticamente impossível apagar o fogo na Amazônia com trabalho humano direto. A alta temperatura impede que brigadistas cheguem muito perto, e despejar água da aeronave é pouco eficiente. A copa das árvores impede que água chegue em grande quantidade sobre as chamas de forma eficaz. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, estão mobilizados 3.518 profissionais em campo neste momento. A maior parte deles, 2.728, são do Ibama e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), os demais integram as Forças Armadas e Força Nacional. Dão apoio às operações 29 aeronaves. Linha de defesa na Amazônia Numa floresta úmida, como é o caso da Amazônia, o fogo consome o que está mais perto do solo. Ele é alimentado principalmente pelas folhas caídas no chão – material chamado de serrapilheira –, e pela vegetação rasteira. As chamas dificilmente chegam a consumir a copa das árvores por completo. Quando o incêndio já está instalado, a estratégia mais usada de combate é a abertura de linhas de defesa na floresta. A técnica prevê a remoção da vegetação em volta da área crítica para "cortar" o combustível que mantém o incêndio. "A gente chega, faz um reconhecimento e analisa o comportamento do fogo. Se ele está ‘pequeno', a gente faz o combate direto. Quando ele está muito intenso, a gente fica mais longe e faz as linhas de defesa", detalha Macsuel Juruna, brigadista em ação na Terra Indígena Capoto Jarina (MT), no baixo Xingu. A linha de defesa interrompe a ligação entre o material seco disponível – folhas, galhos, vegetação seca – e o fogo. "Se o fogo chegar ali, ele não vai passar. E se passar, o brigadista está ali cuidando e vai combater. Por isso é fundamental a vigilância na linha de defesa", detalha Marivaldo Gonçalves, combatente do Prevfogo de Rondônia com 13 anos de experiência. Depois que o fogo é confinado numa área, o trabalho é de controlar o perímetro do incêndio, extinguir as chamas menores e monitorar a área até que não haja mais possibilidade de reignição. Quando há tempo para planejar ações, a estratégia é construir aceiros, que é a "limpeza" da vegetação seca que alimenta o fogo. "Ela é feita antes do incêndio, quando se quer proteger uma área. A largura do aceiro é feita na proporção dos incêndios na região: pode ter um dois, quatro metros", explica Marcio Yule, que atua no Prevfogo desde 1995. O uso da água Aquela cena de aviões ou helicópteros despejando água nas chamas não é comum no Brasil. As aeronaves, um recurso caro, são mais usadas para transportar brigadistas e equipamentos até as zonas afetadas, afirma Calut. A água é importante para abastecer as bombas que as equipes carregam nas costas durante o combate. Esses equipamentos armazenam vinte litros de água e disparam jatos manuais com o objetivo de resfriar a temperatura. Desta forma, os brigadistas conseguem chegar mais perto do fogo com um outro equipamento-chave: o soprador. "O soprador foi um equipamento revolucionário no combate. Ele tira o oxigênio do lugar que está queimado e varre o material que está queimando para a parte já queimada. Ele é equivalente ao trabalho de até oito pessoas com abafador", comenta Amilton Sá, brigadista voluntário e coordenador-executivo da Rede Contra o Fogo, que atua no Cerrado. Em várias partes do país, os incêndios já chegaram a regiões remotas, de difícil acesso por terra ou rio. O transporte em aeronaves poupa esforço dos combatentes e melhora o tempo de resposta, dizem os especialistas ouvidos pela DW. "Cada caso é avaliado com cuidado. A gente despeja água da aeronave quando as chamas estão muito altas na floresta para baixar as chamas e o brigadista conseguir chegar mais perto do fogo. Aeronave jogando água sem o brigadista estar na linha de defesa não tem eficiência. Ele precisa estar embaixo para fazer o trabalho de extinção", explica Gonçalves. Sempre que possível, motobombas portáteis são usadas. Esse equipamento precisa ser instalado perto de um rio, de onde a água é retirada e despejada sob pressão direto nas chamas por meio de mangueiras. Mas com a seca, o acesso à água em algumas regiões está mais difícil. "Uma brigada comum quase nunca tem helicóptero, quase nunca tem motobomba. O trabalho essencial é do brigadista, que carrega a bomba manual nas costas, o soprador e o abafador", diz Yule. Fogo antes do tempo Da base de Corumbá, Márcio Yule diz que a situação no Pantanal de Mato Grosso do Sul está mais tranquila neste começo de outubro. A preocupação é com o fogo ardendo no estado vizinho, Mato Grosso, e nos países que estão na fronteira, Paraguai e Bolívia. A temporada de incêndios começou mais cedo em 2024. Em junho, mês em que brigadistas são contratados para ações de prevenção, segundo o calendário oficial, o cenário já estava crítico. Não deu tempo para nada: pela primeira vez na história, os ingressantes já começaram o trabalho fazendo combate, diz Yule. No Pantanal, há um perigo extra trazido pelo fogo de turfa – subterrâneo e de difícil combate. A estratégia para extingui-lo é construção de trincheiras até o solo mineral para que não haja passagem do combustível da área que está ardendo para a que ainda não queimou. "Este é o fogo que mais degrada pois consome matéria orgânica do subsolo, queima raízes, plantas, microrganismos, causa grandes danos e degrada o solo", lamenta Yule, lembrando que o Pantanal enfrenta diminuição de área alagada histórica. Um levantamento prévio ainda não concluído indica que cinco grandes incêndios no Pantanal foram os responsáveis pela maior parte destruição. Até o início de outubro, a área queimada chegou a 21 mil km², o equivalente a 14% do bioma. Em 2020, que registrou uma temporada de fogo severa, foram queimados 29 mil km². "A responsabilização de quem iniciou o fogo é extremamente importante para combater isso. É preciso identificar e punir", defende Yule. No fim de setembro, donos de uma fazenda localizada em Corumbá foram multados em R$ 100 milhões. Segundo o Ibama, eles são responsáveis por incêndios de grandes proporções que destruíram uma área equivalente ao dobro da cidade de São Paulo.


Short teaser Sem prazo para acabar, operações contra incêndios dependem menos de água e mais de brigadistas.
Author Nádia Pontes
Item URL https://www.dw.com/pt-br/como-o-brasil-combate-incêndios-florestais/a-70426664?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
Image URL (940 x 411) https://static.dw.com/image/67486762_354.jpg
Image caption Cena de aviões ou helicópteros despejando água nas chamas não é comum no Brasil
Image source Andre Penner/AP Photo/picture alliance
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Item 3
Id 70425753
Date 2024-10-07
Title A revolução dos estúpidos
Short title A revolução dos estúpidos
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O que se pode aprender com um "coach" como Marçal? Embale bem as besteiras que você for dizer, e o povo vai seguir

Sucesso eleitoral de Pablo Marçal prenuncia próxima etapa na radicalização da nova direita vulgar: destruir "o sistema" para dar aos frustrados a ilusão de enriquecimento pessoal sem esforço.O Brasil foi às urnas no domingo (06/10). Algumas campanhas eleitorais pareciam aquilo que, em inglês, se chama de shitshow. E justamente em São Paulo, a maior cidade da América do Sul, o centro financeiro e econômico do continente, o centro cultural mais criativo do Brasil, pôde-se observar um declínio assustador da cultura política. Enquanto o Brasil pegava fogo – um novo recorde de incêndios devastava o país – os principais candidatos à prefeitura daquela que supostamente é a cidade mais moderna do país discutiam sobre atestados médicos falsos, atacavam-se com cadeiradas e se xingavam de orangotangos. Esse debate tóxico se deveu sobretudo ao assim chamado coach Pablo Marçal ("coach" de que, afinal?). O candidato a um dos cargos políticos mais importantes do país parecia um galo de peito inflado – e conseguiu dominar a narrativa. Marçal, que ficou em terceiro lugar na disputa, representa uma nova classe de empreendedores autônomos que enriqueceram com a internet. Eles promovem banalidades e besteiras com total convicção, e provavelmente é isso que se pode aprender com eles: embale bem as besteiras que você for dizer, e as pessoas vão seguir. No Brasil são milhões de seguidores – que idolatram Marçal porque eles mesmos gostariam de se tornar tão ricos quanto ele, sem esforço e sem conhecimento. Não foi a visão de uma São Paulo mais habitável, mais limpa e mais segura que proporcionou a Marçal cerca de 28% dos votos, mas a ideia de enriquecimento pessoal sem esforço: uma promessa antissocial! Falando aos frustrados de baixa instrução Que esse "coach" tenha sido bem-sucedido com injúrias, mentiras criminosas e fazendo papel de vítima é parte de um fenômeno mundial. Ele alegou estar sendo perseguido por um "sistema" ultrapoderoso (políticos, imprensa, Estado, elites) e prometeu a todos que também se sentiam de alguma forma vitimados (e isso vale sobretudo para homens frustrados de baixa instrução) que lutaria contra esse sistema. Nessa antipolítica, não se trata mais de criar algo para a coletividade, mas de destruir a coletividade, para assim dar a todos os frustrados com a vida as oportunidades que supostamente lhes foram negadas. Marçal tem um equivalente no candidato a vice-presidente de Donald Trump, J. D. Vance: um oportunista sem princípios capaz de dizer e fazer o que for para tirar vantagens pessoais. Ele mesmo anunciou que ia espalhar mentiras se isso ajudasse a ser eleito. Afinal, o sistema e as elites estão conspirando contra ele e Trump porque eles estariam lutando a favor dos "pequenos", diz Vance. Na Alemanha, a ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD) obteve sucesso eleitoral com mentiras, racismo e retórica antielitista. Ela já mostrou o que pretende fazer se ganhar poder: no novo Legislativo do estado da Turíngia, começou espalhando o caos e provocando tumultos com o único objetivo de prejudicar a credibilidade do parlamento. Laboratório da "direita revolucionária" Não é coincidência que os nazistas tenham usado esse mesmo método para ridicularizar e, por fim, abolir a democracia. Também então homens jovens, radicalizados, inescrupulosos e ambiciosos chegaram ao poder, e começaram a levar tudo e todos à destruição. É o próximo estágio do processo de radicalização dessa nova direita vulgar, que não tem mais nada que ver com valores conservadores, mas que luta por uma revolução que vai beneficiar os inescrupulosos, mentirosos e especialistas na autopromoção. As ferramentas dela são o Instagram e sobretudo o TikTok, esse cavalo de Troia dos chineses. Os revolucionários da direita usam o Tiktok com virtuosismo, são rápidos, eficazes, agressivos, e têm como alvo os corações e mentes de quem nunca aprendeu a ver o mundo de forma crítica. Sejamos claros: a base eleitoral da "direita revolucionária", do Brasil aos Estados Unidos, passando pela Alemanha, são os estúpidos e os perdedores: sem instrução, irados, frustrados, sem vontade e sem oportunidades – e ávidos por uma oportunidade de extravasar sua frustração com a vida. O Brasil é um dos países que essa nova direita vê como uma espécie de laboratório. A ascensão de uma figura disruptiva como Marçal prenuncia coisas ruins. O que foi mesmo que Steve Bannon, mentor intelectual do movimento radical MAGA, anunciou numa entrevista ao The New York Times? "Somos o quartel-general militar de uma revolta populista." Era uma ameaça para se levar a sério! ================================= Philipp Lichterbeck queria abrir um novo capítulo em sua vida quando se mudou de Berlim para o Rio, em 2012. Desde então, colabora com reportagens sobre o Brasil e demais países da América Latina para jornais da Alemanha, Suíça e Áustria. Ele viaja frequentemente entre Alemanha, Brasil e outros países do continente americano. Siga-o no Twitter em @Lichterbeck_Rio. O texto reflete a opinião do autor, não necessariamente a da DW.


Short teaser Sucesso eleitoral de Pablo Marçal anuncia próxima etapa da radicalização da nova direita vulgar.
Author Philipp Lichterbeck
Item URL https://www.dw.com/pt-br/a-revolução-dos-estúpidos/a-70425753?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
Image URL (940 x 411) https://static.dw.com/image/70426455_354.jpg
Image caption O que se pode aprender com um "coach" como Marçal? Embale bem as besteiras que você for dizer, e o povo vai seguir
Image source Felipe Iruata/REUTERS
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Item 4
Id 70408383
Date 2024-10-07
Title Como o Brasil controlou o desmatamento na Amazônia no passado
Short title Como o Brasil já controlou o desmatamento na Amazônia
Teaser Entre 2004 e 2012, país conseguiu reduzir desmatamento na Amazônia em 83%. Especialistas apontam o que é necessário para que Brasil repita o sucesso no combate à destruição da floresta observado uma década atrás.

Foi como silenciar a motosserra: de 2004 a 2012 o Brasil conseguiu reduzir o desmatamento na Amazônia em 83%. No entendimento de especialistas, este empenho conjunto de governos, iniciativas privadas e sociedade civil precisa ser retomado — e aprimorado — para que o desflorestamento siga reduzindo, depois de nova alta nos últimos anos. E o país consiga cumprir a meta de zerar completamente o desmatamento até 2030, conforme o presidente Luís Inácio Lula da Silva afirmou em seu discurso recente na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Para entender o caso é preciso voltar aos números. A série histórica da aferição feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espacial (Inpe) no bioma indica um cenário de hiperdesflorestamento que só foi controlado a partir de 2004. Os piores anos registraram uma perda de floresta de 29 mil quilômetros quadrados em 1995 e quase 28 mil em 2004 — para efeitos de comparação, isso significa uma área maior do que o estado de Alagoas. Em outras palavras, o mundo perdeu cerca o equivalente a mais de 11 mil campos de futebol por dia de Amazônia nesses dois anos.

Depois de iniciativas de aprimoramento de monitoramento, aumento de fiscalização e de punição, entre outras, a Amazônia Legal teve o menor desmatamento registrado em 2012 — 4,5 mil quilômetros quadrados. Ficou relativamente estável, sempre inferior a 8 mil quilômetros quadrados até 2019. Quando novamente saltou para a faixa dos cinco dígitos.

"Isso ocorreu por conta de três Ds: determinação, detecção e dissuasão", avalia o jornalista Claudio Angelo, coordenador de comunicação e política climática do Observatório do Clima e autor do recém-lançado livro O Silêncio da Motosserra: Quando o Brasil Decidiu Salvar a Amazônia, feito em parceria com o engenheiro florestal Tasso Azevedo. "Antes o Brasil era visto como um lugar onde era impossível controlar de forma sistemática e permanente o desmatamento."

Conjunção de fatores

A determinação veio no início do governo Lula, com Marina Silva assumindo o Ministério do Meio Ambiente e contando, explica Angelo, "com uma ampla coalisão de atores da sociedade civil, da ciência e da imprensa" afirmando que era possível deter o avanço do desmate. "Querer reduzir foi fundamental", diz ele.

"Houve de fato uma preocupação real sobre os números e o que eles significavam para a imagem do Brasil globalmente", analisa a bióloga Mariana Napolitano, diretora de estratégia do World Wildlife Fund (WWF) Brasil. Para ela, a grande diferença do plano feito no primeiro governo Lula para as iniciativas anteriores foi que "era da responsabilidade de coordenação da Casa Civil", o que implicava em "tocar em várias áreas do governo".

Houve uma conjunção de interesses. Angelo lembra que além das ações de governo, contribuíram para o movimento fatores de câmbio e flutuação de preço de commodities agrícolas, entre outros fatores. "E Lula […] que nunca foi um cara que se preocupou com a Amazônia, pois era um sindicalista urbano […], estava aberto, por conta de marketing político e de imagem internacional, a dar um banho de progressismo, civilidade […] e fazer diferente no meio ambiente".

"Foi um misto de visão de parte do governo e de um oportunismo político, aliado a uma certa simpatia. Um casamento muito feliz", diz o jornalista, que concorda que houve um "oportunismo político" da gestão petista.

Quanto à detecção, foi iniciado em 2004 um novo sistema do Inpe, chamado Deter, capaz de alertar em tempo real os casos de desmatamento. Isso fez com que equipes de fiscalização passassem a poder ser enviadas para focos imediatamente, e não com um atraso que chegava a dois anos. "É impossível ter helicópteros e aviões para monitorar toda a Amazônia o tempo todo, então satélite que dá alerta é fundamental", compara Angelo.

A dissuasão veio por meio de operações como a Boi Pirata, que retirou gado de áreas protegidas da Amazônia, e o corte de crédito para regiões embargadas. "Isso deixou desmatadores com medo o suficiente", diz. "Quando o setor criminoso entendeu que o governo estava determinado a fazer o que ele dizia que ia fazer, quando viram que a impunidade havia acabado, eles se sentiram dissuadidos de continuar cometendo o crime. Por isso o desmatamento caiu."

Napolitano acrescenta a este rol ainda a moratória da soja, pacto firmado em 2006 entre produtores agrícolas e organizações não governamentais, depois com a participação também do governo, que "inibiu bastante a abertura de novas áreas desmatadas da floresta".

"A postura de combate ao desmatamento foi muito mais do que marketing. Foi realmente uma proposta de outro modelo de desenvolvimento possível para o Brasil, um modelo que se baseia e se beneficia da floresta em pé", acredita a relações internacionais Gabriela Russo Lopes, pesquisadora do Centro de América Latina da Universidade de Amsterdã, na Holanda.

Ela lembra que houve "uma tomada de consciência" e "as ações foram tomadas" em um contexto político doméstico e internacional que permitiu isso. "Havia abertura à questão ambiental. O negacionismo [climático] não estava tão forte ainda. E houve um protagonismo dentro do governo", contextualiza, enfatizando que a ministra Marina Silva, no primeiro mandato Lula, teve autonomia para implementar as medidas.

Retrocesso

Sob o governo de Jair Bolsonaro, quando houve o afrouxamento das medidas de contenção e repressão do desmatamento e um discurso negacionista do impacto disto no aquecimento global, a situação voltou a ficar fora de controle. Em 2021, no auge de sua gestão, foram perdidos mais de 13 mil quilômetros quadrados de Amazônia, recorde em 15 anos.

"Obviamente não são as mesmas taxas observadas no início dos anos 2000, mas elas passam de 5 mil para 10 mil quilômetros quadrados, em um cenário já de degradação acumulada [do bioma], isso nos exige uma redução muito mais ambiciosa. Precisamos de fato caminhar para o desmatamento zero", pontua Napolitano.

Ela não acha que o sistema construído a partir de 2004 seja frágil e que isso tenha permitido o aumento recente. "A questão é que houve a entrada de um governo [a gestão Bolsonaro] que estimulou uma abordagem de desenvolvimento predatório do bioma, [propiciando] o retorno de coisas como grilagem de terra, invasões de áreas protegidas e crescimento do garimpo ilegal."

Por isso, a bióloga afirma que o desmatamento recente "está muito mais associado a ações ilegais, criminosas", enquanto o que ocorria antes de 2004 era consequência do aumento da fronteira agrícola ou de obras de infraestrutura.

Os dados voltaram a cair após a volta de Lula ao poder e o reajuste da pauta ambiental como prioritária. Dados do mais recente período são de 9 mil quilômetros quadrados — ainda muito, mas novamente abaixo dos cinco dígitos.

E agora?

Na análise de Angelo, "ninguém esperava que a queda fosse desse tamanho" em relativo curto período de tempo e isso indica que há uma espécie de "memória muscular" nos mecanismos de controle. "A questão agora é o quanto conseguimos avançar", comenta o jornalista. Para isso, ele acredita que é preciso criar incentivos econômicos para "mudar de fato a economia da região".

"Criar gado e plantar soja têm de deixar de ser as opções econômicas mais atrativas nessa região. É preciso desenvolver outras cadeias produtivas, de economia baseada na floresta", afirma ele.

Napolitano concorda que a situação vem melhorando, com redução significativa do desflorestamento amazônico e expectativas de aumento na tendência de queda. "Mas temos um bioma degradado e uma floresta que sofre bastante com a combinação de desmatamento histórico, degradação, o fogo e os efeitos das mudanças climáticas. Neste cenário, a Amazônia vive uma seca histórica, com queimadas [decorrentes] de fogo iniciado por criminosos", afirma a bióloga. "Isso vai exigir uma série de novas políticas."

Ela ressalta que é preciso aprimorar a inteligência no monitoramento e criar incentivos à bioeconomia, além de melhorias nos mecanismos de fortalecimento às áreas protegidas, ao papel dos indígenas e das comunidades tradicionais.

Lopes acrescenta uma nova dificuldade neste caldo contemporâneo: a polarização política, com sua guerra de narrativas. De um lado, houve a ascensão de um discurso de que "o desenvolvimento do Brasil depende do desmatamento, para aumentar a fronteira agrícola, exportar mais e melhorar a balança comercial". De outro, há o posicionamento científico e ambientalista de que estamos vivendo uma catástrofe climática sem precedentes. "Ainda falta muito para conciliar esses dois paradigmas", afirma ela. "E isso diminui a margem de manobra [do governo]."

"O controle do desmatamento é uma conquista da sociedade brasileira. Como o controle da inflação: mesmo que tenhamos governos irresponsáveis, não volta mais a hiperinflação", diz Angelo. "Acho que nunca mais teremos o hiperdesmatamento. Pelo contrário, temos condições de zerar o desmatamento. E há empenho presidencial para conseguirmos isso até 2030."

Short teaser Especialistas apontam o que é necessário para que Brasil repita o sucesso no combate à destruição da floresta.
Author Edison Veiga
Item URL https://www.dw.com/pt-br/como-o-brasil-controlou-o-desmatamento-na-amazônia-no-passado/a-70408383?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 5
Id 70416320
Date 2024-10-07
Title A aflição no Brasil de quem tem família no Líbano
Short title A aflição no Brasil de quem tem família no Líbano
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Fátima Jebai não abandona o celular há dias, à espera de notícias dos parentes na terra natal

Primeiro voo com repatriados chega ao Brasil. Em São Paulo, duas moradoras vivem dias tensos, enquanto parentes acordam ao som de explosões ou se deslocam para sobreviver aos bombardeios no país do Oriente Médio.Abraçada aos dois filhos e a mãe, Dala Mahmoud estampava no rosto o desgaste provocado por duas semanas de ataques aéreos até conseguir voltar ao Brasil. "Só o que quero agora é abraçar meus filhos, ficar aqui no sossego, e dormir. Faz 20 dias que eu não durmo, porque ficávamos esperando a qualquer momento uma ameaça que nos obrigaria a ter deixar o local onde estamos", conta a descendente de libaneses de 38 anos, que visitava o país para cuidar do patrimônio do pai – hoje ameaçado de ruir após bombardeios. Até pousar na Base Aérea de São Paulo na manhã deste domingo (06/10), a bordo do Airbus A330-200 da Força Aérea Brasileira (FAB), Dala e a família conviveram de perto com os bombardeios realizados por Israel desde o começo de outubro em Beirute. O primeiro voo de repatriação trouxe 229 brasileiros vindos do Líbano, após decolar no dia anterior em Beirute, tendo feito com escala em Lisboa. Dos passageiros, dez são crianças de colo. Além disso, também viajaram três animais de estimação. "Estávamos no bairro onde eles estão atacando agora, então fugimos para uma aldeia entre a capital e o Bekaa. Atacaram lá de novo no domingo, passado, então saímos correndo. Ficamos no aeroporto, de onde deveríamos partir na quarta, mas nosso voo foi cancelado, e a única esperança foi este voo organizado pela embaixada", conta. A operação envolveu o Itamaraty e os ministérios da Defesa e de Desenvolvimento Social. Os recém-chegados foram recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Enquanto houver um companheiro, seja brasileiro ou parente de brasileiro, lá no Líbano que quiser vir para o Brasil, vamos buscar, porque nós não deixaremos ninguém para trás", disse Lula. "Que vocês encontrem aqui no Brasil a felicidade que tiraram de vocês no Líbano", completou. Quem deixou parentes para trás pede agilidade na operação de resgate. Sereem Hijazi deixou a filha e as duas netas em Beirute. Segundo ela, as três estão na lista de brasileiros que serão repatriados, mas não foram selecionadas para este primeiro voo. "Quando a embaixada ligou para confirmar meu lugar, chorei o dia inteiro. Confirmei a presença, mas querendo sair para não deixar minha filha", se emociona a jordaniana de 57 anos. "Foi ela quem me convenceu a ir." Ansiedade de quem espera Para os brasileiro-libaneses que moram aqui e não tem previsão de rever a família, sobra ansiedade e aflição. Fátima Jebai, de 37 anos, não abandona o celular há dez dias em busca de notícias da terra natal. O maior temor é receber uma mensagem avisando que algo tenha acontecido a seu pai. Morador do sul do Líbano, seu pai, de 61 anos, contrariou o resto da família e não abandonou a terra onde viveu toda a vida. Ao falar dele, Fátima se emociona: "Ninguém dorme direito. Por causa do fuso horário de seis horas, a partir das duas da manhã já acordamos para acompanhar as notícias de lá. Ninguém gosta de ficar no perigo, mas às vezes eu gostaria de ir para lá somente para não ficar me questionando se vou vê-lo de novo. Será que vou ter a oportunidade de continuar a minha vida com ele e meus parentes agora espalhados pelo país?", questiona. A mãe e a irmã abandonaram a cidade natal na região de Tiro, onde viviam, em direção a Beirute. A cidade é a maior do sul do Líbano, principal alvo dos bombardeios israelenses e que concentra maior atividade do grupo Hezbollah. As duas mulheres, que viajaram acompanhadas da filha pequena, se juntam às quase 350 mil pessoas deslocadas no Líbano, de acordo com a agência da ONU Organização Internacional para as Migrações (OIM). Cerca de 137 mil delas estão vivendo em abrigos improvisados, como escolas e mesquitas, abertas aos refugiados. "Minha irmã, que está grávida, junto com a minha mãe e com a minha sobrinha de três anos, ficaram no trânsito por dez horas. Dez horas em um percurso de 80 quilômetros até Beirute, que leva normalmente uma hora e dez minutos, até conseguirem chegar lá com a estrada repleta de carros e explosões ao longe", conta a designer de interiores que diz não conseguir trabalhar desde o início dos mais recentes ataques de Israel no Líbano. A meta agora é tirar a família do país. Sua prima chegou ao Brasil esta semana após fazer três escalas, a última delas em Atenas, até chegar a São Paulo, onde mora Fátima e parte de sua família. Voos de repatriação Para ajudar no esforço de remover cidadãos brasileiros do Líbano, o governo brasileiro deu início na última semana à Operação Raizes do Cedro. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), mais de 3 mil já preencheram o formulário que solicita ajuda para retornar ao Brasil. E a expectativa é que o número de pedidos cresça ainda mais nos próximos dias. Com apenas uma aeronave em operação, ao menos 14 voos serão necessários, exigindo agilidade na logística. O comandante da Aeronáutica Marcelo Kanitz Damasceno afirmou que a segunda missão teria início já neste domingo. Caso a missão seja bem-sucedida, será a maior repatriação da história do país. Em 2023, o governo brasileiro resgatou cerca de 1,5 mil pessoas da Faixa de Gaza, após o início do confronto contra o Hamas. Até então, a maior repatriação da história. Em 2022, cerca de 100 pessoas foram repatriadas da Ucrânia, momentos depois do início da invasão russa do país. O Itamaraty estima que 21 mil brasileiros morem no Líbano – formando a maior comunidade brasileira no Oriente Médio e uma das maiores no mundo. No caminho oposto, os dados mais recentes da embaixada do Líbano no Brasil mostram aproximadamente 10 milhões de libaneses vivendo em solo brasileiro. Isso representa mais que o dobro de pessoas que vivem no próprio país do Oriente Médio. Passaporte libanês Única na família com passaporte brasileiro, a dona de casa Fátima Faris, de 51 anos, não vê saída para os membros da sua família. Na última sexta-feira, sua sobrinha e os três filhos foram despertados por uma explosão próxima da casa onde vivem. "Meu irmão pulou da cama, saiu gritando, procurando o filho, checando se estava tudo bem. Porque na hora que estoura a bomba, as casas tremem, o prédio treme, e você vai procurar seus filhos nos quartos, se estão na cama, se estão vivos", conta a libanesa há 21 anos radicada no Brasil, que comenta aliviada. "Ninguém se machucou, não caiu o vidro...Porque, na hora, você não sabe se o prédio está caindo, o mundo está caindo, se está todo mundo vivo ou não. É um terror". Ela completa emocionada: "Por lá ninguém faz planos de um ou dois anos, porque não sabe se amanhã vai acordar ou morrer”. O filho de 23 anos passa o tempo conferindo a destruição em vídeos enviados pelos primos hoje moradores do Vale do Beqaa. Pela primeira vez em anos não viajou ao país, durante as férias de julho. Na última explosão recente, a estrada que liga o Líbano à Síria foi atacada, impedindo o trânsito de veículos na principal ligação entre os vizinhos. Mais de 175 mil pessoas já cruzaram a fronteira Líbano-Síria nas últimas duas semanas. Como jusfiticativa, Israel afirmou que a rodovia era usada por membros do Hezbollah para importação de armamentos. Hoje quem cruza a região são pedestres com malas sobre as suas cabeças, uma situação que ela lamenta. Um lamento que se torna ainda mais forte quando folheia um livro de fotos do país antes e depois da última invasão, realizada em 2006. Um trauma ainda muito vivo para ambas as Fátimas.


Short teaser Duas moradoras de São Paulo vivem dias tensos, enquanto parentes buscam sobreviver aos bombardeios.
Author Gustavo Basso, Lucas Janone
Item URL https://www.dw.com/pt-br/a-aflição-no-brasil-de-quem-tem-família-no-líbano/a-70416320?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
Image URL (940 x 411) https://static.dw.com/image/70416284_354.jpg
Image caption Fátima Jebai não abandona o celular há dias, à espera de notícias dos parentes na terra natal
Image source Gustavo Basso/DW
RSS Player single video URL https://rssplayer.dw.com/index.php?lg=bra&pname=&type=abs&image=https://static.dw.com/image/70416284_354.jpg&title=A%20afli%C3%A7%C3%A3o%20no%20Brasil%20de%20quem%20tem%20fam%C3%ADlia%20no%20L%C3%ADbano

Item 6
Id 70418832
Date 2024-10-07
Title Após disputa acirrada com Marçal, Nunes e Boulos passam para o 2° turno em São Paulo
Short title Em disputa apertada, Nunes e Boulos passam ao 2° turno em SP
Teaser Quinze capitais terão segundo turno. Prefeitos do Rio de Janeiro e do Recife são reeleitos com folga. Em Curitiba, jornalista de ultradireita surpreende e passa para o segundo turno.

Eleitores de 5.569 cidades do Brasil foram às urnas neste domingo (06/10) para eleger seus prefeitos e vereadores. Entre as 26 capitais do Brasil, 11 prefeitos foram eleitos ou reeleitos já no primeiro turno. Outras 15 capitais vão ser palco de uma nova rodada em 27 de outubro.

Confira destaques do primeiro turno.

Em São Paulo, prefeito Nunes irá disputar nova rodada com Boulos após disputa acirrada

Em uma disputa embolada voto a voto, o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado Guilherme Boulos (PSOL) passaram para o segundo turno, superando por apenas alguns milhares de votos o "coach" e agitador antissistema Pablo Marçal (PRTB).

A definição sobre quais seriam os candidatos que passariam para o segundo turno só ocorreu quando 99,5% das urnas haviam sido apuradas. Na contagem final, Nunes conseguiu 29,4% dos votos; Boulos, 29%.

Marçal terminou em terceiro, com 28,1%. O coach, um novato em disputas políticas, roubou o protagonismo durante boa parte da campanha lançando factoides e ofensas pessoas contra os rivais ao longo da campanha. Na reta final, Marçal chegou até mesmo a divulgar um laudo forjado contra Boulos para associá-lo falsamente ao consumo de drogas. Ainda na campanha, uma "cadeirada" que o "coach" levou num debate do adversário Datena (PSDB) chegou a ganhar destaque (negativo) na imprensa internacional.

Marçal também tumultuou a estratégia dos grupos políticos envolvidos na disputa paulistana. Apesar de ter crescido entre setores da ultradireita, ele não era apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que escolheu se associar com Nunes. Nos últimos dias, as campanhas de Nunes e Boulos chegaram a entrar em modo de alerta diante do crescimento do "coach" nas pesquisas.

Apesar do "fenômeno Marçal", a disputa no segundo turno vai acabar mesmo sendo a esperada inicialmente pelas campanhas de Nunes e Boulos e também deverá ter um elemento nacional, com um enfrentamento entre um candidato apoiado por Jair Bolsonaro (Nunes) e por Lula (Boulos).

Jornalista de ultradireita surpreende em Curitiba e irá disputar 2° turno com vice-prefeito

Curitiba, a maior cidade do Sul do Brasil, foi palco de um fenômeno similar ao de Pablo Marçal na reta final da campanha, quando uma candidata de ultradireita, que não contava com o apoio de Bolsonaro, disparou nas pesquisas. A jornalista Cristina Graeml (PMB), que se autointitula "única candidata conservadora" na disputa, garantiu a passagem ao segundo turno ao terminar em segundo lugar neste domingo, com 31,1% dos votos, levemente atrás do atual vice-prefeito, Eduardo Pimentel (PSD), que conquistou 33,5% dos votos.

Com uma campanha concentrada nas redes sociais e repleta de ataques contra a esquerda, Graeml, que antes da campanha era colunista do jornal conservador Gazeta do Povo, chegou a obter o apoio do "coach" Pablo Marçal. "Essa mulher guerreira está passando a mesma coisa que estou passando em São Paulo", disse Marçal num vídeo distribuído pela campanha de Graeml.

Em comum, os dois ultradireitistas não contaram com o endosso oficial de Jair Bolsonaro para suas candidaturas. Em Curitiba, Bolsonaro e o PL se aglutinaram em torno de Pimentel, membro de uma dinastia política e empresarial do Paraná e neto do ex-governador Paulo Pimentel.

Já o candidato apoiado pelo presidente Lula, o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB), ficou em terceiro lugar neste domingo, com 19,4% dos votos. O candidato apoiado pelo senador Sergio Moro, Ney Leprevost (União), que teve como vice a esposa do ex-juiz, Rosângela, amargou o quarto lugar com 6,49%.

Ex-membros do alto escalão de Bolsonaro: duas derrotas, uma passagem tímida para o 2° turno

Três nomes que compuseram o gabinete do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiram disputar cargos nas eleições municipais deste ano. Os resultados, porém, não foram muito frutíferos para o grupo. Apenas um avançou para o segundo turno, mas sem liderança na contagem de votos.

No Rio de Janeiro, o delegado da Polícia Federal Alexandre Ramagem (PL), que comandou a diretoria-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo Bolsonaro e é alvo de acusações de espionagem contra autoridades, adversários e jornalistas, ficou bem atrás na disputa para a prefeitura. Contando com apoio direto de Bolsonaro, Ramagem terminou a disputa com 30,8% dos votos, perdendo para o atual prefeito Eduardo Paes (PSD), que foi reeleito com 60,4% dos votos.

No Recife, Gilson Machado (PL), ex-ministro do Turismo de Bolsonaro, saiu-se ainda pior, conquistando apenas 13,9% dos votos, muito atrás de João Campos (PSB), que confortavelmente garantiu sua reeleição com 78,1% dos votos.

Único do grupo a passar para o segundo turno, o ex-ministro da Saúde de Bolsonaro durante a segunda fase da pandemia de Covid-19 Marcelo Queiroga (PL) fez sua estreia em disputas eleitorais se candidatando para a prefeitura de João Pessoa, a capital da Paraíba. Com 100% das urnas apuradas, ele ficou com 21,77% dos votos válidos, bem atrás do atual prefeito Cícero Lucena (PP), que busca a reeeleição e terminou a primeira rodada com 49,1% dos votos.

PT vai disputar segundo turno em quatro capitais, mas entra em desvantagem

O partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu eleger nenhum prefeito de capital no primeiro turno. Em compensação, o PT vai disputar o segundo turno em quatro capitais: Porto Alegre, Fortaleza, Natal e Cuiabá.

No entanto, todos os quatro candidatos petistas vão chegar em desvantagem, após terminarem o primeiro turno na segunda colocação em votos. Duas dessas disputas também vão envolver candidatos do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Em Fortaleza, o petista Evandro Leitão (34,3%) vai disputar com André Fernandes (40,2%), que é filiado ao PL.

Em Natal, a petista Natália Bonavides (28,4%) vai enfrentar Paulinho Freire (33%), do União Brasil. Em Cuiabá, o petista Lúdio (28,3%) terá como adversário Abilio (39,6%), outro candidato do PL. E, finalmente, em Porto Alegre, a deputada Maria do Rosário (26,2%), passou para o segundo turno com o atual prefeito, Sebastião Melo (49,7%), do MDB, que por pouco não se reelegeu no primeiro turno.

Família Bolsonaro: vitórias dos filhos, derrota do irmão

O vereador Carlos Bolsonaro (PL), o filho "02" do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi reeleito vereador neste domingo no Rio de Janeiro. retomando o posto de mais votado entre os postulantes à Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Com 130.480 votos, ele foi o mais votado da cidade, com 73 mil votos a mais que o segundo colocado.

Outro filho do ex-presidente, Jair Renan Valle Bolsonaro (PL), de 26 anos, foi eleito vereador em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, com o apoio de 3.033 eleitores - ele foi o mais votado na cidade durante sua estreia em eleições.

Já Renato Bolsonaro (PL), irmão do ex-presidente, não conseguiu se eleger como prefeito em Registro (SP), conquistando apenas 29,82% dos votos, atrás do ex-prefeito e ex-deputado federal Samuel Moreira (PSD), que obteve 55,73%.

Sem surpresas, prefeitos do Rio de Janeiro, Salvador e do Recife são reeleitos

No Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) venceu sem sobressaltos a disputa para a prefeitura, com 60,4% dos votos válidos. O delegado Alexandre Ramagem (PL), que era apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ficou em segundo lugar, com 31,8% dos votos válidos. Este pleito marcou a quarta vez em que Paes é eleito para a prefeitura do Rio de Janeiro. Durante toda a campanha eleitoral, pesquisas de intenção de voto mostravam Paes com liderança tranquila entre os candidatos.

No Recife, o atual prefeito João Campos (PSB) venceu a disputa para a prefeitura de Recife (PE), com 78,1% dos votos válidos. O ex-ministro bolsonarista Gilson Machado (PL ficou em segundo lugar, com 13,90% dos votos válidos. Membro de uma dinastia política de Pernambuco - é neto do ex-governador Miguel Arraes (1916-2005) e filho do ex-governador Eduardo Campos (1965-2014) -, Campos havia sido eleito prefeito da cidade em 2020 com apenas 27 anos, tornando-se na ocasião o mandatário mais jovem da história do Recife,

Em Salvador, o atual prefeito Bruno Reis, do partido União Brasil, confirmou seu favoritismo nas pesquisas e foi reeleito prefeito com 78,6% dos votos. Antes de ser eleito pela primeira vez em 2020, Reis havia sido vice do antecessor ACM Neto.

Em Porto Alegre, prefeito disputará segundo turno com petista

A eleição em Porto Alegre terá segundo turno entre o atual prefeito, Sebastião Melo (MDB), que conquistou 49,7% dos votos, e a deputada federal Maria do Rosário (PT), que obteve 26,2%. A campanha na capital gaúcha foi marcada por críticas de adversários de Melo sobre a gestão do prefeito durante as enchentes de maio. Em junho, na esteira do desastre, Melo chegou a amargar índices de reprovação que chegaram quase a 60%, mas o resultado do primeiro turno apontou que o atual mandatário conseguiu recuperar apoio na capital.

Eleitos no primeiro turno:

  • Rio de Janeiro: Eduardo Paes (PSD)
  • Salvador: Bruno Reis (União)
  • Boa Vista: Arthur Henrique (MDB)
  • Florianópolis: Topázio (PSD)
  • Macapá: Dr. Furlan (MDB)
  • Maceió: JHC (PL)
  • Recife: João Campos (PSB)
  • Rio Branco: Tião Bocalom (PL)
  • São Luís: Eduardo Braide (PSD)
  • Vitória: Lorenzo Pazolini (Republicanos)
  • Teresina: Silvio Mendes (União)

Capitais onde haverá segundo turno:

  • São Paulo: Ricardo Nunes (MDB) X
  • Belém: Igor (MDB), X Delegado Eder Mauro (PL)
  • Curitiba: Eduardo Pimentel (PSD) X Cristina Graeml (PMB)
  • João Pessoa: Cicero Lucena (PP) X Marcelo Queiroga
  • Aracaju: Emilia Correa (PL) X Luiz Roberto (PDT)
  • Campo Grande: Adriane Lopes (PP) X Rose Modesto (União)
  • Palmas: Janad Valcari (PL) X Eduardo Siqueira Campos (Podemos)
  • Porto Velho: Mariana Carvalho (União) X Léo (Podemos)
  • Natal: Paulinho Freire (União) X Natália Bonavides (PT)
  • Cuiabá: Abilio (PL) X Lúdio (PT)
  • Porto Alegre: Sebastião Melo (MDB) X Maria do Rosário (PT)
  • Goiânia: Fred Rodrigues (PL) X Mabel (União)
  • Manaus: David Almeida (Avante) X Capitão Alberto Neto (PL)
  • Fortaleza: André Fernandes (PL) X Evandro Leitão (PT)
  • Belo Horizonte: Bruno Engler (PL) X Fuad Noman (PSD)

jps (ots)

Short teaser Prefeitos do Rio e Recife são eleitos no 1° turno. Em Curitiba, candidata de ultradireita surpreende e chega ao 2° turno
Item URL https://www.dw.com/pt-br/após-disputa-acirrada-com-marçal-nunes-e-boulos-passam-para-o-2°-turno-em-são-paulo/a-70418832?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 7
Id 70418797
Date 2024-10-06
Title Marcha pró-Gaza em Berlim é dispersada após confrontos
Short title Marcha pró-Gaza em Berlim é dispersada após confrontos
Teaser

Manifestantes tentaram romper barreira policial

Na véspera do aniversário do ataque de 7 de outubro a Israel, polícia alemã dispersa manifestação pró-Gaza após participantes atirarem pedras e garrafas. Em Munique, evento contra antissemitismo reúne 8 mil pessoas.Manifestantes pró-palestinos entraram em choque com a polícia de Berlim neste domingo (07/10), véspera do aniversário da ofensiva terrorista lançada pelo Hamas em 7 de outubro de 2023. Os confrontos ocorreram na região do distrito de Kreuzberg, que concentra uma significativa população islâmica na capital alemã. De acordo com a polícia, cerca de 3.500 pessoas participaram de uma manifestação que tinha como lema "Demonstração contra o genocídio em Gaza". O número foi bem superior ao esperado. Inicialmente, os organizadores que registraram a marcha junto às autoridades informaram que esperavam 1.000 pessoas. De acordo com as autoridades, manifestantes mascarados tentaram romper uma barreira policial e atiraram pedras e garrafas contra policiais. Um vídeo registrou o momento em que um manifestante escalou um carro de polícia. Vários participantes acabaram sendo detidos e a polícia ordenou que a manifestação fosse dispersada. "Infelizmente, as coisas ficaram violentas no final da manifestação. Pedras e garrafas foram arremessadas contra os policiais, assim como fogos de artifício. Alguns participantes tentaram romper as barreiras. Devido à violência, a marcha foi interrompida às 18h15", disse uma porta-voz da polícia, acrescentando que alguns policiais ficaram feridos, mas sem especificar o número. Antes do final de semana, conforme o aniversário do 7 de outubro, autoridades da Alemanha já haviam alertado para a possibilidade de tumultos e para um "grande potencial de polarização e radicalização". Neste domingo, após o registro de confrontos em Berlim, jornais alemães que adotam uma linha pró-Israel cobriram o episódio de maneira crítica. "Em Berlim, uma marcha de pessoas que odeiam Israel", dizia o título de uma reportagem do tabloide conservador Bild. "Milhares de pessoas em uma manifestação de ódio contra Israel - e à noite, pedras voam", disse o tabloide B.Z.. Neste domingo, o chanceler federal Olaf Scholz afirmou, em vídeo, antes do aniversário de 7 de outubro, que "não vai tolerar antissemitismo” na Alemanha. No ano passado, Scholz já havia condenado duramente uma manifestação em Berlim, que ocorreu horas depois do ataque do Hamas a Israel, na qual membros de uma associação pró-palestina distribuíram doces para pedestres na capital alemã para celebrar a chacina de civis israelenses. O grupo acabou sendo posteriormente banido pelas autoridades. Em 7 de outubro de 2023, uma ofensiva terrorista surpresa lançada pelo grupo Hamas a partir da Faixa de Faza que causou a morte de 1.200 pessoas no território israelense e o sequestro de cerca de 250. A reação de Israel tem sido dura e já resultou na morte de mais de 40 mil pessoas no enclave palestino, segundo autoridades locais ligadas ao Hamas. Manifestações pró-Israel e pela libertação de reféns A marcha que terminou em confrontos não foi a única manifestação na capital alemã neste domingo. Cerca de 500 pessoas também se reuniram no Portão de Brandemburgo, mas neste caso para uma manifestação pró-Israel. Em frente ao marco da cidade, uma grande uma grande bandeira de Israel. Os participantes também marcharam até a Bebelplatz, a cerca de um quilômetro de distância. Essa praça simbolicamente se tornou novamente a "praça dos reféns do Hamas”. Entre outras coisas cadeiras vazias foram colocadas em homenagem aos reféns que ainda permanecem em poder do grupo palestino. Outras manifestações pró-Gaza também foram registradas em Düsseldorf e Hamburgo da Alemanha durante o fim de semana, mas sem registro e incidentes significativos. Já Munique foi palco de uma enorme marcha contra o antissemitismo e pela libertação dos reféns israelenses. Segundo as autoridades, cerca de 8.000 pessoas participaram da manifestação. O evento reuniu o embaixador de Israel na Alemanha e o presidente do Conselho Central dos Judeus da Alemanha. Paralelamente, uma contra-demonstração pró-palestina reuniu 1.200 pessoas. As duas marchas permaneceram separadas uma da outra com o auxílio de 400 policiais. Mais manifestações são esperadas na Alemanha na segunda-feira. Só em Berlim, as autoridades devem mobilizar 2.000 policiais para acompanhar as concentrações. jps (dpa, ots)


Short teaser Na véspera do 7 de outubro, polícia alemã dispersa manifestação pró-Gaza após participantes atirarem pedras e garrafas.
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Image URL (940 x 411) https://static.dw.com/image/70418448_354.jpg
Image caption Manifestantes tentaram romper barreira policial
Image source Christian Mang/REUTERS
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Item 8
Id 70417849
Date 2024-10-06
Title Scholz diz que "não vai tolerar antissemitismo" na Alemanha
Short title Scholz diz que "não vai tolerar antissemitismo" na Alemanha
Teaser

O povo judeu aqui na Alemanha tem a total solidariedade de nosso Estado", disse Scholz

Na véspera do aniversário da ofensiva terrorista do Hamas em 7 de outubro, chanceler federal alemão reitera apelo por cessar-fogo em Gaza e diz que seu governo não vai aceitar "ódio cego contra Israel”.O chanceler federal Olaf Scholz afirmou neste domingo (06/10) que a Alemanha "não vai tolerar antissemitismo e ódio cego a Israel”. A fala foi divulgada na véspera do primeiro aniversário da ofensiva terrorista do grupo radical Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, que causou a morte de 1.200 pessoas no território israelense e o sequestro de cerca de 250 "Nunca vamos tolerar antissemitismo e o ódio cego a Israel. O povo judeu aqui na Alemanha tem a total solidariedade de nosso Estado”, disse Scholz, em mensagem divulgada nas redes sociais. Scholz também sublinhou que a Alemanha não vai tolerar que "os judeus sejam impedidos de sair de casa com um quipá" ou ainda para que os membros desta minoria se vejam impedidos de revelar a sua religião nos estabelecimentos de ensino. "O povo judeu aqui na Alemanha tem a total solidariedade de nosso Estado, e a solidariedade de todas as pessoas decentes em nosso país”, acrescentou Scholz. Apelo por cessar-fogo Scholz lamentou ainda que, na véspera do primeiro aniversário do ataque terrorista, a paz e a reconciliação pareçam mais distantes do que nunca no Oriente Médio e reiterou a necessidade de um cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza, a fim de proteger os civis palestinos, libertar os reféns israelense e evitar uma nova escalada do conflito no Oriente Médio. "O governo alemão insiste num cessar-fogo que deve ser implementado definitivamente para proteger a população civil na Faixa de Gaza, permitir a entrada de abastecimentos e também para que os reféns israelenses possam finalmente ser libertados", afirmou Scholz numa mensagem nas suas redes sociais. Scholz também recordou que a Alemanha está em contato com os seus parceiros internacionais "para evitar uma nova escalada do conflito". "O perigo de um conflito de grandes proporções na região mantém-se", acrescentou, antes de aludir às implicações da situação no Oriente Médio para a Alemanha, que acolhe populações migrantes com raízes em Israel, na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, no Líbano e de outros países da região. Scholz afirmou que é normal que essas populações demonstrem as suas preocupações em manifestações, mas sublinhou que a Alemanha não vai tolerar que em seu território "os judeus tenham medo e sejam aterrorizados". Manifestações rivais ocorreram em Berlim no sábado, antes do aniversário de um ano do ataque de 7 de outubro, com a polícia dizendo que não houve registro de incidentes significativos. Cerca de 1.800 pessoas participaram de uma manifestação pró-palestina na capital alemã, enquanto cerca de 650 pessoas se reuniram em solidariedade a Israel, segundo a polícia de Berlim. "Razão de Estado" A mensagem de Scholz foi divulgada no mesmo dia em que a Ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, descreveu o ataque terrorista de 7 de outubro como uma "ruptura" para os judeus e para a Alemanha, e repetiu o argumento de que Israel tem o direito de se defender, lembrando ainda os "mais de 100 reféns que continuam detidos por terroristas". Baerbock também disse que estava envergonhada com episódios de ódio antissemita na Alemanha, incluindo o aumento de ataques a cidadãos judeus e registro de comemorações nas ruas alemãs quando o Irã disparou duas centenas de mísseis contra Israel. Mais de 5.000 incidentes antissemitas foram registrados na Alemanha em 2023, metade deles após os ataques de 7 de outubro, de acordo com Felix Klein, o comissário do governo alemão para a luta contra o antissemitismo. "Nós nos opomos a isso. Com toda a força da lei”, enfatizou Baerbock. Dirigindo-se ao povo de Israel, ela disse: "Estamos com vocês”. A ministra das Relações Exteriores acrescentou que a segurança de Israel faz parte da "Razão de Estado” da Alemanha. "Israel tem o direito à autodefesa. Contra a violência do Hamas, bem como contra o terror dos foguetes do Irã e do Hezbollah”, acrescentou. Desde 7 de outubro, quase 42 mil pessoas foram mortas por ataques do exército israelense na Faixa de Gaza, e 100 mil ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde do enclave palestino, que é ligado ao governo do Hamas. No Líbano, asforças israelenses também têm intensificado ataques nas últimas semanas, com bombardeios quase constantes, incluindo ações em Beirute, causando a morte a cerca de duas mil pessoas, segundo o governo libanês. Além, destas mortes, mais de 520 palestinos foram mortos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental pelas forças israelenses ou em ataques de colonos. O conflito também mergulhou Gaza numa "situação de fome catastrófica", segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). jps (Lusa, dpa)


Short teaser Na véspera do aniversário do 7 de outubro, chanceler diz que seu governo não vai aceitar "ódio cego contra Israel”
Item URL https://www.dw.com/pt-br/scholz-diz-que-não-vai-tolerar-antissemitismo-na-alemanha/a-70417849?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
Image URL (940 x 411) https://static.dw.com/image/70406032_354.jpg
Image caption O povo judeu aqui na Alemanha tem a total solidariedade de nosso Estado", disse Scholz
Image source Bernd von Jutrczenka/dpa/picture alliance
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Item 9
Id 70368253
Date 2024-10-06
Title O último DJ do festival Super Nova em 7 de outubro de 2023
Short title O último DJ do festival Super Nova em 7 de outubro de 2023
Teaser Yarin Ilovich estava à sua mesa de mixagem na madrugada de 7 de outubro de 2023, quando começou o ataque terrorista do grupo palestino Hamas. Um ano depois, ele relembra o momento em que, de súbito, a música parou.

O DJ Artifex – o nome artístico de Yarin Ilovich – viajou muito pelo mundo nos últimos meses. Em setembro ele esteve nos Estados Unidos, em agosto tocou no Brasil e, pouco depois, voou para Berlim.

Artifex também acaba de lançar uma nova música: Cyber fever, que celebra um "mundo mágico", como anuncia uma voz computadorizada, mais colorido, bonito e alegre do que a realidade. Quando toca, Artifex dança e pula no palco ao som das batidas. Quem não sabe o que ele viveu não é capaz de imaginar.

Mas,exatamente um ano atrás, seus olhos viram coisas que dificilmente alguém consegue superar. Ilovich é um sobrevivente do ataque terrorista ao festival de música Super Nova, em Israel, em 7 de outubro de 2023. Ele era o último DJ a tocar no festival, que fazia o público dançar na madrugada do ataque do grupo palestino Hamas – e que súbito fez a música parar.

Em Berlim, ao ser entrevistado pela DW, Ilovich parece nervoso. Ele diz que deu poucas entrevistas até agora, e somente em Israel. Mas pondera que falar inglês talvez o ajude a criar uma distância que ele precisa para contar o que aconteceu no 7 de Outubro sem ter que relembrar todos os horríveis detalhes daquele dia.

Um festival no meio do deserto

Ele se lembra do momento em que começou a discotecar. "Ainda estava escuro", era o fim da madrugada, mais exatamente 5h35. O horário era perfeito para sua performance pois logo depois a aurora se anunciou, e o céu foi clareando aos poucos. "Esse é um momento especial numa festa de psytrance", comenta Ilovich.

Psytrance, transe psicodélico, é um estilo de música eletrônica de batidas rápidas nascido em Goa. "Essa mudança da escuridão para a luz tem algo de misterioso. As pessoas se veem pela primeira vez. Você reconhece os sorrisos nos rostos na pista de dança. Isso cria uma energia especial, é um momento gratificante."

Mais de 3 mil se divertiam ao som dessas batidas psicodélicas no meio de uma paisagem desértica, na manhã do 7 de Outubro. Uma tenda colorida cobria a pista de dança, o local havia sido todo decorado. Vários participantes usavam maquiagem e joias para combinar com suas tatuagens, e muitos haviam tomado drogas alucinógenas. O festival deveria parecer um mundo mágico, uma realidade alternativa – a apenas cinco quilômetros da fronteira com a Faixa de Gaza.

Ele não percebeu os primeiros mísseis disparados de Gaza, alguns minutos antes das 6h30min. Tampouco reagiu quando alguns dos festeiros avistaram paraquedistas descendo em sua direção, a partir de Gaza. Artifex estava inteiramente concentrado na música, na batida certa. "Como DJ, você está cheio de adrenalina, tudo o que sente é a multidão dançando ao som da sua música."

"Alerta vermelho" às 6h29

Mas aí um dos produtores do festival se aproximou dele por trás e disse em seu ouvido: "Desligue a música!. Estamos em alerta vermelho." Ao obedecer à ordem, às 6h29, o DJ recebeu uma vaia do público. "Alerta vermelho, alerta vermelho!" gritou o produtor para a pista de dança. Essa cena está registrada em vídeos.

Ilovich relembra que, embora não houvesse quase nenhuma proteção, não houve pânico no início. Em Israel, todo mundo já vivenciou um alarme de mísseis. Mas desta vez eram centenas deles.

Ele logo se ocupou de uma amiga alemã que, ao contrário da maioria dos participantes, já estava tendo um ataque de pânico. Ajudou a ela e também a outros que queriam ir embora de carro. Ele próprio permaneceu no local, até mesmo quando amigos lhe ligaram para dizer que estavam sendo alvejados no caminho. "Eu pensei: 'Tem pessoal da segurança aqui' e me senti seguro."

Por volta das 7h00, terroristas do Hamas e de outros grupos palestinos chegaram ao local do Super Nova. Assim como muitos outros, Ilovich tentou se abrigar nos carros, mas a essa altura o estacionamento já era um caos, com a saída engarrafada, as estradas bloqueadas.

Foram disparados tiros à queima-roupa. Centenas correram para um descampado vizinho, inclusive Ilovich e alguns amigos. "Eles estavam atirando em nós, as pessoas eram atingidas e ficavam pelo chão, algumas caíam porque estavam com medo, outras porque estavam bêbadas", relembra. Uma amiga que estava correndo com ele começou a vomitar, ele a arrastou e disse que não olhasse para trás.

Em 7 de outubro de 2023, membros do Hamas e outros grupos palestinos da Faixa de Gaza mataram mais de 360 participantes do festival Super Nova, 44 foram levados como reféns para a Faixa de Gaza e inúmeros ficaram feridos. No total, cerca de 1.200 foram mortos no ataque terrorista a Israel, e 251 foram sequestrados e levadas como reféns para Gaza.

Ilovich sobreviveu. Ele e alguns amigos conseguiram chegar ao kibutz Re'im, nas proximidades, onde alguns poucos policiais tentavam afastar os agressores. Ele esperou por horas, escondido embaixo de um carro de patrulha, ouvindo, pelo rádio da polícia, que gente era morta por toda parte, enquanto os policiais temiam pela própria vida. E repetia-se o grito desesperado: "Onde está o Exército?"

Para o DJ, os walkie-talkies "foram a pior coisa": "Você ouvia 'Eles estão nos matando'." Mas os policiais conseguiram levar a ele e vários outros para Ofakim, a 15 minutos de carro, numa viagem "apocalíptica".

"Carros queimados e cadáveres por toda parte na estrada. Nada além de deserto e cadáveres por toda parte." Mas Ofakim também estava em estado de guerra. Só na manhã de 8 de outubro ele e três amigos se sentiram realmente a salvo .

O mesmo set, até o fim

Nos primeiros meses após o ataque, Ilovich visitou semanalmente um psicoterapeuta. Mas a melhor terapia para ele foi a música, seu "espaço seguro", o lugar onde se sente seguro e feliz.

"Nós vamos voltar a dançar" é o slogan formulado pelos sobreviventes do massacre. É um ato de desafio, de resistência, uma maneira de dizer "não vão nos derrotar". Mas é claro que isso não funciona para todos.

Nas semanas e meses seguintes ao 7 de Outubro, houve vários relatos de violência sexual, estupro e outras atrocidades durante o ataque terrorista ao Super Nova. Muitos sobreviventes do massacre apresentaram sintomas de depressão forte, dizendo que não conseguem mais prosseguir com suas vidas. Terapeutas israelenses registraram vários suicídios.

DJ Artifex se apresentou várias vezes nas últimas semanas para a "Tribe of Nova", como a comunidade de fãs dos festivais Super Nova se autodenomina. Depois do ataque terrorista, eles se tornaram um grupo de sobreviventes que se reúne regularmente para conversar e tentar curar o corpo e a mente por meio de ioga, meditação e música, dentro do espírito do psytrance, criado por antigos hippies em Goa.

Desses encontros participa também Ilovich, que faz questão de se manter longe das manifestações contra o governo israelense, apesar de deixar claro que não o apoia. Ele quase não acompanha o noticiário, nem sobre a guerra na Faixa de Gaza, nem sobre os reféns que continuam sendo mantidos nesse território palestino.

Ele se diz uma pessoa positiva, que acredita em tempos melhores. Não quer ser visto como uma vítima traumatizada, um abatido. Ele quer ser alguém que ajude os outros, que dê aos sobreviventes do festival a oportunidade de processar os fatos vividos.

E Yann Ilovich não toca simplesmente música psytrance para a Tribe of Nova: muitas vezes ele toca exatamente o mesmo set que teve de interromper às 6h29 do dia 7 de outubro de 2023.

"Para muita gente, é importante me ouvir terminar a apresentação, sem interrompê-la no meio. Elas me dizem que poder me escutar sem o barulho dos mísseis as ajuda a superar aquela experiência." E o DJ Artifex toca o seu set até o fim, como deveria ter sido, se houvesse mesmo uma realidade alternativa.

Short teaser Um ano depois do ataque terrorista de 7 de outubro, Yarin Ilovich relembra o momento em que, de súbito, a música parou.
Author Sarah Judith Hofmann
Item URL https://www.dw.com/pt-br/o-último-dj-do-festival-super-nova-em-7-de-outubro-de-2023/a-70368253?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 10
Id 70411693
Date 2024-10-06
Title Voo com brasileiros repatriados do Líbano chega a São Paulo
Short title Voo com brasileiros repatriados do Líbano chega a São Paulo
Teaser

Prédios ao sul de Beirute após bombardeio israelense: cerca de 3 mil brasileiros querem deixar o Líbano

Aeronave saiu de Beirute e pousou no Brasil, transportando 229 pessoas. Objetivo da operação é repatriar até 500 cidadãos por semana.A aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB) pousou neste domingo (06/10) na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos, com 228 brasileiros, entre eles, 10 crianças de colo. Também viajaram três animais domésticos. Eles foram recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a primeira-dama, Janja, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. A aeronave aterrissou às 10h25, depois de ter saído no sábado de Beirute e fazer uma parada em Portugal para abastecimento. Depois, voltou a decolar às 23h56 de Lisboa rumo ao Brasil. O voo faz parte da primeira fase da Operação Raízes do Cedro, do governo federal, de repatriação de brasileiros, que tem como objetivo repatriar até 500 pessoas por semana. Mais de 3 mil manifestaram interesse em voltar ao Brasil. Estima-se que cerca de 21 mil brasileiros morem em território libanês. Repatriação era prevista para sexta "O governo brasileiro reitera o alerta para que sigam as orientações de segurança da embaixada em Beirute e das autoridades locais e, para os que disponham de recursos para tanto, procurem deixar o território libanês por meios próprios. O aeroporto de Beirute continua em operação para voos da companhia libanesa Middle East Airlines", diz a nota, assinada pelos ministérios das Relações Exteriores e da Defesa, além da Força Aérea Brasileira (FAB). A repatriação era prevista para esta sexta-feira, mas foi adiada para análise das condições de segurança. Na noite de quinta, os bombardeios israelenses em direção ao Líbano foram intensificados. Até mesmo áreas próximas do aeroporto de Beirute chegaram a ser atingidas. md (Agência Brasil, ots)


Short teaser Aeronave saiu de Beirute e pousou no Brasil transportando 229 pessoas. Operação quer repatriar até 500 por semana.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/voo-com-brasileiros-repatriados-do-líbano-chega-a-são-paulo/a-70411693?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
Image URL (940 x 411) https://static.dw.com/image/70412094_354.jpg
Image caption Prédios ao sul de Beirute após bombardeio israelense: cerca de 3 mil brasileiros querem deixar o Líbano
Image source picture alliance / Anadolu
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Item 11
Id 70404387
Date 2024-10-06
Title O novo sonho do concurseiro: ser influenciador digital
Short title Como concursos públicos alimentam influência digital no país
Teaser Com mais de 500 mil servidores públicos ativos somente no Executivo Federal civil, Brasil vê crescer número de concurseiros que atuam também como influenciadores digitais do serviço público.

Assim que terminou a graduação em engenharia de controle e automação, Laura Amorim, de 31 anos, não encontrou vagas na área. Como sempre se considerou boa fazendo provas, decidiu estudar para concursos públicos. O objetivo era ser auditora fiscal, cuja remuneração inicial pode chegar a R$ 22 mil.

Cerca de dois anos depois, a aprovação veio. Entretanto, quando foi chamada a assumir a vaga, Laura desistiu. Entre começar a estudar, passar no concurso e ser nomeada, outra carreira fisgou a engenheira: a de influencer digital de concursos.

"Quando a nomeação chegou, já não fazia mais sentido, eu já estava engajada no trabalho na internet”, diz Amorim, que tem 320 mil seguidores no Instagram, 260 mil no Youtube e abriu uma empresa na qual comercializa materiais de estudo.

Ela não é a única a seguir esse caminho. Cada vez mais concurseiros, aspirantes a servidores e funcionários públicos têm usado as redes sociais para compartilhar a rotina de estudos, vender materiais e divulgar métodos de aprendizagem e realização de provas.

Diante do sucesso dessas páginas, alguns acabam desistindo quando a vaga chega, outros permanecem em dupla jornada. Esse movimento tem forçado as instituições governamentais a estabelecerem regras de como os servidores podem usar as redes sociais enquanto ocupam uma vaga nos serviços do governo.

No fim do ano passado, por exemplo, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) publicou uma instrução normativa na qual disciplina a utilização de símbolos e da imagem institucional do órgão, pelos servidores, nas redes sociais. O órgão diz que já atuou em casos de descumprimento da normativa, afastou e puniu servidores, mas não divulgou um número de casos.

A Polícia Federal é outro órgão que tem desde o ano passado uma instrução normativa sobre o tema. Para a PF, "atividades de coaching e similares, destinadas à assessoria individual ou coletiva de pessoas, inclusive na preparação de candidatos a concursos públicos, são vedadas”. A única exceção é quando isso ocorre em escolas de governo.

Tanto a PRF quanto a PF proíbem que os servidores usem nas contas pessoais símbolos, armamentos, equipamentos, nome ou qualquer imagem do órgão para a obtenção de vantagem comercial, financeira ou eleitoral. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também tem desde 2019 uma normativa disciplinando o uso das redes por parte dos juízes, que proíbe o uso da marca ou a logomarca da instituição como forma de identificação pessoal.

A Polícia Penal do Espírito Santo é outra instituição que criou normas neste ano, na qual proíbe os servidores de divulgar imagens coletadas em diligências ou informações obtidas durante o exercício profissional. No ano passado, a Secretaria de Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) também criou normas, depois que a Defensoria Pública da União (DPU) e pelo Ministério Público Federal (MPF) identificaram agentes da corporação concedendo entrevistas em podcasts e canais do YouTube confessando condutas criminosas.

Apesar disso, não é difícil encontrar servidores de órgãos das polícias estaduais e federais que publicam conteúdos sobre concursos e usam as fardas e distintivos nessas postagens. Procurando por hashtags no Instagram e no Youtube, a DW encontrou diversos perfis de agentes das polícias Civil do Distrito Federal, Rodoviária Federal, Penal de Minas Gerais e Militar de São Paulo que divulgam conteúdos para concursos utilizando fardas e imagens dos distintivos.

O novo sonho do concurseiro

O primeiro concurso público realizado no Brasil foi em 1937, para o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI). Com a Constituição Federal de 1988 e a expansão dos serviços públicos, o interesse em ocupar uma dessas vagas cresceu, movido pelos argumentos de estabilidade na carreira e previsibilidade na rotina, além de remunerações atraentes frente à média nacional.

"Os concursos brasileiros têm muitos problemas, mas o Brasil conseguiu criar uma cultura de impessoalidade. Então, salvo exceções pontuais, o concurso é visto como um instrumento de razoável meritocracia”, explica Felipe Fonte, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Direito Rio.

Não à toa, mais de 2,1 milhões de pessoas se inscreveram para participar do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU). O chamado "Enem dos Concursos” tem 6,6 mil vagas em 21 órgãos do Governo Federal e divulgará o resultado das provas objetivas neste dia 8 de outubro. A metade dos candidatos inscritos é de pessoas que ganham até três salários mínimos.

Somente o poder executivo federal civil, contando os servidores da segurança pública do governo do Distrito Federal, tem atualmente cerca de 1,1 milhão de servidores, dos quais 573 mil estão ativos. Em 2024, de acordo com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, foram autorizados no âmbito federal 12 concursos, com 1,4 mil vagas no total.

Por outro lado, afirma Fonte, os concursos são considerados mais difíceis do que no passado. "Há um contingente grande de pessoas entrando no mercado de trabalho, não há mais tantos cargos como antes, nem vagas. E há mais mecanismos para estudar na internet”, afirma.

A dificuldade de entrar numa vaga é um motivo que fortalece o mercado de influencers, tanto porque as pessoas precisam de maior dedicação e muitas vezes tempo para passar, quanto porque qualquer ajuda de quem já viveu a experiência é considerada bem-vinda.

"Quando você embarca nisso, é uma coisa muito solitária. E no fim do dia, você não tem muito a entregar. É diferente de um trabalho em que você apresenta algo para o chefe ou o cliente”, lembra Amorim.

Perfis custeiam viagens para fazer provas

Não se sentir sozinha enquanto estudava foi a motivação de Amorim para abrir o perfil no Instagram. Mas afastar a solidão não é a única motivação dos concurseiros influencers. A outra é juntar dinheiro para realizar as provas em outros estados e ter renda enquanto esperam a nomeação.

Amorim, por exemplo, abriu mão de outro cargo público para se dedicar aos estudos que a fizeram passar no concurso de auditoria fiscal. Quando passou, precisou aguardar cerca de dois anos até ser nomeada. Durante esse tempo, manteve-se vendendo mapas mentais para outros concurseiros.

Formado em engenharia mecânica, Renan Cristofori, de 33 anos, começou a estudar para concursos também em 2017 e encontrou na internet uma forma de financiar as viagens para fazer as provas. Ele começou a vender planilhas para organizar horários e conteúdos depois de bater na trave em um concurso no qual precisou viajar para São Paulo.

"Eu não fiquei dentro das vagas iniciais e isso me gerou uma frustração. Aí eu pensei: vou vender minha planilha na internet, para arrecadar dinheiro e fazer outras provas”, conta. Em 2019, ele deixou os estudos de lado, pois as vendas estavam dando certo.

Em 2022, Cristofori foi chamado para a vaga de auditor fiscal em Guarulhos, passou três meses no cargo e depois decidiu sair. "Eu mudei da água para o vinho nesse período. Percebi que a vaga no serviço público não combinava mais com o meu perfil”, diz ele, que passou a valorizar a flexibilidade de horário e a liberdade geográfica.

Cristofori diz que quando começou a produzir conteúdos para a internet, em 2017, eram raros os concurseiros influencers. "Hoje é quase um pré-requisito, você vai estudar para concurso e já abre um Instagram de concurseiro, já posta o seu dia a dia. Tem pessoas que têm um perfil pessoal e o abandonam, porque querem focar só no meio de concurso. Às vezes, não botam nem a foto, para os familiares não saberem que a pessoa está estudando", conta.

Limites e possibilidade da dupla jornada

Atualmente, Amorim e Cristofori têm uma empresa em conjunto, a Estudei, uma plataforma de organização e acompanhamento de estudos para concursos. Por meio dela, eles também recrutam outros influencers e criadores de conteúdos digitais para divulgar seus produtos. É assim que muitos influencers da área começam a ganhar dinheiro e fazem os próprios perfis se destacarem nas redes.

É o caso de Taís Militão, de 30 anos, que tem o objetivo de passar num concurso na área de direito trabalhista. Quando começou a estudar para concurso, ela criou um perfil no Instagram dedicado apenas a seguir alguns influencers e postar desabafos e dicas de livros.

"Naquele mesmo ano, surgiu a primeira parceria. Um curso entrou em contato comigo, para me disponibilizar material e pagar passagens para concursos. Aquilo virou uma chave na minha cabeça”, conta. Hoje, esse é o seu trabalho principal, enquanto segue estudando para concursos.

Já Hugo Freitas, de 31 anos, chegou a tentar uma rotina dupla de servidor do Tribunal de Justiça de São Paulo e influenciador digital. Ele começou a estudar para concursos em 2018 e desde então tem um canal no YouTube. Quando passou na vaga, manteve as postagens.

"Era puxado, porque eu tinha uma rotina normal, de nove às cinco da tarde, passava o dia inteiro no tribunal e morava longe. Quando chegava em casa, por volta das 20h, ia preparar os conteúdos”, conta. Hugo abandonou a vaga pública cerca de um ano depois e, por causa disso, sofreu hate dos seguidores.

"Chegou um momento que ficou inconciliável, e eu via mais potencial de crescer no digital, mas não foi uma decisão fácil”, conta ele, que hoje mantém uma empresa, a 123 Passei, para comercializar materiais para estudo.

A decisão também foi pautada pelas limitações impostas pelo serviço público, já que existem regras sobre o que pode ser compartilhado da rotina no serviço público, bem como de que tipo de servidor pode manter atividades profissionais paralelas.

De acordo com Felipe Fonte, da FGV, os servidores devem observar o regime jurídico e normas internas de cada ente corporativo, já que elas podem variar de acordo com o órgão público e a instância administrativa. "Mas normalmente as leis e estatutos do servidor são antigos, então elas não dizem com clareza o que acontece em relação à internet”, diz.

Fonte alerta também que algumas carreiras, como a de magistratura e Ministério Público, são atividades submetidas a regimes especiais e órgãos como o CNJ e o Conselho Nacional do Ministério Público.

"O artigo 296 do Código Penal também prevê limites para o uso de símbolos públicos e distintivos. Mas nunca vi essa regra sendo aplicada num caso concreto”, diz. Alguns órgãos também proíbem os servidores de abrir empresas e participar de sociedades.

Short teaser País tem mais de 500 mil funcionários públicos ativos somente no poder executivo federal civil.
Author Alice de Souza
Item URL https://www.dw.com/pt-br/o-novo-sonho-do-concurseiro-ser-influenciador-digital/a-70404387?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 12
Id 70406805
Date 2024-10-05
Title Não se preocupe (muito) com a possibilidade de asteroides atingirem a Terra
Short title Não se preocupe (muito) com asteroides atingindo a Terra
Teaser Sempre que você vir uma manchete sobre um asteroide em direção ao planeta, pode ficar tranquilo. Objetos rochosos grandes e pequenos passam pela Terra todo o tempo.

Imagine a cena: um asteroide se aproxima da Terra. Ele é do tamanho da Torre Eiffel, tem o formato de um amendoim e é potencialmente perigoso. Parece assustador, certo?

E não se trata de um cenário hipotético. O asteroide em questão passou perto da Terra em setembro e tem nome: 2024 ON.

Desde a descoberta, em julho de 2024, a mídia e outros criadores de conteúdo fizeram barulho em torno do corpo celeste. Soube-se que ele tem 370 metros de diâmetro, viajava a cerca de 40 mil quilômetros por hora. Era considerado "potencialmente perigoso" pelas autoridades espaciais e vinha na direção da Terra.

Assim que o 2024 ON foi descoberto, contudo, os astrônomos calcularam que ele passaria pelo nosso planeta a uma distância de um milhão de quilômetros – mais do que o dobro da distância até a Lua. Não havia qualquer risco de colisão, ao contrário do que a mídia sugeria.

"As publicações precisam ter esses 'clifhangers' para receber visitas", disse Juan Luis Cano, do Escritório de Defesa Planetária da Agência Espacial Europeia. A expressão em inglês quer dizer algo como estar "pendurado no precipício", e se trata de um tipo de técnica de produção de texto e de conteúdo audiovisual que apresenta alguma situação limite para fisgar a audiência.

"Mas diariamente somos visitados por muitos objetos", desmistifica o pesquisador.

De fato, cerca de 100 toneladas de material espacial atingem a Terra todos os dias. Felizmente, a massa é distribuída em muitas rochas minúsculas, em vez de um único grande bloco destruidor.

Nenhum grande objeto em direção à Terra

O Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Exterior define os objetos próximos à Terra (NEOs) como qualquer asteroide ou cometa que passe perto da órbita da Terra.

Em termos mais técnicos, os NEOs são objetos com um periélio – sua distância orbital mais próxima do sol – inferior a 195 milhões de km.

Considerando que a Terra orbita o Sol a uma distância de cerca de 150 milhões de km, os NEOs estão bem dentro da nossa vizinhança solar.

Cientistas como Cano sabem da existência de cerca de 34 mil NEOs, mas nenhum dos maiores está atualmente a caminho da Terra.

Qual é a probabilidade de um impacto de asteroide contra a Terra?

Enquanto os pequenos NEOs atingem a Terra todos os dias, os maiores chegam com muito menos frequência. Asteroides do tamanho de 2024 ON podem vir uma vez a cada 10 mil anos.

Aqueles com mais de um quilômetro de diâmetro, como o asteroide Chicxulub, que levou os dinossauros à extinção há 66 milhões de anos, podem atingir a Terra em 260 milhões de anos.

"Estimamos que existam cerca de mil objetos maiores que um quilômetro e descobrimos 95% deles", disse Cano. "Esses são os que podem causar um desastre global."

Mas os menores também têm potencial destrutivo. Dependendo da velocidade e do ângulo de entrada na atmosfera da Terra, uma rocha de 40 metros de largura poderia arrasar uma cidade inteira. Centenas de milhares desses NEOs menores ainda não foram catalogados.

"Descobrimos cerca de 3.000 asteroides próximos à Terra [NEAs] todos os anos" afirma Cano.

Encontrar objetos próximos à Terra é uma tarefa "complicada"

O primeiro telescópio baseado no espaço com a função de encontrar objetos foi o Neowise, que documentou mais de 158 mil NEOs. O equipamento foi aposentado em 2024 após mais de dez anos de missão.

Em seu lugar, está prevista a missão Near-Earth Object Surveyor ("Pesquisador de objetos próximos à Terra"), que deve começar a operar em 2027. Seu objetivo é encontrar o restante dos asteroides potencialmente perigosos (PHAs) em um raio de 50 milhões de quilômetros da órbita da Terra.

"Uma das coisas mais complicadas de se fazer em astronomia é saber a que distância algo está", revelou Amy Mainzer, cientista planetária da UCLA que chefiou a missão Neowise e chefiará a NEO Surveyor.

"Você pensaria: 'Bem, nós vemos objetos nos limites do espaço, por que não sabemos o que está bem próximo de nós aqui na Terra? Será que não sabemos tudo?' e a resposta é: 'Não, é realmente muito difícil'.”

É importante manter o registro dos objetos avistados e comunicar essas descobertas, explica Mainzer.

Para isso, os astrônomos também usam telescópios baseados em solo para monitorar NEOs e asteroides potencialmente perigosos. Um dos mais novos é o Observatório Vera Rubin, em construção no Chile, que passará uma década criando um mapa do universo em time lapse (técnica de filmagem para uma reprodução acelerada).

"Isso vai revolucionar o número de asteroides que descobrimos", disse Cano.

A Agência Espacial Europeia (ESA) também está construindo quatro pequenos telescópios com lentes múltiplas "Flyeye" para fazer observações de campo amplo do céu noturno.

Como o rastreamento de NEOs ajuda nossa defesa planetária

Nenhum asteroide conhecido está programado para atingir a Terra pelo menos até o próximo século. Sabemos disso graças aos nossos sistemas de defesa planetária. O rastreamento de NEOs faz parte desse sistema.

Depois que um objeto é identificado, pesquisadores como Mainzer e Cano fazem observações repetidas para traçar a trajetória de um NEO de forma rápida e precisa. Isso pode ajudar a diminuir as preocupações com um NEO e faz parte do que os cientistas chamam de defesa planetária.

É o caso do Apophis. Quando identificado pela primeira vez, em 2004, o objeto celeste de 340 metros de largura foi considerado o potencialmente mais perigoso já descoberto. Acreditava-se que ele poderia atingir a Terra em 2029, 2036 ou 2068.

Cálculos posteriores descartaram essa possibilidade. Ele chegará a 30 mil km do planeta no fim desta década – mais próximo do que a Lua e ao alcance de satélites geoestacionários, mas sem atingir a Terra.

Mas o que aconteceria se um NEO trapaceiro fosse visto em rota de colisão com a Terra? Com aviso suficiente, os engenheiros poderiam tentar desviá-lo do alvo.

Em 2022, a missão Double Asteroid Redirection Test (DART) da NASA colidiu com sucesso uma espaçonave em um asteroide chamado Dimorphos. Isso demonstrou que uma colisão calculada pode mudar a direção de um corpo celeste e defender nosso planeta.

A ESA programa lançar uma missão de reconhecimento chamada Hera neste mês para inspecionar o resultado da missão da DART.

Short teaser Há asteroides grandes e pequenos voando pelo planeta o tempo todo. Veja por que você pode ficar tranquilo.
Author Matthew Ward Agius
Item URL https://www.dw.com/pt-br/não-se-preocupe-muito-com-a-possibilidade-de-asteroides-atingirem-a-terra/a-70406805?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
RSS Player single video URL https://rssplayer.dw.com/index.php?lg=bra&pname=&type=abs&title=N%C3%A3o%20se%20preocupe%20%28muito%29%20com%20a%20possibilidade%20de%20asteroides%20atingirem%20a%20Terra

Item 13
Id 70409611
Date 2024-10-04
Title Casos de antissemitismo na Alemanha dobram em 2024
Short title Casos de antissemitismo na Alemanha dobram em 2024
Teaser Governo alemão relaciona aumento de crimes ao conflito no Oriente Médio e vê risco de violência no próximo dia 7 de outubro, aniversário de um ano da ofensiva terrorista do Hamas contra Israel.

Os casos de antissemitismo registrados pelas autoridades alemãs entre janeiro e outubro de 2024 dobraram em comparação com o mesmo período do ano passado. A polícia investigou 3,2 mil crimes de antissemitismo neste ano, em comparação com os 1,6 mil no ano passado.

Os dados foram divulgados pelo Ministério do Interior da Alemanha nesta sexta-feira (04/10) com o objetivo de fazer um balanço de um ano do ataque realizado pelo grupo extremista palestino Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023. Foram quase 14 registros de crimes contra judeus por dia.

Se considerados apenas os registros relacionados aos conflitos que acontecem no Oriente Médio, a polícia alemã registrou 8,5 mil crimes com motivação política desde o atentado terrorista de outubro de 2023. Destes, 3,4 mil casos foram tomados como antissemitismo. Os principais crimes registrados foram de danos à propriedade e incitação ao ódio contra judeus.

"O número de casos de antissemitismo relacionados ao conflito no Oriente Médio é alarmantemente alto. Vários grupos extremistas estão usando a situação no Oriente Médio como uma oportunidade para incitar o ódio e a violência contra os judeus ou o Estado de Israel e/ou para negar seu direito de existir”, escreveu a pasta.

O Ministério afirma que, desde 7 de outubro, grupos sunitas não-palestinos que não vinculavam sua agenda política ao conflito no Oriente Médio no passado, agora passaram a explorá-lo, o que motivou parte dos crimes registrados.

O governo elenca manifestações que ocorreram em novembro, na cidade de Essen, e em abril e maio, em Hamburgo, como exemplo de mobilização de grupos que questionam o direito de Israel de existir.

"O aumento quantitativo de eventos antissemitas mostra que uma escalada do conflito no Oriente Médio pode levar a uma considerável emotividade da população muçulmana também na Alemanha, até mesmo ao ponto de ataques violentos”, diz o relatório.

Alemanha vê risco de violência em 7 de outubro

Segundo o governo alemão, a escalada de violência no Oriente Médio, como resultado dos ataques com pagerse donúmero alto de mortes no Líbano, pode gerar reações na Alemanha. "Não se pode descartar que ações violentas de indivíduos ou pequenos grupos ocorram como parte de uma manifestação ou separadamente contra alvos israelenses e judeus", diz o relatório.

O chefe de inteligência interna da Alemanha, Thomas Haldenwang, também alertou que o aniversário do ataque de 7 de outubro do Hamas contra Israel pode ser um "evento desencadeador” de tumultos.

Para o chefe do Escritório Federal para a Proteção da Constituição (BfV), o antissemitismo e a hostilidade contra Israel são um "elemento de ligação” entre "islamistas, extremistas pró-palestinos e outros grupos radicais de extrema direita e extrema esquerda”.

"O aniversário pode ser um evento desencadeador para grande parte do espectro de protestos”, afirmou, alertando para um "grande potencial de emocionalização, polarização e radicalização".

As autoridades policiais também veem possível ocorrência de "ataques jihadistas” no país. "Estamos encarando os próximos dias com grande preocupação”, disse o porta-voz da polícia Benjamin Jedro.

Em 7 de outubro do ano passado, horas depois do ataque do Hamas a Israel, Berlim havia sido palco de uma "celebração" que reuniu um grupo de dezenas de pessoas que se concentraram no distrito de Neukölln. Exibindo bandeiras palestinas, membros do grupo entoaram cantos contra Israel e distribuíram doces para os participantes, reunidos na via Sonnenallee, que fica numa área da capital alemã que conta com uma comunidade muçulmana significativa. Na ocasião, a celebração da chacina de israelenses provocou indignação no meio político alemão, levando as autoridades a reprimirem outras concentrações do tipo.

O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 deixou 1.205 pessoas mortas em Israel, a maioria civis, de acordo com números oficiais israelenses que incluem reféns mortos em cativeiro.

Já a ofensiva retaliatória de Israel em Gaza matou pelo menos 41.788 pessoas, segundo o Ministério da Saúde do território administrado pelo Hamas.

Como a DW mostrou, os casos de islamofobia e discriminação contra muçulmanos também crescem na Alemanha. Foram 1.926 registros até junho deste ano.

gq (AFP, Bundesamt für Verfassungsschutz, tagesschau)

Short teaser Governo alemão relaciona aumento de crimes ao conflito no Oriente Médio e vê risco de violência no próximo dia 7/10.
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Item 14
Id 70407085
Date 2024-10-04
Title OMS aprova primeiro teste para diagnosticar mpox
Short title OMS aprova primeiro teste para diagnosticar mpox
Teaser Organização Mundial da Saúde diz que teste permitirá detectar a doença com maior rapidez e facilidade. Mais de 800 pessoas já morreram de mpox na África, com mais de 30 mil casos registrados.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou nesta sexta-feira (04/19) a aprovação para uso emergencial do primeiro teste para diagnosticar a mpox.

A aprovação, segundo nota divulgada pela OMS, "será fundamental para expandir a capacidade de diagnóstico em países que enfrentam surtos de mpox, onde a necessidade de testagem rápida e precisa aumentou acentuadamente".

A entidade afirma que, se mais pessoas forem testadas, mais rapidamente as medidas para conter a disseminação do vírus poderão ser aplicadas.

Em todo o continente africano, mais de 800 pessoas morreram de mpox, com mais de 30.000 casos confirmados.

Segundo o centro de controle de doenças da União Africana de Nações, o vírus da mpox foi detectado em 16 nações do continente. O surto foi mais prejudicial em países como a República Democrática do Congo (RDC).

Como funciona o teste

Após a aprovação da OMS, as agências da ONU comprarão os testes da farmacêutica americana que o desenvolveu, a Abbott Molecular, para que seja redistribuído aos países e regiões afetadas. O teste permitirá aos profissionais de saúde detectar a doença com maior rapidez e facilidade.

Chamado de exame Alinity m MPXV, o teste permite a detecção da mpox a partir de cotonetes passados em feridas humanas. "Ao detectar o DNA de amostras de erupções cutâneas vesiculares ou pustulosas, os profissionais poderão confirmar as suspeitas de mpox de maneira eficaz e eficiente", diz a nota da OMS.

A Abbott Molecular descreve o teste como "um analisador molecular contínuo e de acesso aleatório com tempo entre testagem e resultado inicial de menos de 115 minutos".

O diretor-geral assistente da OMS, Yukiko Nakatani, disse que "aumentar o acesso a produtos médicos de qualidade assegurada é essencial nos esforços para conter a disseminação do vírus e proteger a população, especialmente nas regiões menos privilegiadas".

Brasil tem mais de 1.200 casos

O lançamento do teste ocorre enquanto a doença continua a se espalhar pelo continente africano. Gana, na África Ocidental, se tornou o último país a confirmar a presença do vírus em seu território nesta quinta-feira.

Já no Brasil, de janeiro até o fim de setembro de 2024, o país registrou 1.230 casos confirmados ou prováveis de mpox. O número supera o total de casos notificados ao longo de todo o ano passado, quando foram contabilizados 853.

A mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos, é causada por um vírus transmitido para os humanos através de animais infectados e pode ser mortal.

O vírus da mpox também pode ser transmitido de pessoa para pessoa através do contato físico. Os sintomas incluem febre, dores musculares e lesões na pele semelhante a bolhas.

rc (AFP, DPA)

Short teaser Organização Mundial da Saúde diz que teste permitirá detectar a doença com maior rapidez e facilidade.
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Item 15
Id 70405080
Date 2024-10-04
Title Aumento da idade de aposentadoria pode abalar a China
Short title Aumento da idade de aposentadoria pode abalar a China
Teaser

Com prorrogação das aposentadorias, haverá menos vagas para quem está entrando no mercado de trabalho

Sociedade chinesa envelhece, caem taxas de natalidade, aumenta o desemprego entre jovens. Pequim aposta em prorrogar a aposentadoria. Para especialistas, talvez tarde demais, com potencial de gerar uma crise política.Num momento de força de trabalho minguante e ameaça de déficits do orçamento previdenciário, a China planeja elevar a idade mínima de aposentadoria, pela primeira vez desde a década de 1950. Para os homens, ela passará de 60 para 63 anos; para as mulheres em empregos administrativos ("colarinho branco"), de 55 para 58 anos, enquanto para as trabalhadoras manuais, de 50 para 55 anos. Segundo a agência de notícias estatal Xinhua, a mudança transcorrerá gradualmente ao longo dos próximos 15 anos, no ritmo de alguns meses a partir do início de 2025. Fica vedada a possibilidade de aposentadoria antecipada, mas será permitido prorrogar em até três anos o início da jubilação. Atualmente o país tem uma das idades de aposentadoria mais baixas do mundo: mesmo com a nova medida entrando em vigor em 2025, ela ainda está abaixo da maioria dos países industrializados, inclusive a Alemanha. O demógrafo Yi Fuxian, da Universidade de Wisconsin-Madison, estima que nos próximos anos os problemas com o envelhecimento da sociedade chinesa serão também acima da média: "A China manteve a idade de aposentadoria imutável até agora, e a prorrogação atual ainda é insuficiente": se a medida tivesse sido implementada 20 anos atrás, ele crê que "se poderia ter evitado as atuais dificuldades". Taxas de natalidade baixas Em 2023, a taxa de natalidade chinesa alcançou o recorde negativo de 6,39 nascimentos por cada mil cidadãos. Além disso, pelo segundo ano consecutivo a população total reduziu-se, desta vez em 2 milhões. Nos últimos anos, adotaram-se medidas para incentivar o matrimônio e a reprodução, porém grande parte das jovens chinesas continua reticente quanto a ter filhos, sobretudo num momento de desaceleração da segunda maior economia do mundo. O especialista em política trabalhista chinesa Eli Friedman, da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, está cético de que prorrogar a aposentadoria vá ajudar a combater a contração da força de trabalho nacional: é até "mais provável que vá empurrar na outra direção". Isso, como tradicionalmente os avós têm um papel crucial em partilhar os cuidados infantis, se as gerações mais velhas tiverem que adiar sua entrada na aposentadoria, haverá menos ajuda com essas responsabilidades, nas famílias com várias crianças. Previdência social em apuros O novo pacote de medidas também prevê que os assalariados chineses cujas aposentadorias começam a partir de 2030, passem a descontar mais para o sistema de previdência social: até 2039, será necessário ter contribuído pelo menos 20 anos para ter direito à pensão. Isso coincide com indícios crescentes de que os fundos de aposentadoria de Pequim estão se esvaziando. Em 2019 – portanto antes mesmo do impacto da epidemia de covid-19 – o instituto nacional de pesquisa Academia Chinesa de Ciências Sociais já advertia sobre um potencial esgotamento até 2035. Pequim "tem pouca escolha, devido ao déficit significativo do sistema de seguridade social", observa o demógrafo Yi. Ainda assim, a incapacidade de sustentar a população que envelhece "mina seriamente a credibilidade do governo". Portanto, embora elevar a idade mínima de aposentadoria possa ajudar a reduzir a pressão previdenciária no futuro próximo, "é difícil dizer quanto tempo isso pode durar": "É como adiar uma bomba que está tique-taqueando." Potencial de crise política Friedman acredita que para enfrentar esse desafio orçamentário, é mais necessária uma mudança estrutural do sistema previdenciário do que um simples ajuste etário. O atual sistema de aposentadoria chinês é altamente descentralizado: diferentes localidades têm suas próprias variações, o que tem o potencial de agravar as desigualdades regionais. Para os governos locais que enfrentam queda das arrecadações, "fica mais difícil cumprir suas obrigações financeiras", constata o especialista, sugerindo que Pequim estabeleça "um sistema nacional de aposentadoria", como fazem diversos países, a fim de inspirar mais confiança na aposentadoria pública. Tal confiança aumentaria a probabilidade de a população se sentir mais segura para investir seu dinheiro no presente. Pois a questão-chave não é só a idade, mas se os chineses contarão com pensões adequadas para "sustentar uma aposentadoria digna". Também sentirão o impacto da elevação da idade de aposentadoria aqueles que estão entrando para o mercado de trabalho chinês justamente agora. Com a prorrogação gradual, menos assalariados abandonarão o mercado de trabalho "implicando em menos empregos se disponibilizarem para os jovens", alerta Friedman. A taxa de desemprego entre os chineses de 16 a 24 anos vem subindo continuamente, mesmo após as autoridades terem modificado seu método de cálculo, em dezembro de 2023, excluindo quem ainda frequenta a escola: em setembro, o Departamento Nacional de Estatísticas da China acusou o recorde de 18,8% de jovens desempregados. Eli Friedman vê o perigo de qualquer "mudança significativa brusca" da idade de aposentadoria provoca protestos por parte das gerações mais jovens e dos chineses atualmente por volta dos 50 anos: "Poderia até mesmo desencadear uma crise política."


Short teaser Medida de Pequim contra sistema deficitário talvez venha tarde demais, com potencial de gerar uma crise política.
Author Yuchen Li
Item URL https://www.dw.com/pt-br/aumento-da-idade-de-aposentadoria-pode-abalar-a-china/a-70405080?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Com prorrogação das aposentadorias, haverá menos vagas para quem está entrando no mercado de trabalho
Image source Ding Lei/Xinhua/dpa/picture alliance
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Item 16
Id 70398060
Date 2024-10-03
Title Scholz diz que reunificação alemã ainda não está completa
Short title Scholz diz que reunificação alemã ainda não está completa
Teaser

Olaf Scholz durante cerimônia do Dia da Unidade Alemã em Schwerin

No Dia da Unidade Alemã, que marca a reunificação da Alemanha Ocidental e da Alemanha Oriental em 1990, chanceler federal aponta para a necessidade de mais trabalho para equilibrar disparidades entre regiões.O establishment político da Alemanha se reuniu nesta quinta-feira (03/1) para comemorar o Dia da Unidade Alemã, a celebração anual da reunificação alemã. As festividades deste ano ocorreram na cidade de Schwerin, capital do estado de Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental, no Leste da Alemanha. No Castelo de Schwerin, que também é a sede do parlamento de Mecklenburgo, políticos alemães destacaram a necessidade de um maior reconhecimento da experiência da Alemanha Oriental 34 anos após a reunificação. Todo ano, em 3 de outubro, a Alemanha marca a reunificação entre a Alemanha Ocidental e a antiga Alemanha Oriental comunista em 1990, que ocorreu oficialmente pouco menos de um ano após a queda do Muro de Berlim. O desafio da unificação Em Schwerin, o chanceler federal Olaf Scholz iniciou seus comentários observando que a "unidade e a liberdade alemãs foram finalmente alcançadas neste dia". "Nós, alemães, comemoramos a grande sorte de as coisas terem acontecido dessa forma. E é bom que sempre aproveitemos essa oportunidade para lembrar a nós mesmos e aos outros que tudo poderia ter acontecido de forma muito diferente em uma época muito menos autodeterminada, muito menos pacífica e muito menos feliz", disse Scholz. O chanceler alemão afirmou ainda entender que nenhum país no mundo lidou com um desafio como o que a Alemanha enfrentou nas últimas quatro décadas. "O desafio de unir duas sociedades que foram divididas ao longo de quatro décadas e organizadas de maneiras completamente diferentes - econômica, política, cultural e mentalmente”, acrescentou Scholz. Para o Leste "tudo mudou" O feriado sempre gera um debate sobre a situação do país após a reunificação, com críticos apontando que o prometido boom econômico no Leste da Alemanha não se concretizou e que disparidades entre as duas regiões persistem até hoje. As disparidades não ocorrem apenas na economia, mas também na política. Nos últimos anos, por exemplo, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de ultradireita, fincou raízes no Leste alemão e vem obtendo mais apoio na região do que nos estados do Oeste. Pesquisas de opinião também mostram que também há uma maior prevalência de opiniões favoráveis à Rússia entre a população do Leste. Isso pode ser observado em parte nesta quinta-feira, quando uma "marcha pela paz" em Berlim reuniu milhares de pessoas para protestar contra exportações de armas alemãs para Israel e também para a Ucrânia, que trava uma guerra defensiva contra o regime de Vladimir Putin. A marcha contou com a participação da política populista Sahra Wagenknecht, que iniciou sua carreira política ainda na antiga Alemanha Oriental. Em Schwerin, vários políticos falaram sobre a necessidade de maior reconhecimento da experiência do Leste alemão e das promessas não cumpridas da reunificação. A governadora de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Manuela Schwesig, falou sobre a desigualdade de experiências. "Para a maioria das pessoas nos estados da Alemanha Ocidental, pouca coisa mudou como resultado da reunificação alemã", disse Schwesig. "Mas para nós, na Alemanha Oriental, para nossas famílias, quase tudo mudou." Schwesig disse que o Leste "continua diferente: com suas expectativas e experiências, com suas atitudes e perspectivas de vida". Ela ainda afirmou que as desigualdades ainda assolam a região, com os alemães do leste tendo menos riqueza em comparação com os do Oeste. A reunificação "não está completa" Scholz fez eco ao ponto de vista de Schwesig, acrescentando que "para milhões de pessoas, a turbulência nos anos que se seguiram à reunificação significou uma coisa acima de tudo: um colapso". Os alemães orientais sofreram "uma desvalorização de seus conhecimentos, suas experiências, o trabalho de suas vidas", disse ele. Scholz admitiu que, embora a reunificação do país tenha progredido significativamente desde a queda do Muro de Berlim, o processo está longe de ser perfeito. "Não estou revelando um segredo aqui: A reunificação alemã, é claro, não foi concluída nesse sentido, mesmo depois de 34 anos", disse Scholz. O chanceler alemão pediu que se continuasse a trabalhar para melhorar a vida das pessoas no Leste. "Onde quer que a política possa criar melhores oportunidades de vida e condições de vida iguais. Isso deve acontecer. E é exatamente nisso que estamos trabalhando juntos, em todos os níveis", disse Scholz. jps (DW, ots)


Short teaser No Dia da Unidade Alemã, chanceler aponta para a necessidade de mais trabalho para equilibrar disparidades entre regiões
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Image caption Olaf Scholz durante cerimônia do Dia da Unidade Alemã em Schwerin
Image source Jens Büttner/Pool/dpa/picture alliance
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Item 17
Id 70397096
Date 2024-10-03
Title Morre Cid Moreira, aos 97 anos, ícone da TV brasileira
Short title Morre Cid Moreira, aos 97 anos, ícone da TV brasileira
Teaser Ele se tornou o rosto mais marcante do Jornal Nacional, da Rede Globo, e do telejornalismo do país. Locutor estava internado com pneumonia.

Morreu nesta quinta-feira (03/10), aos 97 anos, o jornalista, locutor e apresentador Cid Moreira.

Ele se tornou o rosto mais marcante do Jornal Nacional, da Rede Globo, e da televisão brasileira, ao ser o primeiro a comandar a bancada do noticiário que por anos foi líder absoluto de audiência.

Ele estava internado há algumas semanas para tratar uma pneumonia no Hospital Santa Tereza, em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, não resistiu e faleceu por insuficiência renal crônica por volta das 8h.

Cid Moreira, que completou 97 anos no domingo, apresentou o Jornal Nacional por mais de 25 anos, liderando aproximadamente 8 mil edições do telejornal. Dono de uma voz grave, a partir do início dos anos 1990 dedicou-se também a gravar salmos bíblicos e a íntegra da Bíblia em 2011, ambos com grande sucesso.

O apresentador mais icônico da televisão brasileira nasceu em Taubaté, no Vale do Paraíba (SP) em 1927. Começou a carreira no rádio, aos 17 anos, em 1944, na Rádio Difusora da cidade. Quando se mudou para São Paulo trabalhou na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade.

Rádio, comerciais, Fantástico

No Rio de Janeiro, em 1951, foi locutor da Rádio Mayrink Veiga, época na qual começou a gravar comerciais ao vivo em programas da TV Rio. Foi em 1963 sua estreia oficial como locutor de notícias à frente do Jornal de Vanguarda, da TV Rio.

Em seguida, passou por emissoras como a Tupi, Excelsior, Continental e Globo, onde e, 1969 passou a ser por décadas a cara e a voz do telejornalismo do canal.

Foi em setembro de 1969 a primeira transmissão do Jornal Nacional com Cid Moreira, ao lado de Hilton Gomes. Logo depois, ganhou a companhia de Sérgio Chapelin na bancada. No total, foram 26 anos como o principal apresentador do telejornal.

Ele também fez vários projetos paralelos além do jornalismo e das leituras de textos religiosos. Atuou no Fantástico, ficou famoso com o quadro do ilusionista Mr. M, o "senhor de todos os sacrilégios", que desvendava os artifícios utilizados pelos mágicos em seus truques.

Sua biografia foi lançada em 2010, sob título Boa noite – Cid Moreira, a grande voz da comunicação do Brasil, escrita por sua esposa, Fátima Sampaio Moreira.

Autoridades renderam homenagens ao locutor nas redes sociais.

O governador do Pará, Helder Barbalho, emitiu uma nota lamentando a morte do apresentador. "O Brasil se despede hoje do jornalista Cid Moreira. Sua voz inconfundível e seu legado na comunicação brasileira serão eternos. Descanse em paz. Meus sentimentos aos familiares e amigos!", postou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também publicou uma mensagem em homenagem a Cid Moreira, afirmando que ele foi "uma das personalidades mais emblemáticas da história" do jornalismo e da televisão brasileira.

md (Agência Brasil, EFE)

Short teaser Ele se tornou o rosto mais marcante do Jornal Nacional, da Rede Globo. Locutor estava internado com pneumonia.
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Item 18
Id 70392252
Date 2024-10-02
Title Casal é hospitalizado por suspeita de infecção por vírus de Marburg na Alemanha
Short title Casal tem suspeita de infecção por vírus Marburg na Alemanha
Teaser

Estação central de Hamburg foi temporariamente fechada para isolar pacientes com suspeita de infecção pelo vírus de Marburg

Estação central de Hamburgo foi fechada temporariamente para isolar passageiros. Vírus é tão letal quanto o ebola.Dois passageiros que estavam a bordo de um trem de alta velocidade foram hospitalizadas ao chegar na cidade alemã de Hamburgo nesta quarta-feira (02/10) devido à suspeita de infecção pelovírus de Marburg, um patógeno similar ao ebola. A operação da estação central da cidade precisou ser temporariamente suspensa para que os passageiros pudessem ser isolados e levados ao Centro Médico Universitário de Hamburgo, segundo informou a prefeitura da cidade. Os dois passam por exames para avaliar se há infecção pelo vírus. O Marburg, como é conhecido, pode causar febre alta, hemorragia, falência dos órgãos e outros sintomas semelhantes aos do ebola. Ataxa de mortalidade pode chegar a 88%, dependendo da cepa e do gerenciamento do caso. De acordo com a prefeitura de Hamburgo, um dos passageiros havia trabalhado recentemente em um hospital em Ruanda como parte de um programa de graduação em medicina, onde havia pacientes infectados com o vírus. O país africano enfrenta o que pode se transformar em um surto da doença desde 27 de setembro. Segundo o Ministério da Saúde de Ruanda, 29 pessoas contraíram o vírus e 11 morreram desde então. Outras 300 estão sendo monitoradas. Parte dos casos foi identificada em profissionais da área da saúde. Os pacientes internados na Alemanha haviam voado de Ruanda para a cidade alemã de Frankfurt e, de lá, viajaram para Hamburgo de trem. Como eles perceberam sintomas gripais durante a viagem, informaram as autoridades de saúde antes mesmo de chegar à estação. O local foi imediatamente isolado. Os demais passageiros do trem que podem ter tido contato com os viajantes serão acompanhados. O que é o vírus de Marburg? O Marburg pertence à mesma família de patógenos do vírus agente do ebola. A transmissão acontece principalmente por meio do contato com fluidos corporais de pessoas infectadas, como sangue, saliva e suor. O vírus também pode causar dor muscular, cólicas abdominais, diarreia e vômitos com sangue. Os sintomas geralmente aparecem de forma abrupta. Atualmente, não há vacina ou tratamento aprovados para conter a disseminação do vírus, segundo a Organização Mundial de Saúde. O período de incubação do patógeno é de dois a 21 dias, mas os sintomas mais graves costumam aparecer em uma semana. Vírus leva nome de cidade alemã De acordo com a autoridade de saúde dos EUA, o CDC, a Alemanha não registra um surto da doença desde 1967. O patógeno leva o nome da cidade alemã de Marburg porque foi identificado pela primeira vez no município, naquele ano, quando cientistas contraíram o vírus de um macaco. Desde então, houve um número limitado de surtos em Angola, na República Democrática do Congo, no Quênia, na África do Sul, na Uganda e em Ruanda. gq (dpa, afp, agência brasil, dw, ard)


Short teaser Estação de Hamburgo foi fechada temporariamente para isolar passageiros. Vírus é tão letal quanto o ebola.
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Image caption Estação central de Hamburg foi temporariamente fechada para isolar pacientes com suspeita de infecção pelo vírus de Marburg
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Item 19
Id 70388700
Date 2024-10-02
Title Embate com Israel pode debilitar ainda mais a economia do Irã
Short title Embate com Israel pode debilitar ainda mais economia do Irã
Teaser

As exportações de petróleo são uma importante fonte de renda para o Irã

Escalada do conflito no Oriente Médio já repercute no preço do petróleo e pode impactar a economia mundial. Crise interna iraniana, alavancada por sanções, pode piorar ainda mais, alimentando a insatisfação popular.O preço do petróleo subiu na manhã desta quarta-feira (02/10) após os ataques com mísseis do Irã contra Israel. O petróleo bruto Brent do Mar do Norte e o petróleo bruto WTI dos EUA subiram, cada um, mais de 1,5%, para 74,74 e 71,04 dólares por barril (1 barril = 159 litros) na manhã de quarta-feira. Os preços já haviam subido cerca de 2,5% no dia anterior. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já anunciou que pretende retaliar o ataque do Irã, mas sem dar detalhes. O alvo poderia ser instalações de petróleo no Irã e outros locais estratégicos, informou o portal de notícias americano Axios, citando autoridades israelenses. "O Irã fornece cerca de 4% do suprimento global de petróleo. A questão importante agora é se a Arábia Saudita aumentará sua produção no caso de os fornecimentos iranianos serem interrompidos", escreveram especialistas da empresa de análise Capital Economics. Exportações de petróleo apesar das sanções As exportações de petróleo são uma importante fonte de renda para o Irã. E embora os EUA tenham se retirado do acordo nuclear com o Irã em 2018 e reimposto sanções ao setor petrolífero do país, que desde então foram prorrogadas, o Irã ainda consegue vender petróleo no exterior, especialmente para a China. Em 2023, as exportações de petróleo do país totalizaram "mais de 35 bilhões de dólares" (R$ 190 bilhões), como anunciou em março o ministro do Petróleo, Javad Owji – conforme relatado pelo jornal Financial Times. Para o período de janeiro a maio de 2024, a empresa de análise Vortexa, especializada no setor de energia, calculou um aumento para uma média de 1,56 milhão de barris por dia. "O aumento das exportações foi possível graças ao aumento da produção de petróleo bruto, à maior demanda da China e à expansão da frota escura", disse a Vortexa no final de junho de 2024. A "frota escura", também conhecida como "frota fantasma", é como são chamados os navios camuflados que contrabandeiam petróleo para contornar as sanções. De acordo com a organização americana sem fins lucrativos United Against Nuclear Iran (Uani), a frota clandestina do Irã é composta por pelo menos 383 navios. O Irã vende seu petróleo com um desconto de 20% em relação ao preço do mercado mundial, segundo estimativas da estação de TV Iran International, com sede em Londres, em troca do risco de os compradores terem problemas devido às sanções dos EUA. "As refinarias chinesas são os principais compradores das remessas ilegais de petróleo do Irã, que são misturadas por intermediários com remessas de outros países e declaradas na China como importações de Cingapura ou de outros países de origem", disse a emissora. Moeda fraca, inflação em alta As sanções impostas pelo Ocidente não afetam apenas o setor petrolífero, mas também as transações de pagamento internacionais com o Irã. Isso fez com que a moeda nacional, o rial, despencasse. Hoje, os iranianos têm de pagar 580 mil riais por um dólar americano no mercado negro. Depois que o acordo para interromper o programa nuclear do Irã foi assinado em 2015, um dólar ainda valia 32 mil riais. As sanções e a baixa taxa de câmbio tornam mais caros os produtos de uso diário, em parte porque o Irã não é independente quando se trata do fornecimento de alimentos. A taxa de inflação está atualmente em torno de 40%. Comparação do poder econômico Embora a renda proveniente das exportações de petróleo tenha se estabilizado nos últimos anos, o Irã é tudo menos um peso pesado econômico. Com cerca de 88 milhões de pessoas, sua população é quase dez vezes maior que a de Israel (nove milhões). No entanto, com cerca de 403 bilhões de dólares, a produção econômica do Irã em 2023 foi significativamente menor do que a de Israel, com cerca de 509 bilhões de dólares. As diferenças ficam ainda mais claras na relação entre o valor total de todos os bens e serviços produzidos em um ano, o Produto Interno Bruto (PIB), e a população. De acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), o PIB per capita no Irã foi de 4.663 dólares no ano passado, enquanto em Israel foi de mais de 52 mil dólares. Para a classe média, a situação econômica se deteriorou visivelmente nas últimas duas décadas. "O padrão de vida voltou ao que era há 20 anos por causa das sanções", disse Djavad Salehi-Isfahani, professor de economia da universidade americana Virginia Tech, em entrevista à DW. Corrupção e falta de transparência De qualquer forma, muito dinheiro se infiltra nas estruturas não transparentes dos que estão no poder em Teerã. No índice da Transparência Internacional, que mede a percepção de corrupção, o Irã ocupa a 149ª posição entre 180 países. Israel está em 33º lugar, em comparação com o 24º lugar dos EUA e o nono lugar da Alemanha. Particularmente opaco é o papel da Guarda Revolucionária (um exército paralelo) e das fundações religiosas, que controlam partes centrais da economia. Eles não pagam impostos, não precisam apresentar balanços patrimoniais e, acima de tudo, estão subordinados ao chefe político e religioso do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. Insatisfação da população No Irã, o presidente é eleito pelo povo – mais recentemente em julho de 2024 – mas o país não é uma democracia. Dos 80 candidatos, o ultraconservador Conselho dos Guardiões só permitiu que seis candidatos concorressem às votações. O regime está tentando comprar a paz social por meio de subsídios, por exemplo, para alimentos e gasolina. Apesar de toda a repressão, ele parece temer a insatisfação da população. Há repetidos protestos contra a liderança política, desencadeados, por exemplo, pelo aumento dos preços ou pela obrigatoriedade do uso do lenço na cabeça para as mulheres. Uma guerra com Israel seria um grande fardo econômico para o Irã. Poderia fazer com que o governo em Teerã tivesse que economizar em outras áreas, o que, consequentemente, aumentaria o descontentamento no país.


Short teaser Escalada no Oriente Médio repercute no preço do petróleo e pode impactar iranianos, gerando insatisfação no país.
Author Andreas Becker, Thomas Kohlmann
Item URL https://www.dw.com/pt-br/embate-com-israel-pode-debilitar-ainda-mais-a-economia-do-irã/a-70388700?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption As exportações de petróleo são uma importante fonte de renda para o Irã
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Item 20
Id 70377413
Date 2024-10-01
Title Chinesa é presa por suspeita de espionagem na Alemanha
Short title Chinesa é presa por suspeita de espionagem na Alemanha
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Suspeita trabalhou para  empresa de logística no aeroporto de Leipzig/Halle, um conhecido centro de transporte de carga

Mulher de 38 anos que trabalhava em empresa de logística no aeroporto de Leipzig/Halle é suspeita de repassar informações à inteligência chinesa. Alvos seria fábrica de armamentos envolvida na produção de tanques LeopardAutoridades alemãs anunciaram nesta terça-feira (01/10) a prisão de uma chinesa acusada de espionar a indústria de armamentos do país enquanto trabalhava em uma empresa de logística. A suspeita, identificada como Yaqi X., teria repassado informações a outro espião chinêsde nome Jian G., que também está sob custódia das autoridades. Ele trabalhou como assessor do eurodeputado Maximilian Krah, do partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD). A chinesa foi presa nesta segunda-feira por "fortes suspeitas de atuar como agente de inteligência para um serviço secreto chinês", disseram em nota os promotores federais que trabalham no caso. Yaqi X. trabalhou para uma empresa que fornece serviços de logística no aeroporto de Leipzig/Halle, no leste do pais, um conhecido centro de transporte de cargas. Ela teria usado sua posição para colher informações sobre o "transporte de equipamentos militares e pessoas associadas a uma empresa alemã de armamentos". Segundo os promotores, entre agosto de 2023 e fevereiro deste ano, ela "enviou repetidas vezes informações sobre voos, cargas e passageiros no aeroporto para um funcionário do serviço secreto chinês, a saber, Jian G., que responde a um processo diferente". Segundo relatou a revisa alemã Der Spiegel, citando fontes anônimas de segurança, Yaqi X., de 38 anos, tinha como alvo, particularmente, a fabricante de armamentos Rheinmetall, envolvida na fabricação dos tanques Leopard, que utiliza o aeroporto de Leipzig para voos de transporte de cargas. A chinesa. foi levada perante um juiz do Tribunal Federal de Justiça que lhe deu voz de prisão e ordenou que permanecesse sob custódia. Sua residência e seu local de trabalho em Leipzig foram alvos de buscas. "Ataque à democracia" Jian G. foi preso em abril deste ano sob suspeita de praticar espionagem quando trabalhava em Bruxelas no escritório do eurodeputado Krah. Ele teria compartilhado informações do Parlamento Europeu com um serviço de inteligência da China sobre personalidades da oposição na Alemanha. As acusações estão em meio a uma série de controvérsias envolvendo a AfD, incluindo alegações de que alguns dos membros do partido teriam conexões com a Rússia. A ministra alemã do Interior, Nancy Faeser, disse que as alegações contra Jian G. são "muito graves" e, se confirmadas, seriam um "ataque vindo de dentro à democracia europeia". As emissoras públicas alemãs ARD, RBB e SWR relataram que o chinês já seria conhecido das autoridades. Há cerca de dez anos ele se teria oferecido à inteligência alemã para atuar como informante, mas foi rejeitado sob suepi5a de ser um agente duplo. Espionagem em alta na Alemanha A Alemanha vem acumulando casos suspeitos de espionagem em seu território, que foram desvendados nos últimos meses, envolvendo supostos agentes russos e chineses. Em junho, foram presos no país três homens de nacionalidade, russa, armênia e ucraniana, suspeitos de trabalharem para uma agência de inteligência estrangeira. Eles teriam viajado para a Alemanha a mando de um serviço secreto estrangeiro, com a missão de coletar informações sobre um cidadão ucraniano residente em solo alemão. Em abril, três suspeitos de espionagem a serviço da China foram presos, acusados de tentarem obter informações sensíveis sobre tecnologias militares alemãs, através de uma empresa de fachada. No mesmo mês, um ex-capitão da Bundeswehr (Forças Armadas da Alemanha) admitiu perante um tribunal ter espionado para a Rússia. Ele disse que forneceu informações à inteligência russa por temer agravamento das tensões nucleares, em meio à guerra na Ucrânia. rc (AFP, AP)


Short teaser Mulher que trabalhava em empresa de logística no aeroporto de Leipzig teria espionado para inteligência chinesa.
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Image caption Suspeita trabalhou para empresa de logística no aeroporto de Leipzig/Halle, um conhecido centro de transporte de carga
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Item 21
Id 70367046
Date 2024-09-30
Title Reservas de petróleo fazem Guiana chamar emigrantes de volta
Short title Reservas de petróleo fazem Guiana chamar emigrantes de volta
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Construção de porto para exploração de petróleo na costa da Guiana: mais de 10 bilhões de barris a serem extraídos

Descoberta de grandes jazidas do combustível fóssil em 2015 aquece a economia local, mas faltam mão de obra e trabalhadores qualificados. Governo quer atrair de volta os guianenses na diáspora.A Guiana é atualmente, é o país sul-americano com as maiores taxas de crescimento. Desde que enormes reservas de petróleo foram descobertas, em 2015, ela vem experimentando um crescimento econômico de proporções inimagináveis. De acordo com a empresa americana Exxon, os recursos petrolíferos que podem ser extraídos nas áreas de produção conhecidas chegam a cerca de 11 bilhões de barris. Tudo isso tem um impacto sobre a economia local. De acordo com o portal de estatísticas Statista, com base em números do FMI e do Banco Mundial, a renda nacional bruta se multiplicará de 4,62 bilhões de euros (R$ 28 bilhões) em 2019 para 29,3 bilhões de euros (R$ 177 bilhões) em 2029. Assim, a nação que faz fronteira com Venezuela, Brasil e Suriname, tornou-se uma das economias mais dinâmicas do mundo. "É como se o país tivesse ganhado na loteria", compara Diletta Doretti, representante do Banco Mundial para a Guiana e o Suriname, em entrevista à emissora BBC. Busca por mão de obra qualificada Os efeitos desse boom são visíveis por toda parte, como nos inúmeros canteiros de obras e projetos de infraestrutura na capital Georgetown. No entanto falta a agora necessária mão de obra qualificada. Por isso a Guiana quer trazer de volta quem foi embora. Até as descobertas de petróleo, nove anos atrás, havia uma onda constante de emigração do país, pois muitos, especialmente os jovens, não viam perspectivas na Guiana, indo buscar a sorte no exterior. Apenas quatro anos após as primeiras grandes descobertas de petróleo, cerca de 50 mil migrantes retornaram à Guiana, informa o portal local Newsroom, citando o Ministério das Finanças nacional. O petróleo marcou a virada: em 2016, pela primeira vez na história recente da Guiana, mais cidadãos entraram no país do que saíram (1.510), de acordo com um relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM). Em 2018, a migração líquida já estava em 18.150 habitantes. Durante uma visita ao Canadá naquele ano, o ministro das Relações Exteriores da Guiana já havia feito uma campanha agressiva pelo retorno de seus compatriotas: "Não só envie dinheiro para casa, volte e invista", apelava. Nos últimos dois anos, outros 32 mil retornaram. Para uma população de pouco mais de 800 mil, trata-se de um grande aumento. Gerenciamento da remigração Atendendo a uma consulta pela DW, o Ministério guianense das Relações Exteriores mencionou o programa de remigração que oferece assistência e apoio a quem decide voltar para casa. "O governo da Guiana está comprometido com o desenvolvimento econômico sustentável e ciente do potencial da diáspora para apoiar esse processo. O Programa de Retorno é uma das muitas iniciativas com o objetivo de incentivar os guianenses que vivem fora a retornarem e contribuir para o desenvolvimento de seu país de origem.” Os instrumentos criados para facilitar o retorno incluem isenções de impostos para profissionais qualificados. O Centro de Migração de Retorno define claramente seus objetivos, que vão desde "apoiar os cidadãos interessados em retornar à Guiana" até "reintegrar os guianenses que retornam e utilizar suas habilidades e recursos". Isso deve se tornar possível através de diretrizes estratégicas para o gerenciamento eficiente da repatriação, oferecendo assistência desburocratizada. No exterior, as embaixadas e consulados informam e aconselham os cidadãos dispostos a retornar. Reivindicações venezuelanas por terras e petróleo "Estou morando aqui há quase dois anos. Toda vez que saio do país, noto a diferença quando volto", diz a gerente do Banco Mundial, Diletta Doretti. Os números confirmam essa impressão: enquanto em 2019 os investimentos em projetos de infraestrutura, como estradas e portos, ainda eram de 187 milhões de dólares, eles dispararam para 650 milhões de dólares em 2023. Mas há também uma sombra sobre essa história de sucesso. O país vizinho, Venezuela, sob o regime ditatorial socialista de Nicolás Maduro, mais uma vez reivindicou grandes regiões do país desde as descobertas de petróleo. Num referendo altamente controverso e pouco transparente, Maduro teve sua reivindicação territorial aprovada pela população, com base numa disputa histórica com a antiga potência colonial britânica sobre a demarcação de fronteiras. Desde então, paira no ar a ameaça de uma imposição militar das reivindicações territoriais sobre a Guiana. Maduro já mandou imprimir mapas em que são atribuídas à Venezuela grandes partes da Guiana com acesso direto às reservas de petróleo. E de fato, muitos venezuelanos já foram para a Guiana, a fim de escapar da repressão e da crise de abastecimento em seu país de origem.


Short teaser Grandes jazidas do combustível aquecem a economia do país, que agora quer atrair mão de obra que foi morar no exterior.
Author Tobias Käufer
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Image caption Construção de porto para exploração de petróleo na costa da Guiana: mais de 10 bilhões de barris a serem extraídos
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Item 22
Id 44340160
Date 2024-09-30
Title Ponte aérea de Berlim, marco da amizade Alemanha-EUA
Short title Ponte aérea de Berlim, marco da amizade Alemanha-EUA
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"Bombardeiros de uvas-passas" voavam tão baixo que pilotos e berlinenses trocavam acenos

Em 1948, a União Soviética decretava o cerco de Berlim Ocidental, privando-a de alimento e energia. A solução dos Aliados foi abastecer a cidade pelo ar, na operação "Luftbrücke". Era o início de uma grande amizade.Era a primavera europeia de 1948, a Segunda Guerra Mundial acabara há três anos. O sonho de Adolf Hitler de um reino nazista milenar e sua ideologia racista custaram milhões de vidas humanas. A Alemanha jazia em ruínas, e agora os sobreviventes tinham esperança de tempos melhores. Entretanto, a sombra da Guerra Fria ainda pesava sobre a reconstrução. Os Aliados ocidentais e a União Soviética (URSS) se observavam mutuamente, com desconfiança. As tensões eram especialmente sensíveis na Berlim dividida. O oeste da metrópole era administrado pelas potências vencedoras Estados Unidos, Reino Unido e França, e o leste, pela URSS. No três setores das potências ocidentais em Berlim viviam cerca de 2 milhões de pessoas, como numa ilha em meio ao império soviético. Tanto a Alemanha Oriental, que circundava a cidade, como o Leste Europeu estavam firmes na mão de Moscou. Berlim Ocidental só era abastecida por uma linha ferroviária, uma autoestrada e algumas vias fluviais, atravessando o território da zona comunista. Em 20 de junho de 1948, iniciou-se uma prova de força entre Leste e Oeste, quando os Aliados decidiram criar uma união monetária, introduzindo o D-Mark, o marco alemão. Soviéticos contra o marco alemão A intenção era estabilizar economicamente a Alemanha por meio de uma moeda forte. Mas a União Soviética se recusou a aceitar a introdução do marco também em Berlim Ocidental, temendo que ela consolidasse o status especial daquela parte da cidade em meio ao território soviético, como um flanco aberto para os Aliados. O conflito latente se transforma em briga declarada. "Assim ocorreu um racha entre as três potências ocupadoras ocidentais e o lado soviético", conta Bernd von Kostka, do Museu dos Aliados, na capital alemã. "Uma política conjunta para a Alemanha se tornou impossível com a união monetária." Na madrugada de 24 de junho, os soviéticos barraram todos os acessos à parte oeste de Berlim. Como 75% da eletricidade vinha das regiões circundantes, logo as luzes se apagaram. O Bloco Comunista planejava desmoralizar os habitantes, a fim de expulsar os Aliados da metrópole dividida. "Ninguém sabia o que estava acontecendo, nem os americanos, nem nós", lembra o berlinense Gerhard Bürger, cujas recordações, assim como de outras testemunhas da época, estão disponíveis no website do projeto Memória da Nação, da Fundação Haus der Geschichte (Casa da História). "O medo de que os americanos nos abandonassem, de que nós, por assim dizer, fôssemos cair nas mãos dos russos, era enorme", relata. Aliados defendem bastião contra comunismo Os Aliados resolveram defender seus postos, ainda que se tratasse da antiga capital do inimigo recém-derrotado, que levara morte e devastação a tantas partes do mundo. Os EUA viam Berlim Ocidental como posto avançado da liberdade, um bastião contra o comunismo a ser defendido. Como os Aliados não haviam fechado nenhum contrato com a URSS sobre a utilização das vias de acesso, não dispunham de nenhum recurso jurídico contra o bloqueio. Uma opção militar não entrava seriamente em cogitação, devido ao alto risco envolvido. Por outro lado, americanos, ingleses e franceses dispunham de três corredores aéreos garantidos. O tempo urgia, com os berlinenses ocidentais sob ameaça de morrer de fome. "Logo começou a ser mais racionado ainda, além do racionamento normal. Era uma ingerência na vida que não podia ter um efeito mais dramático", recorda o cidadão Eberhard Schönknecht. De comum acordo com seus aliados, o então presidente dos EUA, Harry S. Truman, decidiu realizar uma espetacular operação de salvamento: abastecer inteiramente por via aérea uma cidade daquelas proporções, com 2 milhões de habitantes, em meio à reconstrução sobre as ruínas de uma guerra mundial. Plano mirabolante O plano de estabelecer uma tão monumental Luftbrücke (ponte aérea) provisória foi apoiado "com ressalvas", relata Von Kostka. Mas não havia alternativa. Em 26 de junho, os primeiros aviões da Força Aérea americana partiram de Frankfurt e Wiesbaden para Berlim. Os franceses, que acabavam de sofrer sob a ocupação alemã, precisaram de mais tempo para se decidir a favor da assistência aérea. Contudo, em breve os aviões de transporte estavam voando ininterruptamente. A intervalos de 90 segundos, aterrissavam no aeroporto Tempelhof, no setor americano; Gatow, no britânico; e, a partir de dezembro de 1948, no aeroporto Tegel, recém-ampliado pelos franceses. A parte sitiada de Berlim precisava diariamente, em média, de pelo menos 5 mil a 6 mil toneladas de gêneros alimentícios e carvão. A maior operação transcorreu entre 15 e 16 de abril de 1949, quando, no espaço de 24 horas, 1.400 aviões entregaram quase 13 mil toneladas de carga. Os pilotos da ponte aérea estavam mobilizados constantemente, muitas vezes esgotados, arriscando a vida para aterrissar na cidade sitiada, independentemente das condições meteorológicas. Algumas máquinas sofreram acidentes. As movidas a hélices, apelidadas pelos berlinenses de Rosinenbomber (bombardeiros de uvas-passas), sobrevoavam a cidade tão baixo ao aterrissar, que tripulação e cidadãos podiam trocar acenos. Com paraquedas improvisados, os pilotos jogavam chocolates e chicletes para as crianças. "Na época, o sentimento em relação à Luftbrücke entre nós, jovens, era fantástico", recorda o berlinense Günter Schliepdiek. "A simpatia pelos americanos no nosso meio era, sem dúvida, muito, muito grande." Berlinenses determinados Não apenas a façanha logística dos Aliados foi decisiva, mas também a força de vontade dos sitiados. Na página multimídia do projeto Memória da Nação, o historiador suíço Walther Hofer descreve a situação no inverno, quando cada casa só tinha uma hora de eletricidade a cada 24 horas, pois era preciso trazer pelos ares o carvão para as usinas elétricas. "O horário mudava de semana para semana, de forma que, dependendo do caso, só dava para cozinhar a única refeição quente do dia à 1h da manhã." Não se podia sequer falar de calefação. "Foram privações inacreditáveis que a população teve que aguentar", avalia Hofer, docente da Universidade Livre de Berlim nos anos 50. Em 9 de setembro de 1948, num discurso histórico, o prefeito de Berlim Ocidental, Ernst Reuter, apelou às potências ocidentais para que não deixassem a cidade à sua sorte. "Povos do mundo, povos da América, da Inglaterra, da França: olhem para esta cidade e reconheçam que vocês não devem, não podem entregar esta cidade e este povo", apelava o social-democrata ao microfone, diante das ruínas do parlamento, o Reichstag. Modelo para assistência de crise, hoje A cada dia em que mantinham a ponte aérea, os Aliados ocidentais conquistavam mais simpatia da opinião pública internacional, enquanto caía a reputação dos soviéticos. Por fim, o ditador Josef Stalin reconheceu não ter como vencer aquele pôquer de poder. Em 12 de maio de 1949, o bloqueio foi suspenso, após negociações secretas com Washington. Até então, as Forças Aliadas haviam levado mais de 2,1 milhões de toneladas de gêneros de primeira necessidade à cidade, em cerca de 260 mil voos, numa verdadeira proeza de logística. Em 30 de setembro daquele ano, a ponte aérea foi encerrada oficialmente. Não só para os berlinenses, mas para todos os alemães ocidentais, a ponte aérea tinha um enorme significado simbólico e psicológico. Os alemães se sentiram novamente parte da comunidade de valores do Ocidente, explica Von Kostka. "Os alemães não mais viam os Aliados, em primeira linha, como forças ocupadoras, mas antes como forças protetoras." Da Luftbrücke à amizade transatlântica com os EUA bastou um pequeno passo. Von Kostka considera a ponte aérea de Berlim também um modelo de como prestar assistência nas atuais regiões de crise e de conflito. "Pode-se ver como o abastecimento pelo ar é perfeitamente possível. E com a capacidade de transporte dos aviões de carga atuais, se poderia levar a mesma quantidade que a Luftbrücke a qualquer cidade do mundo, com uma fração do número de voos", diz.


Short teaser Em1948, a União Soviética decretava cerco de Berlim. A solução foi abastecer a cidade pelo ar, na operação "Luftbrücke".
Author Ralf Bosen
Item URL https://www.dw.com/pt-br/ponte-aérea-de-berlim-marco-da-amizade-alemanha-eua/a-44340160?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption "Bombardeiros de uvas-passas" voavam tão baixo que pilotos e berlinenses trocavam acenos
Image source picture-alliance/akg-images
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Item 23
Id 70349039
Date 2024-09-29
Title Cern aos 70 anos: colidindo partículas em nome da humanidade
Short title Cern aos 70 anos: colidindo partículas em nome da humanidade
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Tubo de vácuo do LHC mede 27 quilômetros

Desde 1954 a Organização Europeia de Pesquisa Nuclear tem estado na vanguarda de grandes descobertas científicas, como a confirmação prática do bóson de Higgs. Seu astro é o Grande Colisor de Hádrons.A Organização Europeia de Pesquisa Nuclear – mais conhecida por seu antigo acrônimo em francês, Cern – é um epicentro de avanços científicos. Desde 1954, milhares entre os mais importantes cientistas e novas mentes do mundo têm convergido para a Suíça para explorar como o universo funciona. Assim, o Cern é sede de algumas das descobertas mais importantes dos séculos 20 e 21, da confirmação do misterioso bóson de Higgs, em 2012, a inovações mais práticas, como a criação da World Wide Web. Neste domingo (29/09), a instituição comemora seu 70º aniversário. Ela é especialmente conhecida por seu extenso acelerador de partículas subterrâneo, o Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), um tubo de 27 quilômetros de extensão construído perto de Genebra, sob as zonas fronteiriças da Suíça e da França. Desde setembro 2008, o LHC vem sendo utilizado para aceleração de partículas subatômicas, com o lançamento de feixes de prótons em direções opostas ao longo do tubo de vácuo. As partículas altamente energizadas são guiadas por supercondutores eletromagnéticos, até colidirem a quase a velocidade da luz. Elas são tão pequenas, que fazê-las colidir é como a colisão de duas agulhas atiradas a 10 quilômetros de distância, e a energia resultante é utilizada para criar novas partículas subatômicas. Ao todo, o Cern abriga 11 aceleradores, empregados no desenvolvimento de novas tecnologias, algumas das quais afetam a vida quotidiana, de computadores e microchips mais potentes a avanços na saúde, energia e exploração espacial. Bósons de Higgs, sim, buracos negros, não Um dos pontos centrais da agenda do Cern era encontrar a assim chamada "partícula de Deus": o bóson de Higgs. Ele deve seu nome ao Nobel da Física inglês Peter Higgs (1929-2024), o qual postulava que essa partícula preenche todo o universo, conferindo massa às demais. A comprovação prática dessa teoria veio em 2012, abrindo todo um novo campo da física de partículas e ajudando a explicar por que elas se aglutinaram na formação do universo. Antes de o Grande Colisor entrar em funcionamento, havia o receio de que fazer colidir prótons a quase a velocidade da luz poderia resultar na formação de micro buracos negros. Diferente de seus grandes parentes no espaço sideral que aprisionam matéria e energia, porém, eles durariam apenas frações de segundo e seriam totalmente inofensivos. Esse temor não se confirmou, contudo – para decepção de alguns cientistas, que viam na eventual confirmação da teoria uma oportunidade de estudar como a gravidade se comporta em escala quântica. Contudo, o LHC não é o fim da linha para os cientistas do Cern, que ambicionam ainda encontrar resposta para muitas outras questões em aberto sobre o universo. Assim, estão desenvolvendo um Grande Colisor de Hádrons de Alta Luminosidade (LH-LHC) de segunda geração, permitindo-lhes no mínimo quintuplicar o número de colisões de prótons no tubo de vácuo. O LH-LHC deverá entrar em operação por volta de 2041, com planos de gerar pelo menos 15 milhões de bósons de Higgs por ano. A meta é não só aprender mais sobre as misteriosas partículas, mais também descobrir outras, ainda desconhecidas.


Short teaser Organização Europeia de Pesquisa Nuclear está na vanguarda científica. Seu astro é o Grande Colisor de Hádrons.
Author Matthew Ward Agius
Item URL https://www.dw.com/pt-br/cern-aos-70-anos-colidindo-partículas-em-nome-da-humanidade/a-70349039?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Tubo de vácuo do LHC mede 27 quilômetros
Image source Martial Trezzini/Keystone/AP/picture alliance
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Item 24
Id 70353968
Date 2024-09-28
Title Parlamento da Turíngia elege líder conservador, rejeita AfD
Short title Parlamento da Turíngia elege líder conservador, rejeita AfD
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"Cordão sanitário" de centristas e populistas de esquerda garantiu eleição de Thadäus König na Turíngia

Deputados do estado do Leste Alemão escolhem membro da CDU como presidente da câmara. Apesar de ter obtido o maior número de assentos, extremistas de direita estão isolados na Turíngia por todos os demais partidos.Thadäus König, da União Democrata Cristã (CDU), de centro-direita, foi eleito neste sábado (28/09) presidente do parlamento estadual da Turíngia. Ele concorria com Wiebke Muhsal, da ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), ao cargo que confere a liderança do órgão e o poder de convocar os deputados para sessões a qualquer momento. O conservador obteve 54 dos 88 votos, com o apoio das legendas de centro-esquerda e extrema esquerda. Nas eleições regionais de 1º de setembro, seu partido, CDU ficara em segundo lugar, com 24% dos votos. Tendo obtido 32,8%, e portanto mais de um terço dos assentos, a AfD tinha prioridade para apresentar um candidato à presidência do órgão legislativo. Formando um assim chamado "cordão sanitário", os demais partidos se propuseram a bloquear a candidata de extrema direita, e na quinta-feira se reuniram para a votação – a qual, no entanto, degenerou em caos. O deputado mais idoso, Jürgen Treutler, da AfD, de 73 anos, que presidia a sessão, recusou-se a deixar outros parlamentares falarem ou proporem candidatos alternativos para o cargo. Os democratas cristãos protestaram contra a obstrução por parte de Treutler, acusando-o de tentativa de "tomada de poder" durante a sessão constituinte, e apelaram ao tribunal constitucional da Turíngia. Este deliberou contra a AfD, abrindo o caminho para a candidatura de Thadäus König. Contornando os ultradireitistas, a CDU tenta formar um governo estadual de coalizão, a ser encabeçado por Mario Voigt. Para tal, está negociando com o Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, e a recém-fundada Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), populista de esquerda. av (AP,DPA)


Short teaser Deputados do estado do Leste Alemão escolhem membro da CDU como presidente da câmara. Extrema direita está isolada.
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Image caption "Cordão sanitário" de centristas e populistas de esquerda garantiu eleição de Thadäus König na Turíngia
Image source Martin Schutt/dpa/picture alliance
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Item 25
Id 70353908
Date 2024-09-28
Title Como as lembranças – também falsas – formam a identidade
Short title Como as lembranças – também falsas – formam a identidade
Teaser Longe de ser a gravação fiel de uma vida, a memória é formada também por outras recordações, importadas ou falseadas. Juntas, elas definem o que se entende por identidade – pessoal e coletiva.

Eu tinha 11 anos quando ocorreram os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, em Nova York. Lembro vividamente estar voltando da escola, no Reino Unido, com a minha avó, e passamos pela vitrina de uma loja com uma série de televisores enfileirados.

Ficamos parados ali por um momento, com um grupo grande de estranhos, assistindo os ataques acontecerem nas notícias ao vivo. Enquanto outros estavam chocados ou chorando, eu me sentia calmo.

Mas eu sei que essa lembrança é falsa: não havia lojas de TVs na nossa cidadezinha, e a minha avó nunca foi me pegar na escola, ela morava longe demais.

Ter falsas memórias é bastante normal: todo mundo é formado por recordações reais e fictícias, explica o psicólogo social Gerald Echterhoff, especialista no assunto da Universidade de Münster, na Alemanha: "As memórias são construídas dinamicamente, são suscetíveis a influências sociais e a serem alteradas sem querer."

É bem provável que eu tenha captado de filmes-catástrofe ou de narrativas alheias essa lembrança de estar na frente de uma vitrine de TVs. A gente diz que é as próprias lembranças, se aferra a elas para entender o "eu" passado e construir uma narrativa da vida, cotejando-as com a de outros, se perguntando: "Como eu era naquela época?"

Se pudesse evocar lembranças mais vívidas, eu criaria uma narrativa mais completa da minha vida e poderia me conhecer melhor. E o contrário também parece ser verdade: quem perde a memória se torna menos a pessoa que pensa ser. Demência e senilidade turvam a memória, a gente se esquece de si mesmo.

Conexões físicas no hardware cerebral

Mas se tantas recordações são falsas ou esquecidas, como saber quem se é realmente, qual a verdadeira identidade? A resposta começa com a forma como as lembranças são armazenadas no cérebro.

A ciência mostra que lembranças são gravadas no hardware cerebral, guardadas fisicamente como conexões entre neurônios, sobretudo nas regiões do hipocampo e da amígdala cerebelosa. Novas memórias se formam quando neurônios criam novas sinapses entre si, resultando numa malha de ligações neuronais.

Para perdurar, as lembranças precisam ser mantidas ativamente: evocá-las reforça essas conexões físicas. Esquecer, por outro lado, é "podar" essas ligações: negligência ou confusão atrofiam a memória, e a tendência é preencher as lacunas com as narrativas alheias.

O problema é que o cérebro armazena essas falsas memórias, de coisas não vivenciadas, exatamente do mesmo modo que as reais, e o mesmo se aplica a informações tendenciosas. Segundo Echterhoff, até agora pesquisadores e psiquiatras não encontraram uma receita perfeitamente confiável para distinguir, no nível cerebral, realidade de falsidade.

O caso Ingram: mentira ou sugestionamento?

Em 1988, Paul Ingram foi preso pela polícia estadual de Washington, Estados Unidos, acusado pelas duas filhas de abuso sexual e atos sacrificiais. Alegando não se lembrar de nada nesse sentido, ele incialmente rebateu as imputações. Pouco a pouco, porém, começou a duvidar da própria certeza: "Minhas meninas me conhecem, elas não mentiriam sobre algo assim."

Profundamente religioso, ele orou por uma orientação e começou a imaginar como teria sido abusar das próprias filhas. Durante o interrogatório, um psicólogo lhe disse que era comum criminosos sexuais recalcarem seus atos, efetivamente guiando a imaginação e a "memória" de Ingram. Para o acusado, era Deus que agora estava lhe revelando a verdade.

Ele acabou por se declarar culpado dos abusos, chegando a dar, durante o processo, uma descrição elaborada de atos satânicos e de sacrifícios ritualísticos de animais e bebês, culminando numa sentença de 20 anos de prisão.

No entanto, um segundo psicólogo duvidara que as recordações fossem reais e, após entrevistas extensas, concluiu que elas haviam sido plantadas no cérebro do réu durante o interrogatório, usando métodos estabelecidos de sugestionamento. Esse relatório, porém, não foi considerado no processo, o juiz não aceitou o argumento de coerção, e Ingram cumpriu pena até 2003.

Para o psicólogo Echterhoff, trata-se de um exemplo eloquente de até que ponto interações sociais podem implantar lembranças falseadas. Sabe-se de casos em que testemunhas de eventos terríveis inspiraram a sua descrição em cenas de filmes de horror.

Da lembrança pessoal à memória cultural compartilhada

Por outro lado, a noção de que memórias podem ser facilmente deturpadas foi muito criticada no contexto dos movimentos #MeToo – de vítimas de abuso sexual – e Vidas Negras Importam. Pois lembranças verdadeiras podem também só emergir anos após o evento traumático.

Durante os processos contra Harvey Weinstein por estupro e má-conduta sexual, seus advogados usaram com frequência o argumento da "lembrança falsa" para desacreditar as vítimas do produtor cinematográfico americano. Mas a tática não funcionou, pois as acusadoras se uniram para apresentar uma memória comum dos abusos sofridos.

Campanhas como #MeToo e Vidas Negras Importam ajudaram a mudar o entendimento do papel da memória na formação da identidade, aponta Echterhoff. Pois ela pode estar a serviço de uma experiência cultural compartilhada, não apenas da recordação individual, como pesquisas mais antigas já haviam demonstrado.

Hoje em dia se entende melhor como são porosos os limites do "eu" baseado em lembranças pessoais: memórias próprias e alheias interagem e se combinam, com base em experiências partilhadas.

"Agora existe uma ideia mais forte de comunidades unidas por uma memória comum do passado, muitas vezes baseada no sofrimento. É um meio muito poderoso de unir os seres humanos e construir identidades culturais", explica Echterhoff. No entanto, exumar a memória cultural de uma nação também pode semear divisão, como a Alemanha está constatando ao debater sua história colonialista.

Tenho certeza de que a minha falsa lembrança de ver os atentados do 11 de setembro na TV ajudou a formar meu senso de identidade cultural, ao compartilhar com um grupo de estranhos um momento definidor do século 21. Eu ainda me aferro a ela, quase preferindo-a à versão mais exata, de que só escutei sobre os eventos no dia seguinte, na escola. Na minha memória falseada, eu testemunhei a história coletiva..

Short teaser Longe de ser a gravação fiel de uma vida, a memória é formada também por outras recordações, importadas ou falseadas.
Author Fred Schwaller
Item URL https://www.dw.com/pt-br/como-as-lembranças-também-falsas-formam-a-identidade/a-70353908?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 26
Id 70350402
Date 2024-09-27
Title Conflito Israel-Hezbollah aprofunda crise econômica no Líbano
Short title Conflito Israel-Hezbollah aprofunda crise no Líbano
Teaser

Ataques israelenses arriscam arruinar a compalida economoa do Líbano

Acirramento do conflito na fronteira entre os dois países ameaça agravar instabilidade econômica libanesa. Antes mesmo do conflito, população já enfrentava sérias dificuldadesEm sua pequena casa de câmbio em Beirute, Farouk Khoury, de 86 anos, assiste às notícias na televisão, que mostram o agravamento do conflito entre o grupo Hezbollah e Israel . Nenhum cliente vem até loja para trocar dinheiro. "Hoje eu tenho dinheiro, amanhã, não sei. Talvez eu feche amanhã" diz Kouri à DW, demonstrando uma incerteza cada vez maior sobre seu negócio, que se deteriorou significativamente com a recente escalada do conflito na fronteira entre o Líbano e Israel. Enquanto ele assiste às imagens de explosões e ataques de mísseis a edifícios, Kouri aponta para o logo de sua empresa onde está gravado o ano de 1975. O mesmo ano do início da guerra civil libanesa. O mais recente agravamento no conflito entre Israel e o Hezbollah teve início há menos de duas semanas, atingindo o apogeu com as explosões de pagers e walkie-talkies de membros do Hezbollah, que mataram mais de 40 pessoas - na maioria combatentes do grupo, mas também, mulheres e crianças. Os ataques aéreos desta semana na região de Beqaa, no sul do Líbano, e em alguns subúrbios de Beirute, mataram mais de 500 pessoas, segundo o Ministério da Saúde do país. "Eu abro cinco dias por semana. Antes da escalada [das tensões], turistas da França e de outros países costumavam vir para trocar dinheiro. Agora, ninguém mais vem", lamentou Kouri. Perla Tatros, de 19 anos, trabalha em um pequeno café em Beirute. Ela não tem visto muitos estrangeiros no local nos últimos tempos. "Mas, não são apenas os estrangeiros, os libaneses também vêm com menos frequência ao café onde trabalho. Isso acontece não somente em razão do conflito, mas também por outros motivos que já existiam antes, como a crise econômica", explicou. Crise além da Guerra As dificuldades enfrentadas pelos estabelecimentos de Kouri e Tatros não ocorrem unicamente por causa dos recentes bombardeios israelenses, mas são parte da deterioração que o Líbano vem enfrentando nos últimos anos. Sami Nader, economista libanês fundador do Instituto Levant para Assuntos Estratégicos em Beirute, diz que o Líbano de 2024 é bem diferente do de 2006, quando havia acontecido a última guerra aberta entre o Hezbollah e Israel. Ele disse DW que, naquele ano, ainda fluíam até o país recursos enviados pela diáspora libanesa e advindos de países estrangeiros. Hoje em dia, o Líbano sofre com a falta de recursos para reconstruir sua economia. Nader faz um resumo das múltiplas crises que o país atravessou nos últimos anos. Houve, primeiramente, o colapso financeiro de 2019, que resultou na destruição da poupança e uma desvalorização de 98% na libra libanesa, levando 80% da população para a pobreza. Veio então a pandemia de covid-19, que agravou ainda mais os danos na economia. E, finalmente, a megaexplosão no porto de Beirute, em 2020. "O Hezbollah domina o país politicamente sem um governo de unidade, aprofundando as divisões sectárias, enquanto os refugiados sírios e o recente deslocamento interno pressionam a economia, a infraestrutura e o tecido social, exacerbando o desespero", acrescentou. Ele diz que uma guerra total entre o Hezbollah e Israel, em meio a uma perspectiva real de uma invasão por terra, selará o fim definitivo da economia libanesa. Nijme Nassour, uma farmacêutica de 24 anos, avalia que o comércio mudou bastante desde o agravamento conflito. "Os clientes estocam mais medicamentos do que antes, cinco ou seis caixas, especialmente os medicamentos para doenças crônicas. Felizmente, nosso fornecedoress têm mercadorias em estoque", afirmou à DW. Ao ser perguntada se fecharia seu estabelecimento no caso de um agravamento no conflito, ela diz que continuará em funcionamento. "As farmácias trabalham mais durante a guerra, infelizmente." Joseph Gharib, presidente do Sindicato de Importadores de Farmacêuticos e Proprietários de Armazéns, declarou recentemente que os estoques do país são suficientes para durar cinco meses. Contudo, o grande número de feridos e mortos está "pressionando o setor de saúde". Como o conflito mina a economia O economista libanês Roy Badaro conta que, antes do agravamento do conflito atual, um pequeno segmento da população estava lentamente se recuperando da crise econômica. Agora, porém, as condições podem piorar significativamente. "Os subúrbios no sul de Beirute, onde se concentra a maioria dos ataques israelenses, pagará um preço muito alto pela guerra. Mesmo se as pessoas venderem uma imagem vitoriosa, fazendo o 'V' com os dedos, isso não reflete necessariamente seus verdadeiros sentimentos", observou. As pessoas no sul do Líbano estão em situação ainda pior. Muitas residências foram destruídas e a agricultura na região foi duramente afetada. "A confiança nos que governam o país é abaixo de zero. Então, como é possível ter uma economia, com todos esses fatores?", indagou Badaro. A agricultura libanesa foi fortemente impactada pelo conflito. Os combates poluem o solo, expulsam os fazendeiros de suas propriedades, interrompem cadeias de abastecimento e danificam a infraestrutura, ameaçando a produção. Em abril, o primeiro-ministro Najib Mikati relatou que 800 hectares de terra haviam sido destruídos; que 34.000 cabeças de gado morreram e que 75% dos fazendeiros locais perderam seus meios de sustento. A emissora britânica BBC contabilizou um total de 7.491 ataques dos dois lados da fronteira desde o início do conflito, no ano passado, com Israel realizando cinco vezes mais ataques do que o Hezbollah. Tudo isso causou danos significativos à infraestrutura, incluindo abastecimento de água, eletricidade, telecomunicações e estradas, além de causar mortes entre os funcionários de manutenção e as equipes de emergência. No sul do Líbano e em Beqaa, quase 500.000 pessoas tiveram de deixar suas residências desde a intensificação da campanha militar de Israel, afirmou o ministro libanês das Relações Exteriores, Abdallah Bou Habib. Ele diz isso se soma que cerca de outras 110.000 pessoas que já estavam desabrigadas. "O aumento dos desabrigados contribui para o desespero e a piora da situação social e econômica do país", diz Nader. Badaro afirma que a economia libanesa compreende diferentes níveis. Há as pessoas que possuem rendimentos vindos do exterior ou pagamentos indexados no próprio país. Há, então, aqueles que ganham salários fixos e os que não possuem nenhum rendimento, que são os que sofrem enormemente agora. Entre estes últimos, muitos são empregados do setor turístico, que foi fortemente impactado, diz Badaro. "O setor do turismo está fundamentalmente morto. A maioria das casas noturnas e restaurantes estão à beira da falência, com queda nas atividades de 50%, podendo chegar a 60% ou 70%."


Short teaser Acirramento do confronto na fronteira entre os dois países ameaça agravar instabilidade econômica libanesa.
Author Dario Sabaghi
Item URL https://www.dw.com/pt-br/conflito-israel-hezbollah-aprofunda-crise-econômica-no-líbano/a-70350402?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Ataques israelenses arriscam arruinar a compalida economoa do Líbano
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Item 27
Id 70346453
Date 2024-09-27
Title Goethe, o romance "Werther", sua influência e seus perigos
Short title Goethe, o romance "Werther", sua influência e seus perigos
Teaser

Puro popstar: retrato de Goethe aos 26 anos

Com o lançamento de "Os sofrimentos do jovem Werther" em 1774, o escritor alemão marcou toda uma geração – como hoje um popstar ou um influenciador das redes sociais. Mas esse culto também teve seu lado sombrio.Há 250 anos foi publicado o romance epistolar Os sofrimentos do jovem Werther, projetando Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), então com 25 anos, no topo do mundo literário. Reza a lenda que o imperador Napoleão Bonaparte teria lido sete vezes o livro, o qual foi praticamente o único assunto durante um encontro seu com o literato alemão. O protagonista é Werther – que parece não ter um prenome, pois é sempre mencionado pelo sobrenome. Enquanto ele se exalta cada vez mais nos sentimentos por sua paixão, Lotte, esta permanece fiel ao noivo. Não encontrando uma saída para esse amor não correspondido, acaba por se suicidar. Em plena época do Sturm und Drang – "tempestade e ímpeto", em que os autores jovens se opunham à obsessão dos nobres com a razão –, com seu Werther, Goethe falou diretamente ao espírito da nova geração. Muitos, sobretudo rapazes, pareciam encontrar ressonância no protagonista, até mesmo se identificando com ele. A onda perdurou: em 1887, o compositor francês Jules Massenet baseou uma ópera no influente livro. Um dos sintomas da assim chamada "febre Werther" foi a imitação da moda descrita no romance. "Os jovens passaram, por exemplo, a se vestir como Werther – jaqueta azul e colete amarelo –, o que era totalmente inusual", conta Heinz Drügh, professor de história literária dos séculos 18 e 19 da Universidade Goethe de Frankfurt. Segundo ele, tratou-se de um "fenômeno pan-europeu", mas que também é muito popular até os dias atuais na Ásia Oriental. No entanto Drügh acha improvável um romance exercer tamanha influência sobre a sociedade hoje em dia, pois "as vivências identificativas fortes vêm antes dos filmes e da música do que da literatura". Em 1774, Werther "inaugurou algo novo": com ele, Goethe lançava uma nova maneira de pensar. Do ponto de vista contemporâneo, ele seria algo como um "astro pop", define o professor de literatura, "pois a forma de identificação com esse texto foi, de fato, tão forte, como hoje em questões de cultura pop". O lado sombrio, popstars e os "mini Werthers" das redes sociais No entanto a influência do Werther também teve seus aspectos sombrios: em seguida à publicação registrou-se uma série de suicídios que foram relacionados ao romance. Posteriormente Goethe publicou uma segunda versão de Os sofrimentos, mais abrangente, também com o fim de ajudar o leitor a se distanciar da personagem central. O sociólogo David Philipps cunharia 200 anos mais tarde o termo "efeito Werther", para descrever como representações romantizadas de suicídio na mídia pode desencadear comportamentos de imitação, sobretudo entre adolescentes. Até umas poucas décadas atrás, os popstars eram os modelos de comportamento clássicos. Porém, como explica o psicólogo e psicoterapeuta Lothar Janssen, hoje em dia, através das redes sociais, os modelos "se fragmentam em segmentos parciais, não mais palpáveis", sobretudo entre as gerações mais jovens. Ele identifica "mini Werthers" na internet: jovens que compartilham nas redes sua forma de lidar com doenças psíquicas. Muitas vezes, outros podem se identificar com eles, porém suas postagens costumam ter "características exibicionistas" e chegam ao grande público sem filtro, através da internet. Especialistas enfatizam a importância de falar abertamente de doenças psíquicas e de suicídio, mas a forma de abordar é decisiva, sobretudo na mídia. Para evitar um "efeito Werther", é preciso cuidar para não romantizar estados mentais perigosos. No entanto, os astros pop não estão totalmente descartados. A cantora americana Taylor Swift, por exemplo, serve bastante bem como modelo de comportamento, cita o psicólogo Janssen: em torno dela formou-se uma comunidade que os fãs que se sentem "acolhidos e bem". Por fim, embora Goethe tenha perdido seu status de astro, ele e suas obras, inclusive Os sofrimentos do jovem Werther, permanecem até hoje bem presentes na consciência cultural universal. -- Caso enfrente problemas emocionais e tenha pensamentos suicidas, não deixe de procurar assistência profissional. Você pode também buscar ajuda neste site: https://www.befrienders.org/portugese.


Short teaser Com o livro de 1774, o escritor alemão marcou uma geração – como hoje um popstar ou um influenciador das redes sociais.
Author Annika Sost
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Item 28
Id 70337473
Date 2024-09-26
Title Parlamento da Turíngia tem sessão caótica após vitória da ultradireita
Short title Caos no Parlamento da Turíngia após vitória da ultradireita
Teaser

Bate-boca marcou sessão inaugural do novo Parlamento na Turíngia

Primeira sessão da recém-eleita câmara regional do estado alemão teve que ser suspensa após confusão envolvendo a AfD e os outros partidos.A primeira sessão do recém-eleito Parlamento regional do estado da Turíngia, no leste da Alemanha, teve que ser interrompida nesta quinta-feira (26/09), devendo ser retomada no sábado após confusão envolvendo a legenda de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) e os outros partidos da câmara regional. Foi a primeira reunião parlamentar após as eleições de 1º de setembro, em que a AfD obteve ganhos históricos, conquistando mais de um terço dos assentos e terminando em um claro primeiro lugar. Por ter sido a legenda com mais votos nas eleições, a AfD tinha o direito de apresentar um candidato à presidência do Parlamento regional da Turíngia. No entanto, os outros partidos anunciaram que não votariam em nenhum candidato da sigla, endossando assim o chamado cordão sanitário em torno do grupo. Os conservadores da União Democrata Cristã (CDU) e os populistas da Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) queriam apresentar uma proposta de alteração das regras de procedimento para permitir que os outros partidos apresentassem candidatos em uma primeira votação. De acordo com as atuais regras de procedimento, eles teriam que esperar até que o candidato da AfD não obtivesse a maioria nas duas primeiras votações. Jürgen Treutler, membro da AfD, foi indicado para presidir a sessão devido à sua idade e impediu que a proposta fosse colocada em votação. Treutler argumentou que as regras de procedimento do Parlamento só poderiam ser alteradas após a eleição de um presidente. Sessão foi interropida seis vezes A disputa fez com que a sessão fosse interrompida até seis vezes e, no final, o gerente parlamentar da bancada da CDU, Andreas Bühl, anunciou que levaria o caso ao Tribunal Constitucional da Turíngia, alegando que Treutler havia violado os direitos dos deputados com seu comportamento. Durante a sessão, houve discussões acaloradas entre Treutler e Bühl, que chegou a acusar o deputado da AfD de perpetrar uma "machtergreifung", expressão frequentemente usada para definir a tomada do poder pelos nazistas em 1933. A AfD obteve 32,8% dos votos nas eleições de 1º de setembro, o que lhe deu 32 das 88 cadeiras, e apresentou como candidata a presidente do parlamento Wiebke Muhsal, que foi condenada a pagar uma multa em um caso de fraude na última legislatura. A CDU, com 23 cadeiras, é o segundo maior partido no Parlamento da Turíngia e pretende apresentar Thadäus König, um parlamentar que tem o apoio de outros partidos além do AfD. A Turíngia é o primeiro estado federal alemão em que a AfD se tornou a principal força parlamentar. A CDU quer eleger seu líder regional Mario Voigt como governador. Para isso, está considerando a formação de uma coalizão tripartite incluindo o BSW e o Partido Social-Democrata (SPD). Essa aliança, no entanto, teria apenas 44 assentos, o que também exigiria o apoio dos socialistas do A Esquerda. md (EFE, DPA)


Short teaser Primeira sessão da recém-eleita câmara regional do estado alemão foi suspensa após confusão entre AfD e outros partidos.
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Image caption Bate-boca marcou sessão inaugural do novo Parlamento na Turíngia
Image source Martin Schutt/dpa/picture alliance
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Item 29
Id 70334885
Date 2024-09-26
Title Novo simulador na Alemanha prepara astronautas para a Lua
Short title Novo simulador na Alemanha prepara astronautas para a Lua
Teaser Considerada a mais fiel réplica da superfície lunar, instalação construída pela Agência Espacial Europeia e pelo Centro Aeroespacial Alemão abriga 900 toneladas de material semelhante ao que cobre o astro.

Um grande galpão na cidade de Colônia, na Alemanha, é o mais próximo que astronautas poderão chegar de pisar na Lua sem sair da Terra. Inaugurada nesta quarta-feira (25/09), a nova instalação, chamada Luna, abriga a mais fiel recriação da superfície lunar do mundo, de acordo com a Agência Espacial Europeia (ESA).

A réplica foi construída em conjunto pela ESA e pelo Centro Aeroespacial Alemão (DLR) ao longo de uma década.

"A Luna simboliza as condições na superfície lunar e prepara astronautas para a Lua", disse Josef Aschbacher, diretor-geral da ESA, em coletiva de imprensa.

Astronautas não europeus, entre eles da agência espacial americana (Nasa), também terão acesso ao local.

No campo de testes de 700 metros quadrados, materiais sintéticos simulam o regolito – camada de material heterogêneo que inclui poeira e rochas quebradas – da superfície lunar.

Poeira lunar simulada

"Na instalação, temos cerca de 900 toneladas de material que simula regolito para reproduzir o ambiente empoeirado e a mobilidade na superfície", afirmou Juergen Schlutz, engenheiro da Luna e líder de estratégia lunar da Agência Espacial Europeia.

A poeira lunar simulada, chamada EAC-1, foi obtida a partir de pó vulcânico de 45 milhões de anos de idade, encontrado na região de Eifel, que fica na fronteira entre Bélgica, Alemanha e Luxemburgo.

O hall principal da Luna também inclui um simulador de iluminação, que recria os ciclos de dia e noite da superfície da Lua.

Agora, a ESA está trabalhando com parceiros europeus para introduzir futuramente sistemas de descarga de gravidade. "Eles permitirão testar a capacidade de se mover em condições de um sexto da gravidade [em relação à da Terra], como os astronautas teriam que fazer na Lua", disse Schlutz.

Pesquisa para melhorar a vida na Terra

Além de permitir que astronautas se prepararem para visitas à Lua, a instalação também servirá como um campo de testes para sistemas robóticos, atividades científicas e sistemas de energia.

Pesquisadores da Luna testarão o regolito, por exemplo, para entender os efeitos da poeira lunar nos equipamentos que agências espaciais planejam levar ao astro.

Segundo Aschbacher, a pesquisa na instalação visa gerar soluções que "tornem a vida na Terra muito mais produtiva e limpa".

Preparação para as missões Artemis à Lua

A Luna não será a única estrutura semelhante à Lua disponível para astronautas e cientistas. Ao lado dela está em construção o Futuro Habitat para Exploração Lunar (FLEXHab), que simula um potencial módulo de habitação lunar e conecta-se ao hall principal.

A estufa Eden-ISS, um experimento de cinco anos que simula o cultivo de alimentos em ambientes espaciais frios, será reaproveitada no projeto Eden Luna. Ela será usada para que astronautas em treinamento pratiquem o cultivo de seus próprios alimentos — uma habilidade vital caso a Nasa realize seu objetivo de estabelecer nos próximos anos uma presença permanente na Lua para pesquisa.

O programa Artemis da Nasa deverá retornar à Lua até o final da década, com uma nova geração de exploradores. A missão Artemis 1 foi lançada em 2022 como um voo de teste não tripulado. A segunda e a terceira missões do programa deverão ser tripuladas, primeiro com destino à órbita lunar e, depois, à superfície da Lua.

Short teaser Nova réplica da superfície lunar abriga 900 toneladas de material semelhante ao que cobre o astro.
Author Matthew Ward Agius
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Item 30
Id 70332767
Date 2024-09-26
Title Chefia da Tesla na Alemanha provoca polêmica ao ordenar visitas de inspeção a funcionários doentes
Short title Tesla alemã faz visitas de inspeção a funcionários doentes
Teaser

Quase 12 mil funcionários trabalham na "gigafábrica" da Tesla nos arredores de Berlim

Empresa realizou dezenas de visitas surpresa nas residências de funcionários que se ausentaram alegando motivos de doença. Sindicato critica política. Empresa defende medida e se queixa de alto índice de ausências.A direção da fábrica da Tesla no estado alemão de Brandemburgo vem ordenando visitas surpresa de inspeção nas residências de funcionários que se ausentarem do trabalho alegando motivos de doença. A política foi revelada em uma reportagem publicada nesta quarta-feira (25/09) pelo jornal Handelsblatt, que teve acesso ao áudio de uma reunião interna no qual diretores da filial alemã se queixaram das ausências e discutiram os resultados das inspeções. A adoção da medida foi criticada pelo sindicato de metalúrgicos do país como uma "ação absurda". No áudio da reunião, realizada na semana passada, segundo o jornal, dois diretores da "gigafábrica" de Grünheide, nos arredores de Berlim, conversaram sobre como alguns inspetores foram recebidos com "agressividade" quando tocaram a campainha das residências dos funcionários ausentes. Ainda segundo a reportagem, o diretor de produção André Thierig e o diretor de Recursos Humanos da filial, Erik Demmler, também insultaram funcionários com alto índice de ausências, dizendo que eles "não têm honra". "Nós não vamos tolerar que algumas pessoas tenham que arcar com mais peso em suas costas porque outros não estão com vontade de ir ao trabalho", disse Thierig na reunião. "Não há lugar nesta fábrica para pessoas que não queiram sair da cama." A fábrica de Grünheide foi inaugurada em 2022, e conta com cerca de 12 mil funcionários. A Tesla, que tem o bilionário Elon Musk como CEO, é a maior empregadora privada do estado alemão de Brandemburgo. A fábrica, no entanto, costuma ser alvo de controvérsias, como críticas de ambientalistas sobre a derrubada de árvores para a expansão da planta, além de reportagens que abordam denúncias de assédio, desorganização e más condições de trabalho. De acordo com a direção da fábrica, a taxa de ausência médica na fábrica em Grünheide chegou a 17% em agosto e 11% nos primeiros dias de setembro. Em termos estatísticos, os funcionários da Tesla ficam doentes com mais frequência do que a média nacional. De acordo com o Departamento Federal de Estatística, a média em toda a Alemanha foi de 6,1% no ano passado e de 5,2% no setor automobilístico em geral. Após revelação, Tesla defende política de visitas de inspeção Após a reportagem do Handelsblatt, o diretor da fábrica, André Thierig, disse não enxergar a adoção da política como algo incomum, e que "muitas empresas o fazem". Ele ainda disse que a medida passou a ser cogitada a após uma quantidade acima do normal de funcionários se declararem doentes durante os meses do verão, na metade do ano. "às vezes, [a quantidade de ausências] chegava a 15% do total ou mais", disse. "Queríamos apelar para a ética de trabalho da força de trabalho", disse ele, afirmando que a empresa não descarta realizar mais visitas de inspeção no futuro. "Identificamos cerca de 200 funcionários que estão recebendo salários normalmente, mas que que sequer trabalharam este ano. Eles apresentam novos atestados médicos a cada seis semanas", disse Thierig. "Selecionamos duas dúzias de casos." "Em nossas análises, alguns fenômenos se tornaram aparentes: nas sextas-feiras e nos plantões noturnos, um total de 5% a mais de funcionários se declara doente em comparação aos outros dias da semana", disse o diretor. Ele argumentou ainda que isso não ocorre em razão de más condições de trabalho e sugeriu que alguns funcionários estariam tirando vantagem do sistema de bem-estar social da Alemanha. Ainda segundo o diretor, entre os mais de 1.500 funcionários com contratos temporários que trabalham nas mesmas condições, o índice de ausências por motivo de saúde é de apenas 2%. "Nós informamos os trabalhadores sobre as visitas em uma reunião da empresa e explicamos a nossa perspectiva", disse Thierig. "Isso foi recebido com grande aprovação pelos funcionários. Anteriormente, já tínhamos relatos de trabalhadores que estavam frustrados com o alto nível de ausência de seus colegas." Sindicato critica carga de trabalho excessiva A política de inspeção foi criticada pelo sindicato dos metalúrgicos IG Metall, que anteriormente já havia criticado a direção da Tesla, alegando que os funcionários da fábrica de Grünheide são alvos constante de extrema pressão, assédio e frustração, além de sofrerem com um alto número de acidentes de trabalho. "[É uma] ação absurda", disse Dirk Schulze, diretor do sindicato dos metalúrgicos IG Metall para a região de Brandemburgo, Berlim e Saxônia, após a revelação da política de inspeção. "Funcionários de todas os departamentos da fábrica se queixam de cargas de trabalho extremamente pesadas", observou. "Quando há menos funcionários, os doentes são colocados sob pressão e os que já estão sobrecarregados recebem cargas de trabalho adicionais." "Se a direção da fábrica quiser realmente reduzir o número de dias de ausências de funcionários, deve quebrar esse círculo vicioso", criticou Schulze. Legalidade das inspeções Ao jornal Handelsblatt, advogados trabalhistas afirmaram que as visitas realizadas pela Tesla não são ilegais. "Essas visitas domiciliares são permitidas se houver suspeita de que o atestado médico seja falso", disse o especialista em direito trabalhista Till Heimann, de Frankfurt. "O empregador tem permissão para fazer essa visita para se proteger de fraudes", acrescentou o advogado de Düsseldorf, Julius Reiter. No entanto, eles apontaram que os funcionários também têm o direito de se negar a receber essas visitas não anunciadas ou não atender à companhia. "É nesse ponto que o direito à privacidade entra em jogo", disse Heimann. jps/rc (dpa, ots)


Short teaser Empresa realizou dezenas de visitas surpresa nas residências de funcionários que se ausentaram por motivos de doença
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Image caption Quase 12 mil funcionários trabalham na "gigafábrica" da Tesla nos arredores de Berlim
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Item 31
Id 70326170
Date 2024-09-25
Title Promotoria acusa trio de chantagem contra família Schumacher
Short title Promotoria acusa trio de chantagem contra família Schumacher
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Michael Schumacher e sua mulher, Corinna, em 2001

Três homens são acusados de exigirem 15 milhões de euros dos parentes do heptacampeão de Fórmula 1 em troca da não publicação de imagens privadas.O Ministério Público de Wuppertal, oeste da Alemanha, apresentou nesta quarta-feira (25/09) acusações contra três homens por supostamente tentarem extorquir dinheiro da família do ex-piloto de Fórmula 1 Michael Schumacher para não publicarem imagens privadas dele. Os três acusados são um segurança de boate, 53 anos, seu filho, de 30 anos, e um ex-funcionário de segurança da família do ex-campeão mundial, de 53 anos. De acordo com a investigação, o ex-funcionário da família de Schumacher disponibilizou gravações privadas ao segurança, que as teria adquirido para tentar fazer chantagem contra a família do ex-piloto. Telefonemas exigindo 15 milhões de euros Os supostos criminosos fizeram várias ligações exigindo 15 milhões de euros (R$ 79 milhões) da família Schumacher, caso contrário publicariam arquivos e materiais privados, obtidos e fornecidos pelo próprio ex-funcionário. No momento da primeira prisão, em junho, foram apreendidos até 1.500 documentos, incluindo fotografias, vídeos e relatórios médicos do alemão em discos rígidos, pen drives e telefones celulares. Os investigadores dizem que o material contém fotos e vídeos particulares da coleção da família, alguns tirados antes e outros depois do acidente de esqui de Schumacher em 2013. O segurança de boate implicou seu filho no momento da prisão (ele foi o primeiro a ser preso), que foi liberado sob fiança com a obrigação de se apresentar, e foi o pai que revelou aos investigadores a identidade da pessoa que lhes forneceu os documentos de Schumacher.Duas semanas depois, o ex-funcionário dos Schumacher foi preso em seu apartamento em Wülfrath, no estado de Renânia do Norte-Vestfália, onde foram confiscados mais dispositivos eletrônicos contendo material sensível do sete vezes campeão mundial de Fórmula 1. O caso não é o primeiro envolvendo de tentativa de chantagem contra os Schumachers. Em 2017, um homem de 25 anos recebeu uma sentença suspensa de 21 meses de prisão por exigir 900 mil euros da mulher do ex-piloto, Corinna Schumacher. Esse caso foi julgado em Reutlingen, no sudoeste da Alemanha. Em 2013, ex-piloto sofreu uma grave lesão na cabeça em um acidente de esqui na França, tendo passado quase seis meses em coma induzido. Desde então, tem sido recebido cuidados em sua casa na Suíça, longe da mídia, e não se sabe exatamente qual é sua condição física. md (EFE, AFP, DPA, SID)


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Image caption Michael Schumacher e sua mulher, Corinna, em 2001
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Item 32
Id 70325264
Date 2024-09-25
Title Economia da Alemanha deve contrair em 2024
Short title Economia da Alemanha deve contrair em 2024
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Economia alemã ainda se ressente dos efeitos da pandemia e da guerra russa na Ucrânia

Principais institutos econômicos do país reduziram prognóstico para 2024 e agora veem a maior economia da Europa encolhendo 0,1%. Economia da Alemanha já foi a mais fraca da zona do euro no ano passadoOs principais institutos econômicos da Alemanha reduziram sua previsão para 2024 e agora veem a maior economia da Europa encolhendo 0,1%, de acordo com números da chamada Previsão Econômica Conjunta, antecipados nesta quarta-feira (25/09) por agências de notícias e que serão oficialmente divulgados na quinta-feira. No começo do ano, os institutos tinham previsto um ligeiro aumento de 0,1%. Para 2025, espera-se um crescimento de 0,8%. No começo do ano, os institutos previam um crescimento de 1,4%. A economia da Alemanha foi a mais fraca entre seus pares da zona do euro no ano passado, com uma contração de 0,3%. Espera-se que a inflação caia para 2,2% este ano, de 5,9% no ano passado, disseram as fontes consultadas pelas agências de notícias. A inflação ficaria em torno da marca de 2% almejada pelo Banco Central Europeu nos dois anos seguintes, de acordo com as fontes. Prognóstico é publicado duas vezes ao ano A Previsão Econômica Conjunta é compilada duas vezes por ano por um grupo de think tanks econômicos alemães, que inclui o Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de Munique (Ifo), o Instituto Kiel para a Economia Mundial (IfW) e o Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW). O Ministério da Economia alemão incorpora essas estimativas combinadas em suas próprias previsões. De acordo com sua última previsão, o governo alemão esperava que a economia crescesse 0,3% este ano. Uma atualização está prevista para outubro. Nos últimos anos, a Alemanha tem tido dificuldade em se recuperar dos efeitos da pandemia de covid-19 e da guerra russa na Ucrânia, com o subsequente aumento dos preços da energia e o aumento da inflação, impactando o crescimento. O governo alemão está planejando um pacote para estimular o crescimento econômico. Entretanto, as medidas não são consideradas suficientes pelas entidades empresariais, que pedem reformas fundamentais e reclamam dos altos preços da energia em comparação internacional, do excesso de burocracia e da falta de mão de obra qualificada. md (Reuters, DPA)


Short teaser Institutos baixaram prognóstico para 2024, prevendo queda de 0,1%. Para 2025, previsão de alta passou de 1,4% para 0,8%.
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Image caption Economia alemã ainda se ressente dos efeitos da pandemia e da guerra russa na Ucrânia
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Item 33
Id 70323843
Date 2024-09-25
Title Guerra civil ameaça aniquilar patrimônio cultural do Sudão
Short title Guerra civil ameaça aniquilar patrimônio cultural do Sudão
Teaser Locais do país africano antes considerados berço da civilização são alvo de disputa militar. Museus e sítios arqueológicos recém-restaurados estão sendo saqueados. Agentes culturais desaconselham viagens ao Sudão.

De kalashnikovs em punho e fazendo um V da vitória com os dedos, soldados das milícias sudanesas posam diante das ruínas da antiga cidade de Naga, num vídeo das redes sociais.

Situada 200 quilômetros a nordeste da capital do Sudão, Cartum, a pouca distância das margens do rio Nilo, numa área outrora considerada berço da civilização, Naga foi fundada por volta de 250 a.C., como residência do rei de Meroé, e ostentava diversos templos e palácios.

Três templos foram escavados e restaurados desde a década de 1990 por arqueólogos, inclusive uma equipe do Museu de Arte Egípcia de Munique. Ocultos sob as ruínas, ainda estão outros 50 templos, palácios e edifícios administrativos, assim como necrópoles contendo centenas de sepulturas.

Agora, porém, o local declarado patrimônio mundial pela Unesco está envolvido em mais uma guerra civil sudanesa: desde abril de 2023, generais rivais voltaram a lutar pelo poder no país rico em recursos, porém desesperadamente pobre. O líder de facto, Abdel Fattah al-Burhan, e o exército sob seu controle se confrontam com a milícia Forças de Apoio Rápido, de seu antigo vice, Mohamed Hamdan Daglo.

Figuras como o presidente americano, Joe Biden, têm apelado repetidamente – e até agora, sem sucesso – para que as partes do conflito negociem um fim da guerra. "A situação é realmente ruim", avalia o diretor do Museu de Arte Egípcia de Munique, Arnulf Schlüter.

Ele não sabe dizer se o projeto arqueológico de Naga jamais será retomado: "A maior parte dos empregados da escavação fugiu, as instalações foram invadidas e os pneus dos veículos, roubados. O sítio de antiguidades está indefeso."

Museus sob ameaça

Em vários locais do Sudão, museus e objetos históricos estão sendo destruídos, em meio a uma severa crise humanitária, com mais de 10 milhões de habitantes deslocados, e a metade da população de 50 milhões passando fome.

Em 12 de setembro, a organização cultural das Nações Unidas, Unesco, declarou: "Esta ameaça à cultura parece ter alcançado um nível sem precedentes, com relatos de saque de museus, sítios de patrimônio e arqueológicos, e coleções particulares."

Perante essa guerra, Schlüter está extremamente preocupado com o futuro de Naga – apesar do significado dos três templos escavados e dos planos esboçados pelo astro inglês da arquitetura David Chipperfield para construção de um museu no local: "Não sabemos o que eles estão fazendo", comenta o diretor do museu muniquense sobre os administradores de Naga, "falta informação confiável".

Devido ao conflito, o serviço de antiguidades sudanês, responsável pela curatela dos sítios de patrimônio mundial, perdeu diversos documentos: "Os escritórios deles em Cartum foram saqueados", relata Schlüter, frisando que um cadastro central de antiguidades acabara de ser criado. Ele teme que a história da nação esteja sendo aniquilada: "Mesmo se a paz retornasse imediatamente, teríamos que começar do zero."

Em meio à imensa destruição da infraestrutura civil, soldados também assaltaram e destruíram museus, muitas vezes tentando vender antiguidades no mercado de arte internacional. Entre outros, foi saqueado o Museu Nacional do Sudão, situado em Cartum, cujas importantes coleções de antiguidades, estátuas e arqueológicas haviam sido restauradas recentemente pela Unesco e o governo italiano.

A Unesco está advertindo investidores do mercado de arte para não adquirirem artefatos culturais do Sudão, já que "toda venda ou realocação desses itens resultaria no desaparecimento de parte da identidade cultural sudanesa, ameaçando a recuperação do país".

Agentes culturais tomam distância do Sudão

A professora da Universidade de Münster Angelika Lohwasser, egiptóloga especializada em arqueologia sudanesa, confirma que "a situação nas zonas de guerra é dramática" e que os bens culturais "estão sob ameaça".

Em setembro, como uma das organizadoras da Conferência de Estudos Meroíticos, ela estudou fotos e relatórios dos danos aos sítios culturais do país africano. O icônico souq (mercado ao ar livre) de Omdurman, na margem do Nilo oposta a Cartum, também foi completamente incendiado.

Em Cartum, o Instituto Goethe está abandonado há vários meses: devido à sua proximidade em relação ao palácio presidencial, ele se encontra em plena zona de combate. Grande parte do pessoal deixou o país no início da crise militar, em 2023. Segundo a diretoria do Instituto Goethe em Berlim, a importante instituição cultural alemã criou no Cairo, capital do Egito, programas relevantes para o Sudão.

O conflito também afeta o setor de viagens culturais do país. Frank Grafenstein dirige a agência que mantém por encomenda do governo o website Visit Sudan, e organiza viagens para jornalistas e agentes turísticos. Embora o site ainda exista, o diretor todos os contatos com o país devastado pela guerra. "Eu desaconselho de viajar para o Sudão", alerta Grafenstein.

Short teaser Locais antes considerados berço da civilização são alvo de disputa militar, museus e sítios arqueológicos saqueados.
Author Stefan Dege
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Item 34
Id 70323641
Date 2024-09-25
Title Cientistas pedem ação global contra microplásticos
Short title Cientistas pedem ação global contra microplásticos
Teaser

Microplásticos se originam da degradação de objetos maiores, como canudinhos

Duas décadas após o primeiro estudo, nova pesquisa afirma que efeitos toxicológicos foram confirmados e há evidências de malefícios para a saúde humana.Os plásticos estão por toda parte: nos mares e oceanos, no plâncton marinho, nos animais e naquilo que é consumido pelos seres humanos. São, portanto, décadas que pessoas estão ingerindo plásticos, mais especificamente microplásticos. O termo passou a ser discutido no início do novo milênio. Passados 20 anos, uma pesquisa confirma com veemência o que muitos especialistas já previam: há evidências suficientes dos efeitos dessas partículas, portanto é necessária uma ação global para reduzir as quantidades no meio ambiente e os perigos que elas representam para a saúde humana. Duas décadas do termo "microplástico" O primeiro estudo a descrever a presença de "microplásticos" foi publicado na revista Science em 2004. Naquela época, seus autores, liderados por Richard C. Thompson – apelidado de "padrinho dos microplásticos" - e Ylva Olsen, alertaram pela primeira vez sobre a presença de inúmeros fragmentos e fibras de plástico no mar, derivados da degradação de objetos maiores. Esses elementos, disseram os autores no artigo, eram ingeridos por organismos marinhos, e as consequências ambientais dessa poluição ainda eram desconhecidas, concluíram. Duas décadas depois, em 19 de setembro de 2024, um grupo internacional de especialistas, também liderado por Thompson, que é professor de biologia marinha da Universidade de Plymouth, ofereceu uma revisão desse primeiro estudo e argumentou que, "após mais de vinte anos de pesquisa especificamente focada em microplásticos, há ampla evidência de acúmulo ambiental substancial em larga escala". "Os efeitos toxicológicos foram confirmados em todos os níveis da organização em biologia, e há evidências de possíveis efeitos sobre a saúde humana, juntamente com o crescente interesse da sociedade e as primeiras respostas políticas", afirmaram. Origem e destino A revisão, também publicada na revista Science, destaca a origem dos microplásticos – pneus, peças têxteis, cosméticos, tintas e fragmentação de objetos plásticos maiores – bem como seu destino. "Eles estão amplamente distribuídos no ambiente natural, onipresentes em alimentos e bebidas, e foram detectados em todo o corpo humano, com evidências emergentes de efeitos negativos", diz o estudo. Em suma, os pesquisadores enfatizam que a poluição ambiental pode dobrar até 2040, com danos em grande escala. Chamada para ação Um dos destaques da pesquisa é, sem dúvida, a sua chamada para ação. Os especialistas concordam que há uma crescente preocupação do público com os microplásticos, bem como negociações em nível internacional para definir medidas de combate a essa poluição. Porém, defendem que haja mais testes e estudos para soluções e minimização de riscos. Em nota publicada pela Universidade de Plymouth, a equipe liderada por Thompson afirmou que o Tratado Global contra a Poluição Plástica, da ONU (que deve passar por sua quinta rodada de deliberações em novembro de 2024), poderia ser uma "oportunidade tangível" para uma ação internacional conjunta. No entanto, para que o tratado seja eficaz, a comunidade internacional deve se comprometer com uma redução geral na produção de plástico, juntamente com medidas para reduzir a emissão e a liberação de partículas microplásticas em todo o ciclo de vida dos plásticos. Se isso não for feito, acrescentam os pesquisadores, o resultado poderá ser um alto risco de danos ambientais irreversíveis. "A ação política não precisa esperar, pode ser justificada com base no princípio da precaução e, portanto, medidas podem e, sem dúvida, devem ser tomadas agora para reduzir as emissões", enfatizaram os pesquisadores em suas conclusões. Eles também listaram a proibição de produtos e de aplicações plásticas desnecessárias e evitáveis como possíveis medidas, bem como um melhor design de produtos, juntamente com mudanças comportamentais associadas ao longo das cadeias de suprimentos. "Em nossa opinião, a ciência será tão importante para orientar o caminho para as soluções quanto tem sido para identificar os problemas", afirmaram Thompson e sua equipe.


Short teaser Pesquisa afirma que efeitos toxicológicos foram confirmados e há evidências de malefícios para a saúde humana.
Author Andrea Ariet
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Image caption Microplásticos se originam da degradação de objetos maiores, como canudinhos
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Item 35
Id 70269427
Date 2024-09-21
Title Museu da Bahia receberá obras repatriadas de artistas negros
Short title Museu da Bahia receberá obras repatriadas de artistas negros
Teaser Peças foram adquiridas legalmente por duas colecionadoras americanas que resolveram doar acervo de 750 objetos ao Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira, em Salvador.

Nos anos 1960, em Cachoeira, no Recôncavo baiano, o barbeiro Boaventura da Silva Filho (1932 -1992) começou a fazer esculturas de madeira e colocá-las na janela de seu estabelecimento. Quando um grupo de freiras passou pelo local com seus alunos, elas disseram a eles que aquelas esculturas eram coisa de "louco". Boaventura resolveu adotar o apelido e seguir carreira como escultor.

Desde os 7 anos, seu filho Celestino Gama passou ajudá-lo a dar acabamento nas obras. Ele também se tornou escultor e adotou o nome artístico de Louco Filho. Agora, obras suas e de seu pai estão entre as 750 peças de dezenas de artistas de Bahia, Pernambuco e Ceará que serão repatriadas a partir do ano que vem pelo Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), em Salvador.

"São obras de diversos formatos, de diversas técnicas, então há uma diversidade muito grande", diz a codiretora do Muncab, Jamile Coelho.

Trata-se da mais numerosa repatriação de obras brasileiras de que se tem notícia. Quase todas criadas por artistas negros em diálogo com a cultura afro-brasileira, as peças datam de um período que vai dos anos 1960 até o início do século 21. Elas incluem pinturas, esculturas, trajes, arte sacra e ritualização do sagrado.

Esse grande processo de repatriação começou graças a uma iniciativa de duas colecionadoras americanas: a historiadora de arte Marion Jackson e a artista plástica Barbara Cervenka, que desde 1992 adquiriram as obras em visitas periódicas à Bahia. A partir de 2019, as duas visitaram diversas instituições até escolherem o Muncab como destino para a devolução do acervo que montaram.

"Os artistas estão bem felizes. Seu José Adário, por exemplo, é um dos últimos artífices de paramentas e ferramentas para candomblé e orixás. Nesse acervo temos 17 obras dele, e em formatos que ele não produz mais", explica Jamile Coelho. O artista de 77 anos fabrica portões, agogôs e ferramentas de santo há mais de seis décadas.

"Normalmente, os colecionadores só compram de artistas que já morreram. Eu achei fantástico que elas compraram muitas obras nossas, fizeram exposições e divulgaram a gente", diz Raimundo Bida, autor de obras naïf que também serão repatriadas.

Ao longo das últimas três décadas, Marion e Barbara fizeram exposições nos Estados Unidos e no Canadá com o acervo que compraram dos artistas brasileiros.

"Elas frequentavam muito minha loja no Pelourinho. Várias vezes conversávamos, elas procuravam saber mais da gente", conta a designer Goya Lopes, que terá duas peças repatriadas, sobre as constantes visitas das duas colecionadoras ao Centro Histórico de Salvador.

Movimento de repatriação de obras cresce no mundo

No último dia 12 de setembro, no Rio de Janeiro, uma cerimônia marcou a repatriação histórica do manto tupinambá ao Brasil após 335 anos. A peça, que estava em um museu na Dinamarca, retornou ao Brasil em julho, num momento em que diversos países do mundo exigem a devolução de peças levadas para Europa em um contexto imperialista.

"Repatriar, devolver esse material, tem a ver com o processo de reparação histórica que a colonização causou. Esse material foi roubado, foi pilhado, foi retirado dos seus locais como os próprios povos foram retirados e coisificados, transformados em mercadoria. Repatriar é um ganho político para quem devolve, e é uma reparação histórica dos povos que foram vilipendiados", afirma o antropólogo Marlon Marcos, professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB).

Em 2020, após o assassinato de George Floyd, um homem negro que foi cruelmente asfixiado por um policial branco em Minneapolis, nos Estados Unidos, as manifestações de protesto organizadas pelo movimento Black Lives Matter fizeram o debate sobre equidade racial impactar também em mercados econômicos.

No mercado das artes contemporâneas, o apelo dessas manifestações por reparação histórica sensibilizou museus e colecionadores pelo mundo a refletirem sobre a devolução de obras aos seus países de origem.

"Esses movimentos sempre existiram. Mas, agora, por conta do crescimento político e econômico das populações negras, essa denúncia e essa luta têm sido mais tête-à-tête. Foram construídas novas leituras de mundo que fazem com que os museus dos Estados Unidos e da Europa sintam uma certa vergonha", explica Marcos.

Muncab planeja exposição com obras repatriadas

Apesar da documentação legal já ter sido assinada, a repatriação das 750 obras que virão para o Muncab não é imediata devido ao complexo processo de preservação do acervo. Uma equipe do museu irá a Detroit, nos Estados Unidos, estudar a melhor logística possível para o traslado até Salvador.

Mudanças bruscas de temperatura podem causar danos irreversíveis ao material, que deverá ser devidamente climatizado. Um estudo técnico vai definir se as peças virão em lotes. Para a repatriação, o Muncab tem a parceria do Instituto Ibirapitanga e do Con/Vida, organização dedicada à cultura, tradição e história das Américas fundada por Marion Jackson e Barbara Cervenka.

"A gente discute muito o processo de repatriação de obras que foram roubadas de seus países de origem. Mas essas obras vêm numa outra tratativa, com um olhar curatorial e sensível da Barbara e da Marian. Elas levaram as obras para os Estados Unidos e, também com um olhar sensível, perceberam a importância dessa devolução", diz Jamile Coelho.

Quando as obras chegarem, o Muncab planeja abrir uma exposição com a presença dos artistas e das colecionadoras.

"Vai ser um momento mágico e fantástico, não só pra mim, mas pra todo mundo poder ver como era a efervescência cultural das décadas de 80 e 90 no Centro Histórico de Salvador", comemora o artista plástico Raimundo Bida. "O que mais vai me emocionar é que os artistas que estarão expondo foram importantes para mim, e alguns já não estão mais aqui", completa.

Aberto em 2011, capitaneado pelo poeta tropicalista Capinan, que teve ao seu lado nomes como o artista plástico Emanoel Araujo (1940-2022), o Muncab foi reaberto em novembro do ano passado, após três anos fechado, recebendo cerca de 150 mil visitantes nessa nova fase.

A intenção da direção do museu é também emprestar parte do material repatriado para instituições no Brasil e no mundo, para que as obras possam ser divulgadas e estudadas. "A arte negra brasileira não está nas escolas de arte. É fundamental que a gente levante esse debate sobre essa produção intelectual desses artistas que produziram obras magníficas e que ainda são qualificadas como arte popular", diz Coelho.

Short teaser Peças foram adquiridas legalmente por duas colecionadoras americanas que resolveram doar acervo de 750 objetos.
Author Lucas Fróes
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Item 36
Id 70242069
Date 2024-09-17
Title Quando artistas judeus se tornam alvo de acusações de antissemitismo
Short title Quando judeus viram alvo de acusações de antissemitismo
Teaser Em carta aberta, mais de 150 artistas e intelectuais judeus dizem temer que projeto de resolução no Parlamento alemão para proteger a vida judaica esteja focando nas pessoas erradas.

Em novembro de 2023, uma exposição da artista sul-africana radicada em Berlim Candice Breitz foi cancelada pela galeria de arte moderna do Museu do Sarre. Os organizadores decidiram evitar a associação com Breitz, alegando que ela havia assinado uma carta do movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), rotulado pelo governo da Alemanha de antissemita, e que ela não havia condenado os ataques terroristas de 7 de Outubro do Hamas.

Ambas as alegações são falsas, Breitz repetiu várias vezes desde então, também num painel de discussão sobre o impacto da posição da Alemanha em relação ao BDS, realizado em 8 de setembro no Festival Internacional de Literatura de Berlim: embora apoie o direito democrático de boicotar, ela não é uma apoiadora do BDS e nunca assinou nenhuma carta do movimento.

Antes mesmo da decisão do museu, a artista havia escrito no Instagram que "é possível condenar totalmente o Hamas (como eu faço, inequivocamente) e, ao mesmo tempo, apoiar a luta palestina mais ampla pela liberdade da opressão, discriminação e ocupação".

Algo mais tornou o caso de Breitz particularmente emblemático: ela é judia.

"Posso carregar a duvidosa distinção de ser a primeira artista judia a ser desplataformizada e desfinanciada pela Alemanha, mas não sou a primeira judia a ser afetada", disse Breitz quando a polêmica eclodiu. "Um amplo espectro de ativistas, artistas e outros trabalhadores culturais está sendo coberto de piche e penas com grande pressa e com zelo macarthista."

Desconvites e rapidez nas acusações

Depois que o Bundestag (Parlamento alemão) aprovou uma resolução condenando o movimento BDS como antissemita, em 2019, diversas instituições culturais da Alemanha desconvidaram personalidades ou ganhadores de prêmios, tentando preventivamente evitar controvérsias e acusações de antissemitismo.

O fenômeno tornou-se mais pronunciado após o início da guerra entre Israel e Hamas, após o ataque do grupo radical palestino que custou a vida de 1.200 israelenses e resultou no sequestro de outros 250.

Houve casos de pessoas que criticaram publicamente as ações de Israel na Faixa de Gaza sem incluir uma condenação direta ao Hamas e acabaram sendo acusadas de antissemitismo. O cineasta israelense Yuval Abraham e o diretor palestino Basel Adra passaram por essa experiência no Festival de Cinema de Berlim, em fevereiro, após criticarem o governo de Israel em seu discurso de aceitação do prêmio de melhor documentário.

Abraham, que sofreu ameaças de morte em Israel após as acusações, acusou as autoridades alemãs de desvalorizarem o termo antissemitismo. "A Alemanha está usando como arma um termo que foi criado para proteger os judeus [e está fazendo isso] não apenas para silenciar os palestinos, mas também para silenciar os judeus e israelenses que criticam a ocupação", disse Abraham.

Avisos semelhantes foram feitos pela Diaspora Alliance, uma organização internacional liderada por judeus, dedicada a desafiar a instrumentalização do antissemitismo e a combater o que eles identificam como antissemitismo genuíno.

Alemães acusam judeus de antissemitismo

A Diaspora Alliance está compilando uma lista dos casos de censura ou desplataformização na Alemanha relacionados a alegações de antissemitismo. Os dados, que deverão estar online em 2025, mostram não apenas que palestinos e a comunidade mais ampla de muçulmanos e de árabes foram os mais diretamente afetados pela postura específica da Alemanha, mas também que um número altamente desproporcional de judeus foi afetado.

Nos 84 casos de desplataformização ou cancelamento de eventos documentados pela Diaspora Alliance em 2023, indivíduos judeus ou grupos incluindo judeus foram alvos em 25%, declarou à DW a diretora da filial alemã da organização, Emily Dische-Becker. Como ressalva, ela observou que, sendo uma organização dirigida por judeus, eles possivelmente estão mais bem informados sobre casos que afetam judeus, que representam menos de 1% da população da Alemanha.

Uma definição controversa de antissemitismo

A resolução do Bundestag sobre o BDS baseia-se na chamada "definição prática" de antissemitismo estabelecida pela Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), que é frequentemente criticada por rotular de antissemita o que outros considerariam uma crítica legítima a Israel.

A definição da IHRA inclui "efetuar comparações entre a política israelense contemporânea e a dos nazistas" e "negar ao povo judeu seu direito à autodeterminação, por exemplo afirmando que a existência de um Estado de Israel é um empreendimento racista".

Mesmo o principal autor da definição da IHRA, o advogado americano Kenneth Stern, se opõe a usá-la como base de qualquer ferramenta jurídica. Essa posição é apoiada por uma ampla gama de estudiosos do antissemitismo, como afirma a Diaspora Alliance, que recomenda uma definição alternativa, a Declaração de Jerusalém sobre Antissemitismo, que existe desde 2021.

Ainda assim, o Bundestag está elaborando outra resolução com base na definição da IHRA, intitulada "'Nunca mais' é agora: Protegendo, preservando e fortalecendo a vida judaica na Alemanha".

Devido ao seu passado nazista, entre outros motivos, a Alemanha se vê na responsabilidade histórica de apoiar Israel.

Mais de 150 judeus criticam projeto do Bundestag

Em agosto, uma carta aberta assinada por artistas e intelectuais judeus foi publicada no jornal alemão Taz. Desde sua publicação, ela reuniu mais de 150 signatários. Nela, eles expressam uma profunda preocupação com o projeto de resolução, que "afirma proteger a vida judaica na Alemanha, mas promete colocá-la em perigo".

A carta diz que um dos problemas do projeto é que ele "está focado em artistas, estudantes e migrantes como os mais perigosos perpetradores de antissemitismo no país, sugerindo que a ameaça mais urgente aos judeus vem de pessoas associadas à política de esquerda e daqueles que vêm de fora da Alemanha".

"Essa é uma distorção maliciosa da realidade, que se baseia na falsa equiparação entre antissemitismo e qualquer crítica ao governo israelense. Como judeus, rejeitamos em especial a insinuação da resolução de que o antissemitismo foi importado por migrantes para a Alemanha, o berço do nazismo."

"Bom judeu" e "mau judeu"

Stefan Laurin, editor do Ruhrbarone, um blog cujas reportagens sobre acusações de antissemitismo provocaram controvérsias que levaram a vários cancelamentos – e que é conhecido por ter publicado um meme inflamado promovendo a aniquilação de Gaza –, também foi convidado para o painel de discussão do Festival Internacional de Literatura de Berlim.

Como Breitz apontou durante a discussão, o artigo de reação de Laurin à carta assinada por mais de 150 intelectuais e artistas evitou mencionar que os signatários eram judeus. Ele se referiu vagamente a eles como sendo parte "da parcela antissemita da cena cultural".

Na discussão, Laurin tentou justificar seu trabalho citando o editor-chefe do semanário judaico-alemão Jüdische Allgemeine, Philipp Peyman Engel, que disse numa entrevista ao jornal alemão Die Welt que os muçulmanos e os esquerdistas radicais eram uma ameaça antissemita mais importante do que a extrema direita.

Muitos judeus não concordam com ele, inclusive os signatários da carta, que veem as coisas de forma inversa: "Não tememos nossos vizinhos muçulmanos nem nossos colegas artistas, escritores e acadêmicos. Nós tememos a extrema direita em ascensão, como evidenciado pelas manifestações em massa de neonazistas encorajados por um clima nacional de medo xenófobo. Tememos a Alternativa para a Alemanha, o segundo partido político mais popular do país, cujos líderes conscientemente copiam a retórica nazista. Essa ameaça mal é mencionada na resolução."

"Os judeus são tão diversos politicamente quanto todas as outras pessoas", apontou Breitz em reação ao fato de Laurin favorecer a opinião de Engel em detrimento da opinião expressa publicamente por mais de 150 outros judeus. Ela criticou a abordagem seletiva dele como sendo parte de uma dinâmica preocupante na Alemanha, onde uma distinção entre "bons judeus" e "maus judeus" é criada para suprimir vozes dissidentes.

Essa categorização também foi fortemente condenada pelo professor britânico-israelense Eyal Weizman numa entrevista publicada na edição de novembro de 2023 da revista Granta: "Mais uma vez, a Alemanha define quem é judeu, certo?", disse ele. "A ironia de que é o Estado alemão quem vai classificar quem é judeu, o que é uma posição judaica legítima e como os judeus devem reagir é simplesmente desprezível."

Short teaser Carta aberta assinada por 150 artistas e intelectuais judeus alerta contra foco errado no combate ao antissemitismo.
Author Elizabeth Grenier
Item URL https://www.dw.com/pt-br/quando-artistas-judeus-se-tornam-alvo-de-acusações-de-antissemitismo/a-70242069?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 37
Id 70166593
Date 2024-09-08
Title Brasil pela primeira vez no top 5 dos Jogos Paralímpicos
Short title Brasil pela primeira vez no top 5 dos Jogos Paralímpicos
Teaser

Campanha brasileira em Paris deixou o país na quinta colocação no quadro geral de medalhas

País bate próprio recorde nos Jogos de Paris com 89 medalhas, sendo 25 ouros, 26 pratas e 38 bronzes, e alcança sua melhor colocação na história da competição.O Brasil encerrou neste domingo (08/09) sua participação nos Jogos Paralímpicos de Paris com sua melhor campanha na história do evento. Foram 89 medalhas, sendo 25 de ouro, 26 de prata e 38 de bronze, que deixaram o país na quinta colocação no quadro geral de medalhas. A grande campeã foi a China, com 84 ouros, seguida pelo Reino Unido (49 ouros), Estados Unidos (36) e Holanda (27). O Brasil manteve uma disputa acirrada com a Itália pelo quinto lugar, que apenas foi resolvida no último dia da competição. A batalha foi decidida com dois ouros – um no halterofilismo, com Tayana Medeiros, e outro na canoagem, com Fernando Rufino. A campanha brasileira superou o melhor resultado obtido pelo país até então. Nos Jogos de Tóquio, em 2021, os brasileiros conquistaram 72 pódios e garantiram a sétima posição. Esta é a quinta edição seguida que o Brasil termina no top 10 dos Jogos Paralímpicos. Os brasileiros ficaram em 8º nos Jogos do Rio 2016; em 7º em Londres 2012, e 9º em Pequim 2008. Em Paris, a maioria das medalhas brasileiras veio da natação (28 medalhas) e do atletismo (36), sendo estas as melhores participações na história em números quantitativos dessas modalidades. O nadador Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, foi um dos grandes destaques, conquistando três ouros. Os judocas também tiveram grande contribuição para o bom resultado da delegação brasileira, conquistando quatro ouros. Meta mais do que atingida "Em cada brasileiro pulsa hoje um coração Paralímpico", festejou o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Mizael Conrado. "Nossa meta era 75 a 90 [medalhas]. Era ficar entre os oito, ficamos entre os cinco. Muita sensação de que o trabalho compensa." Conrado disse que o plano, a partir de agora, é ampliar a participação de mulheres. "Essa delegação já teve 40% de mulheres. Se a gente olhar para China, mais de 60% das medalhas foram conquistadas por mulheres. Se a gente oportunizar, elas vão ser cada vez mais protagonistas." rc/as (ots)


Short teaser País bate próprio recorde nos Jogos de Paris com 89 medalhas e alcança sua melhor colocação na história da competição.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/brasil-pela-primeira-vez-no-top-5-dos-jogos-paralímpicos/a-70166593?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Campanha brasileira em Paris deixou o país na quinta colocação no quadro geral de medalhas
Image source Umit Bektas/REUTERS
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Item 38
Id 70166081
Date 2024-09-08
Title Alemanha investiga novos casos de manipulação de resultados em jogos de futebol
Short title Alemanha apura manipulação de resultados em jogos de futebol
Teaser Casos estariam diretamente ligados à atuação das "bets", as empresas de apostas online. Autoridades analisam "decisões suspeitas dos árbitros" e comportamento de jogadores em 17 partidas de divisões diferentes.

A polícia alemã confirmou a abertura de investigações sobre 17 partidas das divisões mais baixas do futebol alemão por suspeitas de manipulação de resultados em associação a empresas de apostas online – as chamadas "bets".

Autoridades nos estados de Hesse e no Sarre deram inicio à análise de partidas consideradas suspeita. O Departamento Federal de Investigações Criminais (BKA) – a Policia Federal alemã – confirmou estar "envolvido no processo, no papel de coordenador central".

As investigações se seguiram a uma matéria publicada no jornal Hamburger Morgenpost neste fim de semana. A reportagem denunciou esquemas de manipulação de resultados em partidas na terceira divisão do futebol alemão (3. Liga), no torneio semiprofissional da quarta divisão (Regionallliga) e na liga amadora que equivale a 5ª divisão (Oberliga). As manipulações estariam ocorrendo por intermédio das casas de apostas online desde novembro de 2022.

Nos 17 jogos em questão, as autoridades disseram que estão sendo observadas decisões suspeitas dos árbitros das partidas e algum comportamento incomum de goleiros e defensores.

As discussões sobre manipulação teriam ocorrido na chamada dark web. As trocas de mensagens revelam que os ganhos ilegalmente acumulados seriam pagos em criptomoedas, como o Bitcoin.

Salários baixos propiciam manipulação

O jornal Hamburger Abendblatt denunciou outros dois incidentes na quinta divisão da Oberliga de Hamburgo, na semana passada, onde os chamados scouts de dados foram descobertos enviando informações em tempo real para plataformas de apostas durante as partidas. Após os scouts serem retirados dos estádios, não era mais possível apostar nesses jogos.

A Associação Alemã de Futebol (DBF) afirmou não ter provas concretas, mas disse estar em contato com as autoridades e que analisa os casos junto a sua empresa parceira de monitoramento de apostas, a Genius Sports. A DFB disse que não vai comentar o caso em razão de as investigações estarem em andamento.

Na Alemanha, é proibido apostar em atividades do esporte amador, mas as legislações vigentes não se aplicam a empresas estrangeiras de apostas.

No final do ano passado, promotores públicos passaram a investigar uma quantidade incomum de apostas feitas em uma partida da quarta divisão do futebol alemão, envolvendo a equipe do FSV Frankfurt, após uma dica dada por uma empresa de apostas.

Hannes Beuck, fundador da Gamesright, uma entidade que apoia apostadores que perderam dinheiro em casinos online, avalia que o potencial para manipulação de resultados no esporte amador é mais alto, uma vez que jogadores e juízes recebem salários menores, ou inexistentes.

Lembranças do escândalo Hoyzer

As novas investigações reavivaram a memória dos alemães de um escândalo de 2005, quando foi revelado que o árbitro Robert Hoyzer manipulou partidas da segunda e da quarta divisão alemã e da Copa da Alemanha, em colaboração com uma máfia de apostas da Croácia. Hoyzer foi condenado a dois anos e cinco meses de prisão.

Também foi envolvido no escândalo o árbitro Felix Zwayer, que foi banido por seis meses por não denunciar imediatamente uma propina de 300 euros (R$ 1.856) oferecida por Hoyer em 2004. Zwayer negou ter aceitado o dinheiro e até hoje é árbitro da DFB e da União das Associações Europeias de Futebol (Uefa).

rc (dpa, AP)

Short teaser Casos estariam ligados à atuação das "bets". Autoridades analisam "decisões suspeitas de árbitros" e de jogadores.
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Item 39
Id 70114392
Date 2024-09-02
Title Atletas norte-coreanos podem ser punidos por selfie com sul-coreanos
Short title Atletas norte-coreanos podem ser punidos por selfie em Paris
Teaser Mesatenistas teriam sido colocados sob "vigilância ideológica" após interação com colegas do país vizinho nos Jogos Olímpicos e podem ser punidos se não demonstrarem arrependimento e remorso pelo gesto.

Uma das imagens mais emblemáticas dos Jogos Olímpicos de Paris pode ter gerado graves problemas para alguns atletas norte-coreanos. Há semanas, mesatenistas da Coreia do Sul e Norte protagonizaram um momento histórico após disputarem o pódio na categoria de duplas mistas.

Após receberem a medalha de bronze, os sul-coreanos Lim Jong-hoon e Shin Yu-bin se juntaram aos norte-coreanos Kim Kum-yong e Ri Jong-sik, que conquistaram a prata em Paris, para uma selfie. Os chineses Wang Chuqin e Sun Yingsha, também aparecem na imagem. O gesto foi visto internacionalmente como um símbolo de como o esporte é capaz de superar barreiras e unir os povos.

Uma das imagens foi postada no Instagram oficial dos Jogos de Paris e gerou enorme repercussão positiva, sendo considerada um dos grandes momentos do megaevento esportivo.

Contudo, relatos divulgados na imprensa sugerem que Kim e Ri teriam sido colocados sob "escrutínio ideológico" após retornarem ao seu país. O portal de notícias sobre a Coreia do Norte Daily NK, com sede em Seul, citou uma autoridade de alto escalão em Pyongyang que disse que atletas e membros do Comitê Olímpico Norte-Coreano passaram por uma "lavagem ideológica" de um mês de duração. De acordo com a reportagem, este seria um procedimento padrão no país imposto aos atletas que forem expostos à vida fora do regime comunista.

"Lavagem ideológica"

Segundo o Daily NK, o termo "lavagem ideológica" reflete como Pyongyang avalia que passar algum tempo fora de suas fronteiras pode "contaminar" seus cidadãos ao serem expostos a outras culturas.

O portal destaca que os atletas norte-coreanos recebem instruções para não interagirem com competidores de outros países, incluindo da Coreia do Sul, e teriam sido advertidos que tais "confraternizações" seriam passíveis de punição.

Os mesatenistas teriam sido alvo de críticas em um relatório enviado às autoridades do regime de Pyongyang por sorrirem enquanto posavam ao lado de atletas do país vizinho, que o regime comunista considera como seu pior inimigo.

Não está claro qual punição deve ser dada aos atletas. O portal Korea Times sugeriu que isso pode depender da intensidade do arrependimento demonstrado pelos esportistas.

Segundo o portal, os atletas norte-coreanos que retornam de competições internacionais no exterior costumam passar por sessões de "avaliação ideológica" em três etapas. As avaliações terminam em sessões de autorreflexão, nas quais eles devem criticar "comportamentos inadequados" dos integrantes de suas equipes, além de suas próprias ações.

O Korea Times citou o relato de uma fonte anônima, segundo a qual, expressões emocionadas de arrependimento podem poupar os atletas de "punições políticas ou administrativas", cujo teor é desconhecido.

Pressão por resultados

A ONG Human Rights Watch disse que os relatos revelam os esforços do regime do ditador Kim Jong-un para controlar seus cidadãos além de suas fronteiras.

"O Comitê Olímpico Internacional (COI) tem a responsabilidade de proteger os atletas de todas as formas de assédios e abusos, como consta na Carta Olímpica", disse a entidade, em nota. "Os atletas norte-coreanos não deveriam temer retaliações por suas ações durante os Jogos, menos ainda quando incorporam os valores do respeito e da amizade, sobre os quais se ergue o movimento olímpico."

Segundo os relatos, outros atletas que não conquistaram medalhas nos Jogos Olímpicos de Paris teriam sido punidos pela suposta baixa performance nas competições.

O Daily NK menciona o caso da seleção de futebol norte-coreana que foi eliminada da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, depois de perder os três jogos da fase de grupos e sofrer 12 gols. Segundo o portal, os jogadores teriam sido alvos de uma bronca de horas de duração por supostamente traírem o regime. O técnico da equipe teria sido forçado a trabalhar na construção civil.

rc/md (Reuters, ots)

Short teaser Mesatenistas teriam sido colocados sob "vigilância ideológica" após interação com sul-coreanos nos Jogos Olímpicos.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/atletas-norte-coreanos-podem-ser-punidos-por-selfie-com-sul-coreanos/a-70114392?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 40
Id 70092029
Date 2024-08-30
Title Velocista transgênero deve chamar atenção nas Paralimpíadas
Short title Velocista transgênero deve chamar atenção nas Paralimpíadas
Teaser

Valentina Petrillo durante competição paralimpica na Itália em 2024

Especulações e desinformação assolaram os Jogos Olímpicos de Paris sobre questões de gênero. Nos Paralímpicos, uma atleta transgênero italiana competirá no atletismo. Mas ela não será a primeira."Costumo dizer que, se eu consegui, outros também conseguem. Espero ser a primeira de muitas, um ponto de referência, uma inspiração. Minha história pode ajudar muitas pessoas, sejam elas deficientes visuais, transgêneros ou não", disse Valentina Petrillo à agência de notícias AFP, à medida que cresce o interesse em sua participação nos Jogos Paralímpicos, que começou nesta quarta-feira (28/08). Petrillo competirá no evento T12 para atletas com deficiência visual. Ela se assumiu publicamente como transgênero em 2017, depois de por pouco não ter participado como homem da equipe paralímpica de Atlanta de 1996. Somente em 2023, ela foi reconhecida como mulher pelas autoridades italianas. A atleta de 50 anos ganhou duas medalhas de bronze nas provas de 200 metros e 400 metros no Campeonato Mundial de Atletismo de 2023. Embora tenha dito que espera ser "a primeira de muitas" atletas transgênero competindo nos jogos, o Comitê Paralímpico Internacional (IPC) afirma que ela não será a primeira paralímpica transgênero, como foi amplamente divulgado. Um porta-voz da organização disse à DW que a lançadora de disco holandesa Ingrid van Kranen foi a primeira, nos Jogos do Rio em 2016. Lançadora de disco holandês é a primeira paralímpico trans Van Kranen ficou em nono lugar na final do lançamento de disco e causou pouca repercussão internacional. Nos oito anos que se seguiram, as questões transgênero tornaram-se um ponto de discussão muito mais proeminente, sendo muitas vezes uma questão controversa nas guerras culturais. O esporte geralmente está na vanguarda disso. As linhas de batalha são bem traçadas, mas cada caso tem suas próprias nuances. Para a para-atleta alemã Katrin Müller-Rottgardt, que correrá na mesma categoria que Petrillo, o palco esportivo apresenta dificuldades que a vida normal não apresenta. "Todos devem viver sua vida cotidiana da maneira que se sentem confortáveis. Mas acho isso difícil em esportes competitivos", disse ela ao tabloide alemão Bild. "Ela [Petrillo] viveu e treinou como homem por muito tempo, então é possível que os requisitos físicos sejam diferentes dos de alguém que nasceu mulher. Isso pode lhe dar uma vantagem", acrescentou a atleta alemã. A gama de pontos de vista científicos e institucionais é bastante bem estabelecida, mas não há nada como um consenso. Diferentes esportes e diferentes órgãos dirigentes têm adotado linhas totalmente diversas, mesmo quando se trata dos mesmos atletas. Caso Imane Khelif Isso ficou claro no caso da boxeadora vencedora da medalha de ouro olímpica, Imane Khelif. Depois que sua oponente italiana abandonou a luta de abertura, o gênero de Khelif se tornou um dos tópicos mais importantes dos jogos. Ela foi incorretamente rotulada como transgênero pelos meios de comunicação e por importantes figuras públicas. Lin Yu-ting, de Taiwan, enfrentou desafios semelhantes. A dupla foi inicialmente banida do campeonato de 2023, administrado pela Associação Internacional de Boxe. Posteriormente, a organização foi destituída de seu status de órgão regulador global do esporte, o que permitiu que as boxeadoras lutassem em Paris. As inconsistências aparentes entre esportes e eventos faz com que Petrillo não possa competir no atletismo feminino nos Jogos Olímpicos, mas possa nos Jogos Paralímpicos. A World Athletics, órgão regulador global do atletismo de pista e campo, proibiu os atletas transgêneros de competir em 2023. Mas a World Para Athletics diz que qualquer pessoa que seja legalmente reconhecida como mulher é elegível para competir na categoria para a qual sua deficiência a qualifica. O IPC disse à DW que, pelo menos por enquanto, deixa essas decisões a cargo das federações individuais. "O IPC, em seu papel de organizador de eventos importantes, não tem nenhuma regra relevante sobre a participação de atletas transgêneros e intersexuais, pois isso é responsabilidade de cada federação internacional", disse o porta-voz. No centro da tempestade Não há dúvida de que Petrillo está seguindo as regras atuais. Mas é improvável que isso a impeça de estar no centro de uma tempestade, como Khelif esteve antes dela. "Sei que haverá pessoas que não entenderão por que estou fazendo isso, mas estou aqui, lutei durante anos para chegar aonde estou e não tenho medo. Isso é quem eu sou", disse a atleta. Mas o abuso enfrentado pelos atletas nesses casos é sério. Depois de voltar para casa na Argélia, Khelif anunciou que havia entrado com uma ação judicial, supostamente contra a plataforma de rede social X, por suposto cyberbullying. O advogado de Khelif, Nabil Boudi, disse à revista especializada em entretenimento Variety que a queixa menciona o proprietário da X, Elon Musk, e a autora de Harry Potter, JK Rowling. Boudi acrescentou que ele também estaria considerando qualquer papel desempenhado pelo ex-presidente dos EUA e atual candidato republicano, Donald Trump. "Trump tuitou, portanto, quer ele seja ou não citado em nosso processo, ele será inevitavelmente analisado como parte da acusação", disse o advogado. Embora os Jogos Paralímpicos não tenham o mesmo perfil global que os Olímpicos, os olhos do mundo provavelmente estarão voltados para Petrillo quando ela entrar na pista.


Short teaser Especulações e desinformação assolaram os Jogos Olímpicos de Paris sobre questões de gênero.
Author Matt Pearson
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Image caption Valentina Petrillo durante competição paralimpica na Itália em 2024
Image source Tommaso Berardi/IPA Sport/picture alliance
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Item 41
Id 70084139
Date 2024-08-29
Title Ucrânia vive batalha crítica por cidade estratégica no leste do país
Short title Ucrânia vive batalha crítica por cidade estratégica no leste
Teaser

Moradores de Pokrovsk e das cidades vizinhas de Myrnohrad e Selydove foram instruídos a deixar suas casas

Enquanto tenta pressionar Moscou com ofensiva na Rússia, Kiev vê tropas inimigas se aproximarem da importante Pokrovsk, na região do Donbass. Zelenski descreve situação como "extremamente difícil".Pokrovsk é atualmente o principal foco da guerra da Rússia contra a Ucrânia. A situação no entorno da cidade estratégica e em outras áreas de Donetsk, no leste do país, é "extremamente difícil", classificou o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, nesta quarta-feira (28/08), apontando que o Exército russo tem concentrado suas ações na região. Zelenski fez as declarações com base em relatos do comandante-chefe da Ucrânia, Oleksandr Syrskyi, que passou vários dias no front de Pokrovsk. Syrskyi afirmou que a Rússia tem feito de tudo para romper as defesas da Ucrânia e que as tropas de Kiev vêm tendo que usar métodos não convencionais para fortalecer suas posições. Segundo o Exército-maior ucraniano, há "combates intensos" em uma série de vilarejos próximos a Pokrovsk. "Até agora o inimigo fez 38 tentativas de avançar sobre posições ucranianas. Em 14 locais, os combates continuam", afirmou. De acordo com relatos dos últimos dias, o Exército russo havia chegado a uma distância de até 10 quilômetros da cidade. Mais de um terço dos ataques de Moscou têm mirado essa área na região do Donbass. Na quinta-feira da semana passada, por exemplo, foram 53 de 144 bombardeios. Se a Ucrânia perder o controle sobre Pokrovsk, perderá também um importante centro de abastecimento para suas tropas. A liderança militar do país anunciou o envio de reforços, e os moradores de Pokrovsk e das cidades vizinhas de Myrnohrad e Selydove foram instruídos a deixar suas casas. Futura cidade-fantasma? "É um ciclo conhecido: a artilharia russa começa a bombardear os arredores, depois entram em ação bombas guiadas e drones FPV [com câmeras integradas], as cidades rapidamente se transformam em cidades-fantasma, e as pessoas fogem", afirmou Oliver Carroll, correspondente da revista britânica The Economist, que esteve em Pokrovsk na semana passada. Embora lojas e hospitais ainda estivessem em funcionamento, havia poucas pessoas nas ruas, descreveu Carroll. Desde 12 de agosto, uma nova proibição de circulação, entre as 17h e as 9h, foi imposta na parte do Donbass que é controlada por Kiev em povoados a menos de 10 quilômetros da linha de frente. Pokrovsk fica no extremo oeste da região de Donetsk e tinha cerca de 60 mil habitantes antes da invasão russa. Agora, estima-se que menos de 40 mil ainda vivam lá. Carroll disse ter visto pessoas deixando a cidade de trem. As autoridades locais estão transferindo moradores para a região de Rivne, no oeste da Ucrânia. No site da prefeitura, um trem gratuito é oferecido a cada oito dias. Serhij Harmash, editor-chefe do portal Ostriw, acredita que isso não seja suficiente: "As pessoas vão fugir de forma desorganizada." "Ver as pessoas fugindo com seus pertences empacotados em algumas poucas sacolas é uma cena muito triste, mas infelizmente muito familiar no Donbass. Você vê carros com móveis amarrados no teto", diz Carroll. "Conversei com uma mulher de 84 anos que está enfrentando uma situação dessas pela segunda vez na vida. Ela se lembra da primeira, quando era pequena, nos anos 1940. Agora, está fugindo do Exército de Vladimir Putin. A mulher estava tão revoltada que não conseguia nem pronunciar o nome dele." Por que Pokrovsk é importante Pokrovsk fica numa intersecção de importantes ferrovias e rodovias, incluindo a E50, que conduz ao oeste, até Pavlograd, na região vizinha de Dnipropetrovsk. São cerca de 20 quilômetros até a fronteira regional, e alcançá-la é um objetivo declarado do Kremlin. De acordo com estimativas oficiais, no segundo semestre de 2023, a Ucrânia controlava cerca de 45% da região de Donetsk, onde viviam cerca de 480 mil pessoas. Desde então, a área controlada diminuiu, mas não há dados exatos disponíveis (o mapa a seguir mostra a situação de três meses atrás). O Exército ucraniano dispõe de "dois importantes pontos logísticos que permitem o controle da parte ucraniana do Donbass", afirma Yuri Butusov, um dos mais renomados correspondentes de guerra ucranianos e chefe do Censor.net. "Trata-se dos centros urbanos de Pokrovsk-Myrnohrad e Sloviansk-Kramatorsk. Eles são de importância estratégica. A situação é crítica para toda a região de Pokrovsk-Myrnohrad", destaca o jornalista. O historiador militar austríaco Markus Reisner compartilha dessa preocupação. "Pokrovsk é uma importante base logística para a Ucrânia. Se for perdida, isso resultará em atrasos nas entregas em outras áreas. Além disso, é uma base na terceira linha de defesa, e para além dela, há uma área aberta", diz o coronel da Academia Militar Theresiana, em Wiener Neustadt. "É por isso que a situação é tão perigosa." Logo a oeste de Pokrovsk, não há grandes cidades que sejam importantes do ponto de vista da defesa ucraniana. Se a Ucrânia será capaz de estabelecer novas e fortes linhas de defesa é uma questão em aberto. Segundo Reisner, isso geralmente leva meses. Para o historiador, no pior cenário, caso haja problemas com o apoio ocidental, "o Donbass pode passar definitivamente para o lado russo, resultando em uma possível ruptura que talvez só possa ser contida em Dnipro". Como o Exército russo se aproximou de Pokrovsk A situação em Pokrovsk, segundo observadores, é o resultado de dois acontecimentos. Primeiro, em 17 de fevereiro deste ano, a Rússia conquistou Avdiivka, um subúrbio bem fortificado de Donetsk. De Avdiivka a Pokrovsk são cerca de 60 quilômetros, e o Exército russo percorreu a maior parte dessa distância em seis meses. O segundo acontecimento importante foi em maio, quando o Exército russo conseguiu explorar a rotação de tropas ucranianas perto do vilarejo de Ocheretyne e "romper" o front, descreve Butusov. Segundo o jornalista, as forças russas avançam em pequenos grupos. Carroll compartilha informações semelhantes: "Em Avdiivka, a infantaria contou com o apoio de unidades mecanizadas. A Rússia dispõe agora de menos veículos blindados, e a principal ofensiva está sendo conduzida por infantaria em motocicletas e scooters, essa é a principal tática." Reisner acredita que tenha sido por acaso que a área de Pokrovsk se tornou o ponto mais crítico da guerra no Donbass. "Foi lá que a Rússia conseguiu romper a segunda linha de defesa das tropas ucranianas, mas isso poderia ter ocorrido em outro lugar, como em Siversk", considera. Por que o Exército russo avança rumo a Pokrovsk? Observadores citam vários fatores para explicar o avanço russo rumo a Pokrovsk, incluindo as consequências da falta de munição no inverno no hemisfério norte, quando os fornecimentos dos EUA foram interrompidos. Agora, a situação melhorou, mas a Rússia ainda está em vantagem, havendo três munições de artilharia russas para cada uma do lado ucraniano, apontou recentemente o comandante-chefe Oleksandr Syrskyi. No entanto, essa não é a principal causa, consideram observadores. "Há um problema na organização e no planejamento das batalhas", diz Butusov. Carroll também menciona isso, mas, para ele, a principal razão é outra: "As forças ucranianas estão no limite, estão extremamente exaustas; alguns combatentes permanecem 30, 40 e, em alguns casos, até 70 dias em suas posições." A ofensiva ucraniana em Kursk vai ajudar? Muitos especialistas suspeitam que o objetivo da ofensiva ucraniana em Kursk, em território russo, seja reduzir a pressão da Rússia sobre o Donbass. Até agora, isso talvez não tenha ocorrido na medida que Kiev esperava, e observadores acreditam que esse suposto objetivo não será alcançado. A Rússia, na realidade, intensificou seus esforços, observa Carroll. Um militar ucraniano disse ao correspondente que, além da falta de munição para as tropas de Kiev, desde o início do ano a Rússia "melhorou significativamente seu sistema de rastreamento e destruição de artilharia".


Short teaser Enquanto tenta pressionar Moscou com ofensiva na Rússia, Kiev vê tropas inimigas se aproximarem da importante Pokrovsk.
Author Roman Goncharenko
Item URL https://www.dw.com/pt-br/ucrânia-vive-batalha-crítica-por-cidade-estratégica-no-leste-do-país/a-70084139?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Moradores de Pokrovsk e das cidades vizinhas de Myrnohrad e Selydove foram instruídos a deixar suas casas
Image source Evgeniy Maloletka/AP Photo/picture alliance
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Item 42
Id 70082567
Date 2024-08-29
Title Serviço secreto russo abre processo contra repórter da DW
Short title Serviço secreto russo abre processo contra repórter da DW
Teaser

Nick Connolly esteve em Kursk na semana passada

FSB instaurou ação penal contra Nick Connolly, que fez uma reportagem sobre a atual situação em Kursk, entrevistando moradores da região russa.O serviço secreto russo (FSB) anunciou a instauração de um processo penal contra dois jornalistas por terem viajado à região russa de Kursk. O correspondente da Deutsche Welle em Kiev Nick Connolly e Natalia Nagorna, da emissora ucraniana 1+1, são acusados de entrar ilegalmente em território russo. Connolly, que é alemão, esteve na quarta-feira passada (21/08) na pequena cidade de Sudzha, na região controlada pelos ucranianos em Kursk, para uma reportagem. O FSB afirmou que o jornalista de 38 anos cruzou ilegalmente a fronteira. O repórter da DW fazia parte de um pequeno grupo de jornalistas que viajava com militares ucranianos e, sob sua guarda, estiveram brevemente na região de Kursk. Ele entrevistou civis russos sobre suas experiências, além de soldados ucranianos. A atitude da Rússia não foi uma surpresa, afirmou Connolly nesta terça-feira (27/08) à DW. "Isso era esperado. Eles fizeram o mesmo com outros jornalistas que viajaram para lá. Quem está na Ucrânia noticiando sobre a guerra não pode viajar oficialmente para a Rússia", afirmou Connolly. O motivo é legal: segundo leis russas, uma reportagem sobre os fatos in loco na Ucrânia pode ser enquadrada como difamação do Exército russo. "Até mesmo os veículos que ainda são ativos na Rússia têm uma equipe em Moscou e outra aqui na Ucrânia", acrescenta Connolly. Não é um caso isolado Na semana passada, o FSB iniciou um processo penal semelhante contra Nick Paton Walsh, correspondente britânico especialista em segurança internacional da CNN. A Rússia anunciou que irá processar todos os jornalistas que atravessaram a fronteira sem autorização. Até o momento, foram instaurados sete processos contra jornalistas estrangeiros. Quem atravessa a fronteira ilegalmente, do ponto de vista da Rússia, pode ser punido com uma pena de até cinco anos de prisão. A liderança do Kremlin tem pressionado a imprensa estrangeira também de outras maneiras, inclusive a Deutsche Welle. No início de 2022, as autoridades russas proibiram a transmissão da DW no país, o que levou ao fechamento do escritório da emissora alemã em Moscou. Pouco depois, a Rússia classificou a DW como "agente estrangeiro". Atualmente, a Duma, o Parlamento russo, tenta proibir a Deustche Welle no país e classificá-la com "indesejável". Desde fevereiro de 2022, as Forças Armadas ucranianas têm resistido à invasão russa. A Rússia continua ocupando grandes partes do leste e do sul da Ucrânia. Em 6 de agosto, Kiev iniciou uma invasão surpresa. Os aliados ocidentais da Ucrânia, como Alemanha e Estados Unidos, aparentemente não foram informados sobre a operação. O problema, segundo Connolly, é o aumento dos pontos cegos, porque jornalistas já não podem estar in loco em muitas regiões disputadas. cn/le (DW)


Short teaser FSB instaurou ação penal contra Nick Connolly, que fez uma reportagem sobre a atual situação em Kursk.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/serviço-secreto-russo-abre-processo-contra-repórter-da-dw/a-70082567?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Nick Connolly esteve em Kursk na semana passada
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Item 43
Id 70069372
Date 2024-08-28
Title O que faz do Brasil uma potência paralímpica
Short title O que faz do Brasil uma potência paralímpica
Teaser Em 2021, a delegação brasileira conquistou 72 medalhas nos Jogos de Tóquio, ficando na sétima posição geral. Investimentos dos últimos anos no esporte adaptado explicam sucesso, que deve ser repetido em Paris.

Desde os Jogos Paralímpicos de Pequim, em 2008, quando terminou na nona colocação no quadro geral de medalhas, a delegação brasileira se manteve entre os dez países que mais conquistaram medalhas. Foram 47 pódios em Londres 2012, que renderam uma incrível sétima posição. O Brasil conquistou o número total de 72 medalhas nos Jogos do Rio e novamente em Tóquio, ficando na oitava e sétima posição geral, respectivamente.

Em comparação, o Brasil conquistou 74 medalhas nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020 somados. Essa diferença mostra que o país é uma potência paralímpica.

Se por um lado atletas paralímpicos alcançaram muito sucesso nos últimos anos, brasileiros com deficiência enfrentam ainda grandes dificuldades no cotidiano. Atualmente, cerca de 18,6 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, o que corresponde a 8,9% da população, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2022.

Também de acordo com a pesquisa, a taxa de analfabetismo entre pessoas com deficiência (PCDs) no terceiro trimestre de 2022 foi de 19,5%. Entre a população sem deficiência, ela ficou em 4,1%. Em relação à formação escolar, apenas 25,6% das PCDs haviam concluído o ensino médio, contra 57,3% das pessoas sem deficiência.

No mercado de trabalho, o nível de ocupação de PCDs é de 26,6%, menos da metade do percentual registrado entre a população brasileira total, que é de 60,7%. Em relação a salário e remuneração, os dados mostram ainda que os PCDs têm uma renda média 30% menor: R$1.860 contra R$2.690 para pessoas sem deficiência.

Essa lacuna na inserção escolar e no mercado de trabalho pode ser um dos motivos que leva muitos a recorrer ao esporte de alto rendimento, onde há um apoio muito maior para pessoas com deficiência do que em outros setores. No Brasil, o esporte funciona muitas vezes como uma ferramenta de transformação, muda vidas, e com PCDs isso não é diferente.

"O Brasil ainda tem um caminho longo pra atuar em relação às pessoas com deficiência em toda área cultural, educacional, mas esportivamente estamos seguindo um rumo bem promissor", afirma Yohansson Nascimento, vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro e dono de seis medalhas paralímpicas no atletismo entre 2008 e 2016.

Patrocínio e investimento no esporte

Se o apoio no esporte paralímpico é maior que nos outros setores da sociedade, isso se deve ao trabalho do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Criado em fevereiro de 1995, o comitê teve um papel fundamental na ampliação e visibilidade do esporte paralímpico no país. Os resultados já vieram nos primeiros jogos após sua fundação, em Atlanta 1996: foram 21 medalhas (dois ouros, seis pratas e 13 bronzes) e a 37ª colocação no quadro de medalhas.

Um grande ponto de virada para o desenvolvimento do esporte de modo geral no país foi o sancionamento da Lei Agnelo Piva, em 2001, que estabeleceu o repasse de uma parte da arrecadação das loterias federais para os Comitês Olímpico e Paralímpico. O CPB, no caso, recebe 0,95% de tudo o que é apostado nas loterias da Caixa.

Somado a isso, marcas como Asics, Braskem, Havaianas, loterias Caixa e Toyota, também contribuem bastante como patrocinadoras de algumas modalidades ou do comitê de modo geral. Além disso, existem marcas apoiadoras, como a Ajinomoto, e fornecedoras, como a Max Recovery.

Toda essa rede torna possível o investimento em infraestrutura e no desenvolvimento do esporte adaptado no país. "Isso faz com que o CPB consiga estruturar cada vez mais os nossos programas por conta de todo esse financiamento", diz Nascimento.

Infraestrutura e plano estratégico

A oportunidade de sediar os Jogos Paralímpicos do Rio em 2016 também ajudou a alavancar o esporte adaptado no Brasil. Tido como o maior legado físico da competição, o Centro de Treinamento Paralímpico, construído em São Paulo, conta com instalações esportivas indoor e outdoor para treinamentos e competições de 15 modalidades. O complexo ainda tem uma área residencial com alojamentos, refeitório, lavanderia e um setor administrativo com salas, auditórios e outros espaços.

Além do centro de treinamento, desde 2017, o CPB passou a incorporar no seu plano estratégico a difusão de centros de referência, que aproveitam espaços esportivos para oferecer modalidades paralímpicas, desde a iniciação até o alto rendimento. São 72 em todo o país, pelo menos um em cada estado, alcançando todas as regiões do Brasil.

Também em 2017, o CPB passou a criar os programas de desenvolvimento esportivo com os festivais paralímpicos. "No ano passado, estivemos em 119 cidades espalhadas por todo o Brasil e mais de 40 mil crianças tiveram esse primeiro contato com o esporte paralímpico", completa o vice-presidente do CPB.

O que esperar do Brasil em Paris

O Brasil envia a Paris a maior delegação da sua história: 280 atletas, sendo 255 esportistas com deficiência, 19 atletas-guia (18 do atletismo e 1 do triatlo), três calheiros da bocha, dois goleiros do futebol de cegos e um timoneiro do remo. Em apenas duas modalidades o Brasil não vai competir: basquete em cadeira de rodas e rúgbi em cadeira de rodas.

As expectativas são as melhores possíveis. Depois de um bom ciclo, com treinamento em centros de excelência no Brasil e participações importantes em competições internacionais, o Brasil Paralímpico (como é chamada a delegação brasileira) tem tudo para superar o recorde de pódios batido no Rio e repetido em Tóquio.

"No momento, o número mágico que o CPB está falando é bater o número de 72 medalhas conquistadas nos últimos jogos. O nosso próprio planejamento estratégico prevê a conquista de 70 a 90 medalhas no total, então pode esperar que muitas medalhas estão vindo por aí", afirma Nascimento.

O carro-chefe, como nas outras edições, deve ser o atletismo. O Brasil terá 71 atletas e 18 guias, praticamente o número máximo possível, que permite que apenas 72 atletas de um mesmo país possam competir. A delegação brasileira ficou em segundo lugar geral nos últimos dois mundiais da modalidade, somente atrás da China, e deve vir forte em Paris.

As equipes do vôlei sentado, sobretudo a feminina, campeã mundial em 2022, e do futebol para cegos, campeã de todos os Jogos Paralímpicos desde a estreia da modalidade, também estão cotadas para trazer medalhas.

Entre os principais destaques individuais estão nomes como Carol Santiago, dona de cinco medalhas paralímpicas, incluindo 3 de ouro, na classe S12 da natação, Petrúcio Ferreira, bicampeão paralímpico da classe T47 do atletismo, e Alana Maldonado, campeã paralímpica em Tóquio na classe J2 do judô.

Short teaser Investimentos dos últimos anos no esporte adaptado explicam sucesso refletido em medalhas nos últimos Jogos.
Author Enzo Kfouri
Item URL https://www.dw.com/pt-br/o-que-faz-do-brasil-uma-potência-paralímpica/a-70069372?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 44
Id 70058645
Date 2024-08-27
Title O que você precisa saber sobre os Jogos Paralímpicos
Short title O que você precisa saber sobre os Jogos Paralímpicos
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Jogos Paralímpicos começam em 28 de agosto e vão até 8 de setembro

Jogos reúnem em Paris mais de 4 mil atletas e terão competições em 22 modalidades. Brasil quer se consolidar como potência paralímpica.Os Jogos Paralímpicos de Paris começam nesta quarta-feira (28/08). O governo da França espera que as competições, que prosseguem até 8 de setembro, atraiam 4 milhões de visitantes, 10% deles estrangeiros. Cerca de 4.400 atletas em 168 delegações competirão por 549 medalhas de ouro (e o mesmo número em prata e bronze) em 22 modalidades. Uma semana antes do início, mais de 1,75 milhão dos 2,8 milhões de ingressos já haviam sido vendidos, segundo os organizadores. As primeiras competições terão início nesta quinta-feira, após a cerimônia de abertura, começando pelo badminton. O Comitê Paralímpico Internacional (IPC) também anunciou que oito atletas formarão a maior Equipe Paralímpica de Refugiados já existente. Eles vão representar as mais de 120 milhões de pessoas que foram obrigadas a deixar suas regiões de origem em todo o mundo. Nos Jogos Paralímpicos de 2021 em Tóquio, a equipe de refugiados era composta por seis atletas. Nos últimos sete anos, as autoridades investiram cerca de 125 milhões de euros para tornar a metrópole francesa mais inclusiva. Prédios públicos e o transporte público se tornaram mais acessíveis, e 10.400 caixas de som foram instaladas em cruzamentos para pessoas com deficiência visual. A história No verão de 1948, o neurologista judeu alemão Ludwig Guttmann, que havia fugido dos nazistas para o Reino Unido em 1939, organizou em Londres a primeira competição para atletas em cadeiras de rodas, que ele chamou de Stoke Mandeville Games. Essa é a origem dos Jogos Paralímpicos, que foram realizados pela primeira vez em Roma, em 1960, com 400 atletas de 23 países. Desde então, eles têm ocorrido a cada quatro anos. Os primeiros Jogos Paralímpicos de Inverno foram organizados na Suécia em 1976 e também são realizados a cada quatro anos desde então. Desde 1988, os Jogos Paralímpicos são realizados no mesmo local que os Jogos Olímpicos devido a um acordo entre o IPC e o Comitê Olímpico Internacional (COI). A importância Os Jogos Paralímpicos são um dos eventos mais importantes do paradesporto. O número de atletas participantes tem aumentado constantemente, assim como o interesse da mídia. "As perguntas nas entrevistas são cada vez mais genéricas", observa o velocista paralímpico alemão Johannes Floors, medalhista de ouro nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Segundo ele, não se trata mais apenas da deficiência de um atleta, mas cada vez mais da pessoa, da personalidade ou da motivação. Para a nadadora paralímpica alemã e campeã mundial Elena Semechin, os Jogos Paralímpicos são mais do que apenas competições esportivas. "Eu vejo isso também como uma atividade de embaixador, como ser um modelo para outras pessoas", diz a medalhista de ouro em Tóquio. "É a melhor coisa que você pode fazer", diz o paraciclista Thomas Ulbricht, de 39 anos. "Você quer se apresentar, deixar seus pais orgulhosos e, é claro, seu país", diz o atleta, que está competindo nos Jogos Paralímpicos pela quinta vez. Diferenças entre Jogos Olímpicos e Paralímpicos Acabam-se os Jogos Olímpicos, começam os Paralímpicos. Para os organizadores em Paris, isso significa, entre outras coisas, que os locais de competição e a Vila Olímpica, onde os atletas moram durante os Jogos, têm de ser parcialmente reconstruídos. "As praças públicas, ruas e calçadas precisam ser adaptadas para que pessoas em cadeiras de rodas possam usá-las sem problemas", explica o diretor da Vila Olímpica, Laurent Michaud. "Isso significa estar em conformidade com os padrões de acessibilidade universal exigidos para novos empreendimentos urbanos." Somente os apartamentos da Vila Olímpica que tiverem pelo menos um banheiro com acessibilidade universal serão usados. Nas áreas externas, obstáculos pouco visíveis foram pintados, e rampas para usuários de cadeira de rodas foram instaladas nos locais de competição. A discussão sobre a qualidade da água do Sena também continuará nos Jogos Paralímpicos porque, como nos Jogos Olímpicos, a natação nas competições de triatlo será realizada no rio parisiense. No entanto, ao contrário dos Jogos Olímpicos, não haverá competições de natação em águas abertas nos Jogos Paralímpicos. Entretanto, ao contrário do Jogos Olímpicos, a bocha faz parte do programa paralímpico desde 1984. A paraescalada vai virar esporte paralímpico em Los Angeles em 2028, sete anos após a estreia olímpica da escalada esportiva em Tóquio. Os esportes praticados Os 22 esportes das competições de Paris são os mesmos de Tóquio – ou seja, nenhuma nova modalidade foi incluída. São eles: futebol de cegos, badminton, bocha, arco e flecha, adestramento, halterofilismo, golbol, judô, canoagem, atletismo, ciclismo, basquete em cadeira de rodas, esgrima em cadeira de rodas, rúgbi em cadeira de rodas, tênis em cadeira de rodas, remo, natação, vôlei sentado, tiro esportivo, taekwondo, tênis de mesa, triatlo. Apenas dois não têm um equivalente olímpico: bocha e golbol. Atletas russos Os atletas da Rússia e de Belarus podem participar dos Jogos Paralímpicos sob uma bandeira neutra, mas estão excluídos das cerimônias de abertura e encerramento. O Comitê Paralímpico Russo enviará um total de 88 atletas a Paris, apesar de uma comissão independente nomeada pelo IPC ter autorizado 185. Oito atletas belarrussos também competirão. Brasil A delegação brasileira chega a Paris com a meta de superar o número total de 72 medalhas dos Jogos do Rio e de Tóquio e também a sétima posição alcançada nesses dois eventos – a melhor que o Brasil já obteve. Nas quatro últimas edições, o Brasil se manteve entre os dez países que mais conquistaram medalhas. A expectativa dos dirigentes brasileiros é de que, na França, o país obtenha o seu melhor desempenho em Jogos Paralímpicos. No atletismo, na natação, no judô e no futebol de cegos estão algumas das principais esperanças de vitória. Em Paris, o Brasil terá 280 atletas nas competições paralímpicas, sendo 255 esportistas com deficiência, 19 atletas-guia (18 do atletismo e 1 do triatlo), três calheiros da bocha, dois goleiros do futebol de cegos e um timoneiro do remo. Em apenas dois esportes o Brasil não vai competir: basquete em cadeira de rodas e rúgbi em cadeira de rodas. A primeira participação do Brasil em Jogos Paralímpicos foi em 1972, em Heidelberg, na Alemanha. A primeira medalha – de prata – foi conquistada quatro anos depois em Toronto, no Canadá, por Luiz Carlos da Costa e Robson Sampaio, na modalidade lawn bowls (um jogo semelhante à bocha), que já não faz mais parte das competições. O Brasil tem 373 medalhas conquistadas em Jogos Paralímpicos, em 11 edições. São 109 ouros, 132 pratas e 132 bronzes, sendo que as modalidades que mais garantiram pódios paralímpicos ao país são atletismo (170 medalhas: 48 ouros, 70 pratas e 52 bronzes), natação (125 medalhas: 40 ouros, 39 pratas e 46 bronzes) e judô (25 medalhas: cinco ouros, nove pratas e 11 bronzes). A melhor campanha do Brasil nos Jogos foi a mais recente, em Tóquio 2020, ocasião em que a delegação brasileira ficou na sétima posição, com 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes. Desde os Jogos de Atenas, em 2004, o Brasil tem se mantido num elevado nível nas competições, com um grande número de medalhas, e se consolidado como uma potência no esporte paralímpico.


Short teaser Jogos reúnem 4 mil atletas e terão competições em 22 modalidades. Brasil quer se consolidar como potência paralímpica.
Author Thomas Klein
Item URL https://www.dw.com/pt-br/o-que-você-precisa-saber-sobre-os-jogos-paralímpicos/a-70058645?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
Image URL (940 x 411) https://static.dw.com/image/69992656_354.jpg
Image caption Jogos Paralímpicos começam em 28 de agosto e vão até 8 de setembro
Image source Aurelien Morissard/AP Photo/picture alliance
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Item 45
Id 70014974
Date 2024-08-22
Title O lucrativo e mortal tráfico de migrantes no México
Short title O lucrativo e mortal tráfico de migrantes no México
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Mãe e filha venezuelanas na fronteira entre México e Estados Unidos

Morte de criança chama atenção para crime organizado na fronteira com os EUA. Negócio bilionário, tráfico mira também cidadãos da África e Ásia, e Brasil entrou nessa rota como porta de entrada no continente.Mais uma vez, uma caminhonete que transportava migrantes em direção à fronteira com os Estados Unidos foi alvo de tiros no estado de Sonora, no norte do México. O saldo: um menor de idade morto, oito migrantes feridos e o veículo completamente destruído. O ataque ocorreu no último fim de semana, na estrada entre Tubutama e Sáric, a apenas cerca de 50 quilômetros da fronteira internacional. De acordo com a imprensa local, a criança morta seria mexicana, e os feridos, haitianos. No entanto, as autoridades mexicanas ainda não confirmaram as nacionalidades. A região fronteiriça em Sonora é uma área disputada por gangues criminosas que buscam controlar o tráfico de migrantes, armas e drogas. Os cartéis de Sinaloa, Jalisco Nova Geração e Caborca operam na área. "Mortes violentas de migrantes ocorrem constantemente na região. A população já está acostumada", afirma à DW Tamara Aranda, especialista em migração e ativista em Sonora. "Certamente se tratava da caminhonete de um 'coiote' [traficante de pessoas] que levava o grupo à fronteira e pode ser que tenha se recusado a pagar pedágio aos cartéis." O ataque trouxe à memória um incidente semelhante ocorrido em fevereiro deste ano, quando um menino e duas mulheres migrantes foram assassinados enquanto viajavam em uma caminhonete por Caborca, a poucos quilômetros de Tubutama e Sáric. "Não deram muitas informações até agora, mas como é possível que uma van transportando menores chegue até Sonora, depois de atravessar vários estados e quilômetros, sem ter sido parada por alguma autoridade, a menos que estejam coniventes com elas?", critica Gloria Valdez, coordenadora do Seminário de Assessoria à Infância Migrante do Colégio de Sonora, associação que acolhe crianças e adolescentes migrantes. O milionário negócio do tráfico de pessoas Somente entre janeiro e junho deste ano foram registrados 741 homicídios em Sonora, de acordo com dados oficiais. Devido aos múltiplos assassinatos, sequestros e extorsões, a fronteira entre o México e os Estados Unidos é considerada a rota migratória terrestre "mais perigosa" do mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Isso não impediu que cerca de um milhão de pessoas cruzassem a fronteira em Sonora em 2023 – movimento aproveitado por traficantes. Dados de 2022 do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) apontam que o tráfico de pessoas movimenta 31 bilhões de dólares por ano em todo o mundo. Somente o que ocorre entre a América Latina e os Estados Unidos seria responsável, em uma estimativa conservadora, por 8,5 bilhões de dólares. Em 2023, a organização Insight Crime estimou que, apenas na travessia do México para os Estados Unidos, o tráfico ilegal de migrantes possa garantir a organizações criminosas lucros de mais de 12 bilhões de dólares por ano. Até 20 mil dólares para cruzar a fronteira No continente americano, os chamados coiotes cobrariam entre 5 mil e 20 mil dólares (entre R$ 27 mil e R$ 100 mil) por pessoa dependendo de diversos fatores, como o local de origem do migrante, os meios de transporte utilizados e o uso de documentos falsos. Uma opção mais econômica, porém mais perigosa, é atravessar a selva de Darién, entre a Colômbia e o Panamá, onde se paga menos de 50 dólares aos traficantes para cruzar a fronteira. É, sem dúvida, um negócio criminoso lucrativo, mas que não garante que os migrantes cheguem sãos ou vivos ao seu destino. "Migrantes nos contam que precisam pagar quantias similares para chegar a Sonora, mas, na fronteira com os Estados Unidos, podem até ser abandonados [pelos traficantes], caso sejam descobertos pela patrulha fronteiriça", diz a ativista Valdez. Calcular números exatos é muito difícil e depende da fonte, segundo Aranda. "Mas é fato que, depois das armas e das drogas, o tráfico de pessoas é o negócio mais lucrativo para o crime organizado no México", afirma a especialista. Migração extracontinental em alta Além da migração proveniente de países das Américas, como Venezuela, Guatemala, Honduras e Haiti, vê-se atualmente um aumento da migração extracontinental. "Agora temos em Sonora migrantes de cinco continentes: Ásia, África, Oceania, Europa e América", relata Valdez. Um estudo recente da Organização Internacional para as Migrações (OIM) e do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime constatou que o tráfico de pessoas para os Estados Unidos evoluiu de tal forma que agora são oferecidos pacotes VIP, que podem custar até 60 mil dólares por pessoa para migrantes da Ásia. O custo depende do local de origem na África ou Ásia, de onde as pessoas geralmente são transportadas para a América do Sul e, em seguida, "sobem" pelo continente até os Estados Unidos. Tudo isso diante de uma aparente permissividade das autoridades mexicanas. "A rota da migração irregular no México não ocorre sem a vigilância do Estado. Há agentes migratórios em cada esquina, então é muito difícil para as pessoas transitarem do sul até o norte", ressalta Aranda. "Na ausência de uma política migratória horizontal e transversal, a situação vai continuar assim, mesmo com maior vigilância: com tecnologia ou muros, as pessoas vão continuar migrando", considera Valdez. Brasil na rota do tráfico de pessoas para os EUA Brasil é um dos países que entrou nessa rota da imigração ilegal com destino aos Estados Unidos, como indicou um relatório da Polícia Federal (PF). De acordo com uma reportagem da TV Globo, que teve acesso ao documento, estrangeiros de vários países compram passagens com conexão no Brasil para outros destinos sul-americanos. Ao chegar no país, deixam de embarcar para o destino final e entram com um pedido de refúgio. O documento afirma que a maioria dessas pessoas quer uma permissão para entrar no Brasil para, em seguida, tentar entrar ilegalmente nos Estados Unidos ou no Canadá. Grande parte desses migrantes são de países da África e do Sul da Ásia. A grande maioria destes pedidos de refúgio, 70%, foi feita por cidadãos do Nepal, Vietnã e Índia. Somente no aeroporto de Guarulhos, mais de 8 mil estrangeiros pediram refúgio entre janeiro de 2023 e junho deste ano. Em resposta ao aumento do fluxo migratório, o Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou que o Brasil passará a restringir a entrada de imigrantes sem visto para o país.


Short teaser Tráfico mira também cidadãos da África e Ásia, e Brasil entrou nessa rota como porta de entrada no continente.
Author Camilo Toledo-Leyva
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Image caption Mãe e filha venezuelanas na fronteira entre México e Estados Unidos
Image source Adrees Latif/REUTERS
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Item 46
Id 64814042
Date 2023-02-25
Title Qual ainda é o real poder dos oligarcas ucranianos?
Short title Qual ainda é o real poder dos oligarcas ucranianos?
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O oligarca ucraniano Rinat Akhmetov sofreu a maior perda após a Rússia invadir a Ucrânia

UE condicionou adesão da Ucrânia ao bloco ao combate à corrupção. Para isso, país precisa reduzir influência dos oligarcas na política.Durante uma visita a Bruxelas em 9 de fevereiro, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que Kiev espera que as negociações sobre a adesão da Ucrânia à União Europeia (UE) comecem ainda em 2023. O bloco salientou, porém, que essa decisão depende de reformas a serem realizadas no país, como o combate à corrupção. Para isso, é necessário reduzir a influência dos oligarcas na política ucraniana. A chamada lei antioligarca, aprovada em 2021 e que pretende atender a esse requisito, está sendo examinada pela Comissão de Veneza – um órgão consultivo do Conselho da Europa sobre questões constitucionais –, que deverá apresentar as conclusões em março. Lei antioligarca De acordo com a lei, serão considerados oligarcas na Ucrânia quem preencher três dos quatro seguintes critérios: possuir um patrimônio de cerca de 80 milhões de dólares; exercer influência política; ter controle sobre a mídia; ou possuir um monopólio em um setor econômico. Aqueles que entrarem para o registro de oligarcas não podem financiar partidos políticos, ficam impedidos de participar de grandes privatizações e devem apresentar uma declaração especial de imposto de renda. Durante décadas, a política ucraniana girou em um círculo vicioso de corrupção política: os oligarcas financiaram – principalmente de forma secreta – partidos para, por meios de seus políticos, influenciar leis ou regulamentos que maximizariam seus lucros. Por exemplo, era mais lucrativo garantir que os impostos do governo sobre a extração de matérias-primas ou o uso de infraestrutura permanecessem baixos do que investir na modernização de indústrias. Entretanto, a lei antioligarca já surtiu efeitos. No verão passado, o bilionário Rinat Akhmetov foi o primeiro a desistir das licenças de transmissão de seu grupo de mídia. O líder do partido Solidariedade Europeia, o ex-presidente ucraniano Petro Poroshenko, também perdeu oficialmente o controle sobre seus canais de TV. E o bilionário Vadim Novinsky renunciou ao seu mandato de deputado. Guerra dilacerou fortunas de oligarcas ucranianos A destruição da indústria ucraniana após a invasão russa reduziu a riqueza dos oligarcas. Em um estudo publicado no final de 2022, o Centro para Estratégia Econômica (CEE), em Kiev, estimou as perdas dos oligarcas em 4,5 bilhões de dólares. Rinat Akhmetov foi o mais impacto: com a captura de Mariupol pelas tropas russas, sua empresa Metinvest Holding perdeu a importante siderúrgica Azovstal e mais um outro combinat. O CEE estima o valor das plantas industriais em mais de 3,5 bilhões de dólares. Além disso, a produção na usina de coque de Akhmetov – localizada em Avdiivka, perto de Donetsk, avaliada em 150 milhões de dólares – foi paralisada devido a danos causados ​​por ataques russos. Os bombardeios do Kremlin também destruíram muitas instalações das empresas de energia de Akhmetov, especialmente usinas termelétricas. Devido à guerra, especialistas da revista Forbes Ucrânia estimam as perdas de Akhmetov em mais de 9 bilhões de dólares. No entanto, ele ainda lidera a lista dos ucranianos mais ricos, com uma fortuna de 4 bilhões de dólares. Já Vadim Novinsky, sócio de Akhmetov na Metinvest Holding, perdeu de 2 bilhões de dólares. Antes da guerra, sua fortuna era estimada em 3 bilhões de dólares. Kolomojskyj: sem passaporte ucraniano e refinaria de petróleo A fortuna do até recentemente influente oligarca Igor Kolomojskyj também diminuiu drasticamente. No ano passado, ataques russos destruíram sua principal empresa, a refinaria de petróleo Kremenchuk, e o CEE estima os danos em mais de 400 milhões de dólares. Kolomoiskyi, juntamente com seu sócio Hennady Boholyubov, controlava uma parte significativa do mercado ucraniano de combustíveis. Eles eram donos, inclusive, da maior rede de postos de gasolina do país. Por meio de sua influência política, Kolomojskyj conseguiu por muitos anos controlar a administração da petroleira estatal Ukrnafta, na qual possuía apenas uma participação minoritária. O controle da maior petrolífera do país, da maior refinaria e da maior rede de postos de gasolina lhe garantia grandes lucros. A refinaria foi destruída, e o controle da Ukrnafta e da refinaria de petróleo Ukrtatnafta foi assumido pelo Estado durante o período de lei marcial. O oligarca, que também possui passaportes israelense e cipriota, perdeu ainda a nacionalidade ucraniana, já que apenas uma cidadania é permitida na Ucrânia. Ele ainda responde a um processo por possíveis fraudes na Ukrnafta, na casa dos bilhões. Dmytro Firtash – que vive há anos na Áustria – é outro oligarca sob investigação. Ele também é conhecido por sua grande influência na política ucraniana. Neste primeiro ano de guerra, ele também perdeu grande parte de sua fortuna. Sua fábrica de fertilizantes Azot, em Sieveirodonetsk, que foi ocupada pela Rússia, foi severamente danificada pelos combates. O CEE estima as perdas em 69 milhões de dólares. Não existem mais oligarcas ucranianos? Os oligarcas perderam recursos essenciais para influenciar a política ucraniana, afirmou Dmytro Horyunov, um especialista do CEE. "Os investimentos na política estão se tornando menos relevantes", disse e acrescentou que espera que a lei antioligarca obrigue as grandes empresas a abrir mão de veículos de imprensa e de um papel na política. Ao mesmo tempo, Horyunov não tem ilusões: muito pouco tem sido feito para eliminar completamente a influência dos oligarcas na política ucraniana. "Enquanto tiverem bens, eles farão de tudo para protegê-los ou aumentá-los". De acordo com os especialistas do CEE, os oligarcas tradicionalmente defendem seus interesses por meio do sistema judicial. Desde 2014, a autoridade antimonopólio da Ucrânia impôs multas de mais de 200 milhões de dólares às empresas de Rinat Akhmetov e dezenas de milhões de dólares às companhias de Ihor Kolomoiskyi e Dmytro Firtash por abuso de posição dominante. Todas essas multas foram contestadas no tribunal, e nenhuma foi paga até o momento, disse o CEE. Apesar de alguns oligarcas terem renunciado formalmente a empresas de comunicação, Ihor Feschtschenko, do movimento "Chesno" (Honesto), duvida que as grandes empresas ficarão de fora das eleições após o fim da guerra. "Acho que a primeira coisa que veremos por parte dos oligarcas é a criação de novos canais de TV e, ao mesmo tempo, partidos políticos ligados a eles", avalia Feshchenko. Ele salienta que, para bloquear o fluxo de fundos não transparentes para as campanhas eleitorais é necessário implementar a legislação sobre partidos políticos. Os especialistas do CEE esperam que, durante o processo de integração à UE, grandes investidores europeus se dirijam à Ucrânia. Ao mesmo tempo, eles apelam às instituições financeiras internacionais, de cuja ajuda a Ucrânia agora depende extremamente, para vincular o apoio a Kiev a progressos no processo de desoligarquização e apoiar as empresas que competiriam com os oligarcas.


Short teaser UE condiciona adesão da Ucrânia ao bloco a combate à corrupção. Para isso, país precisa reduzir influência de oligarcas.
Author Eugen Theise
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Image caption O oligarca ucraniano Rinat Akhmetov sofreu a maior perda após a Rússia invadir a Ucrânia
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Item 47
Id 64820664
Date 2023-02-25
Title Mortos em terremoto na Turquia e na Síria passam de 50 mil
Short title Mortos em terremoto na Turquia e na Síria passam de 50 mil
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Turquia registrou a grande maioria dos mortos: mais de 44 mil

De acordo com autoridades turcas, 173 mil prédios ruíram ou precisam ser demolidos. Prefeito de Istambul diz ser necessário até 40 bilhões de dólares para se preparar para possível novo grande tremor.Duas semanas e meia após o terremoto de 7,8 de magnitude na área de fronteira turco-síria, o número de mortos aumentou para mais de 50 mil, informaram as autoridades dos dois países nesta sexta-feira (24/02). A Turquia registrou 44.218 mortes, de acordo com a agência de desastres turca Afad, e a Síria reportou ao menos 5,9 mil mortes. Nos últimos dias, não houve relatos de resgate de sobreviventes. Tremores secundários continuam a abalar a região. Neste sábado (25/02), um tremor de magnitude 5,5 atingiu o centro da Turquia, informou o Centro Sismológico Euro-Mediterrânico, a uma profundidade de 10 quilômetros. O observatório sísmico de Kandilli disse que o epicentro foi localizado no distrito de Bor, na província de Nigde, que fica a cerca de 350 quilômetros a oeste da região atingida pelo grande tremor de 6 de fevereiro. Graves incidentes e vítimas não foram reportados após o tremor deste sábado. Segundo a Turquia, nas últimas três semanas, foram mais de 9,5 mil tremores secundários e a terra chegou a tremer, em média, a cada quatro minutos. De acordo com o governo turco, 20 milhões de pessoas no país são afetadas pelos efeitos do terremoto. As Nações Unidas estimam que na Síria sejam 8,8 milhões de pessoas afetadas. Turquia começa reconstrução As autoridades turcas começaram a construir os primeiros alojamentos para os desabrigados. O trabalho de escavação de terra está em andamento nas cidades de Nurdagi e Islahiye, na província de Gaziantep, escreveu no Twitter o ministro do Meio Ambiente, Planejamento Urbano e Mudança Climática, Murat Kurum. Inicialmente, estão previstos 855 apartamentos. O presidente turco Recep Tayyip Erdogan prometeu a reconstrução em um ano. Críticos alertam que erguer prédios tão rapidamente pode fazer com que a segurança sísmica dos edifícios seja negligenciada novamente. A oposição culpa o governo de Erdogan, que está no poder há 20 anos, pela extensão do desastre porque não cumpriu os regulamentos de construção. Também neste sábado, o ministro da Justiça turco, Bekir Bozdag, disse que pelo menos 184 pessoas foram detidas por suposta negligência em relação a prédios desabados após os terremotos. Entre eles, estão empreiteiros e o prefeito do distrito de Nurdagi, na província de Gaziantep. Até agora, o Ministério do Planejamento Urbano inspecionou 1,3 milhão de edifícios, totalizando mais de meio milhão de residências e escritórios, e relatou que 173 mil propriedades ruíram ou estão tão seriamente danificadas que precisam ser demolidas imediatamente. Ao todo, quase dois milhões de pessoas tiveram de abandonar suas casas, demolidas ou danificadas pelos tremores, e vivem atualmente em tendas, casas pré-fabricadas, hotéis, abrigos e diversas instituições públicas, detalhou um comunicado do Afad. Cerca de 528 mil pessoas foram evacuadas das 11 províncias listadas como regiões afetadas, acrescentou o comunicado do serviço de emergência, enquanto 335 mil tendas foram montadas nessas áreas e 130 núcleos provisórios de casas pré-fabricadas estão sendo instalados. Em março e abril começará a construção de 200 mil novas casas, prometeu o ministério turco. Estima-se que o terremoto de 6 de fevereiro tenha custado à Turquia cerca de 84 bilhões de dólares. Na Síria, o noroeste é particularmente atingido pelos efeitos do tremor. Há poucas informações sobre o país devastado pela guerra. Diante de anos de bombardeios e combates, muitas pessoas ali já viviam em condições precárias antes dos tremores. Istambul precisa de 40 bilhões de dólares Enquanto isso, o prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, disse a cidade, que fica perto de uma grande falha geológica, precisa de um programa urgente de urbanização no valor de "cerca de 30 bilhões a 40 bilhões de dólares" para se preparar para um possível novo grande terremoto. "A quantia é três vezes maior do que o orçamento anual da cidade de Istambul, mas precisamos estar prontos antes que seja tarde demais", disse Imamoglu a um conselho científico. De acordo com um relatório de 2021 do observatório sísmico de Kandilli, um potencial terremoto de magnitude superior a 7,5 danificaria cerca de 500 mil edifícios, habitados por 6,2 milhões de pessoas, cerca de 40% da população da cidade, a mais populosa da Turquia. Istambul fica ao lado da notória falha geológica do norte da Anatólia. Um grande terremoto em 1999 que atingiu a região de Mármara, incluindo Istambul, matou mais de 18 mil. le (EFE, DPA, Reuters, ots)


Short teaser De acordo com autoridades turcas, 173 mil prédios ruíram ou precisam ser demolidos.
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Image caption Turquia registrou a grande maioria dos mortos: mais de 44 mil
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Item 48
Id 64819106
Date 2023-02-25
Title UE impõe 10° pacote de sanções contra a Rússia
Short title UE impõe 10° pacote de sanções contra a Rússia
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"Agora temos as sanções de maior alcance de todos os tempos", disse Ursula von der Leyen,

Medidas incluem veto à exportação de tecnologia militar e, pela primeira vez, retaliações contra firmas iranianas que fornecem drones a Moscou. Mais de 100 indivíduos e entidades russas são afetados.A União Europeia prometeu aumentar a pressão sobre Moscou "até que a Ucrânia seja libertada", ao adotar neste sábado (25/02) um décimo pacote de sanções contra a Rússia, acordado pelos líderes do bloco no dia anterior, que marcou o primeiro aniversário da invasão da Ucrânia. O conjunto de medidas inclui veto à exportação de tecnologia militar e, pela primeira vez, retaliações contra empresas iranianas que fornecem drones a Moscou. "Agora temos as sanções de maior alcance de todos os tempos – esgotando o arsenal de guerra da Rússia e mordendo profundamente sua economia", disse a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, através do Twitter, acrescentando que o bloco está aumentando a pressão sobre aqueles que tentam contornar as sanções da UE. O chefe de política externa da UE, Josep Borrell, alertou que o bloco continuará a impor mais sanções contra Moscou. "Continuaremos a aumentar a pressão sobre a Rússia – e faremos isso pelo tempo que for necessário, até que a Ucrânia seja libertada da brutal agressão russa", disse ele em comunicado. Restrições adicionais são impostas às importações de mercadorias que geram receitas significativas para a Rússia, como asfalto e borracha sintética. Os Estados-membros da UE aprovaram as sanções na noite de sexta-feira, depois de uma agitada negociação, que foi travada temporariamente pela Polônia. Acordo após mais de 24 horas de reuniões As negociações entre os países da UE ficaram estagnadas durante a discussão sobre o tamanho das cotas de borracha sintética que os países poderão importar da Rússia, uma vez que a Polônia queria reduzi-las, mas finalmente houve o acordo, após mais de 24 horas de reuniões. "Hoje, a UE aprovou o décimo pacote de sanções contra a Rússia" para "ajudar a Ucrânia a ganhar a guerra", anunciou a presidência sueca da UE, em sua conta oficial no Twitter. O pacote negociado "inclui, por exemplo, restrições mais rigorosas à exportação de tecnologia e produtos de dupla utilização", medidas restritivas dirigidas contra indivíduos e entidades que apoiam a guerra, propagandeiam ou entregam drones usados pela Rússia na guerra, e medidas contra a desinformação russa", listou a presidência sueca. Serão sancionados, concretamente, 47 componentes eletrônicos usados por sistemas bélicos russos, incluindo em drones, mísseis e helicópteros, de tal maneira que, levando em conta os nove pacotes anteriores, todos os produtos tecnológicos encontrados no campo de batalha terão sido proibidos, de acordo com Ursula von der Leyen. O comércio desses produtos, que as evidências do campo de batalha sugerem que Moscou está usando para sua guerra, totaliza mais de 11 bilhões de euros (mais de R$ 60 bilhões), segundo autoridades da UE. Sanções contra firmas iranianas Também foram incluídas, pela primeira vez, sete empresas iranianas ligadas à Guarda Revolucionária que fabricam os drones que Teerã está enviando a Moscou para bombardear a Ucrânia. As novas medidas abrangem mais de 100 indivíduos e empresas russas, incluindo responsáveis pela prática de crimes na Ucrânia, pela deportação de crianças ucranianas para a Rússia e oficiais das Forças Armadas russas. Todos eles terão os bens e ativos congelados na UE e serão proibidos de entrar no território do bloco. O décimo pacote novamente foca na necessidade de evitar que tanto a Rússia como os oligarcas contornem as sanções, tendo sido acordado considerar a utilização de bens do Banco Central russo congelados na UE para a reconstrução da Ucrânia. No entanto, vários países têm dúvidas jurídicas sobre a possibilidade de utilizar esses recursos para a reconstrução e pedem o máximo consenso internacional. md (EFE, Reuters, AFP)


Short teaser Medidas incluem veto à exportação de tecnologia militar e retaliações a empresas iranianas que fornecem drones a Moscou.
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Image caption "Agora temos as sanções de maior alcance de todos os tempos", disse Ursula von der Leyen,
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Item 49
Id 64816115
Date 2023-02-24
Title Zelenski quer América Latina envolvida em processo de paz
Short title Zelenski quer América Latina envolvida em processo de paz
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Zelenski fez declaração em coletiva de imprensa que marcou um ano da guerra na Ucrânia

Presidente ucraniano propõe cúpula com os países da região e diz ter convidado Lula para ir a Kiev. Ele diz ainda que nações da África, além de China e Índia, deveriam se sentar na mesa de negociações.O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou nesta sexta-feira (24/02) que deseja que países da América Latina e África, além da China e Índia, façam parte de um processo de paz para o fim da guerra com a Rússia. A declaração foi feita durante uma coletiva de imprensa para veículos internacionais que marcou um ano da invasão russa na Ucrânia. Buscando fortalecer os laços diplomáticos, Zelenski propôs a realização de uma cúpula com os líderes latino-americanos. "É difícil para mim deixar o país, mas eu viajaria especialmente para essa reunião", destacou. Ao manifestar a intenção de reforçar os contatos bilaterais, Zelenski citou especificamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ser questionado por um jornalista brasileiro. "Eu lhe mandei [a Lula] convites para vir à Ucrânia. Realmente espero me encontrar com ele. Gostaria que ele me ajudasse e apoiasse com uma plataforma de conversação com a América Latina", disse Zelenski. "Estou realmente interessado nisso. Estou esperando pelo nosso encontro. Face a face vou me fazer entender melhor." Nesta sexta-feira, Lula voltou a defender uma iniciativa de "países não envolvidos no conflito" para promover as negociações de paz. "No momento em que a humanidade, com tantos desafios, precisa de paz, completa-se um ano da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. É urgente que um grupo de países, não envolvidos no conflito, assuma a responsabilidade de encaminhar uma negociação para restabelecer a paz", escreveu o presidente brasileiro no Twitter. Estreitar laços O presidente ucraniano destacou ainda que seu governo começou a abrir novas embaixadas na América Latina e África, onde alguns países continuam mantendo boas relações com a Rússia e se recusam a condenar a guerra. Zelenski ressaltou ainda que Kiev deve tomar medidas para construir relações com os países africanos. "A Ucrânia deve dar um passo à frente para se encontrar com os países do continente africano", declarou. Ele propôs também organizar uma cúpula com "países de todos os continentes" após Kiev ter recebido um apoio generalizado na Assembleia Geral da ONU, que na quinta-feira aprovou uma resolução sobre o fim das hostilidades e a retirada das tropas russas do território ucraniano. Ele disse que essa reunião deve ocorrer num país "que seja capaz de reunir o maior número possível de países do mundo". O presidente ucraniano aludiu indiretamente às abstenções registradas durante essa votação, incluindo a China e a Índia, e disse que o seu governo trabalha "para transformar essa neutralidade num estatuto de não-neutralidade diante a guerra". Proposta da China Apesar de ter manifestado algum ceticismo, Zelenski saudou alguns elementos do "plano de paz" apresentado pela China e disse esperar que a posição da liderança chinesa evolua no sentido de exigir que a Rússia respeite os princípios básicos do direito internacional, no qual se incluem a soberania e a integridade territorial dos países. "Pelo menos, a China começou a falar conosco, nos chamou de 'país invadido' e julgo que isso é bom. Mas a China não é propriamente pró-ucraniana e temos que ver que atos seguirão as palavras", afirmou. Ele também destacou ser promissor a China estar pensando em intermediar a paz, mas reiterou que qualquer plano que não incluir a retirada total das tropas russas de territórios ucranianos é inaceitável para Kiev. cn/bl (Reuters, AFP, Efe)


Short teaser Presidente ucraniano propõe cúpula com os países da região e diz ter convidado Lula para ir a Kiev.
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Image caption Zelenski fez declaração em coletiva de imprensa que marcou um ano da guerra na Ucrânia
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Item 50
Id 64811757
Date 2023-02-24
Title "Plano de paz" chinês deixa mais dúvidas do que respostas
Short title "Plano de paz" chinês deixa mais dúvidas do que respostas
Teaser Desde que o principal diplomata da China, Wang Yi, anunciou um plano de Pequim para um acordo político sobre a Ucrânia, surgiram especulações sobre seu papel na resolução da guerra. O plano foi agora divulgado.

Durante a Conferência de Segurança de Munique na semana passada, o representante máximo da diplomacia chinesa, Wang Yi, anunciou a proposta de Pequim de um "plano de paz" para resolver a guerra na Ucrânia por meios políticos.

Nesta sexta-feira (24/02), no aniversário de um ano da invasão da Ucrânia pela Rússia, o Ministério das Relações Exteriores chinês divulgou a proposta de 12 pontos. Entre eles, estão críticas às sanções unilaterais do Ocidente e apelos para retomar as negociações de paz e reduzir os riscos estratégicos associados às armas nucleares.

Por muito tempo, a China relutou em assumir um papel ativo no conflito, preferindo apresentar-se como neutra e ignorar os apelos de países do Ocidente para pressionar a Rússia.

Faz sentido, tendo em vista que a China é uma das principais beneficiárias das sanções contra a Rússia. Devido ao isolamento internacional de Moscou, a China ganhou forte influência sobre os suprimentos russos de energia e seus preços. Em 2022, as exportações chinesas para a Rússia aumentaram 12,8%, enquanto as importações, incluindo recursos naturais, cresceram 43,4%.

No entanto, os impactos negativos da guerra estão lentamente superando os ganhos de curto prazo. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que a China está considerando fornecer armas letais à Rússia. O suposto apoio de Pequim a Moscou já resultou em controles de exportação mais rígidos e restrições a investimentos do Ocidente.

Análises sugerindo que o que acontece hoje na Ucrânia pode ser repetido no futuro pela China em relação a Taiwan também provocam preocupação no Ocidente e afetam as relações com os EUA e a União Europeia (UE), os maiores parceiros comerciais de Pequim.

"A Rússia não ajudou Pequim ao despertar o mundo para essa ameaça antes que Pequim estivesse pronta para empreender uma possível invasão de Taiwan", disse à DW Blake Herzinger, membro não residente do American Enterprise Institute especialista na política de defesa do Indo-Pacífico.

A proposta da China para a guerra na Ucrânia

Até a divulgação nesta sexta-feira, os detalhes do plano chinês estavam sendo mantidos em sigilo. Wang Yi apresentou os pontos-chave ao ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em Munique. No entanto, nem Kuleba nem o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, viram o texto da proposta.

Após a conferência em Munique, Wang Yi visitou a Rússia e se reuniu com várias autoridades de alto escalão, incluindo o presidente russo, Vladimir Putin. Embora Wang Yi estivesse na Rússia apenas dois dias antes da divulgação do documento, Moscou informou que não houve negociações sobre o chamado "plano de paz da China" e que o lado chinês apenas expressou vontade de desempenhar um papel "construtivo" no conflito.

No documento divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério das Relações Exteriores da China, o foco principal é na soberania e integridade territorial. No entanto, a China não especifica como essa questão, fundamental tanto para a Rússia quanto para a Ucrânia, deve ser abordada.

"A China defende da boca para fora a integridade territorial, mas não pediu à Rússia para parar com sua guerra ilegal de conquista e retirar suas tropas", disse à DW Thorsten Benner, diretor do Global Public Policy Institute, à DW.

Ao contrário de muitas expectativas, o plano também não pediu a interrupção do fornecimento de armas à Ucrânia.

O documento menciona o diálogo e as negociações como a única solução viável para a crise. Atualmente, porém, as conversas entre Rússia e Ucrânia têm se resumido à troca de prisioneiros e a raros contatos informais.

"Para ser bem-sucedida, a mediação de paz precisa da disposição das partes em conflito", disse à DW Artyom Lukin, professor da Universidad Federal do Extremo Oriente, em Vladivostok, na Rússia.

"No entanto, agora há poucos sinais de que Moscou e Kiev estejam interessadas em chegar a um acordo. Moscou ainda está determinada a se apossar de todas as regiões de Donetsk e Lugansk, mantendo o controle sobre as áreas das regiões de Zaporíjia e Kherson que foram tomadas pelas forças russas em 2022. Kiev parece determinada a expulsar a Rússia do Donbass, de Zaporíjia e Kherson, e talvez ir atrás da Crimeia em seguida. É difícil imaginar como as posições de Rússia e Ucrânia possam chegar a um ponto comum no momento", acrescentou.

Mediador duvidoso

Além disso, o papel da China como mediadora no conflito parece duvidoso, uma vez que o país não atua como um ator imparcial. No ano passado, a China intensificou os laços políticos, militares e econômicos com a Rússia. Na proposta desta sexta-feira, Pequim, mais uma vez, opôs-se a "sanções unilaterais não autorizadas pelo Conselho de Segurança da ONU", o que claramente se refere às sanções do Ocidente a Moscou.

Além disso, o presidente chinês, Xi Jinping, não se encontrou ou ligou para Zelenski nem uma vez, apesar de manter contato regular com Putin.

"É tolice acreditar que uma parte que está envolvida com um dos lados, neste caso a China do lado da Rússia, possa desempenhar o papel de mediador. Da mesma forma, a Europa não poderia ser um mediador porque está firmemente no lado de Kiev", disse Benner.

Campanha de relações públicas sem riscos

A proposta da China parece ser em grande parte uma declaração de princípios, e não uma solução prática.

"O que me impressionou em particular é o fato de que não há propostas para incentivar ou influenciar Moscou na direção de uma mudança de comportamento", disse à DW Ian Chong, cientista político da Universidade Nacional de Cingapura.

"Não há nenhuma pressão ou e não há nenhuma oferta que possa beneficiar a Rússia caso ela cumpra o proposto. Apenas na linguagem da declaração, não está claro por que haveria um incentivo para a Rússia, e não está claro por que haveria um incentivo para a Ucrânia, se não há um motivo para a Rússia parar a invasão em primeira instância", destacou.

"Acho que a China está fazendo isso apenas como objetivo de relações públicas. Esse 'plano de paz' e falar de si mesmo como mediador é sobretudo uma ferramenta retórica que Pequim usa, em um esforço para reparar as relações com a Europa e melhorar o diálogo com o resto do mundo, bem como para apoiar a mensagem de que os Estados Unidos é o culpado pela guerra e que a China, na verdade, é uma força pela paz", afirma Benner.

Outros pontos da proposta

O texto pede ainda um cessar-fogo, proteção para prisioneiros de guerra e cessação de ataques a civis, sem dar mais detalhes, além de defender a manutenção da segurança das centrais nucleares e dos acordos para facilitar a exportação de cereais.

A proposta também condena a "mentalidade de Guerra Fria", um termo usado frequentemente pela China quando se refere aos Estados Unidos ou à Otan. "A segurança de uma região não deve ser alcançada pelo fortalecimento ou expansão de blocos militares", diz a proposta.

"O tom básico e a mensagem fundamental da política são bastante pró-Rússia", afirmou o professor de política externa chinesa e segurança internacional da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura, Li Mingjiang.

Short teaser Pequim divulgou seu esperado plano de 12 pontos para um acordo político sobre a Ucrânia.
Author Alena Zhabina
Item URL https://www.dw.com/pt-br/plano-de-paz-chinês-deixa-mais-dúvidas-do-que-respostas/a-64811757?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 51
Id 64811407
Date 2023-02-24
Title Volodimir Zelenski, o presidente subestimado por Vladimir Putin
Short title Zelenski, o presidente subestimado por Putin
Teaser Um ano após a invasão russa, a Ucrânia continua resistindo. A resiliência de Kiev deve-se também ao presidente Volodimir Zelenski, que surpreendeu todos – especialmente o país agressor.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, detém um recorde mundial: nenhum outro chefe de Estado fez pronunciamentos diários durante um período tão longo. Os discursos de Zelenski acontecem há um ano – diariamente.

As mensagens em vídeo do presidente ucraniano, gravadas alternadamente em seu escritório ou num bunker, são sua crônica da guerra. Documentam como o país – e ele mesmo – mudaram depois da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022.

No dia anterior, poucas horas antes do ataque russo à Ucrânia, Zelenski gravou uma mensagem especial. Dirigiu-se aos seus compatriotas, principalmente aos cidadãos russos, tentando impedir a ameaça de guerra. Pediu protestos na Rússia, e soou o alarme. "Se formos atacados, se tentarem tomar nosso país, nossa liberdade, nossa vida e a vida dos nossos filhos, vamos nos defender", disse Zelenski, em russo.

Foi a última vez em que ele, então com 44 anos, foi visto com a barba feita e vestindo terno e gravata. "Com um ataque, vocês verão os nossos rostos, não as nossas costas!".

"Preciso de munição, não de carona"

Depois da invasão, Zelenski e seu governo ficam na capital, Kiev – mesmo com o avanço das tropas russas na periferia da cidade. A atitude surpreendeu. Especialmente o presidente russo, Vladimir Putin, parecia apostar na fuga de Zelenski para o oeste da Ucrânia, ou o exterior. Teria havido ofertas ao mandatário ucraniano nesse sentido.

A resposta de Zelenski, divulgada pela agência de notícias AP, já se tornou lendária: "Preciso de munição, não de carona". Não é possível verificar se Zelenski formulou a frase exatamente desse jeito. Mas a mensagem foi passada, e Zelenski conquistou muitas simpatias no plano internacional, além de fortalecer o espírito de combate dos ucranianos.

A mensagem também simboliza uma reviravolta de 180 graus na atitude do presidente ucraniano. Semanas antes, seu comportamento foi motivo de especulação. Quando serviços secretos do Ocidente e chefes de Estado e de governo alertaram contra uma invasão russa iminente e retiraram pessoal das embaixadas internacionais em Kiev, Zelenski reagiu com impaciência, desconfiança e críticas. Mais tarde, explicou que queria evitar pânico. A invasão russa, porém, mudou tudo.

Câmeras, as armas mais poderosas de Zelenski

Em seu pronunciamento de 24 de fevereiro de 2022, o primeiro dia da guerra, o presidente ucraniano usava uma camiseta verde-oliva. Até hoje, a vestimenta militar permanece sua marca, assim como a barba de três dias. É assim que o mundo o conhece, é assim que ele aparece em inúmeras entrevistas e manchetes da imprensa mundial. O uniforme também foi usado durante cerimônia em homenagem aos soldados mortos no conflito e que marcou o primeiro ano da guerra nesta sexta-feira (24/02) na praça em frente à Catedral de Santa Sofia em Kiev, diante do monumento de domo verde e dourado que simboliza a resistência da capital ucraniana.

No segundo dia da guerra, Zelenski gravou um dos seus vídeos mais importantes e mais conhecidos. As imagens com duração de meio minuto mostram Zelenski em seu gabinete à noite, diante da sede da Presidência, em Kiev. A mensagem principal: "Todos estamos aqui, ficaremos e lutaremos".

No início do conflito, Zelenski ainda se mostrou disposto a concessões, a exemplo da entrada desejada pela Ucrânia na aliança militar altântica Otan. Mas, depois da divulgação dos primeiros massacres perpetrados pelo Exército russo e da anexação ilegal de regiões pró-russas da Ucrânia por Moscou, ele rechaçou quaisquer compromissos. E sabia que a maioria da população concordava com ele – um presidente ainda altamente popular na Ucrânia devido à conexão diária com os cidadãos do país via mensagens de vídeo.

Como presidente numa guerra, Zelenski aposta naquilo que domina melhor: a comunicação. A câmera tornou-se sua arma mais poderosa. O mandatário ucraniano grava vídeos na capital, dissemina confiança, passa a impressão de proximidade com as pessoas e encontra as palavras certas.

Além disso, viajou diversas vezes para o front, encontrou soldados na cidade libertada de Izium, no nordeste do país, ou em Bakhmut, no leste, cercada pelos russos. Em alguns discursos por vídeo, são inseridas imagens das cidades destruídas pelo Exército russo. Seus índices de popularidade, em declínio vertiginoso antes da invasão russa, triplicaram desde o início da guerra e, atualmente, oscilam entre 80% e 90% de aprovação.

Putin não levou Zelenski a sério

Muitos observadores se perguntam como Zelenski pôde ser tão subestimado pelo presidente russo, Vladimir Putin.

A resposta está no passado do presidente ucraniano. Zelenski não é político de carreira, e sua vitória na eleição de 2019 foi uma surpresa. Antes de se candidatar a presidente, era um comediante, ator e produtor de sucesso. Chegou até a se apresentar no palco para o ex-presidente russo Dmitri Medvedev durante uma visita à Ucrânia.

Sua ascensão política tem paralelos com a série satírica de TV Servidor do Povo, na qual Zelenski interpretava o papel de um professor que, mais tarde, se torna chefe de Estado.

Por esse motivo, a liderança russa não levou Zelenski a sério e, depois, ficou irritada pelo fato de ele não querer fazer maiores concessões como presidente.

Como comediante que fala russo, Zelenski chegou a tirar sarro frequentemente do modo de vida ucraniano e também de políticos pró-Ocidente no país. Por outro lado, pegava bastante leve com o ex-presidente pró-russo Viktor Yanukovitch. Zelenski também tinha ligações estreitas com a Rússia e ganhou dinheiro se apresentando no país até depois da anexação da Península da Crimeia em 2014 – algo que incomodou bastante seus compatriotas.

A invasão da Ucrânia pela Rússia, porém, mudou tudo. Os críticos de Zelenski silenciaram, e ele conquistou muitos céticos ao permanecer em Kiev em vez de fugir.

Essa determinação pode ter relação com sua educação. Filho privilegiado de um professor universitário, Zelenski cresceu em Kryvyi Rih, cidade industrial da classe trabalhadora no sudeste da Ucrânia. Porém, sua geração viveu os duros anos finais da União Soviética. A experiência lhes ensinou a não fugir de conflitos.

Quando Putin atacou a Ucrânia, Zelenski pôde recorrer a essa vivência. O presidente russo subestimou seu homólogo e o tratou como um político fraco e sem experiência que acreditava ser fácil de derrotar.

Nem tudo é fácil

Isso não quer dizer, no entanto, que tudo sempre foi fácil para Zelenski. Seu governo cometeu erros: alguns líderes políticos foram forçados a deixar seus cargos, e amigos próximos do presidente ucraniano perderam seus postos.

Zelenski também causou irritação internacional quando afirmou, em novembro passado, que um míssil russo tinha atingido território polonês, matando duas pessoas – porém, de acordo com relatórios dos Estados Unidos, o míssil provavelmente foi disparado por uma bateria anti-aérea ucraniana.

O incidente representou, porém, uma discórdia rara entre aliados. Acima de tudo, Zelenski considera o uso da mídia para atrair atenção para seu país como sua principal tarefa. Repetidamente, apelou a políticos do Ocidente pedindo – ou, na opinião de alguns, implorando – por armas. Na maior parte dos casos, Zelenski teve sucesso, já que o Ocidente vem enviando mais armamentos à Ucrânia.

Zelenski também detém o recorde mundial de pronunciamentos em vídeo em conferências e parlamentos ao redor do mundo. Sua aparição mais recente foi uma transmissão para as estrelas reunidas para a abertura do festival de filmes de Berlim, a Berlinale, na última semana.

Short teaser Um ano após invasão russa, resistência da Ucrânia deve-se também ao presidente Zelenski, que surpreendeu os agressores.
Author Roman Goncharenko
Item URL https://www.dw.com/pt-br/volodimir-zelenski-o-presidente-subestimado-por-vladimir-putin/a-64811407?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 52
Id 64810396
Date 2023-02-24
Title Após um ano de guerra na Ucrânia: Por que sofremos fadiga por compaixão?
Short title Após 1 ano de guerra: Por que sofremos fadiga por compaixão?
Teaser

Muitas pessoas já não mais se sensibilizam com as imagens do sofrimento na Ucrânia

Indiferença é uma resposta natural à superexposição ao sofrimento, mas é possível reconstruir a empatia. Depende de como a mídia e os usuários de redes sociais representam as crises.É comum desviarmos o nosso olhar de notícias ou postagens nas redes sociais sobre guerra e violência. Afinal, somos constantemente bombardeados com imagens de eventos traumáticos quando estamos online. Esse fenômeno, chamado fadiga por compaixão, provoca uma diminuição gradual da compaixão ao longo do tempo. E nos tira a capacidade de reagir e ajudar quem precisa. "Senti isso depois da invasão da Ucrânia", disse Jessica Roberts, professora de ciências da comunicação da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa. "Quando ouvi falar das atrocidades pela primeira vez, foi horrível. Mas, depois, quando ouvi sobre [atrocidades em] outra cidade, a minha reação foi menos extrema." A fadiga por compaixão, porém, não precisa ser permanente. Como Susan Sontag escreveu em seu livro Diante da dor dos outros, de 2003, "a compaixão é uma emoção instável, e precisa ser traduzida em ação – ou ela murcha". Então, como podemos transformar a compaixão em ação? A DW encontrou estudos e conversou com especialistas sobre como a compaixão pode tanto se esvair como também ser reconstruída. Fadiga por compaixão e insensibilidade à violência Brad Bushman, um pesquisador de mídia da Ohio State University, nos EUA, conduziu experimentos que ilustram como a violência em mídias como videogames e filmes pode dessensibilizar as respostas das pessoas ao sofrimento ou à violência na vida real. Em um estudo feito por Bushman e seus colegas, um grupo de alunos jogou um videogame violento, e outro grupo, um jogo não violento, ambos por 20 minutos. Após o jogo, todos os 320 participantes foram instruídos a responder um questionário. Porém, durante esse tempo, eles ouviram uma briga no corredor do lado de fora da sala. "Na realidade, era uma gravação de atores profissionais simulando uma briga. Também tínhamos um assistente de pesquisa do lado de fora da sala chutando uma lata de lixo e, depois, gemendo", disse Bushman à DW. Assim, os pesquisadores mediram quanto tempo levou para os participantes ajudarem o assistente que supostamente havia participado de uma briga e gemia do lado de fora: em média, as pessoas que jogaram o jogo não violento levaram 16 segundos; já os que jogaram o jogo violento, 73 segundos. Bushman disse que os participantes que jogaram o jogo violento relataram que a briga era menos séria do que aqueles que jogaram o jogo não violento. Seria simplório concluir que videogames violentos geram violência. Mas, nos experimentos de Bushman, jogos violentos parecem mudar temporariamente as respostas das pessoas à violência no mundo real. "Ver imagens violentas faz com que as pessoas fiquem insensíveis e pensem que a violência não é um grande problema. A consequência no mundo real é que temos uma probabilidade menor de ajudar alguém que é vítima de violência", contou Bushman. Fadiga por compaixão é uma forma de proteção emocional De acordo com Bushman, o mecanismo psicológico subjacente por trás da fadiga por compaixão é a dessensibilização. "É realmente uma espécie de filtragem emocional ou de atenção que nos protege de um sofrimento que se torna estressante ou traumático demais para lidar", disse Bushman. Também é possível detectar a dessensibilização em relação a imagens violentas nas respostas fisiológicas das pessoas ao estresse. "Se medirmos as respostas cardiovasculares ou as ondas cerebrais [usando eletroencefalografia], veremos que as respostas de choque fisiológico a imagens violentas serão atenuadas nas pessoas que acabaram de jogar um videogame violento", disse Bushman. Entretanto, ele argumentou que a dessensibilização à violência e ao trauma pode ser uma estratégia de adaptação importante para profissionais cujo trabalho envolve a exposição frequente a eventos traumáticos, como soldados, trabalhadores humanitários e médicos. O problema surge quando essa dessensibilização é detectada na população "comum". "Essa adaptação é um dos mecanismos que estimulam mais agressão e violência na sociedade", afirmou Bushman, referindo-se a uma pesquisa que mostra como o conflito em Israel e na Palestina intensifica a violência em crianças. Fadiga por compaixão em relação a refugiados Yasmin Aldamen, da Universidade Ibn Haldun, em Istambul, enfatizou os perigos de como a fadiga por compaixão pode levar a uma maior violência e discurso de ódio na sociedade. A pesquisa de Aldamen se concentra no impacto que a fadiga por compaixão e as representações negativas da mídia têm sobre os refugiados sírios na Turquia e na Jordânia. "Descobrimos que destacar imagens e mensagens negativas sobre refugiados na mídia abre as portas para que o público perca a empatia por eles – ou até mesmo tenha ódio pelos refugiados", disse Aldamen à DW. Infelizmente, essas conclusões não são novas ou surpreendentes: a violência contra refugiados e migrantes existe desde que os humanos têm fugido de conflitos para outros lugares. A novidade é a rapidez com que a mídia e as redes sociais podem estimular a fadiga por compaixão e, consequentemente, o discurso de ódio e o racismo. É algo que vemos repetidas vezes, por exemplo, após parte da população fugir da tomada do Afeganistão pelo Talibã, e com os refugiados fugindo da guerra na Ucrânia e das mudanças climáticas no norte da África. "Há evidências mostrando que, após um desastre, as pessoas dão menos dinheiro ao longo do tempo. E isso já está acontecendo com as vítimas do terremoto na Turquia e na Síria", disse Roberts, da Universidade Católica Portuguesa. A fadiga por compaixão é temporária e pode ser revertida A fadiga por compaixão pode ser revertida, de acordo com Roberts e Aldamen. Elas dizem que as pessoas podem reconstruir a capacidade de compaixão ao longo do tempo. "Podemos usar as redes sociais para criar empatia e compaixão entre as pessoas. Em nossa pesquisa, analisamos o [fotoblog e livro de relatos de rua e entrevistas] Humans of New York, que se concentra nas histórias positivas sobre a vida das pessoas, em vez de seus traumas. E isso ajudou a criar grande empatia", contou Roberts à DW. Aldamen tem uma missão semelhante: ela pede aos meios de comunicação e às pessoas nas redes sociais que mudem a forma como representam os refugiados e outras populações vulneráveis. "Meu estudo recomenda reportar a crise dos refugiados sírios [e outras crises] com uma perspectiva mais humanista. Os veículos de mídia precisam exibir algumas das histórias mais positivas sobre a crise dos refugiados, para garantir que o público não sofra a fadiga por compaixão devido à exposição a histórias trágicas", disse Aldamen à DW. Ela também contou que é importante que as notícias incluam chamados à ação de indivíduos ou formuladores de políticas públicas para que os leitores possam ajudar os necessitados, em vez de apenas observar uma crise que acham que não pode ser resolvida. Veja como doar para os esforços de ajuda às vítimas do terremoto na Síria e na Turquia.


Short teaser Indiferença é uma resposta natural à superexposição ao sofrimento, mas é possível reconstruir a empatia.
Author Fred Schwaller
Item URL https://www.dw.com/pt-br/após-um-ano-de-guerra-na-ucrânia-por-que-sofremos-fadiga-por-compaixão/a-64810396?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
Image URL (940 x 411) https://static.dw.com/image/64260087_354.jpg
Image caption Muitas pessoas já não mais se sensibilizam com as imagens do sofrimento na Ucrânia
Image source Andriy Andriyenko/AP Photo/picture alliance
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