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Item 1
Id 75185967
Date 2025-12-16
Title Espanha lança bilhete único nacional de 60 euros por mês
Short title Espanha lança bilhete único nacional de 60 euros por mês
Teaser Passe válido em toda a rede de transporte público do país segue modelo já em vigor na Alemanha. Governo diz que quer aliviar pressão sobre orçamento das famílias, mas anúncio ocorre em momento de crise política.

O governo do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, anunciou nesta segunda-feira (15/12) o lançamento de um bilhete único mensal que pode ser utilizado em toda a rede transporte público no país. Com valor de 60 euros (R$ 383), o bilhete faz parte de uma política para incentivar viagens ecologicamente corretas e aliviar a pressão dos custos.

A assinatura com preço fixo, reduzida para 30 euros para pessoas com menos de 26 anos, aplica-se a todos os trens de média distância e suburbanos, bem como aos serviços de ônibus, a partir da segunda quinzena de janeiro.

Segundo o primeiro-ministro, a medida tem como objetivo "mudar para sempre a forma como os espanhóis entendem e utilizam o transporte público".

O político do Partido Socialista Operário Espanhol (Psoe) elogiou o passe de transporte como prova do compromisso de seu governo em melhorar a vida dos espanhóis. Ele disse que o passe permitirá que as pessoas viajem para qualquer lugar do país.

"Estamos falando de 2 milhões de pessoas que pagarão menos a cada mês para ir ao trabalho, voltar para casa ou realizar suas atividades diárias", disse. "É isso que significa governar; tornar as coisas importantes mais fáceis para as pessoas comuns."

A economia mensal no transporte público poderá chegar a quase 60% e beneficiar dois milhões de passageiros, informou o gabinete de Sánchez, em nota.

O líder socialista não especificou o custo do programa para seu governo minoritário, que tenta aliviar a pressão sobre os orçamentos das famílias, em meio a uma inflação de 3%.

Escândalos minam govero

Com a medida, a Espanha seguirá o modelo adotado na Alemanha, a maior economia da Europa, onde o Deutschlandticket, um bilhete mensal de transporte com desconto, é oferecido desde maio de 2023 para ônibus, metrô, trens locais e regionais. Atualmente, o preço do bilhete na Alemanha custa 58 euros e permite uso em praticamente todas redes de transporte municipais do país e trens regionais em custo adicional.

A notícia do passe divulgada em um momento em que o governo minoritário de coalizão de Sánchez luta para sobreviver a uma série de alegações de corrupção e assédio sexual que atingiram o círculo íntimo do Psoe e do próprio governo.

Apesar dos apelos de seus oponentes para a convocação de eleições gerais antecipadas, Sánchez prometeu continuar no poder, insistindo que a Espanha está no caminho certo e que seu governo tem a energia e a determinação para chegar ao fim da atual legislatura em 2027.

rc (ots)

Short teaser Passe mensal que pode ser utilizado em toda a rede de transportes públicos do país segue modelo já em vigor na Alemanha.
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Item 2
Id 75164449
Date 2025-12-15
Title Jane Austen aos 250 anos: dos livros ao TikTok
Short title Jane Austen aos 250 anos: dos livros ao TikTok
Teaser

As opiniões de Jane Austen sobre amor, dinheiro e pressão social ainda são relevantes hoje em dia

Obras da autora inglesa nascida no século 18 alimentam debates feministas, comédias românticas e memes nas redes. Uma prova de que, depois de mais de dois séculos, sua sátira ainda ressoa em diversos contextos culturais."É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro, possuidor de uma boa fortuna, deve estar à procura de uma esposa." A frase de abertura de Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, não era apenas uma crítica sutil ao mercado matrimonial da Inglaterra do início do século 19; é talvez uma das mais reconhecidas da literatura inglesa. Ela cativa os leitores com a sátira social característica de Austen, insinuando que a melhor chance de segurança para uma mulher era se casar com um homem rico. Hoje, suas palavras servem de inspiração para memes e vídeos no TikTok, enquanto seus seis romances foram adaptados inúmeras vezes de inúmeras maneiras, desde a clássica minissérie da BBC até uma paródia com zumbis e uma versão de Bollywood, além de inspirarem séries de sucesso como Bridgerton, da Netflix. Mas por que os romances de Austen – ambientados na Inglaterra da Era da Regência (1811-1820) e focados em mulheres das classes média e alta – ainda ressoam hoje? Sátira e contemporaneidade "Seu humor ainda funciona, embora o mesmo não possa ser dito de seus contemporâneos", diz Juliette Wells, professora de estudos literários no Goucher College, no estado americano de Maryland. Wells, autora de Everybody's Jane: Austen in the Popular Imagination ("A Jane de todos: Austen na imaginação popular", em tradução livre) de 2011, atribui o apelo duradouro de Austen à sua compreensão da natureza humana, com personagens que incorporam características ainda reconhecíveis em diversos contextos culturais. Nascida em 1775 em Steventon, Hampshire, Austen era a sétima de oito filhos. Criada em um lar animado e literário, ela começou a escrever paródias divertidas na adolescência e esboçou seus primeiros romances aos vinte e poucos anos. Publicando anonimamente a princípio, ela lançou Razão e Sensibilidade (1811), Orgulho e Preconceito (1813), Mansfield Park (1814) e Emma (1815). Os livros A Abadia de Northanger e Persuasão foram publicados postumamente em 1817, o mesmo ano em que ela morreu aos 41 anos. Seus livros exploraram tensões familiares, romances slow-burn (cuja história esquenta gradualmente), irmandade e a arte de discernir boas e más companhias – temas que permanecem surpreendentemente familiares. Navegando um mundo masculino – ontem e hoje "As heroínas de Austen vivem em uma sociedade classista e patriarcal, com regras rígidas de conduta e uma significativa dupla moral de gênero. De certa forma, nosso mundo do século 21 não é tão diferente", diz Wells. Austen deu às suas heroínas poder de decisão através de sagacidade, inteligência e força interior. "Todos nós podemos nos inspirar nas protagonistas femininas de Austen, como Elizabeth Bennet [de Orgulho e Preconceito], que se preocupa demais com sua felicidade pessoal para aceitar propostas de homens que ela não respeita, ou Anne Elliot em Persuasão, que vira as costas para o esnobismo de sua família e valoriza as qualidades admiráveis de pessoas menos privilegiadas", acrescenta Wells. Denúncias sutis ao patriarcado Embora Austen seja às vezes descrita como uma precursora do feminismo moderno, estudiosos observam que os finais "felizes para sempre" de suas heroínas se adequam às normas patriarcais. Suas protagonistas femininas tendem a terminar em felicidade doméstica, mesmo que o caminho até lá não seja fácil. "Obviamente, o enredo do casamento não atende a muitos padrões contemporâneos de uma personagem feminina empoderada", diz Shelley Galpin, professora de cultura, mídia e indústrias criativas no King's College de Londres. "No entanto, a representação que Austen faz de mulheres jovens que sabem o que querem e não têm medo de expressar suas opiniões certamente ressoa com as noções modernas de empoderamento feminino." Galpin cita a observação de Anne Elliot em Persuasão de que "a caneta esteve nas mãos deles", um comentário incisivo sobre a dominação masculina. "Para mim, isso mostra que Austen tinha alguma noção da desigualdade de gênero e que não tinha medo de denunciá-la [...] Portanto, eu diria que certamente existem elementos feministas em sua escrita, mesmo que não seja estritamente correto chamá-la de feminista." A invenção do herói taciturno Além de heroínas eloquentes, Austen também criou protagonistas masculinos icônicos, sendo Sr. Fitzwilliam Darcy, o principal protagonista masculino de Orgulho e Preconceito, o mais famoso. "Os homens de Austen podem definitivamente ser lidos como uma fantasia feminina do que um homem heterossexual deveria ser", explica Galpin. A fantasia se estende desde a época em que Austen criou o personagem até os dias atuais: a transformação de Darcy, de aristocrata distante a parceiro devotado, fez dele uma das figuras românticas mais duradouras da literatura – e um símbolo sexual da cultura pop, graças às interpretações na tela pelos atores ingleses Colin Firth e Matthew Macfadyen. Uma solteira que dissecou o romance Para alguém que nunca se casou, embora tenha tido pretendentes e ficado brevemente noiva, Jane Austen dissecou com maestria os rituais atemporais do cortejo entre homens e mulheres. "Definitivamente, acho que suas representações do romance são universalmente identificáveis e atraentes. A representação dos estágios iniciais do amor parece tão atemporal, as emoções são descritas com tanta perspicácia que ressoam com o público em diferentes épocas e lugares", diz Galpin. Não surpreendentemente, as histórias de Austen se tornaram o modelo perfeito para as comédias slow-burn românticas modernas. As ofertas de Hollywood incluem As Patricinhas de Beverly Hills (baseado em Emma) de 1995 e a franquia de grande sucesso O Diário de Bridget Jones (baseado em Orgulho e Preconceito). Este último ganhou até uma versão de Bollywood com Noiva e Preconceito (2004), estrelado pela atriz Aishwarya Rai. A atual série de sucesso da Netflix Bridgerton também presta homenagem ao mundo dos romances da era da Regência de Austen. Dos salões de baile aos memes do TikTok Imagens das adaptações cinematográficas de Austen se tornaram ouro para a Geração Z, remixadas em conteúdo viral no TikTok, Instagram e Twitter. Os romances slow-burn de seus protagonistas agora são legendados com ansiedades modernas sobre namoro, timidez social ou autoafirmação feminista. Acadêmicos notaram o potencial dos romances de Austen para memes, com suas frases espirituosas e repetíveis e personagens arquetípicos, enquanto, na era pós-#MeToo, suas críticas aos papéis de gênero ressoam com o público mais jovem. "Austen era muito perspicaz sobre como o poder masculino pode levar à arrogância, então não é surpresa que seus personagens masculinos mais poderosos se prestem a críticas e desconstruções hoje em dia", explica Wells. "Sua ênfase na capacidade dos homens de mudar também ressoa fortemente conosco." Talvez uma verdade que possa ser universalmente reconhecida seja que o legado de Austen reside não apenas em sua fama literária, mas também em sua contínua relevância como escritora que ainda dialoga com o público moderno.


Short teaser Obras da autora inglesa nascida no século 18 ainda alimentam debates feministas, comédias românticas e memes nas redes.
Author Brenda Haas
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Image caption As opiniões de Jane Austen sobre amor, dinheiro e pressão social ainda são relevantes hoje em dia
Image source Heinz-Dieter Falkenstein/imageBROKER/picture alliance
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Item 3
Id 75167226
Date 2025-12-15
Title Em crise, Cuba abre economia para capital estrangeiro
Short title Em crise, Cuba abre economia para capital estrangeiro
Teaser Com economia abalada por crise crônica, regime da ilha anuncia pacote de incentivos que inclui menos burocracia e mais flexibilidade em contratações para tentar atrair investidores estrangeiros.

Cuba está abrindo sua economia ao capital estrangeiro, como foi confirmado pelo ministro do Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro, Oscar Pérez-Oliva, durante a Feira Internacional de Havana, no fim de novembro.

Diante de empresários e investidores de todo o mundo, o ministro anunciou um pacote de medidas para facilitar os investimentos estrangeiros que representa uma mudança paradigmática em muitos aspectos.

Cuba enfrenta uma profunda crise econômica há vários anos, motivada pelo colapso do turismo na esteira da pandemia de covid-19 e pelo duradouro embargo comercial, econômico e financeiro dos EUA, que agravaram problemas estruturais da economia cubana.

A infraestrutura pública e os serviços básicos estão se deteriorando. Apagões que duram horas são comuns. O país precisa importar grande parte de seus alimentos, além de combustível e peças de reposição para suas usinas termelétricas obsoletas.

Para gerar as divisas estrangeiras de que tanto necessita, Cuba tem gradualmente "dolarizado" sua economia nos últimos anos, o que inclui o varejo, as empresas estatais de importação, postos de combustíveis e o setor de turismo.

Esse processo vai continuar, enfatizou Pérez-Oliva. Ele anunciou que certos bens e serviços passarão a exigir pagamento em moeda estrangeira, sem dar mais detalhes. O pacote de medidas, disse o ministro, visa tornar os investimentos estrangeiros mais dinâmicos e mais confiáveis ​​e dar a eles maior autonomia financeira.

As mudanças anunciadas por ele são o passo mais significativo rumo à abertura da economia cubana em anos. O governo cubano não esclareceu quando elas entrarão em vigor.

Atração de investimentos

Cuba abriu-se ao capital estrangeiro há mais de uma década, num esforço para impulsionar sua economia e atrair novas tecnologias. Em Mariel, nos arredores de Havana, foi criada, no fim de 2013, uma zona especial de desenvolvimento com regulamentações alfandegárias e tributárias particularmente favoráveis. No ano seguinte entrou em vigor uma nova lei sobre investimento estrangeiro.

Mas os resultados ficaram aquém das expectativas: processos de aprovação demorados, entraves burocráticos e o endurecimento das sanções dos EUA impediram que empresas fizessem investimentos de larga escala em Cuba.

Agora o regime tenta melhorar as condições para os investidores estrangeiros. Segundo Pérez-Oliva, os processos serão mais simples, flexíveis e transparentes. A ideia do regime cubano é que os investidores estrangeiros possam assumir indústrias e instalações de produção subutilizadas, investir nelas, utilizá-las pelo período acertado, obter lucros e, em seguida, devolvê-las ao Estado para uso e desenvolvimento. O objetivo de fundo é ajudar a aumentar a produção nacional, expandir as exportações e substituir as importações.

As duas principais importações de Cuba são combustíveis e alimentos. "Grande parte dos alimentos que importamos poderia ser produzida em Cuba", reconheceu o ministro.

Num projeto piloto, uma empresa vietnamita está cultivando arroz em terras agrícolas cedidas pelo Estado cubano na província de Pinar del Río. Se os resultados forem positivos, o modelo será expandido para outras áreas do país.

O projeto piloto que envolve o arrendamento de hotéis para redes hoteleiras internacionais e que concede a elas maior liberdade operacional também poderia servir de modelo, explicou Pérez-Oliva.

Cuba está ainda abrindo o setor bancário e financeiro ao capital estrangeiro e quer promover "ativamente" a participação dele. Sem dar mais detalhes, o ministro anunciou um novo instrumento de financiamento.

Passo na direção certa

O economista Omar Everleny Pérez Villanueva, da Universidade de Havana, considera as medidas anunciadas um passo na direção certa. Ele destaca os processos de aprovação mais rápidos. "Isso mostra que existe uma certa vontade política", diz.

Villanueva afirma que a única maneira de Cuba ter acesso a fontes externas de financiamento é por meio de investimentos estrangeiros, já que empréstimos internacionais não são mesmo uma opção diante do elevado nível de endividamento público do país.

No entanto, diante do atual estado da economia cubana, as medidas são insuficientes, diz o economista, lembrando que um investidor estrangeiro que opta por investir em Cuba precisa enfrentar a enorme pressão contrária do governo dos EUA.

Mais poderia ter sido feito, diz Villanueva, e dá como exemplo a abolição da agência estatal de emprego. Uma reclamação antigas das empresas estrangeiras em Cuba é que elas só podem contratar trabalhadores por meio da agência estatal.

Essa prática será flexibilizada: a agência continua existindo, mas as empresas também poderão contratar trabalhadores diretamente e pagar bônus em dólares americanos.

"Aqui se produz um elemento de flexibilização importante. Depois que o processo de seleção for realizado pela entidade empregadora, o investidor decide se a contratação será realizada de forma direta ou se continua da maneira" atual, por meio da agência estatal, afirmou Pérez-Oliva.

"Isso facilita muito as coisas", diz o empresário alemão Frank Peter Apel, da Pamas, fornecedora de serviços hidráulicos e única empresa alemã com filial na Zona Especial de Desenvolvimento de Mariel. Para ele, as mudanças anunciadas pelo governo cubano são claramente uma resposta à profunda crise do país e demonstram flexibilidade e vontade de reformar.

Short teaser Com economia cubana em crise há anos, governo anuncia pacote de medidas que inclui mais flexibilidade nas contratações.
Author Andreas Knobloch
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Item 4
Id 75167235
Date 2025-12-15
Title Deputado alemão é denunciado por fazer saudação nazista dentro do Parlamento
Short title Deputado alemão é denunciado por fazer saudação nazista
Teaser Matthias Moosdorf, parlamentar do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), foi acusado formalmente pela Promotoria de Berlim de fazer gesto proibido dentro da sede do Parlamento.

A Promotoria de Berlim apresentou nesta segunda-feira (15/12) uma denúncia formal contra um deputado federal do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) que foi acusado de fazer a saudação nazista no interior da sede do Parlamento do país.

O episódio ocorreu em 2023 e envolveu o deputado federal Matthias Moosdorf. Na ocasião, segundo a denúncia, o deputado cumprimentou um colega de partido em uma antessala do Parlamento batendo os calcanhares em estilo militar e estendendo o braço direito. Segundo a promotoria, Moosdorf estava ciente de que a saudação nazista era "visível para outros presentes" no local.

Se condenado pela Justiça, o deputado arrsica pagar uma multa ou pegar até três anos de prisão. A imunidade parlamentar do deputado já havia sido retirada pelo Parlamento em outubro.

O comunicado da promotoria sobre a denúncia não citou o deputado nominalmente, mas diversos veículos da imprensa alemã confirmaram que se trata de Moosdorf, de 60 anos, que é músico de formação e representa no Parlamento o distrito Zwickau, no estado da Saxônia, no Leste alemão.

Agora, o tribunal em Berlim vai decidir se aceita a denúncia e abre um processo contra o parlamentar por uso de "símbolos anticonstitucionais".

Na Alemanha, o uso de slogans e símbolos relacionados a grupos anticonstitucionais, como os nazistas, é ilegal desde a Segunda Guerra Mundial.

Não é a primeira vez que o deputado da AfD é alvo de sanções. Em setembro, Moosdorf foi multado pelo próprio partido em 2 mil euros (cerca R$ 12,7 mil) por ter viajado à Rússia sem a autorização. O alemão mantém boas relações com o regime de Vladimir Putin e recebeu o título de professor honorário num conservatório russo.

Pelas redes sociais, Moosdorf negou que tenha feito a saudação nazista e chamou a denúncia de "absurda". Segundo ele, o documento de 200 páginas se baseia nos relatos de apenas uma testemunha, um ex-deputado do Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda.

"Todas as testemunhas diretas, camareiras, a polícia do Bundestag, transeuntes, porteiros e convidados, num total de oito pessoas, negam por unanimidade a versão", escreveu.

Conhecida por sua plaforma anti-imigração, a AfD acumula políticos que já tiveram problemas com a Justiça.

Em 2024, Björn Höcke, deputado estadual e líder da AfD no estado da Turíngia, foi condenado duas vezes ao pagamento de multas por usar um antigo slogan da era nazista num comício.

Um outro deputado da AfD, Maximilian Krah, viu a imunidade retirada em setembro por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro em ligação com a China. A Justiça alemã condenou no final de setembro um ex-colaborador de Krah no Parlamento Europeu a quatro anos e nove meses de prisão efetiva por espionagem a favor de Pequim.

Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência mais liberal, a AfD rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos refugiados de 2015-2016, com seus antigos membros liberais sendo suplantados por figuras mais à direita. Hoje, são especialmente políticos como Höcke que dão o tom da legenda. O partido também tem conexões com a extrema direita mundial. Em 2021, uma de suas deputadas, Beatrix von Storch, foi recebida pelo então presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

Na eleição federal de 2024, a AfD formou a segunda maior bancada no Parlamento e nos últimos meses tem encabeçado regularmente várias pesquisas de intenção de voto.

fcl (AFP, DPA, EFE, Lusa, ots)

Short teaser Matthias Moosdorf, do partido de ultradireita AfD, foi acusado formalmente de fazer gesto proibido dentro do Parlamento.
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Item 5
Id 75166438
Date 2025-12-15
Title Ambulantes do Brás refletem multidão de informais
Short title Ambulantes do Brás refletem multidão de informais
Teaser

Associações de comerciantes e ambulantes afirmam haver 15 mil lojas e cerca de 20 mil vendedores de rua no Brás

Trabalhadores informais contam como é o cotidiano num dos maiores polos de comércio popular do país.Ainda é madrugada e as ruas do Brás, em São Paulo , já estão repletas de ambulantes e compradores, na chamada Feirinha da Madrugada. Às 6h, uma nova "turma" chega e todo o ciclo de arrumações, montagens, vendas, gritos, músicas e desmontagens recomeça. Entre essa movimentação toda está o potiguar Pedro Santos Neto, de 61 anos. "No Brás, qualquer coisa que você colocar para vender, vende. Bolo, roupa, sapato… cada ambulante se adapta", conta. Para quem chegou à cidade em 2020 com pouco mais de R$ 1 mil no bolso, a informalidade virou não só a principal fonte de renda, mas a melhor opção para o vendedor que estudou pouco e começou a trabalhar cedo. O Brás concentra uma densidade de gente e mercadoria que ajuda a explicar o peso da informalidade na economia brasileira. Associações de comerciantes e ambulantes falam em algo como 15 mil lojas e cerca de 20 mil vendedores de rua dividindo calçadas, esquinas, vielas e galerias da região. Nos dias comuns, quase meio milhão de pessoas circula pelo bairro. Nas semanas que antecedem o Natal, esse fluxo pode passar de um milhão. Quando a rua paga mais Recém-chegado em São Paulo, Santos Neto se instalou no Brás e percebeu que o bairro oferecia algo que para ele não aparecia em vagas formais: possibilidade de crescimento rápido, mesmo partindo do zero. Em um dezembro de vendas fortes, conseguiu juntar o suficiente para comprar um barraco próximo aos trilhos da CPTM no Jaraguá. "A maioria dos salários que eu vejo, dos empregos que aparecem, é R$ 2.200 no máximo. Eu não ia ganhar isso, com a escolaridade que tenho", conta. Ele lembra de conhecidos que abandonaram empregos concursados na saúde para migrar para o Brás, onde a renda mensal acabou permitindo comprar carro e apartamento. Algo impensável, segundo ele, permanecendo no salário fixo. Esse tipo de trajetória ajuda a entender por que a informalidade segue alta . Entre 2023 e 2024, a taxa anual de informalidade recuou de 39,2% para 39%, apesar da queda do desemprego e recordes de empregos com carteira assinada no país. O preço, porém, é não contar com 13º salário, férias, licença médica ou Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Se Santos Neto adoece, não vende. Se não vende, não come. O risco é calculado todos os dias. Quase meio século no Brás Se Santos Neto representa uma nova leva da informalidade, Vânia Maia é memória viva do bairro. Ela trabalha no Brás há 47 anos. Conta que quando começou, eram 56 camelôs. "Isso aqui era um deserto. Depois começou a surgir camelôs, e hoje é o maior circuito de compras", diz. Na visão dela, o comércio de rua não é um problema, mas faz parte do motor que faz o bairro girar – inclusive alimentando as lojas formais que se beneficiam do fluxo de compradores atraídos pelos preços mais baixos dos ambulantes. Maia também fala do custo físico e emocional do trabalho: longas horas em pé, sob sol e chuva, carregar as mercadorias, correr do "rapa". Em segundos, uma rua abarrotada pode se esvaziar enquanto passam as equipes da Guarda Civil Municipal, da Polícia Militar, e da empresa Hiplan, contratada pela prefeitura pelo serviço. "É uma mão de obra terrível, não é para qualquer um. A pessoa está aqui porque precisa. Você acha que se eu tivesse um emprego decente, ia estar aqui levando sol, chuva, humilhação?", desabafa Maia. Amiga de Maia, Francisca dos Santos está há quatro meses sem autorização para trabalhar e se emociona. "É muito triste a esta altura da vida ser tão humilhada justo por quem deveria nos proteger e apoiar", chora. "Nós não estamos pedindo nada demais; trabalhar é só o que a gente quer." Direito ao trabalho O que Santos chama de "não pedir nada demais" resume boa parte das pautas do movimento de ambulantes: direito de trabalhar sem violência, regras claras sobre onde e como montar banca, possibilidade real de obter licenças, os chamados Termos de Permissão de Uso, e, para quem é imigrante, acesso a políticas que não os coloquem automaticamente sob suspeita. Para conseguir a permissão de trabalho, o licenciamento deve ser obtido pelo sistema Tô Legal. Para fazer o cadastro, o ambulante precisa ter a Senha Web e o Cadastro de Contribuintes Mobiliários (CCM), além de pegar uma taxa que varia por região escolhida. A autorização inicial é válida por 90 dias, mas pode ser renovada. A emissão de autorizações depende ainda da quantidade de cadastrados na região escolhida. O prazo reduzido é um dos principais pontos de crítica de ambulantes e entidades, que apontam o caráter precário das permissões e explicam, em parte, a baixa adesão ao programa. A Prefeitura de São Paulo informou ainda que a cassação do Termo de Permissão de Uso pode ocorrer em situações como não iniciar a atividade em até 30 dias após a emissão do documento, utilizar aparelhos sonoros para vendas, trabalhar sem camisa ou praticar jogos no local de trabalho. Segundo a prefeitura, cerca de 11 toneladas de mercadorias são recolhidas mensalmente na área abrangida pela Subprefeitura da Mooca, e a gestão diz manter diálogo constante com representantes dos ambulantes do Brás. A DW solicitou entrevista com o subprefeito da Mooca e com o secretário de Subprefeituras de São Paulo, mas os pedidos não foram atendidos até a conclusão desta reportagem.


Short teaser Trabalhadores informais contam como é o cotidiano num dos maiores polos de comércio popular do país.
Author Gustavo Basso
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Image caption Associações de comerciantes e ambulantes afirmam haver 15 mil lojas e cerca de 20 mil vendedores de rua no Brás
Image source Gustavo Basso/DW
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Item 6
Id 75162279
Date 2025-12-15
Title Alemanha enviará tropas para proteger fronteira da Polônia
Short title Alemanha enviará tropas para proteger fronteira da Polônia
Teaser Militares alemães vão participar da construção de uma barreira de proteção na região a partir de abril de 2026.

As Forças Armadas da Alemanha (Bundeswehr ) vão enviar soldados para a Polônia para ajudar a proteger as fronteiras do país com Belarus e Rússia , anunciou o Ministério da Defesa alemão neste sábado (13/12). Os militares também vão participar da construção de uma barreira de proteção na região.

De acordo com o ministério, várias dezenas de soldados alemães deverão se juntar à Operação Escudo Oriental da Polônia, que ocorre na região fronteiriça com Belarus e o enclave russo de Kaliningrado, a partir de abril de 2026. A missão deve durar até o final de 2027.

Um porta-voz do ministério disse que a principal tarefa das tropas alemãs no norte e leste da Polônia será o trabalho de engenharia. Isso inclui a construção de posições, escavação de trincheiras, instalação de arame farpado e construção de obstáculos antitanque. Não estão previstas outras funções.

A Operação Escudo Oriental teve início em maio de 2024 nas áreas de fronteira com Belarus, aliado de Moscou, e com o enclave russo de Kaliningrado. As medidas visam reforçar as defesas contra um possível ataque à Polônia, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan ).

O ministério afirmou que o envio não requer aprovação parlamentar, pois não é considerado uma missão armada no exterior segundo a legislação alemã e não se espera as tropas sejam expostas a confrontos militares diretos.

cn (DPA, DW)

Short teaser Militares alemães vão participar da construção de uma barreira de proteção na região a partir de abril de 2026.
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Item 7
Id 75158722
Date 2025-12-15
Title Mapa inédito indica locais dos primeiros quilombos nos Palmares
Short title Mapa indica locais dos primeiros quilombos nos Palmares
Teaser Documento inédito que aponta localização de três quilombos foi descoberto numa biblioteca de Harvard. Com base nele, pesquisadores farão escavações que podem revelar detalhes da vida de negros livres no período colonial.

Um mapa guardado bem longe do Brasil, mais precisamente no acervo de uma biblioteca da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos , pode ser a peça fundamental para revelar aos brasileiros detalhes de uma história negada ao próprio país: a da vida em liberdade de negros durante o período colonial .

O documento em questão é a versão original manuscrita do Brasilia Qua Parte Paret Belgis (A parte do Brasil que pertence aos Neerlandeses), do matemático e naturalista George Marggraf. Composto de nove mapas das Capitanias e Câmaras do Brasil Neerlandês, o período histórico da invasão e ocupação holandesa no Nordeste brasileiro , de 1630 a 1654, o mapa foi localizado pelo cartógrafo histórico Levy Pereira.

Agora, esse documento serve de base para um grupo de pesquisadores, que inclui arqueólogos, geógrafos, historiadores e antropólogos da Universidade Federal de Alagoas (UFAL- Campus Sertão) e da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que tenta encontrar vestígios do que seriam os quilombos mais antigos fundados na região do Quilombo dos Palmares, entre os estados de Pernambuco e Alagoas.

Financiados pela Fundação Cultural Palmares (FCP), responsável pelo Parque Memorial Quilombo dos Palmares , e com autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o grupo realizará escavações arqueológicas em Pernambuco e Alagoas em janeiro de 2026. Essa pesquisa pode revelar detalhes inéditos e materiais históricos de como era a vida em liberdade dentro da mais famosa, duradoura e organizada comunidade quilombola que existiu no Brasil colonial.

O que o mapa permitiu achar

Fundado no final de 1590 pela princesa congolesa Aqualtune e instalado na Serra da Barriga, no município de União dos Palmares, em Alagoas, o Quilombo dos Palmares foi um Estado autônomo que resistiu por quase cem anos aos ataques holandeses, luso-brasileiros e de bandeirantes paulistas. É um símbolo de resistência à escravidão dos negros que se recusavam à submissão imposta pelo sistema colonial.

Documentos históricos já mostravam, entretanto, que o local descrito na Serra da Barriga seria apenas o último dos quilombos da região, conhecida pela fertilidade e boas condições para caça de animais e coleta de vegetais. Dentre esses materiais já conhecidos, estavam os relatos do comandante Johan Blaer, líder de uma expedição contra quilombos em 1645, que descrevia pelo menos outros três quilombos em áreas próximas.

Mas arqueólogos enfrentavam duas dificuldades ao analisar esses relatos e tentar chegar a essas localidades. Os relatos da época descrevem rios e montanhas com nomes em desuso, e distâncias em milhas aproximadas, o que impedia precisar a identificação das áreas.

"Aí entra a importância desse mapa descoberto. Os rios e algumas montanhas [que aparecem nele] também são citados no relato desse holandês", explica o arqueólogo Onésimo Santos, um dos coordenadores da pesquisa.

O mapa achado em Harvard foi transposto sobre uma base cartográfica atual, o que permitiu cruzar informações com imagens de satélite de alta resolução e identificar elementos compatíveis com os três quilombos mencionados nos relatos de Blaer.

Os dois primeiros estariam situados nos atuais municípios de Correntes e Lagoa do Ouro, no Agreste de Pernambuco, e o terceiro seria na região de Chã Preta e União dos Palmares, em Alagoas. Segundo o documento do oficial holandês, o primeiro estaria abandonado; o segundo, parcialmente destruído e também abandonado; já o terceiro, ativo.

"A partir dessas informações cartográficas que nós obtivemos e com essas imagens de satélite atualizadas e precisas, nós visualizamos algumas geometrias do terreno, como retângulos que pareciam ser escavados e assinalamos nos mapas como áreas sensíveis", conta Santos.

Por que o mapa é inédito

A cartografia do matemático e naturalista George Marggraf já era conhecida, mas os mapas publicados e distribuídos ao longo dos séculos eram reproduções do original, o que, segundo Santos, permitiu o acúmulo de erros de impressão. "À medida que a chapa de cobre [usada para reproduzi-lo] ia se apagando, alguém ia retocando e refazendo. Então, assim surgiram erros", diz o pesquisador.

Segundo ele, o material que está em Harvard é o original, feito à mão, pelo próprio Marggraf. Apesar de ele estar catalogado na biblioteca, ninguém nunca tinha tido acesso, nem o próprio Levy Pereira, o maior pesquisador da área no Brasil. O mapa foi achado em 2021, mas só neste ano foi possível obter o financiamento para as escavações. Nesse intervalo de tempo, foi feito o trabalho de transposição para a cartografia atual.

E como o material foi parar em Harvard? Segundo Santos, durante o século 19, vários documentos do período holandês no Brasil foram vendidos e muitos foram parar em bibliotecas e arquivos no exterior.

"A nossa história foi fincada sempre nas bases do colonizador. Os povos afro-indígenas, intencionalmente, foram apagados ou foram retirados, ou foi minimizada a sua participação na nossa história", lembra o arqueólogo do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas, o Neabi da UFAL, Flávio Moraes.

De acordo com ele, somente a partir das décadas de 1970 e 1980, a historiografia começou a mudar e dar importância à perspectiva negra e indígena, e alguns documentos passaram a receber, também, esse olhar. "Não é que nós encontramos um mapa que estava perdido, esse mapa existia, mas estava nos arquivos da biblioteca de Harvard", complementa o arqueólogo.

A importância para a história negra

Documentos históricos mostram que haveria pelo menos dez quilombos anteriores ou posteriores a Palmares na região, mas muitos deles nunca foram escavados. Encontrar vestígios nesses locais, defendem os pesquisadores, é possibilitar uma nova forma de contar a história da população negra no Brasil.

Nas escavações, os pesquisadores pretendem encontrar vestígios que revelem detalhes do cotidiano da população que viveu nesses locais, por exemplo, como cultivavam a terra, coletavam, caçavam, faziam seus rituais e enterravam seus mortos.

"Não sabemos muito sobre a cultura material afro-brasileira, do seu cotidiano de vivência em um espaço de liberdade, como seria o Quilombo dos Palmares. Quando falamos da população negra nesse período histórico, remetemos à escravidão, pensamos em senzala, em correntes, tem uma cultura material que está nesse lugar de sofrimento", acrescenta Moraes.

A Fundação Cultural Palmares também pretende traçar uma linha do tempo do desenvolvimento dessas comunidades, evidenciando como eram as tecnologias de resistência adotadas nos quilombos.

"Há um tempo havia uma visão muito simplista de como eram essas ocupações. Era uma coisa quase como uma fuga sem planejamento. E pelo que vemos, existia uma mobilização importante que acontecia entre esses grupos, e no encontro também com outras comunidades indígenas ou gente branca mesmo", explica Guilherme Bruno, responsável pelo Centro de Informação e Acervo da Memória e da Cultura Afro-brasileira (Ciam) da Fundação Palmares.

Segundo Bruno, há uma expectativa de demonstrar para a sociedade brasileira que a resistência à colonização e à escravização era muito mais complexa e muito mais organizada, no sentido de sociedade, do que os estudos evidenciam até então. "É uma forma de demonstrar que existia uma resistência organizada, na acumulação desses territórios, uma vez que muitos deles eram inexplorados. Eu gosto de pensar que eles [os negros] foram também grandes exploradores do interior do Brasil", diz Bruno.

Os próximos passos

O financiamento inicial para pesquisa é de 18 meses. Os pesquisadores vão começar as escavações em Pernambuco, com trabalho arqueológico de prospecção de superfície e abertura de sondagens, e com elas esperam encontrar principalmente dois tipos de vestígios arqueológicos: móveis, como materiais feitos para rituais e festas, e estruturas de defesa usadas pelos moradores dos quilombos para proteção.

"Tanto esse documento holandês quanto documentos portugueses posteriores dizem que havia [nos quilombos] uma estrutura de cerca de madeira, praticamente uma muralha de madeira, com troncos colocados na vertical, e duas cercas com uma vala no meio", conta Santos. Embora as cercas de madeira não sobrevivam ao tempo, os pesquisadores esperam encontrar os fossos e as terras. "É isso que forma o retângulo que nós visualizamos nas imagens de satélite", acrescenta.

Além disso, espera-se achar também estruturas do que seriam as casas, forjas onde seriam produzidas pontas de lança usadas em combates e caças, cerâmicas e enterramentos. Dependendo do resultado, os pesquisadores seguirão as escavações no chamado Grande Palmares, o quilombo que estaria ativo durante as expedições de 1645 em Alagoas. A ideia é fazer quatro viagens ainda em 2026.

A pesquisa também deve se transformar em um material audiovisual com finalidade educativa, e pretende envolver comunidades e pesquisadores indígenas e negros da região, por meio de bolsas de pesquisa.

Participam da pesquisa, além de Levy Pereira, Onésimo Santos e Flávio Moraes, o geógrafo e arqueólogo Daniel Ferreira, os historiadores Bruno Miranda, da UFRPE, Felipe Damasceno, Danilo Marques e Zezito Araújo, e o antropólogo Vágner Bijagó, no Neabi da UFAL-Campus Sertão. Também integra a equipe Leandro Pereira, responsável pelo registro audiovisual.

"Uma preocupação que temos é desenvolver um projeto que seja em parceria com as partes interessadas. Se encontramos áreas de sepultamento, por exemplo, não pretendemos violar esses espaços sagrados, a não ser que tenhamos a autorização", afirma Moraes.

Se os achados se confirmarem, a ideia é também ir atrás de novos financiamentos para seguir fazendo escavações arqueológicas nos pontos aos quais os pesquisadores chegaram por meio do achado do mapa que estava na biblioteca Harvard.

Short teaser Documento inédito que aponta localização de três quilombos foi descoberto numa biblioteca de Harvard.
Author Alice de Souza
Item URL https://www.dw.com/pt-br/mapa-inédito-indica-locais-dos-primeiros-quilombos-nos-palmares/a-75158722?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 8
Id 75129951
Date 2025-12-14
Title A sobrinha-neta brasileira da diva alemã Marlene Dietrich
Short title A sobrinha-neta brasileira da diva alemã Marlene Dietrich
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Marlene Dietrich só visitou o Brasil uma única vez

Denise Dietrich descobriu por acaso, aos oito anos, o parentesco com a famosa atriz. Seu avô era primo da alemã.Denise tinha oito anos quando descobriu, por intermédio de uma tia, que era sobrinha-neta da diva alemã Marlene Dietrich . Volta e meia, Ema visitava a família na pequena Resplendor, cidadezinha a 444 quilômetros de Belo Horizonte (MG). Numa dessas visitas, a tia, que não falava português, tocou no assunto. Marlene era prima de Guilherme, o avô de Denise. Nascido Karl Wilhelm Dietrich em 1896, ele chegou ao Brasil por volta de 1923. Denise não entendeu nada, mas um parente traduziu: os adultos conversavam, em tom de orgulho, sobre a prima famosa. Em casa, o máximo que o pai de Denise, Otomar, dizia era: "Marlene foi a mulher com as pernas mais bonitas do mundo". "Nessa época, meu pai falava que Marlene era uma estrela. Mas, como eu já dizia que queria ser atriz, e ele era totalmente contra a ideia, nunca se falou, em português, que Marlene era atriz. Só fui descobrir depois que o meu pai morreu, em 1995. Me senti traída, mas, hoje, entendo sua preocupação", explica a atriz e dramaturga de 45 anos. "A profissão de atriz demanda muita força, principalmente de quem não tem herança social ou sobrevivência financeira. Muitas vezes, pensei em desistir. Quero dizer: já desisti várias vezes. Mas, nenhuma delas vingou." Denise decidiu ser atriz antes de descobrir que era sobrinha-neta de uma estrela de Hollywood. Quando tinha cinco anos, assistiu, em companhia da mãe, Elena, a novela Roque Santeiro. Até hoje, não se esquece da cena em que João Ligeiro, personagem de Maurício Mattar, é morto a tiros: sentida, desabou no choro! Indignado, o pai proibiu a mãe de ver novela com a filha. Mais do que isso: repetia que ser atriz era "coisa de mulher da vida". "Quando via novela, queria estar lá, dentro daquela caixa colorida. Via as cenas e repetia as falas das vilãs – sempre preferi as vilãs! Meu pai me proibia de ver, mas eu achava um jeitinho de burlar. Talvez minha tia-avó já estivesse no meu inconsciente. É difícil fugir de uma vocação", afirma Denise, que estudou Artes Cênicas na Casa de Artes de Laranjeira (CAL), no Rio de Janeiro, e acabou de lançar o livro Aquele Trem (Editora Patuá), uma autoficção que reúne alguns dos muitos "causos" vividos por ela na pequena e pacata cidade de Resplendor, no interior de Minas. Trem doido Na maioria das vezes, uma peça nasce de um livro. No caso de Aquele Trem, Denise primeiro montou o espetáculo e, depois, escreveu o livro. No palco, Denise vasculha lembranças doídas de sua infância: aos seis anos, viu a mãe, então com 32 anos e cinco filhos, ir embora de Resplendor no trem das onze. "Sua mãe viajou e não vai mais voltar", resumiu o pai em poucas palavras. Não bastasse a perda da mãe, ainda sofreu o primeiro assédio – um tio de uns 60 anos meteu a língua na boca de uma criança de seis. Daquele dia em diante, toda vez que via o tio, Denise fugia de casa. O pai, sem saber de nada, batia nela. "Preferia assim. Era menos doído vara de goiaba que cheiro de cachaça", registrou no livro. "Durante a temporada em São Paulo, recebi mensagens de muitas mulheres. Todas falavam do quanto o solo mexeu com elas. Senti a necessidade de transformar a dramaturgia em romance e atingir um número maior de pessoas. O teatro é potente, mas é efêmero", observa Denise. "A escrita tem me curado. Escrevo num jorro: às vezes, caio no choro; outras, na gargalhada. Não bloqueio nada. Tem dor, tem catarse, mas, também, tem humor e alívio. Depois de escrever, trato tudo na psicanálise." Denise ainda não sabe se vai encenar Aquele Trem em Resplendor. "Tenho receio. Não sei se alguém da ‘cidade pequena demais' já leu o livro", diz. Apesar do abandono e do assédio, guarda boas recordações da infância. Principalmente da casa onde morou. Casa essa que, por causa da construção de uma usina hidrelétrica, não existe mais. "A única coisa que restou foi o pé de jaca", recorda. Mas, sua juventude em Resplendor, avisa, é tema do próximo livro, ainda sem previsão de lançamento: "Vou aprofundar a vida na roça depois que o meu pai morreu". À frente de seu tempo Dos incontáveis filmes estrelados pela tia-avó, Denise elege Testemunha de Acusação (1957), adaptado por Billy Wilder a partir da obra homônima de Agatha Christie, como o seu favorito. Mas, "a mulher com as pernas mais bonitas do mundo", como dizia seu pai, trabalhou com outros cineastas famosos, como Alfred Hitchcock, em Pavor nos Bastidores (1950); Fritz Lang, em O Diabo Feito Mulher (1952); e Orson Welles, em A Marca da Maldade (1958). Em Marrocos (1930), apareceu vestida de smoking e deu um selinho em outra mulher. "Em 1936, Marlene Dietrich enfrentou o regime nazista. Nessa época, recusou convites para voltar para a Alemanha e ser a garota-propaganda do Terceiro Reich. Ali, se colocou como um exemplo de mulher, e um exemplo de como os artistas são importantes para combater o ódio em tempos difíceis", derrama-se. "Marlene era comprometida com a liberdade em tudo que fazia. A liberdade de ser autêntica e de permitir que os outros também fossem." Marlene Dietrich visitou o Brasil uma única vez: entre julho e setembro de 1959, a diva se apresentou no Rio e em São Paulo. Foram, ao todo, dez apresentações: cinco no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, e cinco no Teatro Record, em São Paulo. Acompanhada do pianista Burt Bacharach, cantou em quatro idiomas: inglês, francês, alemão e português. Ainda em Nova York, decidiu incluir Luar do Sertão no repertório. No livro Bastidores (2001), o jornalista Rodrigo Faour relata que foi Cauby Peixoto, então com 28 anos, quem ajudou Marlene a ensaiar a canção. "Fui com um violonista e comecei. Conforme eu cantava, ela ia decorando a melodia", lembra o cantor no livro. Toalete improvisado Para cantar no Brasil, Marlene fez algumas exigências. Em primeiro lugar, nenhuma bailarina poderia levantar a perna mais alto do que ela. Além disso, não queria ser fotografada a menos de três metros de distância. No livro Memórias de Um Maître de Hotel (1983), Fery Wünsch conta que, antes de subir ao palco do Golden Room do Copacabana Palace, a cantora o chamou em seu camarim e solicitou um balde de gelo com areia. Como a diva usava um vestido apertado, que a impedia de ir ao banheiro, ela usaria o balde, em caso de necessidade, para fazer xixi. Até onde se sabe, Marlene não fez coletiva de imprensa no Brasil. Mas isso não a impediu de matar a curiosidade de alguns repórteres. Na chegada ao Rio, no dia 24 de julho de 1959, um jornalista quis saber: "Quais as suas primeiras impressões do país?". Marlene devolveu a pergunta: "O senhor já encontrou alguém que lhe dissesse não estar feliz ao chegar ao Brasil?". No aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, um repórter perguntou: "Qual é o segredo de sua juventude?". "Trabalhar, trabalhar, trabalhar", respondeu ela, antes de seguir para Buenos Aires. Em 1975, durante uma apresentação em Sydney, na Austrália, Marlene sofreu uma queda, fraturou o fêmur e se aposentou dos palcos. Três anos depois, faria seu último filme: Apenas Um Gigolô (1978), de David Hemmings. No longa, Marlene Dietrich e David Bowie não chegaram a contracenar. Ela rodou suas cenas em Paris, onde morava, e ele, em Berlim, como o restante do elenco. A tia-avó de Denise morreu no dia 6 de maio de 1992, aos 90 anos, em Paris.


Short teaser Denise Dietrich descobriu por acaso, aos oito anos, o parentesco com a famosa atriz. Seu avô era primo da alemã.
Author André Bernardo
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Image caption Marlene Dietrich só visitou o Brasil uma única vez
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Item 9
Id 75134362
Date 2025-12-13
Title Alerta de Natal: brinquedos que podem fazer mal às crianças
Short title Alerta de Natal: brinquedos que podem fazer mal às crianças
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Substâncias contidas em brinquedos baratos de plástico costumam ser um risco à saúde de crianças

Artefatos que deveriam trazer alegria podem apresentar riscos à saúde. Muitos contêm substâncias que podem afetar negativamente os processos metabólicos, o crescimento, o desenvolvimento cerebral e a fertilidade.Carrinhos, blocos de montar ou bonecas de plástico – todos os anos, a variedade de presentes disponíveis é tão grande quanto a empolgação das crianças ao abrirem seus presentes no Natal . A Sociedade Alemã de Endocrinologia – associação profissional de pesquisadores que estudam a função dos hormônios – decidiu abrandar essas expectativas com um alerta: muitos brinquedos infantis contêm os chamados desreguladores endócrinos, que podem afetar negativamente os processos metabólicos, o crescimento, o desenvolvimento cerebral e a fertilidade. Os desreguladores endócrinos (EDCs, na sigla em inglês) são substâncias químicas que, mesmo em pequenas quantidades, podem interferir na função dos hormônios e causar efeitos nocivos. Os EDCs incluem plastificantes como ftalatos e bisfenóis, encontrados em muitas embalagens de alimentos. Além disso, retardantes de chama bromados (BFRs, em inglês), compostos químicos que tornam plásticos menos inflamáveis, assim como as chamadas substâncias químicas "eternas" PFAS e metais pesados, como cádmio e bromo. Particularmente perigosos para crianças O problema é que essas substâncias são encontradas não só em todos os tipos de objetos do dia a dia, como cosméticos, plásticos, tintas e tecidos, mas especialmente em brinquedos infantis baratos, explicou Josef Köhrle, do Instituto de Endocrinologia Experimental do Hospital Universitário Charité, em Berlim, em uma coletiva de imprensa. Como endocrinologista, Köhrle pesquisa os efeitos de várias substâncias nos sistemas hormonais do corpo. "Nas crianças, a pele e as mucosas ainda não estão totalmente desenvolvidas como barreiras contra poluentes ", afirma o endocrinologista. Além disso, as crianças pequenas exploram o mundo com a boca. Esse comportamento típico "pode aumentar drasticamente a exposição a desreguladores endócrinos". Extremamente nocivos e pouco regulamentados Na União Europeia (UE), desreguladores endócrinos são classificados como substâncias de altíssima preocupação, pois são considerados tão perigosos quanto substâncias cancerígenas ou mutagênicas, como o amianto. Mesmo assim, essas substâncias acabam em brinquedos infantis. Especialistas como Köhrle atribuem isso à "saturação do nosso mercado com produtos baratos" fabricados sem observância das diretrizes da UE. Empresas como Amazon , Shein e Temu contribuem para essa ampla distribuição. Elas podem fazer isso sem impedimentos porque o cumprimento das diretivas não é adequadamente monitorado e fiscalizado, diz Köhrle. O Parlamento Europeu, contudo, fez ajustes e aprovou novas regulamentações de segurança para brinquedos. "A UE é líder mundial na tentativa de introduzir e aplicar padrões regulatórios para produtos e substâncias químicas", reconhece o especialista. Apesar disso, brinquedos baratos e perigosos ainda continuarão disponíveis para compra. "Segundo estimativas otimistas, levará pelo menos 4,5 anos para que essa decisão possa ser implementada", afirma Köhrle. Isso também se deve ao fato de que cada nação é responsável pela proteção da saúde de sua própria população. Como evitar brinquedos perigosos? Ao comprar presentes devem ser evitados plásticos ou tecidos que exalem forte odor químico. Os tecidos devem ser lavados antes de serem dados às crianças. Na dúvida, melhor recorrer a produtos de fabricantes renomados. Ainda não existem selos confiáveis e válidos em toda a UE que certifiquem um produto como seguro e em conformidade com os padrões europeus, algo que é alvo de críticas por parte de especialistas como Köhrle. As novas regulamentações de segurança da UE introduzirão um passaporte digital para brinquedos, que permitirá que autoridades e consumidores verifiquem se um produto é seguro. Até lá, a responsabilidade continua sendo do indivíduo. Além de testar o cheiro, consultar o banco de dados europeu de recalls antes da compra também pode ajudar a evitar produtos perigosos. Pais, tios ou tias também devem evitar brinquedos de plástico antigos e usados. Superfícies desgastadas ou danificadas aumentam o risco de liberação de desreguladores endócrinos, afirma Köhrle. Brinquedos de plástico mais antigos também apresentam o risco de conter substâncias que agora são proibidas. "Vários desreguladores endócrinos são duráveis por muito tempo. Eles estão entre os chamados poluentes orgânicos persistentes", diz Köhrle, que vê nisso mais um motivo para aumentar a pressão sobre as autoridades e conseguir proibições ou regulamentações e controles mais rigorosos.


Short teaser Muitos contêm substâncias que impactam processos metabólicos, o crescimento, o desenvolvimento cerebral e a fertilidade.
Author Julia Vergin
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Image caption Substâncias contidas em brinquedos baratos de plástico costumam ser um risco à saúde de crianças
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Item 10
Id 18900712
Date 2025-12-12
Title Chanucá, a tradicional festa judaica das luzes
Short title Chanucá, a tradicional festa judaica das luzes
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Em vários cantos do mundo, judeus darão início neste fim de semana a comemorações que envolvem iluminar casas e sinagogas durante oito dias. Conheça as origens, significados e tradições da famosa Festa das Luzes.Ano após ano, lares judaicos de todo o mundo se enchem de luz para comemorar o Chanucá, um importante feriado do judaísmo, também conhecido como Festa das Luzes. A celebração tem início no dia 25 do mês judaico de Kislev, e se estende por oito dias consecutivos. Em 2025, no calendário gregoriano, a festa vai começar no domingo (14/12) e deverá durar até 22 de dezembro. Em hebraico, a palavra "chanucá" significa "dedicação". A festividade comemora a vitória da luz contra a escuridão, a preservação do espírito de Israel e a liberdade religiosa. Os judeus aproveitam o feriado para se reunir em família, recitando bençãos e cânticos de louvor. O principal símbolo da Festa das Luzes é a chanuquiá, um candelabro com oito braços menores, e um mais alto ao centro. No entardecer do primeiro dia de Chanucá, os judeus acendem a primeira das oito velas. Em cada noite subsequente, acrescenta-se uma nova vela à esquerda, até que o candelabro esteja completamente aceso ao fim de oito dias. O momento de acender a chanuquiá costuma reunir todos os membros da família – e as crianças também podem ajudar, desde que sejam capazes de segurar as velas com segurança. Por ter um propósito sagrado, a luz não pode ser usada para nenhum outro fim, como leitura ou trabalho. Atualmente, há vários costumes sobre onde posicionar a chanuquiá – alguns judeus a colocam sobre uma mesa ou no lado esquerdo da porta de entrada. O local mais comum, porém, é próximo a janelas, de modo que o candelabro fique de frente para a rua. Isso porque, segundo o costume, é preciso espalhar a luz. Todos os anos, uma chanuquiá de dez metros de altura – a maior da Alemanha – é colocada em frente ao Portão de Brandemburgo, em Berlim, durante todo o período de Chanucá. Candelabros semelhantes também são erguidos em frente à Casa Branca, em Washington, na Praça Vermelha, em Moscou, e na Avenida Paulista, em São Paulo. A origem da tradição O hábito de acender as oito velas está baseado em uma história do ano 165 a.C, descrita em livros como o Talmude. Nessa época, Israel era governado pelo rei assírio Antíoco 4º, um tirano que impôs a cultura helenística e teria proibido os "judeus de serem judeus". Com um pequeno exército, os rebeldes, conhecidos como macabeus, reconquistaram o Templo Sagrado de Jerusalém e conseguiram restaurar a cultura judaica. Foi durante a reconquista que, para os judeus, ocorreu o "milagre da luz". Para purificar o templo após a retomada, seria preciso acender ali, com azeite puro, a Menorá – um candelabro de sete braços. Mas os macabeus encontraram somente uma pequena ânfora com o óleo, em quantidade suficiente para durar apenas um dia. Segundo a lenda, entretanto, a chama permaneceu milagrosamente acesa por oito dias, tempo necessário para que os macabeus conseguissem produzir um novo azeite. Desde então, a Festa das Luzes é celebrada pelos judeus durante o mesmo período. Costumes da festividade Cada comunidade carrega suas tradições únicas de Chanucá, mas há alguns costumes que são praticados mundialmente pelos judeus durante o período de festas, incluindo o próprio acender das velas, algumas tradições culinárias e jogos específicos para crianças. Como o feriado comemora o milagre do óleo, é tradicional servir comidas fritas nas sinagogas e nos encontros em casa. O menu típico inclui sonhos (sufganiyot) e panquecas de batata ralada (latkes). Costume menos difundido, mas ainda assim presente, é preparar pratos à base de laticínios, como bolinhos de queijo. Outra tradição da Festa das Luzes é o jogo do pião (dreidl ou sevivon, em iídiche), onde estão escritas – em hebraico – as primeiras letras da frase "Aconteceu um grande milagre". As crianças jogam o pião e, dependendo da letra que se revelar, podem ganhar dinheiro. O Natal dos judeus? Chanucá é considerado um dos feriados judaicos menos importantes, já que não está relatado na Torá – escrituras religiosas do judaísmo. Mas, por conta de sua proximidade com o Natal do cristianismo, a festa ganhou maior significado nos últimos tempos. A troca de presentes, por exemplo, comum no feriado que celebra o nascimento de Jesus, acabou se tornando parte intrínseca da Festa das Luzes. Para muitos pais judeus que vivem em países cristãos, trazer importância ao Chanucá, tornando-o um evento especial, é uma forma de fazer com que os filhos não se sintam excluídos de toda a festividade que ocorre ao seu redor durante o Natal.


Short teaser Judeus darão início a comemorações que envolvem iluminar casas e sinagogas durante oito dias.
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Image source picture-alliance/ dpa
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Item 11
Id 75134339
Date 2025-12-12
Title Para se divertir sem compromisso, jovens organizam "casamentos falsos" no Paquistão
Short title "Casamentos falsos" viram tendência no Paquistão
Teaser Festa, decoração, música e noivos, mas sem compromissos religiosos e dramas familiares. Simulações de casamento ganham espaço no Paquistão, especialmente entre mulheres que querem se divertir num espaço seguro.

O cenário é igual ao de um autêntico casamento, com flores e tons alegres de amarelo. Parece um típico Mehndi paquistanês — parte das tradicionais festividades de casamento que duram três dias no país. Mas um olhar mais atento revela algo incomum: o "noivo" é uma mulher. E não se trata de um casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas, sim, de um "casamento falso".

A tendência vem ganhando força no Paquistão desde 2023 e replica a estética e as festividades de um casamento real, mas sem os compromissos legais, religiosos ou a pressão familiar que normalmente definem os casamentos paquistaneses. Ou seja: é uma festa para curtir, sem as responsabilidades posteriores da vida a dois – e muito menos com a família do cônjuge.

Esse tipo de evento ganhou popularidade depois de um casamento falso organizado pela Universidade de Administração de Lahore (LUMS) em 2023, que teve considerável atenção nacional e global tantos nas mídias tradicionais quanto nas redes sociais.

Reação negativa na mídia

A cobertura de mídia, ao mesmo tempo em que provocou críticas, também acabou por aumentar a popularidade desse tipo de evento, sobretudo entre jovens e influenciadores.

Sairam H. Miran, ex-presidente do Conselho Estudantil da LUMS, disse à DW que os estudantes enfrentaram "abusos online" consideráveis depois que imagens do evento viralizaram.

"Há uma tendência de as pessoas e a mídia focarem mais na LUMS como uma universidade de elite, alheia à realidade, o que gera muito mais repercussão do que qualquer notícia positiva sobre os próprios alunos", disse Miran.

"Assim como no resto do mundo, é possível que estudantes universitários no Paquistão se divirtam e se destaquem em suas áreas de atuação ao mesmo tempo."

A LUMS, como muitas outras universidades paquistanesas, organiza eventos sociais semanais para os estudantes e acreditava que os casamentos falsos ofereciam um espaço mais tradicional e socialmente aceito para celebração e diversão.

No entanto, após a reação negativa, o conselho estudantil e a universidade tomaram várias precauções para garantir a segurança e a privacidade dos alunos, como não permitir que influenciadores fizessem postagens em páginas públicas.

"Houve consequências para a administração, que teve que prestar contas a doadores e pais, e para nós, estudantes, que não consentimos em nos tornar virais e enfrentamos problemas com nossas famílias também", disse à DW uma estudante da LUMS que se formou em 2023 e preferiu não ter seu nome revelado por medo de retaliação.

"O noivo não teve problemas com sua família, mas a família da noiva ficou muito irritada", acrescentou.

Espaço seguro para mulheres

A possibilidade de aproveitar as festividades do casamento sem os olhares atentos da sociedade ou da família é exatamente o que torna esses eventos tão atraentes — especialmente para as mulheres.

Rida Imran, fundadora do Hunar Creative Market, organizou no mês passado um casamento falso colaborativo exclusivo para mulheres. Para isso, contou com a ajuda de artesãs, artistas, criadoras de conteúdo e organizadoras de eventos.

Imran disse à DW que o Mehndi de um casamento tradicional paquistanês, geralmente o primeiro dos três dias de festividades, reúne mulheres para aplicar henna, cantar, dançar e celebrar. No entanto, a maioria das famílias ainda pressiona as mulheres a se comportar de maneira discreta nos casamentos.

“Mesmo que as celebrações de casamento sejam uma parte tão importante da nossa cultura e tradição, as mulheres ainda enfrentam muita vigilância sobre como agem, se vestem e comemoram", explica Imran.

"Ter esse Mehndi exclusivo para mulheres deu a elas a oportunidade de aproveitar o casamento sem qualquer pressão social ou escrutínio familiar."

Autenticidade supera modelos ocidentais

Punjrush, uma comediante e criadora de conteúdo que desempenhou o papel de "noiva", compartilhou que, como mulher solteira, nunca imaginou vivenciar um "casamento sem drama". Ela normalmente sente a tensão entre membros da família ou pressões para seguir normas sociais. Para ela, o evento foi como um "momento de descolonização", já que promoções de marcas e exposições seguem um modelo ocidental, enquanto a cultura de casamento (shaadi) do Paquistão é autenticamente sul-asiática.

Além da autenticidade, a sensação de segurança que as mulheres têm nos casamentos falsos contrasta fortemente com outros eventos no país, como raves e festas, que muitas vezes são marcados por incertezas e preocupações com segurança.

Por exemplo, em outubro de 2024, a polícia invadiu uma festa de Halloween em Karachi, capital da província de Sindh. O evento havia sido amplamente divulgado pela mídia e rotulado como uma "atividade vulgar", com muitas participantes tendo suas fotos e vídeos vazados online, violando sua privacidade.

Segundo Shifa Leghari, jornalista e comentarista social, os casamentos falsos no Paquistão oferecem um espaço muito mais seguro para as mulheres, sem atrair suspeitas das autoridades ou familiares, já que é uma forma socialmente aceitável de celebração.

"Esses eventos também costumam ser pagos ou organizados de forma controlada, com pontos de entrada monitorados e são muito apropriados culturalmente, para que as pessoas, especialmente as mulheres, possam aproveitar livremente, e os homens saibam se comportar com respeito, pois isso faz parte da cultura do casamento”, disse Leghari.

Um mercado crescente

Os casamentos falsos conquistaram um nicho considerável dentro da complexa indústria paquistanesa de casamentos. A dúvida agora é se essa tendência alimenta a indústria cada vez mais luxuosa dos casamentos ou oferece um mercado alternativo fora do mainstream.

O ecossistema de casamentos no Paquistão — incluindo locais, bufês, moda de grife, joias, fotografia e maquiadores — é estimado em pelo menos 900 bilhões de rúpias paquistanesas (3,2 bilhões de dólares) por ano.

Alguns organizadores de casamentos falsos argumentam que, em vez de seguir padrões, eles oferecem ideias, fornecedores e serviços alternativos, baseados na criatividade, e não em um “estilo copiar e colar” da maioria dos casamentos tradicionais.

Serviços de casamento mais acessíveis e inovadores estão surgindo, impulsionados pelas redes sociais e pelo marketing proporcionado pelos casamentos falsos.

Por exemplo, os organizadores de um casamento falso em Islamabad chamado "Shaam-e-Mastana" (noite festiva) estão tentando estabelecer um novo padrão para o que os casamentos, reunindo música folclórica, moda e tradição cultural.

Aqeel Muhammad, curador de eventos, comparou os casamentos falsos do Paquistão ao Met Gala anual, um desfile de roupas impressionantes no Metropolitan Museum of Art, em Nova York.

“Você é livre para expressar seu estilo e sua identidade de uma forma elevada, se feito com criatividade”, disse à DW.

Short teaser Simulações de casamento são vistas como forma segura e sem compromisso para mulheres se divertirem.
Author Mavra Bari (de Islamabad)
Item URL https://www.dw.com/pt-br/para-se-divertir-sem-compromisso-jovens-organizam-casamentos-falsos-no-paquistão/a-75134339?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 12
Id 75122789
Date 2025-12-12
Title Navios nucleares são uma saída para diminuir a poluição nos oceanos?
Short title Navios nucleares são saída para diminuir poluição nos mares?
Teaser Na corrida da indústria naval para cumprir as metas de redução de CO₂, uso de energia nuclear para mover navios volta a ser debatido. Eles podem viajar por mais tempo e são mais limpos. Mas há poréns.

Em 21 de julho de 1959, a então primeira-dama dos Estados Unidos Mamie Eisenhower quebrou uma garrafa de champanhe contra o imponente casco do NS Savannah antes que o navio recém-construído deslizasse para o rio Delaware, carregando consigo a ambiciosa promessa de que o transporte marítimo mudaria para sempre.

Em vez de ter um motor a diesel convencional na casa de máquinas, o Savannah era movido por um reator nuclear. Entre 1962 e 1970, numa época em que a energia nuclear era considerada o futuro, o navio mercante transportou mercadorias e pessoas pelo mundo para demonstrar o uso pacífico da fissão nuclear .

Hoje, apenas alguns países ainda operam navios movidos a energia nuclear, e principalmente para usos militares, como porta-aviões e submarinos. A Rússia continua utilizando uma pequena frota de quebra-gelos nucleares na chamada Rota do Mar do Norte, no Ártico, por exemplo.

Navios cargueiros — e mais ainda navios de passageiros — movidos a combustível nuclear praticamente desapareceram. Mas algumas pessoas acreditam que chegou a hora de trazê-los de volta.

O problema das emissões de carbono no transporte marítimo

Navios mercantes transportam cerca de 80% de todas as mercadorias comercializadas internacionalmente, tornando-se indispensáveis para manter a economia global em funcionamento.

Mas a maioria ainda utiliza óleo combustível pesado, que é espesso e semelhante ao alcatrão, derivado do petróleo bruto, e possui chaminés que liberam poluentes tóxicos no ar. Somados, eles emitem CO₂ equivalente ao do Japão.

A Organização Marítima Internacional (IMO), responsável pelo transporte marítimo global, quer que o setor alcance zero emissões líquidas por volta de 2050.

Mas nenhuma das tecnologias propostas para reduzir substancialmente os gases de efeito estufa — por exemplo, baterias ou combustíveis alternativos, como metanol e amônia — conseguiria atingir essa meta sozinha.

Viagens por anos sem abastecer

À medida que os esforços globais para reduzir as emissões de CO₂ se intensificam, a questão da energia nuclear no transporte marítimo ganha cada vez mais atenção.

Jan Emblemsvag, professor de engenharia e líder do projeto no consórcio norueguês NuProShip, aponta a vantagem mais óbvia, dizendo à DW que navios movidos a energia nuclear "não teriam emissões".

Dentro do NS Savannah, na década de 1960, um chamado reator de água pressurizada (PWR) usava a fissão nuclear para aquecer água, que então produzia vapor para girar turbinas e movimentar o hélice do navio e os geradores elétricos.

A vantagem de usar combustível nuclear, naquela época e agora, é que enormes quantidades de energia podem ser armazenadas em um espaço relativamente pequeno, permitindo que os navios atravessem os oceanos por anos sem reabastecer.

"E isso, é claro, dá um alcance tremendo", disse Emblemsvag.

O NS Savannah, por exemplo, podia dar 14 voltas ao mundo com uma única carga de combustível, enquanto os navios atuais movidos a óleo não conseguem dar nem uma — e, as vezes, ainda precisam reduzir a velocidade para economizar combustível. Em contraste, navios nucleares não teriam problemas de reabastecimento, podendo viajar mais rápido e economizar dinheiro ao mesmo tempo.

Por que o NS Savannah saiu de operação

No fim, foi a viabilidade econômica do NS Savannah que decretou seu fim em 1970. Construído a um custo de 46 milhões de dólares — hoje aproximadamente 500 milhões de dólares em paridade de poder de compra — o navio exigia grandes subsídios anuais do governo para operar, cerca de 2 milhões de dólares, o que não era sustentável financeiramente, especialmente em períodos de petróleo barato.

Além disso, tinha capacidade limitada de carga (cerca de 10.000 toneladas), necessidade de uma tripulação especialmente treinada e acesso restrito a portos ao redor do mundo devido a preocupações com segurança nuclear.

O design do navio também era caro, com blindagem espessa ao redor do reator e até aletas retráteis para manter a estabilidade em mares agitados.

O NS Savannah foi oficialmente aposentado em 1970, com seu reator nuclear desligado e descarregado em 1971.

Depois dele, apenas três outros navios cargueiros nucleares foram construídos — o Otto Hahn da Alemanha , o Mutsu do Japão e o Sevmorput da Rússia. Os dois primeiros foram posteriormente convertidos para diesel, e o Sevmorput está próximo da aposentadoria.

Avanços possibilitam tecnologia mais segura

A discussão atual sobre uma possível retomada nuclear no transporte marítimo é impulsionada principalmente por avanços tecnológicos no desenvolvimento de reatores de próxima geração, diz Mark Tipping, da sociedade de classificação Lloyd's Register.

"As tecnologias que estamos analisando hoje para o setor marítimo são muito diferentes das aplicadas nas décadas de 1960 e 1970", disse à DW.

Frequentemente chamados de reatores de "Geração 4", sua maior promessa é serem "mais seguros do que os do passado", "baseados nas leis da física", afirmou Tipping.

Reatores de água pressurizada, o tipo mais comum hoje, dependem de intervenção ativa quando algo dá errado, exigindo, por exemplo, ligar bombas adicionais.

Os novos reatores eliminariam essa necessidade, disse Tipping. "Se algo der errado, eles são à prova de falhas. Não precisam de pessoas para garantir isso."

A esperança é que isso convença as autoridades portuárias a permitir que navios nucleares atraquem com mais facilidade.

O consórcio norueguês de Emblemsvag — incluindo a Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU) e o estaleiro Vard — analisou 80 diferentes novos projetos de reatores para selecionar os três que considera mais promissores para impulsionar navios.

Além das questões de segurança nuclear, também avaliaram aspectos comerciais.

"Para uma das tecnologias de reator com que estamos trabalhando, já fizemos alguns cálculos de custo. Eles indicam que os custos do combustível serão cerca de 40% mais baratos do que o óleo combustível pesado", disse Emblemsvag, acrescentando que os reatores selecionados são relativamente pequenos e podem ser produzidos em massa, reduzindo ainda mais os custos.

Mas nenhum dos reatores analisados pelo consórcio foi realmente construído ainda, muito menos estabelecida a capacidade de produção para fabricá-los em grande escala.

Quando questionadas sobre o potencial dos navios nucleares hoje, algumas das maiores empresas de transporte marítimo do mundo — MSC, CMA-CGM e Maersk — não responderam aos pedidos da DW.

Os entraves a serem superados

Em junho deste ano, a IMO concordou em atualizar suas regras que regem navios civis nucleares, datadas de 1981 e que cobrem apenas reatores PWR.

Ricardo Batista, oficial técnico da IMO para segurança marítima, diz que a autoridade primeiro quer entender os riscos e os requisitos de segurança.

"E então, a partir daí, [podemos] desenvolver as medidas de mitigação relevantes que podem ser incorporadas ao novo código", disse à DW.

A IMO espera que isso leve anos, com questões sérias surgindo sobre a operação de navios nucleares, entre elas, como evitar vazamento de combustível nuclear quando um navio afunda, como impedir que ele caia nas mãos de terroristas e o que acontece com os resíduos nucleares.

Além disso, sociedades de classificação, como a Lloyd's Register na Inglaterra ou a ABS nos EUA, que estabelecem e aplicam regras técnicas, precisam atualizar suas diretrizes. Autoridades portuárias e seguradoras também teriam que revisar suas regras.

Portanto, resolver todos os aspectos legais dos navios nucleares provavelmente levará mais tempo do que construí-los, e levá-los ao mar no início da década de 2030, como esperam Tipping e Emblemsvag, parece bastante improvável.

Short teaser Eles podem viajar por muito mais tempo e não emitem CO₂. Mas há impasses a serem destravados.
Author Malte Rohwer-Kahlmann
Item URL https://www.dw.com/pt-br/navios-nucleares-são-uma-saída-para-diminuir-a-poluição-nos-oceanos/a-75122789?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 13
Id 66236577
Date 2025-12-12
Title Como o aquecimento global pode deixar ciclones mais intensos
Short title Como o aquecimento global pode deixar ciclones mais intensos
Teaser Ciclone extratropical causou estragos em São Paulo. Para especialistas, mudanças climáticas estão aumentando a intensidade deste fenômeno.

Um ciclone extratropical causou estragos em São Paulo e região metropolitana nesta quarta-feira (09/12). O fenômeno, associado a uma frente fria, derrubou mais de 330 árvores, sendo que muitas caíram sobre a rede elétrica, deixando maus de 2,2 milhões de pessoas sem energia.

Os ventos acima de 90 km/h fizeram com que cerca de 200 voos fossem afetados em São Paulo, consequentemente causando transtornos também em outros aeroportos do país. A falta de eletricidade também prejudicou o funcionamento de semáforos e o abastecimento de água.

Em novembro, o nascimento de um ciclone extratropical no Rio Grande do Sul causou um tornado no Paraná que destruiu 80% da cidade de Rio Bonito do Iguaçu, matando seis pessoas e ferindo 750, segundo a Defesa Civil do Estado.

Em julho de 2023, um outro ciclone no Rio Grande do Sul provocou estragos em 52 cidades e uma morte na cidade de Rio Grande. O fenômeno provocou ventos de mais de 140 km/h e também atingiu o estado de São Paulo, onde duas mortes foram associadas ao ciclone.

O que são ciclones extratropicais?

O ciclone extratropical é uma área de menor pressão atmosférica do que o ambiente do entorno, em que os ventos giram ao redor de um centro, no sentido horário. Esses sistemas afetam o tempo das regiões onde atuam provocando nuvens, chuva, redução da temperatura do ar e ventos fortes.

Embora seja um fenômeno meteorológico comum na região Sul, o aumento da temperatura do ar e do oceano em consequência das mudanças climáticas pode deixar os ciclones extratropicais mais intensos, afirmam especialistas ouvidos pela DW.

Os ciclones extratropicais são sistemas de baixa pressão atmosférica, em geral vinculados a frentes frias. Eles provocam um contraste muito grande de temperatura, umidade, chuva em seu entorno. Além disso, ventos muito intensos são gerados na direção dele, explica Tércio Ambrizzi, professor de Ciências Atmosféricas na Universidade de São Paulo.

Onde os ciclones extratropicais ocorrem?

Na América do Sul, um mapeamento das áreas mais ciclogenéticas – como os especialistas definem as áreas mais propensas ao fenômeno – aponta duas regiões principais. Uma fica no extremo sul, na costa da Patagônia. A outra é a região da bacia do Prata, ou seja, o sul do Brasil, Uruguai e nordeste da Argentina, explica Marcelo Seluchi, meteorologista e coordenador-geral de Operação e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

A área sobre a Patagônia registra uma frequência maior de formação de ciclones extratropicais durante o verão. Já na região ao sul do Brasil, o fenômeno ocorre durante os meses de inverno e primavera.

"Existe também uma terceira região de formação de ciclone, que é perto da costa de São Paulo e Rio de Janeiro, mas é muito raro a formação sobre o continente", diz Seluchi.

Os ciclones extratropicais estão se tornando mais frequentes no Brasil?

Um estudo feito por Tércio Ambrizzi há alguns anos mostrou que os ciclones não sofreram aumento em termos numéricos, mas em intensidade.

"Em princípio, há relação com as mudanças climáticas. Com a atmosfera acumulando muito mais energia em função do aquecimento que o planeta está sofrendo por conta da emissão de gases de efeito estufa, os sistemas se tornam mais intensos", diz.

O impacto sobre a vida das pessoas depende da região onde o fenômeno se desenvolve. "Em junho de 2022, houve um ciclone extratropical muito intenso que se desenvolveu no oceano. O fenômeno se desenvolveu em função de um outro sistema, que foram vórtices ciclônicos de altos níveis. Naquele junho, ele se propagou na região do Atlântico. Em julho de 2023, ele se desenvolveu exatamente em cima do Rio Grande do Sul, por isso causou tanta chuva. A intensidade das chuvas e dos ventos causam muitos danos e colocam vidas em risco", afirma Ambrizzi.

Marcelo Seluchi destaca que, antigamente, detectar ciclones sobre os oceanos era muito difícil. "Não existiam dados observados, não havia boas imagens de satélite, então muito provavelmente houve muitos ciclones que não foram detectados no passado, que não fazem parte da série histórica", detalha o meteorologista, pontuando que a série histórica mais confiável que registra o fenômeno reúne informações dos últimos 25 anos.

Seluchi afirma que ainda não existem estudos muito claros sobre como as mudanças climáticas podem afetar a frequência e a intensidade dos ciclones extratropicais. As projeções feitas com base em modelos indicam que alguns ciclones tenderiam a se formar um pouco mais para o sul num cenário de aquecimento global.

"Há um fato que pode influenciar a intensidade dos ciclones, que é justamente o aquecimento da atmosfera e do oceano. Um oceano mais quente consegue evaporar mais água. Uma atmosfera mais quente, por conta do aumento da temperatura, retém mais umidade, que é um elemento muito importante para determinar a intensidade dos ciclones", explica Seluchi.

Isso ajuda a explicar o fato de a costa leste da América do Sul, a bacia do Prata e o sul do Brasil serem regiões de maior frequência de ciclones extratropicais, argumenta o meteorologista. A costa do lado do oceano Pacífico, na área do Chile, não registra muito o fenômeno, pois é uma área que tem baixa umidade, diz Seluchi.

Short teaser Para especialistas, mudanças climáticas estão aumentando a intensidade deste fenômeno.
Author Nádia Pontes
Item URL https://www.dw.com/pt-br/como-o-aquecimento-global-pode-deixar-ciclones-mais-intensos/a-66236577?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 14
Id 75125355
Date 2025-12-12
Title Moraes anula votação da Câmara que manteve Zambelli no cargo
Short title Moraes anula votação da Câmara que manteve Zambelli no cargo
Teaser Ministro do STF determina cassação do mandato da deputada condenada e dá prazo de 48 horas para a posse do suplente. Decisão será analisado pela Primeira Turma do Supremo.

O ministro Alexandre de Moraes , do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou nesta quinta-feira (11/12) a votação da Câmara dos Deputados, que havia mantido no cargo a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) . A decisão será analisada agora pela Primeira Turma do STF em plenário virtual.

Nesta quarta-feira, o plenário da Câmara rejeitou, por insuficiência de votos, a perda de mandato de Zambelli por 227 votos a favor, 110 contra e 10 abstenções. Para que ela fosse cassada, eram necessários 257 votos.

Após a votação dos deputados, Moraes – que é o relator da execução da pena de um dos processos no qual Zambelli foi condenada – determinou a perda imediata do mandato e ordenou que o presidente da Câmara, Hugo Motta, dê posse ao suplente da parlamentar em até 48 horas.

"Flagrante desvio de finalidade"

O ministro avalia que Câmara deveria somente declarar a perda de mandato, ao invés de decidir se acatava ou não a decisão do STF. Moraes considerou que a votação teve "evidente inconstitucionalidade, presentes tanto no desrespeito aos princípios da legalidade, moralidade e impessoalidade, quanto flagrante desvio de finalidade".

"Em respeito à Constituição Federal, é o Poder Judiciário quem determina a perda do mandato parlamentar condenado criminalmente com trânsito em julgado, cabendo à Mesa da Câmara dos Deputados [...] tão somente declarar a perda do mandato, ou seja, editar ato administrativo vinculado", afirma a decisão do ministro.

A determinação individual de Moraes que cancela a votação na Câmara já está em vigor. Ele, no entanto, pediu que o tema fosse levado à deliberação da Primeira Turma do STF para que se torne uma decisão colegiada.

Zambelli foi condenada pelo STF a 10 anos de prisão , multa e a perda do mandato por invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A deputada, entretanto, fugiu para a Itália em julho, pouco antes de sua prisão ser decretada.

A parlamentar está presa no país europeu e aguarda uma decisão da Justiça italiana do pedido de extradição feito pelo Brasil. Na movimentação mais recente, o Ministério Público da Itália deu parecer favorável à extradição, mas a Justiça italiana pediu informações sobre onde Zambelli ficará presa.

Impasse no caso de Ramagem

A Primeira Turma tem aplicado o entendimento de que a perda do mandato é automática, pela inviabilidade do exercício do mandato por parlamentares condenados a penas em regime fechado. Esse foi o caso de Zambelli e do também deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado no processo da trama golpista, que acabou fugindo do país .

Deputados ouvidos pelo jornal Folha de S. Paulo avaliam que a determinação de Moraes pode criar um impasse na Câmara em relação à situação de Ramagem. Assim como fez no caso de Zambelli, o presidente da Casa, Hugo Motta, decidiu que é necessária votação no plenário para determinar a manutenção ou rejeição da determinação do Supremo sobre cassação de mandato.

rc/cn (ots)

Short teaser Ministro do STF determina cassação do mandato da deputada condenada e dá prazo de 48 horas para a posse do suplente.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/moraes-anula-votação-da-câmara-que-manteve-zambelli-no-cargo/a-75125355?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 15
Id 75114552
Date 2025-12-11
Title Mosquitos: os animais mais perigosos do mundo
Short title Mosquitos: os animais mais perigosos do mundo
Teaser

O mosquito comum é o transmissor do vírus do Nilo Ocidental

Centenas de milhares de pessoas morrem por ano devido a doenças transmitidas por mosquitos. E as mudanças climáticas colaboram para que cada vez mais insetos e vírus se proliferem até em regiões antes não afetadasTudo começou em um dia de junho de 2007, com febre súbita e vômitos intensos. David Hancock conta que deveria ter ido imediatamente ao hospital, mas achou que se tratava de alguma pequena infecção. Mesmo assim, tinha a sensação de que algo estava errado, não parecia se tratar de uma gripe. E realmente algo grave estava por vir. Levou dez dias para que o homem de 49 anos fosse diagnosticado. Neste tempo, ele entrou em coma, seu coração parou várias vezes, seus pulmões se encheram de líquido e seu cérebro inflamou. "Eu estava com um pé em outro mundo, podemos dizer”, conta David. Finalmente, os médicos conseguiram chegar a um diagnóstico definitivo: David havia sido infectado pelo vírus do Nilo Ocidental. Tudo por causa de uma simples picada de mosquito , bem em frente a sua casa em Glendale, uma cidade próxima a Phoenix, nos Estados Unidos. Mosquito do hemisfério norte, vírus do hemisfério sul Diferentemente da malária, da dengue , da febre amarela e do Zika , o vírus do Nilo Ocidental não é transmitido por uma espécie de mosquito invasora, como o Aedes aegypti, mas principalmente pelo gênero Culex (pernilongo), nativo do hemisfério norte. O vírus do Nilo Ocidental, no entanto, é originalmente tropical. Foi descrito pela primeira vez em 1937 na região do Nilo Ocidental, no norte de Uganda, e recebeu esse nome por causa do local onde foi encontrado. Ele se multiplica especialmente bem em aves. Graças a elas, conseguiu deixar a África – aves migratórias levaram o vírus para a Europa e para os EUA. Em 1999, foi registrado pela primeira vez nos Estados Unidos. Hoje, é a principal causa de doenças transmitidas por mosquitos no país. Isso porque o vírus tropical encontrou o Culex pipiens, o mosquito comum. Nativo da Europa e da América do Norte, ele é um vetor particularmente eficiente para o vírus do Nilo Ocidental: quando pica uma ave infectada, absorve o vírus e o transmite para outra vítima – que pode ser outra ave, um cavalo ou uma pessoa, como foi o caso de David. Embora a infecção geralmente passe despercebida e sem sintomas, nos EUA cerca de 1.300 pessoas por ano desenvolvem formas graves da doença e 130 morrem. Ironia do destino: o irmão de David é pesquisador de mosquitos Em 18 de junho de 2007, David não teve somente febre e vômitos. Ele também não conseguia engolir. Sua esposa, Teri, o levou diretamente ao hospital. Um erro. "Deveríamos ter chamado uma ambulância, assim eu teria prioridade na triagem. Em vez disso, esperamos horas na emergência, o que quase custou a minha vida", explica David. Teri precisou voltar para casa para alimentar o cachorro. Quando voltou, descobriu que o coração de David já havia parado duas vezes, e que ele estava na UTI, com ventilação mecânica. A febre era tão alta que o quarto foi resfriado ao máximo. Os médicos achavam que ele morreria a qualquer momento. Teri reuniu toda a família. Seus pais, os pais de David e seu irmão Bob, que, é biólogo e, por ironia do destino, pesquisa há décadas o comportamento dos mosquitos. "Quando souberam que David tinha sido infectado pelo vírus do Nilo Ocidental, todos perguntaram: ‘Tem certeza que é o David?'", conta Bob. Afinal, é Bob quem vive cercado de mosquitos e prefere estar no meio do mato estudando-os. "Eu amo meu objeto de estudo. Não pesquiso mosquitos para exterminá-los. Eles me interessam". Mudanças climáticas favorecem mosquitos e vírus A história dos dois irmãos mostra o quão diferente podem ser os resultados de uma picada de mosquito: a maioria delas é inofensiva, e só são contabilizados os casos clínicos, "ou seja, quando alguém precisa ir ao médico ou ao hospital", explica Bob. Ou quando a infecção é fatal. Por isso, a subnotificação de pessoas que são infectadas sem perceber é provavelmente muito alta. Ao mesmo tempo, os riscos são reais, assim como as consequências. Teri também ficou traumatizada e ainda chora ao lembrar dos dias em que o marido esteve entre a vida e a morte. O incidente mudou também a perspectiva de Bob. “Eu teria sido perfeitamente feliz sendo apenas aquele entusiasta de mosquitos, interessado em observar os mosquitos da selva voando por aí e fazendo coisas legais", diz ele. Mas, desde então, ele se concentrou principalmente na transmissão de doenças por mosquitos. “Eu me tornei o entomologista médico que sou hoje.” Em sua profissão, Bob observa atentamente as mudanças nos EUA. Por exemplo, a espécie Aedes levou dez anos para se espalhar do sul da Califórnia até São Francisco. Como bem sabemos no Brasil, esses mosquitos tropicais são potentes transmissores de doenças como dengue, febre amarela e Zika. As mudanças climáticas oferecem condições cada vez melhores para que mosquitos e vírus tropicais sobrevivam e se espalhem em regiões mais ao norte. "Não há razão para pensar que os mosquitos virão, mas as doenças não.” Mosquitos não são perigosos, os vírus são David mudou desde 18 de junho de 2007. Quando saiu do coma, não conseguia respirar nem falar sozinho. Estava muito magro e precisou reaprender a andar. Levou nove meses para voltar ao trabalho. Até hoje não consegue engolir sozinho. Teri diz que ele ficou mais introvertido, diferente do homem com quem se casou. Provavelmente devido aos danos que o vírus causou em seu cérebro. Mas uma coisa não mudou: David ainda é picado por mosquitos com frequência. A única coisa que ajuda é usar muito repelente. "Odiamos eles profundamente", dizem David e Teri. Já Bob... "Eu continuo amando os mosquitos. Eles só tentam encontrar alimento e cuidar da prole. Eu poderia odiar os pássaros também, não? Afinal, o mosquito que infectou meu irmão pegou o vírus de um pássaro."


Short teaser Centenas de milhares de pessoas morrem por ano devido a doenças transmitidas por mosquitos.
Author Julia Vergin
Item URL https://www.dw.com/pt-br/mosquitos-os-animais-mais-perigosos-do-mundo/a-75114552?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption O mosquito comum é o transmissor do vírus do Nilo Ocidental
Image source Andreas Lander/dpa/picture alliance
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Item 16
Id 75108945
Date 2025-12-11
Title Crime organizado vira ameaça a serviços essenciais para população
Short title Crime organizado ameaça serviços essenciais para a população
Teaser

Reparo de cabos elétricos: domínio de facções criminosas acarreta riscos a rede de infraestrutura

Facções ampliam exploração de infraestrutura, como redes elétrica e de internet, extorquindo moradores e até impedindo empresas regulares de atuar em certas regiões.A expansão do crime organizado em mercados ilegais é bastante documentada, mas, com maiores domínios territoriais, os grupos passaram a explorar mais serviços essenciais. Energia e internet estão na mira dos criminosos, que obrigam moradores a pagar pela sua oferta e até impedem que empresas regulares atuem nestas regiões. Com uma rotina que depende cada vez mais destas estruturas, o poder nas mãos do crime representa uma série de riscos. "Os grupos aproveitam a ausência de fiscalização e controle, assim ampliam a presença em negócios muito lucrativos”, afirma o pesquisador Daniel Hirata, coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (UFF). "Em uma comunidade, quantas pessoas consumirão drogas? E quantas usarão internet?”, compara, em uma lógica que explica a atratividade destes serviços cada vez mais onipresentes. Em 2024, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que 74,9 milhões de domicílios no país possuíam acesso à internet, o que representa 93,6% do total. "Quem começou a operar estes serviços de formas mais sistemática foram as milícias. Recentemente, algumas facções tem entrado com relevância, especialmente no ramo de internet”, pontua Hirata. Muitas vezes, os grupos não começam propriamente oferecendo o serviço, mas cobrando por proteção para que as empresas do setor operem em regiões sob seu domínio. Com o passar do tempo, certas facções acabaram preferindo tomar conta do negócio por completo, se apropriando das estruturas formais. "Há uma tendência monopolística. Os moradores destes lugares normalmente não têm opções de buscar outras empresas”, explica Hirata. CVNet: a "internet do Comando Vermelho" A Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro aponta que atualmente mais de 80% dos provedores de internet em comunidades da cidade estão ligados a facções. O cenário levou à consolidação do que ficou conhecido como "CVnet”, denominação para os serviços de conexão oferecidos pelo Comando Vermelho (CV). A estratégia foi a mesma utilizada pelo grupo no Ceará, estado que em março deste ano enfrentou consequências graves da expansão criminosa na infraestrutura. Provedoras oficiais tiveram sua estrutura atacada, incluindo rompimento de fios e até carros de prestadores de serviços queimados. Algumas empresas, como a GPX Telecom, chegaram a fechar permanentemente por não conseguirem lidar com os danos. Outras, caso da Brisanet, passaram a operar com esquemas reforçados de segurança. Em Caridade, no interior do Ceará, 90% dos consumidores ficaram dias sem acesso à internet. "As facções foram encontrando oportunidades em uma atividade legal que foi se popularizando. Para muitas pessoas, foi interessante”, comenta Luiz Fábio Paiva. Professor da Universidade Federal do Ceará e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV). Gatonet Ele lembra que a oferta ilegal de internet barata e diversos serviços de streaming, conhecidos popularmente como "gatonet”, foram bem vistas, chegando a atrair até mesmo bairros de classe média de Fortaleza. Em alguns casos, o serviço mensal de acesso à internet custava apenas R$ 20. "Houve a ideia de que era legítimo este tipo de serviço, o que ajudou para que se disseminasse”, pontua. No entanto, ele ressalta que a atuação contribuiu para o avanço da exploração territorial em outros ramos no Ceará. Atualmente, a extorsão de comerciantes vem sendo uma fonte de renda comum das facções no estado, e casos de moradores expulsos de suas casas para que os criminosos aluguem as habitações por conta própria vem sendo recorrentes. Além disso, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aponta que, como em qualquer área da economia, a atuação criminosa no setor de telecomunicações pode gerar riscos à integridade das redes, de equipamentos e de funcionários das prestadoras. Desta forma, empresas podem evitar investimentos em determinadas áreas, o que pode comprometer a expansão da conectividade e prejudicar a população local. Custo para todos No Rio de Janeiro, a situação é emblemática no caso da eletricidade. Segundo a prestadora de serviços de energia no estado, a Light, a cada 100 clientes regulares atendidos, 40 furtam o serviço. Em certas localidades, a estimativa é de mais de 80% da população estejam consumindo energia de forma irregular. O prejuízo anual para a Light é de aproximadamente R$ 1,3 bilhão. "Como o setor elétrico funciona em modelo regulado, parte dessas perdas é absorvida pela distribuidora e parte entra nos mecanismos tarifários definidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Assim, todos os consumidores acabam afetados de alguma forma”, afirma a companhia. O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, avalia que, no Rio de Janeiro, as distribuidoras de energia têm um ônus muito alto, pois "é muito difícil prestar o serviço em uma região conflagrada pelo crime organizado”. As ligações clandestinas sobrecarregam a rede elétrica e, em consequência, superaquecem os transformadores, o que aumenta o risco de incêndios, acidentes e de falta de energia, afetando toda a comunidade. Entre dezembro de 2024 e abril de 2025, 1.320 transformadores queimaram por causa da sobrecarga gerada pelo furto, impactando cerca de 400 mil clientes no Rio de Janeiro, segundo a principal prestadora de serviços de energia no estado, a Light. Hirata lembra que os chamados "gatos” são comuns em uma série de processos de urbanização pelo mundo, mas a presença do crime dá outro contexto para o caso fluminense. "O que é mais grave é quando os criminosos estão envolvidos, o que acaba aprofundando o problema, especialmente em lugares de difícil acesso e quando operadores são ameaçados”, afirma. Luz no fim do túnel? No caso da Anatel, há uma busca por maior regularização dos pequenos prestadores de serviços de internet, algo que disparou no Brasil nos últimos anos. "A exigência de outorga passou a ser um eixo central do Plano de Ação”, aponta. Uma resolução da associação neste ano determinou a suspensão de uma regra de dispensa de outorga – ou seja, da licença da Anatel – , impondo às empresas que atuavam sob esse regime a obrigação de obter autorização formal. O regime sob o qual vários pequenos operadores vinham sendo dispensados de outorga é visto como uma facilidade para a atuação de grupos ilegais neste setor. A expectativa é de que centenas de pequenos provedores sejam obrigados a se regularizar, combatendo aqueles que operem de forma ilegal. Dados da Anatel mostram que em todo o estado do Rio de Janeiro constam 1.734 empresas prestadoras de serviços de internet, sendo 822 com outorga e 912 com dispensa de outorga. Somente na capital fluminense, há 638 prestadoras de serviço de internet, 305 com outorga e 333 com dispensa de outorga. Além disso, a Anatel destaca medidas complementares, como a notificação de provedores de infraestrutura para interromper fornecimento a empresas não autorizadas e a exigência de atualização cadastral e envio de informações setoriais. Já a Light aponta para o programa Light Controle, cuja ideia é criar um modelo de cobrança mais previsível e acessível, que ajude as famílias a manterem suas contas em dia, calculadas de acordo com a capacidade de pagamento de cada uma. Na visão de Paiva, é preciso pensar o crime por todas "as dimensões que o levem a acontecer, incluindo a demanda social”. Neste caso, a busca pelos serviços oferecidos de forma irregular pode prosseguir, fazendo com que eles voltem a ser ofertados apesar da repressão. "Os agentes voltam assim que podem, são pessoas com conhecimento. É necessário tomar ações para a dissuasão”, conclui.


Short teaser Facções ampliam exploração de infraestrutura, como eletricidade e internet, extorquindo moradores e impactando empresas.
Author Matheus Gouvea de Andrade
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Item 17
Id 75089470
Date 2025-12-11
Title Câmara dos Deputados rejeita cassação de Carla Zambelli
Short title Câmara dos Deputados rejeita cassação de Carla Zambelli
Teaser Contrariando STF, Câmara mantém mandato de deputada condenada a 10 anos de prisão. Alexandre Ramagem e Eduardo Bolsonaro aguardam decisão sobre seus cargos. Veja em que pé estão as deliberações.

O plenário da Câmara dos Deputados rejeitou nesta quarta-feira (10/12), por insuficiência de votos, a perda de mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP), por 227 votos a favor, 110 contra e 10 abstenções. Para que ela fosse cassada, eram necessários 257 votos.

Também na quarta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou que levaria ao plenário o processo contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), que, assim como Zambelli, já foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Motta também afirmou que levaria à avaliação da Mesa Diretora o caso do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente nos Estados Unidos.

Veja como estão os procedimentos dos deputados bolsonaristas que saíram do país.

Carla Zambelli

Zambelli foi condenada pelo STF a 10 anos de prisão, multa e a perda do mandato por invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A deputada, entretanto, fugiu para a Itália, em julho, pouco antes de sua prisão ser decretada.

A parlamentar está presa no país europeu, esperando uma decisão da Justiça italiana do pedido de extradição feito pelo Brasil. Na movimentação mais recente, o Ministério Público da Itália deu parecer favorável à extradição, mas a Justiça quer saber onde Zambelli ficará presa.

O processo contra Zambelli foi encaminhado ao plenário após ser finalizado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde foi aberto em julho e estava suspenso após um pedido de vista coletivo ao relatório do deputado Diego Garcia (Republicanos-PR) com parecer contrário à cassação da parlamentar.

A CCJ rejeitou por 32 votos a 27 o relatório de Garcia, que alegava não haver certeza sobre que Zambelli ordenou o ataque aos sistemas do CNJ.

"Eu analisei toda a ação e encontrei suspeitas, mas não certezas de que a deputada tenha ordenado as invasões. A acusação se baseia centralmente no depoimento do hacker Walter Delgatti. Não há outras provas que deem sustentação ao depoimento dele", afirmou Garcia.

No entanto, a cassação dependia do aval do plenário da Câmara, que foi contrário ao parecer da CCJ. Agora, porém, cria-se um impasse com o STF, tendo em vista diferentes interpretações da Constituição.

Por esse motivo, o assunto deve voltar a ser discutido no STF, bastando para isso uma ação questionando a validade do procedimento adotado pela Câmara ou através de pedidos feitos no próprio processo penal contra Zambelli.

O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), disse logo após a votação que seu partido questionará a decisão da Câmara através de um mandato de segurança no STF.

Ao julgar o caso de Zambelli, a Primeira Turma do STF determinou sua perda de mandato com base na interpretação que envolve o excesso de faltas.

Como a deputada foi condenada a mais de 10 anos de prisão em regime fechado e o número de faltas na Câmara não pode ultrapassar 120 dias segundo a Constituição, ela automaticamente perderia o mandato, já que não estaria apta a comparecer o mínimo de dias necessário para manter seu assento.

No entanto, a Constituição também afirma que o político pode perder o mandato quando é alvo de condenação criminal definitiva. Neste caso, a decisão seria da Câmara, por maioria absoluta. Para a votação no Plenário nesta quarta-feira, foi levado em conta esse trecho da Constituição, abrindo um impasse com o STF.

Alexandre Ramagem

O deputado Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo de Jair Bolsonaro, está foragido em Miami, nos Estados Unidos, para onde fugiu em setembro.

Ele foi condenado pelo STF a 16 anos de prisão pela tentativa de golpe de Estado, após a derrota na eleição de 2022, no mesmo processo do ex-presidente Jair Bolsonaro e é considerado foragido.

Durante a investigação da trama golpista, Ramagem foi proibido pelo ministro do STF Alexandre de Moraes de sair do país e teve que entregar os passaportes. No mês passado, Moraes determinou a prisão de Ramagem, que já havia deixado o Brasil.

Após a descoberta da fuga, a Câmara informou que não foi comunicada sobre o afastamento do parlamentar do território nacional nem autorizou nenhuma missão oficial no exterior.

A defesa de Ramagem apresentou um novo recurso contra a condenação a 16 anos de prisão na ação penal da trama golpista.

O presidente da Câmara disse que vai levar o caso de Ramagem diretamente ao plenário, sem passar pela CCJ.

Tanto no caso de Zambelli como de Ramagem, Hugo Motta desconsiderou a decisão do STF que determinava a perda do mandato dos parlamentares.

No caso de Ramagem, a Corte determinou a edição de ato da Mesa Diretora, por ele ter sido condenado em regime fechado em período superior a 120 dias, o prazo máximo de faltas à Câmara permitido pela Constituição.

Em relação a Zambelli, Motta chegou a anunciar que a Mesa decretaria, conforme decisão do STF, a perda do mandato, mas voltou atrás e encaminhou o caso para a CCJ e posteriormente ao plenário.

No dia 10 de novembro, Motta anunciou que caberia ao plenário da Casa decidir sobre a perda do mandato da deputada. Um dia antes, ele informou que acataria a determinação do STF de declarar a cassação do mandato da deputada sem consultar o plenário.

Eduardo Bolsonaro

Motta notificou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sobre o processo administrativo contra ele que pode determinar a perda do mandato por número de faltas.

Em março deste ano, Eduardo Bolsonaro pediu licença do mandato por 120 dias e foi morar nos Estados Unidos com a família. Ele alegou perseguição política. Desde o dia 20 de julho, quando a licença terminou, o deputado não comparece às sessões.

Segundo o documento oficial expedido por Motta na terça-feira, a decretação de perda do mandato pode ocorrer por ele “ter deixado de comparecer, na presente sessão legislativa, à terça parte das sessões deliberativas da Câmara dos Deputados”. Essa regra está expressa no parágrafo 3º do artigo 55 da Constituição

No mês passado, o "filho 03" de Jair Bolsonaro se tornou réu no Supremo por suposta tentativa de coagir a Justiça brasileira ao tentar influenciar autoridades americanas no processo que envolve o ex-presidente.

Motta disse que o processo sobre o deputado Eduardo Bolsonaro deverá ser deliberado por ato da Mesa Diretora, devido ao deputado ter faltado a mais de 1/3 das sessões da Câmara neste ano, ultrapassando o limite de faltas permitido pela Constituição.

Em setembro, Motta tinha rejeitado a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro para exercer a liderança da minoria na Casa, com o argumento de não haver possibilidade do exercício de mandato parlamentar estando ausente do território nacional.

"O deputado Eduardo Bolsonaro já tem o número de faltas que são suficientes para a cassação do seu mandato. Como todos sabem, ele está no exterior por decisão dele, foi para os Estados Unidos, não tem frequentado as sessões da Casa, é impossível o exercício do mandato parlamentar fora do território nacional e com esse cumprimento de faltas”, disse o presidente da Câmara.

No final de outubro, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados havia decidido, por 11 votos a 7, arquivar um processo pedindo a cassação de Eduardo Bolsonaro por sua suposta atuação no exterior contra instituições brasileiras.

Gastos continuam

Tanto Eduardo Bolsonaro como Carla Zambelli tiveram os salários congelados pela Câmara desde que saíram do país. No entanto, continuam tendo acesso a verbas por meio dos gabinetes. De acordo com o site Metrópoles, o filho do ex-presidente já gastou mais de R$ 1 milhão para manter os nove servidores a que tem direito durante o mandato.

O gabinete Zambelli também tem mantido os gastos, apesar de a deputada estar presa na Itália. Em setembro, por exemplo, os gastos da estrutura parlamentar dela ultrapassaram os R$ 100 mil, segundo a CNN Brasil.

Já Ramagem, que se licenciou do cargo em setembro, antes de fugir do país por Roraima para os EUA, custou, desde então, mais de R$ 300 mil para os cofres públicos, incluindo salários. O levantamento é da revista Veja.

md (Agência Brasil, DW)

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Item 18
Id 75091669
Date 2025-12-10
Title Doador com gene cancerígeno gerou 197 filhos na Europa
Short title Doador com gene cancerígeno gerou 197 filhos na Europa
Teaser

Doador 7069 se apresentou como estudante de mestrado em economia e recebeu o pseudônimo de Kjeld

Sêmen de doador da Dinamarca foi vendido para vários países europeus durante 15 anos. Mutação genética foi descoberta somente em 2023. Algumas dessas crianças morreram de câncer.Em toda a Europa, pelo menos 197 crianças foram concebidas com o sêmen de um doador que é portador de uma rara mutação genética no gene TP53, mostrou uma investigação da DW e de várias outras emissoras públicas europeias. Sem essa mutação, o TP53 inibe o crescimento de células cancerígenas. Mas essa mutação está ligada a um risco elevado e permanente de desenvolver vários tipos de câncer , muitos dos quais podem surgir em idade muito precoce. A investigação revelou que, durante mais de 15 anos, famílias compraram o esperma do doador de número 7069 do Banco Europeu de Sêmen (ESB, em inglês), que tem sede em Copenhague, na Dinamarca, por intermédio de clínicas de fertilidade. Assim, uma mutação genética rara e potencialmente fatal foi vendida a mulheres em pelo menos 14 países da Europa e de outros lugares. É possível que o número seja muito maior, pois o ESB ainda não divulgou o total de crianças concebidas com o sêmen do doador 7069, que foi vendido a 67 clínicas. Algumas dessas crianças já desenvolveram câncer , de dois tipos; outras já morreram, disse a bióloga especializada em predisposições genéticas ao câncer Edwige Kasper, que está aconselhando algumas das famílias afetadas. Legalmente, o banco de esperma tem a obrigação de alertar todas as clínicas de fertilidade para as quais exportou gametas sobre quaisquer anomalias genéticas que surjam. As clínicas, por sua vez, informam os pais. No entanto, a DW e suas parceiras da Rede de Jornalismo Investigativo da EBU tomaram conhecimento de vários casos de famílias que nunca foram oficialmente informadas de que seus filhos poderiam ser portadores da mutação genética. "Foi um choque" A equipe de jornalismo investigativo da EBU entrevistou uma mãe que comprou o sêmen do doador 7069. Ela contou que, quando o seu telefone começou a tocar numa manhã de junho, não imaginava que a notícia que receberia a lançaria, junto com sua filha adolescente, numa espiral de consultas médicas, exames e medo. Do outro lado da linha, disse a mãe, estava o chefe do departamento de fertilidade de uma clínica belga que ela havia visitado em 2011 para fazer um tratamento de fertilidade que, na época, não estava disponível para mães solteiras na França. Ela disse que a clínica não havia mais se manifestado depois da concepção da filha. A pessoa que ligou disse que o doador do sêmen que ela usara para conceber sua filha era portador de uma rara mutação genética do gene TP53 e que sua filha tinha 50% de chance de herdar a mutação, para a qual não há cura ou tratamento. Ela contou ter sido informada de que era urgente que ela fizesse um exame de triagem em sua filha para detectar a mutação. "Foi um choque", disse a mulher, que pediu para permanecer anônima. "Não entendi nada." Ela logo descobriria que sua filha realmente carregava a mutação genética. Após o Banco Europeu de Sêmen detectar a mutação em suas amostras, o doador foi permanentemente bloqueado, em outubro de 2023. Embora a clínica belga afirme que contatou a mulher "assim que possível", ela alega ter sido informada um ano e meio depois de o ESB descobrir a mutação porque a clínica havia migrado seu sistema de informática e inicialmente perdido seus dados de contato. "Uma grande frustração" A mãe solteira Dorte Kellermann, que vive na Dinamarca, disse que soube do caso em novembro de 2023 por meio de outro pessoa que havia usado o sêmen do doador. Ela contou à DW e suas parceiras que não havia sido contatada nem pelo banco de esperma nem pela clínica de fertilidade que havia utilizado. Ela disse ainda que sabe de outras mães solteiras que usaram o mesmo doador e que elas se conectam por meio de um grupo privado no Facebook. O ex-diretor da clínica que Kellermann utilizou disse que não poderia comentar casos individuais. Embora a DW não possa verificar cada uma das contas do grupo do Facebook, os relatos lidos conferem com os de médicos e com os relatórios emitidos por autoridades de saúde em toda a Europa. A médica Svetlana Lagercrantz, especialista em cânceres hereditários, disse à emissora pública dinamarquesa DR, que várias de suas pacientes na Suécia nunca foram contatadas. Ela contou que elas só descobriram sobre a mutação por meio da imprensa. Foi, segundo ela, "uma grande frustração". A dimensão do problema só se tornou clara num encontro de especialistas em câncer hereditário em 2024. Segundo Lagercrantz, um colega francês estava falando sobre pacientes que haviam herdado a mutação TP53 de seu doador de sêmen. De repente, disse ela, médicos de toda a Europa perceberam que os casos que eles presumiam que fossem isolados eram na verdade todos provenientes de um único doador e abrangiam todo o continente. Lagercrantz disse que ficou em estado de choque. Exames por toda a vida O ESB se recusou a fornecer o número exato de crianças concebidas com o sêmen do doador 7069, argumentando com o direito à privacidade dos envolvidos. "Como não sabemos quantas mulheres têm filhos com o doador, ficamos pensando: 'Será que existe mais uma criança?'", disse Lagercrantz. Para ela e seus colegas, é "difícil se livrar desse pensamento". Pessoas que descobrem ser portadoras da mutação precisam se submeter a exames regulares por toda a vida. Quanto mais cedo o câncer for detectado, maiores serão as chances de cura. Como câncer é uma doença rara em crianças, os sintomas podem ser ignorados ou interpretados erroneamente quando os médicos não estão cientes da mutação. Sinais de alerta já em 2020 O site do ESB se assemelha a um site de relacionamentos e permite que potenciais clientes naveguem pelos perfis dos doadores e, mediante uma taxa extra, ouçam entrevistas em áudio e vejam fotos da infância. Os clientes podem desembolsar quase 1.000 euros (R$ 6.300) por um teste genético mais abrangente do que os testes de rotina aos quais o sêmen é submetido na Dinamarca. O doador 7069 se apresentou como estudante de mestrado em economia, foi pago pela sua doação e doou pela primeira vez em 2005. Ele recebeu o pseudônimo de Kjeld e é um homem branco alto, com cabelo castanho claro e olhos castanhos. O perfil dele é de 2007. O primeiro alerta surgiu em 2020, segundo o ESB, quando o banco recebeu uma notificação de que uma criança concebida com o sêmen de Kjeld havia sido diagnosticada com a mutação TP53. O sêmen dele foi colocado em quarentena até que novos testes genéticos fossem realizados. Os resultados foram negativos, já que a rara mutação ocorre apenas em alguns espermatozoides do doador. O próprio doador jamais apresentou sintomas. E seu sêmen retornou ao mercado. Em 2023, o ESB foi informado sobre outra criança portadora da mutação TP53. Uma nova rodada de testes confirmou a presença da mutação numa parte do material doado, apesar de ele mesmo desconhecer isso e ser saudável. A confirmação levou à proibição permanente, e a telefonemas para pais em toda a Europa. Regras variam de um país para o outro Com sede em Copenhague, o ESB se tornou um importante nome no mercado global de serviços de fertilidade e diz exportar sêmen para países em toda a Europa e até mesmo para lugares distantes, como Afeganistão e Bolívia. Em 2023, o ESB, que pertence à empresa Perwyn, obteve um lucro de mais de 60 milhões de coroas dinamarquesas, ou cerca de R$ 51 milhões, um aumento significativo em relação às 35 milhões de coroas dinamarquesas do ano anterior. O negócio é lucrativo e está crescendo rapidamente, à medida que mais procedimentos médicos se tornam disponíveis e as mulheres optam por ter filhos mais tarde na vida, às vezes sozinhas ou com outras mulheres. As regras do setor variam de país a país . Alguns impõem um limite de idade aos tratamentos ou os permitem apenas para casais heterossexuais casados. Alguns permitem procedimentos que são proibidos em outros países. Alguns permitem doações anônimas de sêmen e óvulos, que outros proíbem. Pacientes alemães, por exemplo, podem viajar para a Espanha para doações de óvulos, que são ilegais em seu país de origem. Alguns países impõem limites legais ao número de filhos nascidos de um único doador. Outros, como a Alemanha, não o fazem, mas os bancos tendem a seguir as diretrizes do setor, de 15 famílias por doador. Embora a União Europeia (UE) tenha aprovado novos regulamentos sobre reprodução assistida e substâncias de origem humana em 2024, eles não incluem um limite em todo o bloco para o número de filhos nascidos de um único doador. Também não existe um banco de dados internacional que rastreie doadores e os impeça de vender sêmen para vários bancos. Os potenciais doadores passam por extensos testes médicos e apenas uma pequena porcentagem é aprovada. O processo não inclui a triagem para mutações genéticas raras, como a TP53. Tendo investido muito num doador, os bancos de esperma têm um incentivo econômico para maximizar o lucro vendendo o sêmen de cada doador para várias famílias. Limites para o número de filhos Em seu site, o ESB afirma ter um limite autoimposto para o número de famílias por doador: "A maioria dos nossos doadores tem um limite de 75 famílias, mas em mercados selecionados (Reino Unido, Irlanda, Austrália e Holanda) também oferecemos doadores com um limite mundial de 25 famílias." Por uma taxa extra é possível limitar o número de famílias. Por 39 mil euros pode-se comprar exclusividade. Mas as pelo menos 197 crianças concebidas com o sêmen do doador 7069 excedem muito o limite declarado do próprio ESB, bem como os limites nacionais em alguns casos. Somente na Bélgica, 53 crianças foram concebidas usando o sêmen do doador, apesar de leis nacionais que estabelecem um limite de seis mulheres por doador. Isso levou a uma investigação pelas autoridades belgas. Diante das revelações, o ESB afirmou: "Nos sentimos profundamente afetados pelo caso e pelo impacto que a rara mutação TP53 tem sobre várias famílias, crianças e o doador. Eles têm nossa mais profunda solidariedade." "Infelizmente", escreveu o ESB em seu comunicado, "identificamos que os limites de quantas famílias um doador pode beneficiar foram excedidos em alguns países, tanto no caso específico do TP53 quanto em outros casos. Isso se deve, em parte, à notificação inadequada das clínicas, a sistemas pouco robustos e ao turismo de fertilidade." Pessoas que foram concebidas com sêmen doado e os pais delas estão reivindicando limites para o número de crianças nascidas de um mesmo doador. A Spenderkinder, uma associação de crianças concebidas por doação na Alemanha, defende um limite global de seis famílias por doador, bem como um registro global de doadores, o que facilitaria a localização e o contato com as famílias em tempo hábil, caso os bancos de esperma tomem conhecimento de doenças e mutações. "Sinto uma culpa enorme" A mãe na França que recebeu a ligação em junho descobriu que sua filha, agora adolescente, herdou a mutação. Meses depois, ela e a filha continuam a lidar com o que o diagnóstico significa: uma vida inteira de exames regulares e o medo constante do que eles possam revelar. Ela disse que não guarda "absolutamente nenhum ressentimento" pelo doador 7069. Afinal, ele não sabia que era portador da mutação. "Ele não tem culpa." Ela, porém, sente "uma culpa enorme" por saber que, por ter escolhido conceber dessa forma, transmitiu algo que é potencialmente fatal para sua filha. "Isso é muito, muito duro." ___________________________ Erramos: Numa versão anterior deste texto, a DW escreveu que o gene TP53 "suprime o crescimento de células cancerígenas". O texto foi corrigido com o termo "inibe", mais preciso, e a mutação foi melhor explicada por motivos de clareza. Pedimos desculpas pelo erro.


Short teaser Sêmen de doador da Dinamarca foi vendido para vários países europeus durante 15 anos.
Author Birgitta Schülke, Naomi Conrad
Item URL https://www.dw.com/pt-br/doador-com-gene-cancerígeno-gerou-197-filhos-na-europa/a-75091669?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Doador 7069 se apresentou como estudante de mestrado em economia e recebeu o pseudônimo de Kjeld
Image source DW/EBU
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Item 19
Id 75081946
Date 2025-12-10
Title A disputa pela supremacia na IA entre ChatGPT e Gemini
Short title A disputa pela supremacia na IA entre ChatGPT e Gemini
Teaser

Para se manter à frente na corrida pela liderança são necessários investimentos bilionários

Mais recente modelo de IA da Alphabet, Gemini 3, pressiona GPT-5, da OpenAI, que tenta responder. Corrida pela supremacia no setor envolve ainda outros concorrentes e enormes investimentos em infraestrutura.Os anúncios no setor de inteligência artificial (IA) se sucedem rapidamente. A OpenAI adiantou para esta semana o lançamento de um modelo de raciocínio (reasoning) que teria ficado à frente do Gemini 3 em avaliações internas. A informação é da revista online The Decoder, que cita fontes do setor. O Gemini 3 havia sido apresentado no mês passado pela Alphabet (a controladora do Google) como sua versão mais recente de IA. Ele superou o GPT-5 em algumas áreas de testes padrão de benchmarking. Isso foi um choque para a OpenAI, que desde 2022 liderava a corrida no setor da inteligência artificial com o lançamento do ChatGPT, desbancando a então líder, a gigante Alphabet. Agora não está mais claro se a OpenAI ainda mantém a liderança. A reação da empresa, portanto, não surpreende: o CEO Sam Altman enviou um memorando interno aos seus funcionários para declarar uma ordem de alerta "código vermelho", de acordo com o site especializado The Information, citado pelo jornal The Wall Street Journal. Os funcionários foram instruídos a se concentrarem no ChatGPT e adiarem o desenvolvimento de outros produtos. Só ter o melhor modelo não basta mais "Não se trata mais apenas de criar os melhores modelos, mas também de poder de processamento e capacidade de gerar receita", afirma o analista Adrian Cox, do Deutsche Bank Research. A OpenAI inicialmente liderou porque, nos anos após o lançamento do ChatGPT, possuía os melhores modelos. Mas agora outros modelos de IA estão alcançando o ChatGPT, e eles têm a vantagem adicional de terem uma grande empresa por trás. Esse é o caso do Gemini 3. "Esses modelos dispõem de enormes opções de distribuição graças a uma ampla base de usuários online já consolidada, assim como de uma enorme capacidade de processamento por meio do acesso a inúmeros data centers", diz Cox. A OpenAI ainda tem uma posição dominante no mercado de chatbots, com mais de 800 milhões de usuários por semana. Já a Alphabet pode usar o Gemini 3 no seu mecanismo de busca, que continua sendo sua maior fonte de receita. O app do Gemini alcança mais de 650 milhões de usuários por mês, de acordo com o CEO da Alphabet, Sundar Pichai, no Google Blog. "Mais de 70% dos clientes de nuvem usam nossa IA, 13 milhões de desenvolvedores já trabalharam com nossos modelos generativos – e isso é apenas uma pequena parte do impacto que estamos vendo", afirmou. Quando a OpenAI sairá do vermelho? Se a Alphabet tem diversas maneiras de gerar receita além da IA, a OpenAI precisa lucrar com seus modelos de IA. Atualmente ela faz dinheiro com assinaturas para usuários que querem ter acesso às versões mais recentes do ChatGPT. Empresas também pagam para integrar produtos da OpenAI em seus aplicativos ou compram soluções prontas da empresa. Além disso, a Microsoft, que investiu pesadamente na OpenAI, integra a IA em seus próprios produtos. Mesmo assim, a OpenAI aparentemente não é lucrativa. A empresa não publica resultados de receita ou lucro. No início de novembro, Altman afirmou que a OpenAI está a caminho de gerar mais de 20 bilhões de dólares em receita anualizada este ano, com planos de crescer para centenas de bilhões até 2030. O banco britânico HSBC divulgou uma visão pouco otimista sobre a situação da OpenAI, como relatou o jornal Financial Times. A receita poderia chegar a 213 bilhões de dólares até 2030. No entanto, essa previsão se baseia em diversas suposições. Mesmo que a OpenAI consiga aumentar sua receita, os custos também estão em constante ascensão, de modo que, no final, haveria um prejuízo operacional de mais de 70 bilhões de dólares, segundo estimativas do HSBC. E de onde virá o dinheiro para os enormes investimentos? Para se manter à frente na corrida pela liderança são necessários investimentos bilionários, especialmente em data centers onde a IA é treinada. A controladora do Google planeja investir só este ano até 93 bilhões de dólares, de olho no crescimento do setor de IA. No próximo ano espera-se um "aumento significativo" no volume de investimentos. Já a OpenAI está comprometida em investir 1,4 trilhão de dólares na construção de infraestrutura de IA, como chips e data centers, ao longo dos próximos oito anos. A quantia exorbitante levantou questionamentos de investidores e outros profissionais do setor sobre a origem dos recursos da OpenAI. Afinal, se uma empresa como a Alphabet pode usar a própria receita para esses investimentos, a OpenAI precisa levantar capital. A Alphabet gerou mais de 100 bilhões de dólares em receita no último trimestre. A publicidade relacionada ao seu mecanismo de busca foi uma importante fonte de renda. O negócio de nuvem também está apresentando bom desempenho. Além disso, a empresa desenvolveu seus próprios chips de IA, que são usados nos data centers do Google, tornando o desenvolvimento de IA menos dependente dos caros chips da Nvidia. Esses chips também deverão ser fornecidos para outras empresas. Parece já haver interesse: a Meta estaria planejando usá-los em seus planejados data centers de IA. Cox diz haver uma probabilidade muito alta de que o Google tenha o melhor modelo de IA no ano que vem, e não a OpenAI. "O grande desafio para a OpenAI agora é desenvolver um modelo de negócios que gere receita suficiente para em breve financiar 1 bilhão de usuários semanais." Ainda não está claro como isso se dará. "Os dados sobre assinaturas sugerem que elas não serão suficientes para cobrir os custos", diz Cox. Por isso a OpenAI está avaliando alternativas. Outros concorrentes Cox diz que o mercado passa por uma espécie de divisão: de um lado os modelos de código aberto leves, baratos de produzir e de usar, que podem ser adaptados para tarefas específicas, e, do outro, os modelos proprietários sofisticados, grandes e de uso geral de empresas como a Alphabet e a OpenAI. Assim, a batalha pela liderança no setor de IA não envolve apenas as duas empresas dos Estados Unidos. Cox diz que a situação atual, na comparação com 2022, é de uma competição significativamente maior entre atores consolidados, como a Alphabet, e novas startups, como a Anthropic quando se trata dos modelos mais avançados. Além disso, há a concorrência crescente entre modelos de código aberto dos EUA, da China e da Europa, por exemplo da francesa Mistral. Esses modelos não tentam competir diretamente com os modelos de grandes proprietários sofisticados. Há avanços também na China. Por exemplo, a empresa Baidu, conhecida pelo seu mecanismo de busca, apresentou seu novo modelo de IA, o DeepSeek , em setembro do ano passado. De acordo com a empresa, seu desempenho está em pé de igualdade com o GPT-5 da OpenAI e o Gemini 2.5 Pro da Alphabet. Em novembro, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, alertou que a China "está apenas nanossegundos atrás dos Estados Unidos" e pode vencer a corrida pela supremacia na IA.


Short teaser Mais recente modelo de IA da Alphabet, Gemini 3, pressiona o GPT-5, da OpenAI, que tenta responder.
Author Insa Wrede
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Image caption Para se manter à frente na corrida pela liderança são necessários investimentos bilionários
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Item 20
Id 75078210
Date 2025-12-09
Title Um em cada 11 suspeitos de crimes na Alemanha são imigrantes
Short title Um em cada 11 suspeitos de crimes na Alemanha são imigrantes
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Proporção de imigrantes suspeitos foi particularmente alta em casos de crimes contra o patrimônio e falsificação (12,3%), crimes contra a vida (12,2%) e furto (12,1%)

Relatório aponta que parcela de imigrantes entre suspeitos de crimes em 2024 permaneceu estável. Mas alguns grupos, como os originários do Norte da África, aparecem em maior proporção do que outros imigrantes.Quase 9% – ou um em cada onze – de todos os suspeitos em casos de crimes genéricos no ano passado na Alemanha eram imigrantes, conforme os dados mais recentes divulgados pelo Departamento Federal de Investigações (BKA, na sigla em alemão). Com 8,8%, a participação de imigrantes permaneceu praticamente no mesmo nível do ano anterior, conforme mostra o relatório do BKA, intitulado Crime no Contexto da Imigração e publicado nesta segunda-feira (08/12). De um total de mais de 1,9 milhão de suspeitos, cerca de 172,2 mil eram imigrantes e outros 697 mil não possuíam cidadania alemã. "Crimes genéricos" se referem a atos que não são motivados politicamente. Violações da lei de imigração também não estão incluídas. Segundo o BKA, suspeitos não alemães incluem todos aqueles sem cidadania alemã, independentemente do motivo de residência ou histórico de imigração. Suspeitos imigrantes são definidos como pessoas que são, por exemplo, solicitantes de asilo, refugiados ou que têm autorização temporária de residência. No ano passado, o número de suspeitos imigrantes em crimes comuns, excluindo delitos relacionados à imigração, caiu 3,6%. Segundo o BKA, no entanto, essa comparação tem "significância limitada", pois a legalização parcial da cannabis, que entrou em vigor em meados do ano, impactou as estatísticas criminais, levando a uma diminuição geral no número de suspeitos e de casos. Mais de três quartos eram homens Mais da metade dos imigrantes suspeitos tinha menos de 30 anos e mais de três quartos eram homens. A proporção de suspeitos reincidentes entre todos os imigrantes suspeitos permaneceu em pouco menos de 32% em 2024, a mesma do ano anterior. A proporção de imigrantes suspeitos foi particularmente alta em casos de crimes contra o patrimônio e falsificação (12,3%), crimes contra a vida (12,2%) e furto (12,1%) em comparação com sua participação geral no total de suspeitos. Em contrapartida, sua participação foi menor em crimes contra a liberdade sexual (7,9%). O número de imigrantes que foram vítimas de algum crime em 2024 aumentou 5,2% em relação ao ano anterior. O número de refugiados residentes na Alemanha ultrapassou a marca de 3 milhões pela primeira vez em 2024, segundo o relatório (2023: 2,9 milhões). Um terço deles veio da Ucrânia (1,1 milhão), seguido pela Síria (629 mil), Afeganistão (323 mil) e Iraque (167 mil). A Alemanha tem uma população total de aproximadamente 83,5 milhões. Quase metade de todos os crimes envolvendo suspeitos imigrantes foram dirigidos contra alemães (45,9%), enquanto muitos imigrantes são vítimas – predominantemente de outros imigrantes (34,5%) e, com menos frequência, de alemães (19,2%). O BKA enfatizou que os grupos de migrantes não são apenas perpetradores, mas também vítimas desproporcionais de crimes. Especificamente, 70.051 imigrantes foram vítimas de crimes, predominantemente agressões (73%), com pessoas da Síria, Ucrânia e Afeganistão sendo particularmente afetadas. Imigrantes do norte da África em evidência A proporção de suspeitos ucranianos, de 12,8%, ficou muito abaixo de sua participação entre os imigrantes (35,7%), de acordo com o relatório de situação. O oposto ocorre com os indivíduos dos países do Magreb (Argélia, Marrocos, Tunísia). Eles representavam apenas 0,5% dos imigrantes, mas sua participação entre os suspeitos dentro do grupo de imigrantes foi de 9,1%. Segundo o relatório, os suspeitos desses países, bem como da Líbia e da Geórgia, também eram particularmente propensos a serem reincidentes. Sírios e afegãos representavam cerca de 21% e 10%, respectivamente, dos suspeitos, o que corresponde aproximadamente à sua proporção de imigrantes residentes na Alemanha. md (AFP, DPA)


Short teaser Parcela de imigrantes entre suspeitos de crimes no país em 2024 ficou no mesmo nível do ano anterior, segundo relatório.
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Item 21
Id 75073849
Date 2025-12-09
Title "KI-Ära" é a palavra do ano na Alemanha
Short title "KI-Ära" é a palavra do ano na Alemanha
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"KI-Ära" (era da IA) é o termo que melhor exprime o que foi destaque no último ano na sociedade alemã, segundo a GfdS

Termo, que significa "era da IA", destaca a importância crescente da inteligência artificial, inclusive na linguagem. Expressões do ranking deste ano incluem referências a Trump e à guerra na Ucrânia.A influência da inteligência artificial (IA) está crescendo – com todas as suas oportunidades e riscos. O termo "KI-Ära" (era da IA) foi escolhido, por isso, a "Palavra do Ano" de 2025, segundo a Sociedade para a Língua Alemã (GfdS, na sigla em alemão). "A inteligência artificial agora desempenha um papel em todas as áreas da vida", afirmou o presidente da GfdS, Jochen Bär, em Wiesbaden na sexta-feira (05/12). Entre outras coisas, a tecnologia está sendo cada vez mais usada para criar textos – com efeitos duradouros na língua alemã. A IA reproduz o mainstream, inclusive em termos de pensamento, alertou o linguista. "Em termos de uso da linguagem, isso pode levar à estagnação intelectual", disse Bär. "Isso é um problema." No entanto, também existem boas oportunidades, por exemplo, em diagnósticos médicos. "O termo KI-Ära ​​é curto, compreensível e carregado de emoção", acrescentou a diretora-geral da GfdS, Andrea Ewels. Palavra favorita de Trump em 2° lugar O júri colocou a expressão "Deal" (acordo), uma das palavras favoritas do presidente dos EUA, Donald Trump, em segundo lugar. "Ele usa a palavra para comércio, tarifas ou acordos internacionais, que apresenta como sucessos", explicou Ewels. Para seus apoiadores, isso sinaliza firmeza; os críticos veem superficialidade e exibicionismo. A expressão representa "uma política que admite descaradamente colocar os seus próprios interesses econômicos em primeiro lugar e ignorar as preocupações dos outros e o seu direito à integridade territorial, à autodeterminação cultural e à prosperidade". O anglicismo é cada vez mais usado no lugar de "compromisso", "acordo" ou "contrato". "Anglicismos na língua alemã têm sido tema de discussão há muitos anos", disse Bär. Na opinião dele, as críticas a eles estão diminuindo um pouco ultimamente. Em terceiro lugar entre as "palavras do ano" ficou "Land gegen Frieden" (terra pela paz). A expressão representa a exigência de que a Ucrânia aceite perdas territoriais para a Rússia a fim de alcançar um tratado de paz. O "Sondervermögen" (fundo especial) aparece em quarto lugar. O governo alemão aprovou este ano um Fundo Especial para Infraestrutura e Proteção Climática de 500 bilhões de euros, cujo objetivo é estimular a economia. Entre as outras palavras da lista estão "Wehrdienst-Lotto" (sorteio do serviço militar), em 5º lugar, se referindo à proposta de decidir sobre o possível recrutamento de jovens por sorteio, e o adjetivo "klimamüde" (cansado do clima), em 9º lugar, que expressa um interesse decrescente na proteção climática. Em último lugar está "Tiktokung". Cada vez mais jovens estão usando a plataforma de vídeos curtos TikTok e obtendo informações por lá, disse Bär. O termo "Tiktokung" também demonstra o potencial da língua alemã para criar um número ilimitado de novas palavras. Frequência não é decisiva Para o ranking de dez termos, o júri analisou milhares de sugestões de veículos de comunicação e enviadas por cidadãos. "Selecionamos as Palavras do Ano de acordo com critérios claros: elas devem ser socialmente relevantes, refletir debates políticos e sociais importantes e ser linguisticamente impactantes", explicou Ewels. "O que importa não é se um termo ocorre com frequência, mas sim se ele captura o ano da forma mais sucinta possível – em seu tom, seus conflitos e seus debates públicos." Todos os anos, um painel de especialistas seleciona uma lista de palavras que capturam de forma particular o espírito linguístico do ano. A GfdS é uma associação politicamente independente dedicada ao cultivo e à pesquisa da língua alemã. Ela selecionou a "Palavra do Ano" pela primeira vez em 1971 e o faz regularmente desde 1977. O júri é composto por linguistas e especialistas em mídia. A seleção deste ano foi particularmente difícil, disse Bär. "Não porque não conseguíssemos encontrar uma palavra particularmente boa, mas porque encontramos muitas." No ano passado, o termo escolhido foi Ampel-Aus, que significa literalmente "fim do semáforo", se referindo ao costume alemão de denominar as alianças políticas pelas cores que simbolizam as legendas componentes. A expressão remete à dissolução, naquele ano, da coalizão tríplice que governava a Alemanha, representada pelas cores vermelho, amarelo e verde, como um semáforo.


Short teaser Termo, que significa "era da IA", destaca importância crescente da inteligência artificial, inclusive na linguagem.
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Item 22
Id 75069827
Date 2025-12-08
Title Por que os problemas econômicos do Japão preocupam o mercado global?
Short title Problemas econômicos do Japão preocupam mercado global
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Rendimentos dos títulos do governo japonês com vencimento em dez anos subiram para o nível mais alto em quase duas décadas

Novo governo quer ampliar gastos para impulsionar crescimento, apesar da enorme dívida do país. Analistas advertem que políticas da premiê Takaichi não vão expandir economia e podem ainda gerar turbulências nos mercados.Estimular o crescimento econômico e, ao mesmo tempo, combater o crescente custo de vida são propagandeados como as principais prioridades da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi , que assumiu o cargo em outubro. Takaichi, de 64 anos, vem tentando evitar o destino de seu antecessor, Shigeru Ishiba, que ficou no poder por pouco mais de um ano antes de perder o cargo em meio à insatisfação generalizada da população com a inflação persistente, entre outros problemas. Admiradora do ex-premiê Shinzo Abe , Takaichi prometeu dar continuidade à chamada Abenomics [junção do nome de Abe com o termo em inglês economics (economia)] de seu mentor – um conjunto de medidas econômicas que envolviam uma política monetária extremamente frouxa, estímulos fiscais e reformas estruturais para tirar o Japão de uma espiral deflacionária de décadas, caracterizada pela queda de preços e baixo consumo. A economia do Japão, a quarta maior do mundo, se contraiu no terceiro trimestre, o que aumentou a pressão sobre Takaichi. No mês passado seu governo anunciou um grande pacote de gastos para impulsionar o crescimento e ajudar as famílias japonesas. O pacote, no valor de 135 bilhões de dólares (R$ 733 bilhões), inclui auxílios financeiros para os pais e subsídios de energia. Estímulo pode acelerar crescimento no Japão? Werner Pasha, especualista em Japão e professor emérito do Instituto de Estudos do Leste Asiático da Universidade de Duisburg-Essen, na Alemanha, acredita que o estímulo não fomentará significativamente a expansão econômica. "Primeiro, o aumento da demanda significa que haverá mais pressão inflacionária, possivelmente já no curto prazo, mas pelo menos no médio prazo", afirmou o especialista à DW. "Segundo, é questionável se o governo realmente conseguirá aumentar as despesas efetivas tão rapidamente quanto gostaria. No passado, não conseguiu." Margerita Estevez-Abe, especialista em Japão da Escola Maxwell da Universidade de Syracuse, também acredita que a maioria dos itens da proposta de orçamento de Takaichi pouco contribuirá para acelerar o crescimento. Ela disse que Takaichi deve prometer investimentos em uma longa lista de setores fundamentais, como inteligência artificial (IA), semicondutores, biotecnologia, espacial, transporte marítimo e aeroespacial. "Mas isso parece mais uma lista de desejos do que um plano estratégico sério." Estevez-Abe argumenta que mais gastos "são a solução equivocada" para os problemas do Japão, que, segundo ela, resultam de desafios estruturais, como o envelhecimento e a diminuição da população, investimentos inadequados em educação pública e má alocação de capitais para setores ineficientes. "Não acho que o orçamento de Takaichi, ou qualquer coisa que ela tenha declarado até agora, aborde qualquer um dos principais fatores subjacentes", afirmou. Situação precária das finanças públicas Os planos de expansão de gastos da primeira-ministra também correm o risco de sobrecarregar ainda mais as finanças públicas. O Japão já possui a maior dívida pública entre as economias mais avançadas do mundo, que representa cerca de 250% de seu Produto Interno Bruto (PIB). O país, até agora, evitou uma crise de endividamento, em grande parte, devido à estrutura de sua dívida. Todos os títulos do governo são denominados em moeda japonesa, o iene, e mais de 90% deles são detidos por instituições japonesas, sendo que mais da metade pelo Banco Central. Embora o governo japonês esteja altamente endividado, a economia como um todo é "rica", afirma Franz Waldenberger, diretor do Instituto Alemão de Estudos Japoneses, acrescentando que a participação do Japão em ativos externos líquidos como percentual do PIB está "entre as mais altas do mundo". "Eu chamo isso de 'país rico, governo pobre'", disse Waldenberger à DW. Alta dos juros e inflação persistente Apesar disso, a letargia econômica e a recente onda de gastos aumentaram o custo da dívida, com os juros cobrados pelos investidores para manter os títulos do governo japonês em alta nos últimos meses. As taxas de juros dos títulos do governo japonês de dez anos – o retorno anual total que um investidor espera de um título e que flutua inversamente ao preço do título – saltaram na semana passada para 1,92%, seu nível mais alto em quase duas décadas. "O mercado de títulos do Japão está à beira de um colapso", disse à DW Alicia Garcia-Herrero, economista-chefe para a região da Ásia-Pacífico do banco de investimento francês Natixis. Ele diz que a "onda de gastos desenfreados" do Japão é "como ver um jogador dobrar a aposta em uma mão perdedora". A inflação, por sua vez, permaneceu de maneira consistente acima da meta de 2% do Banco Central. O país, com poucos recursos naturais, depende fortemente da importação de alimentos, energia e matérias-primas para impulsionar sua economia. Um iene fraco está contribuindo para a pressão sobre os preços, tornando as importações mais caras. "A inflação só diminuirá quando o iene se fortalecer, mas isso exige um aumento da taxa de juros, o que impacta negativamente a capacidade do governo de tomar empréstimos", disse Estevez-Abe, que vê o plano de Takaichi como uma situação sem saída. O Banco do Japão elevou sua taxa básica de juros de 0,25% para 0,5% em janeiro, mas desde então a manteve inalterada. E há especulações de que o Banco Central esteja se preparando para aumentar as taxas em sua próxima reunião, nos dias 18 e 19 de dezembro. Temor de desmantelamento do "carry trade" A combinação de taxas de juros mais altas e melhores rendimentos dos títulos do governo japonês gerou preocupação nos mercados financeiros sobre como isso afetará o chamado carry trade – prática que consiste em emprestar dinheiro em uma moeda com juros baixos, investir esse dinheiro em outra moeda com juros altos e lucrar com as diferenças entre as taxas de juros. Durante décadas, investidores globais em operações de carry trade têm contraído empréstimos de baixo custo em ienes japoneses e usado o dinheiro emprestado para comprar ativos de maior rendimento no exterior, como ações americanas e títulos do Tesouro. Essa prática funciona enquanto as taxas de juros no Japão permanecerem baixas e o iene estiver fraco. Mas se as taxas de juros e os rendimentos dos títulos japoneses subirem, e o iene se fortalecer, o carry trade poderá ser desfeito, potencialmente desencadeando turbulências no mercado e afetando as avaliações de ativos em todo o mundo, particularmente as de ativos de risco, como criptomoedas e ações de tecnologia. "Essa confusão está intensificando os temores de uma implosão do carry trade em ienes, aquele esquema Ponzi global de 20 trilhões de dólares, onde empréstimos baratos em ienes alimentam tudo, desde bolhas de tecnologia em Wall Street até excessos em mercados emergentes", disse Garcia-Herrero, se referindo ao golpe semelhante a uma "pirâmide" financeira que usa dinheiro de novos investidores para pagar os mais antigos. Embora as chances de isso se transformar em uma crise financeira massiva como a de 2008/09 sejam baixas, a economista avalia disse que poderia atingir os mercados duramente, "reduzindo equidades em 5% a 12% e elevando os rendimentos dos títulos em 20 a 40 pontos-base". Pasha descreveu o carry trade do iene como um "fenômeno macroeconômico bastante perverso", explicando que contribuiu para "a exuberância em relação ao bitcoin e, possivelmente, para a valorização extrema das ações de alta tecnologia e IA", entre outros problemas. Dessa perspectiva, Pasha enfatizou que "é até bem-vindo que, eventualmente, existam forças para que o carry trade do iene seja reduzido ou mesmo revertido". No entanto, há o perigo de que "os mercados possam se desestabilizar e sair do controle, caso os fluxos financeiros mudem abruptamente", alertou, acrescentando que "um fenômeno puramente financeiro como o desmantelamento do carry trade será menos prejudicial" para os mercados do que um evento sério no mundo real, como uma intensificação da guerra comercial entre os EUA e a China ou uma nova pandemia.


Short teaser Governo quer ampliar gastos para gerar crescimento, mas isso não deverá expandir a economia, advertem analistas.
Author Srinivas Mazumdaru
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Image caption Rendimentos dos títulos do governo japonês com vencimento em dez anos subiram para o nível mais alto em quase duas décadas
Image source Androniki Christodoulou/REUTERS
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Item 23
Id 75066771
Date 2025-12-08
Title Estratégia de segurança divulgada por Trump impulsiona ultradireita na Alemanha
Short title AfD se sente validada com estratégia de segurança dos EUA
Teaser Há meses que partido da ultradireita alemã tem estreitado contatos com movimento Maga e governo Trump, que agora vê com otimismo a "crescente influência de partidos patrióticos" na Europa.

A publicação da nova estratégia de política externa e segurança nacional dos EUA, na sexta-feira passada (05/12), na qual o governo de Donald Trump alerta que a Europa enfrenta o risco de uma "extinção civilizacional" devido à imigração, levou água para o moinho do partido alemão de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD).

"A análise dos EUA é precisa", saudou o porta-voz de política externa da AfD, Markus Frohnmaier. "A estratégia dos EUA coloca em primeiro plano os interesses nacionais. É exatamente isso que a Alemanha também necessita", afirmou em comunicado no qual afirma que "os Estados Unidos estão falando abertamente sobre o que está acontecendo na Europa".

Desde o início do segundo mandato de Trump, em janeiro, que a AfD vem mirando os Estados Unidos. Junto com a Rússia e o governo do premiê húngaro, Viktor Orbán, os EUA são uma prioridade na ofensiva da AfD para afinar suas posições na política externa e estreitar contatos com mandatários e partidos com quem o partido alemão de ultradireita compartilha ideias.

Viagens da AfD aos EUA

No caso dos EUA isso se traduziu numa enxurrada de visitas, sobretudo a Washington. Uma delas foi a da vice-líder da bancada da AfD no Bundestag, Beatrix von Storch, que, segundo ela mesma, reuniu-se com membros das equipes de Trump e do vice-presidente JD Vance, entre outros, em setembro passado.

Outra visita, a de um grupo de parlamentares da AfD no início de outubro, causou polêmica na Alemanha por causa de um vídeo. Nele, um tenor canta, numa recepção privada em Manhattan, o primeiro verso da canção nacionalista Das Lied der Deutschen (A canção dos alemães), composta em 1841 e que tem no início o verso Deutschland über alles auf der Welt (Alemanha acima de tudo no mundo).

O vídeo mostra o parlamentar da AfD Jan Wenzel Schmidt, que acabara de sair de uma reunião com um alto funcionário do Departamento de Estado dos EUA, cantando junto essa estrofe, que não é mais usada na Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Resultados da ofensiva em Washington

A recepção privada em Manhattan foi organizada pelo Clube dos Jovens Republicanos de Nova York e é um exemplo dos esforços da AfD para estreitar contatos nos círculos políticos de Washington e se vender como um partido que estaria sendo, de forma antidemocrática, marginalizado em seu próprio país. "Não temos mais uma democracia", enfatizou o parlamentar da AfD Kay Gottschalk em Manhattan. "Não se pode mais dizer o que se pensa" na Alemanha.

A ofensiva da AfD nos EUA tem dado resultados. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, chamou a classificação da AfD como uma organização "comprovadamente de extrema direita", feita pelo serviço secreto interno da Alemanha em maio, de "tirania disfarçada". Vance chamou a AfD de "o partido mais popular da Alemanha".

Essa recente proximidade da AfD com o movimento trumpista Maga (Make America Great Again) e o Partido Republicano será novamente visível no próximo sábado, durante o baile anual do Clube dos Jovens Republicanos de Nova York. Ao lado de membros do Partido Republicano estará novamente uma delegação da AfD, incluindo o porta-voz de política externa Markus Frohnmaier. Segundo a revista Politico, ele será recebido como convidado de honra e homenageado no evento.

Ideias semelhantes

A aproximação reflete a convergência de ideias entre a AfD e o movimento trumpista Maga (Make America Great Again), particularmente em relação à imigração, às críticas contra a imprensa, o judiciário e o "establishment político" e à acusação de que sofrem repressão por parte de outras forças políticas. Trump, assim como a AfD, defende a "ruptura".

Elon Musk, um aliado do Maga, fez campanha para a AfD antes da eleição nacional de fevereiro passado e declarou apoio a partidos da ultradireita em vários países europeus. Ele também foi criticado por um gesto que muitos observadores interpretaram como uma saudação nazista.

A AfD passou a ver no governo Trump um aliado depois da Conferência de Segurança de Munique, em fevereiro passado, quando Vance acusou os governos europeus de censurarem a liberdade de expressão e reprimirem rivais políticos.

Intromissão na política interna

A nova estratégia de segurança dos EUA reforça essas críticas: ela lamenta uma suposta perda de democracia e liberdade de expressão na Europa e pede uma mudança de rumo.

Trechos do documento ecoam claramente o discurso da AfD, por exemplo ao afirmar que, se as "tendências atuais continuarem, o continente estará irreconhecível em 20 anos ou menos", dando como exemplo "atividades da UE e de outros organismos que minam a liberdade política e a soberania; políticas migratórias que estão transformando o continente e criando conflitos; censura da liberdade de expressão e supressão da oposição política; queda nas taxas de natalidade; e perda de identidades nacionais e de autoconfiança".

Porém, a "crescente influência de partidos patrióticos europeus" dá "motivo para grande otimismo", afirma o documento. É uma clara alusão à AfD e outros partidos de ultradireita da Europa.

O especialista em política externa Norbert Röttgen, do partido conservador alemão CDU, é taxativo: o governo Trump tem o claro objetivo de influenciar a política interna de países europeus e quer, "para isso, cooperar com os inimigos locais da democracia liberal na Europa – no caso da Alemanha, a AfD."

Short teaser Há meses que partido da ultradireita alemã tem estreitado contatos com movimento Maga e governo Trump.
Author Alexandre Schossler
Item URL https://www.dw.com/pt-br/estratégia-de-segurança-divulgada-por-trump-impulsiona-ultradireita-na-alemanha/a-75066771?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 24
Id 75067530
Date 2025-12-08
Title "O Agente Secreto" é indicado ao Globo de Ouro de melhor filme
Short title "O Agente Secreto" é indicado ao Globo de Ouro 2026
Teaser Longa de Kleber Mendonça Filho concorre a melhor filme de drama e melhor filme de língua não-inglesa. Wagner Moura, que interpreta personagem central do filme, recebe indicação de melhor ator.

O filme brasileiro O Agente Secreto foi indicado ao prêmio Globo de Ouro de 2026 nas categorias de melhor filme de drama e melhor filme de língua não-inglesa. O anúncio com os nomes dos indicados foi divulgado pelos organizadores da premiação nesta segunda-feira (08/12).

Esta é a primeira vez que uma produção nacional disputará a categoria de melhor filme de drama.

O ator Wagner Moura, que interpreta o protagonista de O Agente Secreto, foi indicado ao prêmio de melhor ator, concorrendo com nomes como Dwayne Johnson (Coração de Lutador), Michael B. Jordan (Pecadores) e Jeremy Allen White (Springsteen: Salve-me do Desconhecido). Também é a primeira vez que um homem brasileiro entra na categoria.

A obra brasileira já havia brilhado no Festival de Cannes, em maio deste ano, ganhando o prêmio de melhor direção para Kleber Mendonça Filho e de melhor ator para Wagner Moura.

Em O Agente Secreto, Mendonça Filho narra o retorno de um professor perseguido, interpretado por Wagner Moura, à sua cidade natal, Recife, em 1977, em plena ditadura militar. Lá, embora ainda incógnito, ele espera retomar uma vida tranquila com a família, mas acaba se deparando com a realidade dos violentos anos finais da ditadura militar no país.

Mendonça Filho já havia dirigido os filmes Aquarius (2016) e Bacurau (2019), que tiveram grande repercussão internacional e acumularam prêmios em diferentes festivais de cinema ao redor do mundo.

Corrida ao Oscar

No ano passado, o filme Ainda Estou Aqui , de Walter Salles, concorreu ao Globo de Ouro de melhor filme de língua não-inglesa, mas o prêmio acabou ficando com o francês Emilia Perez. A atriz Fernanda Torres, que interpretou a protagonista da obra, levou a premiação de melhor atriz em filme dramático.

Em março, Ainda Estou Aqui acabou vencendo o Oscar de melhor filme internacional. Fernanda Torres foi indicada ao prêmio de melhor atriz, que acabou sendo entregue a Mikey Madson, pelo filme Anora.

O Agente Secreto é o representante brasileiro para tentar uma indicação no Oscar 2026 na categoria de melhor filme internacional. Neste domingo, a obra ficou em 2º lugar na categoria melhor filme no prêmio de críticos de Los Angeles, o que sinaliza chances reais de conquistar uma indicação ao maior prêmio do cinema em Hollywood.

rc (ots)

Short teaser Obra de Kleber Mendonça Filho protagonizada por Wagner Moura concorre em três categorias.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/o-agente-secreto-é-indicado-ao-globo-de-ouro-de-melhor-filme/a-75067530?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 25
Id 75062240
Date 2025-12-08
Title Anel de fossas perto de Stonehenge marcaria fronteira sagrada
Short title Anel de fossas perto de Stonehenge seria fronteira sagrada
Teaser Há 4.500 anos, civilização cavou um círculo monumental de fossas profundas em Durrington Walls. Obra provavelmente servia de guia para rituais, tornando Stonehenge ainda mais enigmático.

Há 4.500 anos, os habitantes da região de Durrington Walls, no sul da Inglaterra, esculpiram um círculo de fossos profundos e largos no solo – dispostos geometricamente com um diâmetro de aproximadamente dois quilômetros, abrangendo uma área de mais de três quilômetros quadrados.

O que por muito tempo pareceu ser uma paisagem natural agora se revela como um projeto monumental: um anel artificial de fossos que redefine o cosmos de Stonehenge.

Anel invisível

Durrington Walls está localizado perto da pequena cidade inglesa de Amesbury e a cerca de três quilômetros do mundialmente famoso Stonehenge, aproximadamente meia hora de caminhada. Os mais de 20 fossos têm até dez metros de largura e mais de cinco metros de profundidade.

De acordo com um novo estudo, pelo menos 16 dos 20 fossos encontrados formam um enorme círculo regular ao redor do henge de Durrington Walls. Um henge é uma estrutura pré-histórica de terra que abrange uma área circular ou oval cercada por uma muralha de terra com um fosso interno.

Servia como local de assembleia cultual ou ritual. No centro de Durrington Walls, outrora existia uma estrutura circular feita de estacas de madeira fincadas profundamente no solo, rodeada por um povoado.

As fossas foram descobertas há cinco anos, mas o estudo atual fornece mais detalhes sobre o local. Usando o método OSL, as covas foram datadas em 2480 a.C.

Este método relativamente preciso de luminescência opticamente estimulada determina a idade de uma camada de sedimento pelo "sinal luminoso" armazenado em grãos de quartzo ou feldspato, que é mensurável como radioatividade natural. A intensidade desse sinal permite que os pesquisadores calculem quando o sedimento foi exposto à luz do dia pela última vez – ou seja, aproximadamente quando este foi coberto. O método fornece um ano preciso, mas a incerteza varia entre 5% e 10% e depende muito da qualidade da amostra.

O estudo também mostrou que a estrutura circular não é um conjunto de achados que cresceram organicamente ao longo dos séculos, mas sim um projeto de grande escala deliberadamente planejado. As fossas estavam inseridas em uma paisagem cultural ativamente utilizada, onde plantas, animais e pessoas estavam intimamente interligados.

Mapeamento preciso

Nenhuma das estruturas examinadas pode ser explicada como erosão natural; seu formato e preenchimento indicam claramente estruturas feitas pelo homem. O círculo é uniformemente desenhado, o espaçamento das fossas é regular e seus diâmetros e intervalos seguem um padrão claro.

Isso sugere que as pessoas mediam distâncias, contavam passos ou unidades de medida e trabalhavam com um plano preestabelecido antes mesmo de começarem a cavar. Um conjunto de buracos torna-se, portanto, evidência de que números, medidas e planejamento faziam parte de seu cotidiano há muito tempo.

De acordo com os autores do estudo, essa estrutura matemática parece ter sido diretamente ligada à compreensão que se tinha do mundo na época. Cada cova marca simultaneamente um ponto preciso no círculo e um local simbolicamente "aprofundado", uma espécie de submundo onde animais, oferendas e objetos de culto podiam ser depositados.

Os arqueólogos interpretam o círculo de fossos como uma "fronteira sagrada" que demarcava a área ao redor de Durrington Walls e Stonehenge e guiava deslocamentos. Hoje, quem observa a planície não encontra nenhum vestígio disso.

Rede europeia

Durrington Walls e Stonehenge não são sítios isolados, mas sim parte de uma densa rede de sítios de culto do Neolítico Final no sul da Inglaterra – desde os círculos de pedra e fossos da planície de Salisbury até outras estruturas de henge com fossos e poços.

E muito mais: inúmeras descobertas demonstram que, no final do 3º milênio a.C. (c. 2.700–2.200 a.C.), havia um intenso intercâmbio entre os povos do sul da Inglaterra, norte da Europa, centro da Alemanha e Península Ibérica.

Em particular, a chamada Cultura do Vaso Campaniforme, assim denominada por seus característicos vasos de cerâmica em forma de sino, estabeleceu uma rede suprarregional de comércio e contatos, explica a arqueóloga Franziska Knoll, do Escritório Estadual de Gestão do Patrimônio e Arqueologia da Saxônia-Anhalt.

Knoll está pesquisando o santuário circular de Pömmelte, ao sul de Magdeburgo, perto do rio Elba, conhecido como o "Stonehenge alemão". Ideias arquitetônicas semelhantes às encontradas nos Durrington Walls também existiam na Alemanha Central.

Embora os fossos ao redor das paliçadas em Pömmelte não sejam tão profundos e largos, medindo apenas cerca de dois metros de profundidade, ossos de gado, cerâmica, machados de pedra e outros objetos já foram descobertos no local, o que comprova que foram depositados intencionalmente.

Por razões orçamentárias, as valas em Durrington Walls não serão escavadas inicialmente. No entanto, Knoll espera que escavações sejam realizadas em breve para determinar o que se encontra em seu interior. Isso também permitiria uma determinação mais precisa de quando exatamente elas foram construídas.

Short teaser Há 4.500 anos, civilização cavou círculo monumental de fossas em Durrington Walls, perto de Stonehenge.
Author Alexander Freund
Item URL https://www.dw.com/pt-br/anel-de-fossas-perto-de-stonehenge-marcaria-fronteira-sagrada/a-75062240?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 26
Id 75061652
Date 2025-12-08
Title O que se sabe do roubo de obras de arte na biblioteca de SP
Short title O que se sabe do roubo de obras de arte na biblioteca de SP
Teaser O mais recente roubo a museus paulistanos mirou treze gravuras de ícones modernistas. Ladrões armados foram flagrados por câmeras de segurança.

A polícia de São Paulo identificou nesta segunda-feira (08/12) os dois suspeitos pelo roubo de treze obras de arte na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo. O crime, ocorrido no domingo, teve como alvo oito gravuras do artista francês Henri Matisse e cinco do pintor brasileiro Candido Portinari.

A Polícia Civil iniciou no mesmo dia a perícia do local, que conta com câmeras de segurança, e diligências para identificar os responsáveis pelo roubo. Nesta segunda, foi divulgado o retrato dos dois suspeitos, cujos nomes não foram divulgados.

Os ladrões armados renderam uma vigilante e um casal de idosos pela manhã do último dia da exposição "Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade", que as obras roubadas integravam.

Após os criminosos fugirem, os vigilantes chegaram a pedir ajuda para policiais militares nas proximidades, mas não foi possível alcançá-los.

Como o roubo foi possível?

A exposição mirada pelos ladrões era uma parceria com o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) e tinha entrada gratuita. Já dentro da biblioteca, um deles anunciou o roubo por volta das 10h da manhã e mostrou uma arma de fogo para pelo menos uma vigilante, que estaria desarmada.

Ela foi, então, forçada a entregar seus dispositivos de comunicação na sala onde estavam as obras roubadas. As oito gravuras de Matisse estavam penduradas lado a lado numa parede, enquanto as de Portinari se encontravam num mostruário, cujo vidro de proteção foi quebrado.

As obras foram colocadas dentro de um saco de lona. Em seguida, os ladrões fugiram.

Câmeras de segurança da Prefeitura de São Paulo flagraram a dupla em fuga a dois quilômetros da biblioteca, retirando as obras de um automóvel e, depois, carregando-as pelas ruas da capital.

Os criminosos eram relativamente jovens e vestiam roupas comuns – calças jeans, camisetas e tênis. Numa das imagens flagradas, eles chegam a colocar as obras no chão de uma rua pouco movimentada, próximo a uma concentração de sacolas de lixo.

Que obras foram roubadas?

As gravuras faziam parte de uma exposição iniciada em outubro deste ano e voltada à arte modernista das décadas de 1940 e 1950. As obras roubadas de Matisse integravam o seu livro "Jazz", considerado uma das maiores conquistas do francês e publicado pela primeira vez em 1947.

Descritas pelo MAM como "raras e importantes", as vinte pranchas impressas do livro em exibição na biblioteca paulista eram um dos destaques da exposição. O caso vem sendo, desde domingo, reportado pela mídia francesa.

Já as obras de Portinari, considerado um dos grandes nomes do modernismo dentro e fora do Brasil, ilustravam o livro "Menino de Engenho", romance de José Lins do Rego de 1932.

Não está claro o valor estimado das obras. Segundo autoridades paulistas, todas elas tinham apólices de seguro vigentes.

Roubos anteriores em SP

O roubo à Biblioteca Mário de Andrade é o mais recente de uma série de crimes contra museus paulistas, reacendendo preocupações sobre a segurança do patrimônio brasileiro. A própria biblioteca, que é considerada a segunda maior do Brasil, já foi roubada em 2006. À época, descobriu-se que dois livros e outras mais de cem gravuras haviam sido roubadas do acervo.

Levou 18 anos para que um dos livros fosse recuperado, no ano passado, pela Polícia Federal. A obra "Souvenirs de Rio de Janeiro", com 12 ilustrações pintadas à mão no século 19, havia parado nas mãos de um colecionador, que a comprara legalmente em Londres.

O jornal Folha de S. Paulo reportou ainda que o mesmo álbum de Matisse roubado no domingo já havia sido furtado anteriormente. Em 2006, teria sido encontrado pela polícia da Argentina, quando os ladrões desta e de outras obras raras foram flagrados tentando cruzar a fronteira do Brasil para o país vizinho.

Já em dezembro 2007, também uma das obras mais célebres de Portinari foi roubada, desta vez do Museu de Arte de São Paulo (Masp). O quadro "O lavrador de café" foi levado durante a madrugada, junto com "Retrato de Suzanne Bloch", de Pablo Picasso. Juntas, elas eram estimadas em 55,5 milhões de dólares - o que, à época, equivalia a aproximados R$ 100 milhões.

As obras seriam encontradas numa casa da periferia de São Paulo no mês seguinte, no que as autoridades atribuíram a uma evidência de que o roubo havia sido encomendado aos ladrões.

Três homens armados já haviam roubado em 2005 a tela "Preparando Enterro na Rede", também de Portinari, da Galeria de Arte Thomas Cohn. O quadro foi recuperado depois de dez dias.

ht/cn (Agência Brasil, ots)

Short teaser O mais recente roubo a museus paulistanos mirou treze gravuras modernistas. Ladrões armados foram flagrados em vídeo.
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Item 27
Id 75052497
Date 2025-12-07
Title Sete em cada dez alemães estão insatisfeitos com governo Merz
Short title Sete em dez alemães estão insatisfeitos com governo Merz
Teaser

Merz assumiu a liderança do governo alemão em maio e desde então tem visto reprovação crescer pesquisa após pesquisa

Governo de coalizão entre conservadores e social-democratas liderado pelo chanceler federal Friedrich Merz continua a perder apoio sete meses depois de chegar ao poder. Só 21% dos alemães aprovam administração.O governo liderado pelo chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz, continua a perder apoio entre os eleitores, sete meses depois de chegar ao poder. Uma pesquisa divulgada neste domingo (07/12) pelo jornal Bild am Sontag apontou que apenas 21% dos alemães estão satisfeitos com o desempenho da coalizão de governo, formada pelo bloco conservador CDU/CSUde Merz e o Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda. Outros 70% expressaram insatisfação e 9% não responderam à pesquisa, elaborada pelo instituto Insa. Em agosto, quando o governo Merz estava perto de completar 100 dias no poder, um levantamento do mesmo instituto já havia apontado 60% de reprovação e 27% de aprovação. Dessa forma, a porcentagem de alemães insatisfeitos, que já era alta em agosto, saltou mais 10 pontos percentuais nos últimos quatro meses. As opiniões negativas sobre a performance pessoal do chanceler federal Merz são similares. De acordo com a pesquisa divulgada neste domingo, apenas 23% dos alemães apontam estar satisfeitos com o trabalho do líder conservador, enquanto 68% o veem de maneira negativa. "Estas são as piores avaliações já registradas em relação ao chanceler e seu governo”, disse Hermann Binkert, diretor do instituto Insa, ao jornal Bild am Sonntag. Os números são quase tão ruins quanto os registrados pelo antecessor de Merz na chefia da chancelaria, o social-democrata Olaf Sholz, durante a derrocada do seu governo em 2024. Em novembro do ano passado, nos dias posteriores à desintegração da sua coalizão, Scholz registrou 72% de reprovação pessoal e 21% de aprovação. A pesquisa divulgada neste domingo sobre o governo Merz ouviu 1.005 pessoas entre os dias 4 e 5 de dezembro. Sob Merz, a Alemanha continua a registrar maus índices econômicos. Após dois anos de recessão, relacionados principalmente à invasão da Ucrânia pela Rússia e o consequente aumento dos preços da energia, a maior economia europeia esperava se recuperar em 2025, mas o país viu as previsões serem reduzidas e até registrou contração no segundo trimestre. No momento, as previsões apontam para um crescimento modesto de apenas 0,2% no produto interno bruto (PIB). Além disso, a coalizão de Merz também tem exibido sinais de disputas internas em temas divisivos como política migratória, reforma da Previdência, gastos públicos e serviço militar, com as votações de projetos no Parlamento sedo encaradas mais como testes sobre o estado da aliança do que demonstrações de unidade. Partidos da coalizão perdem apoio Outro levantamento do mesmo instituto questionou os entrevistados sobre em quais partidos eles depositariam seus votos se a eleição estivesse próxima. O bloco CDU/CSU de Merz registrou 25% de apoio, enquanto seus parceiros do SPD apareceram com 15%. Dessa forma, os partidos da coalizão ficariam com apenas 40% dos votos, longe de formar uma maioria no Parlamento. Na última eleição federal antecipada, em fevereiro, os parceiros somaram 44,9% dos votos, garantido apenas 12 assentos a mais do que a quantidade necessária para formar maioria no Parlamento. A mesma pesquisa mostrou que o partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) aparece à frente da preferência do eleitorado, com 26%, embora tenha perdido um ponto percentual em relação à última pesquisa. O partido A Esquerda (Die Linke), por sua vez, apareceu com 11%. Os Verdes, com 10%. Já os partidos Liberal-Democrático (FDP, na sigla em alemão, de tendência pró-mercado) e o populista de esquerda e socialmente conservador BSW apareceram com 4%, abaixo da cláusula de barreira de 5% para garantir bancadas no Parlamento. Neste segundo levantamento, o instituto Insa ouviu 1.206 pessoas entre 1 e 5 de dezembro. A margem de erro nas duas pesquisas é de 2,9 pontos percentuais.


Short teaser Coalizão entre conservadores e social-democratas liderada pelo chanceler federal Friedrich Merz continua a perder apoio.
Author Jean-Philip Struck
Item URL https://www.dw.com/pt-br/sete-em-cada-dez-alemães-estão-insatisfeitos-com-governo-merz/a-75052497?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Merz assumiu a liderança do governo alemão em maio e desde então tem visto reprovação crescer pesquisa após pesquisa
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Item 28
Id 75052212
Date 2025-12-07
Title Merz reafirma apoio a Israel, mas adverte contra anexações na Cisjordânia
Short title Merz reafirma apoio a Israel, mas adverte contra anexações
Teaser

O chanceler federal Merz e Netanyahu. Essa é a primeira visita de um líder de uma potência europeia a Israel desde que TPI emitiu mandado de prisão contra o premiê

Em 1ª visita a Israel, chanceler federal enfatiza "reponsabilidade" da Alemanha na defesa de Israel e diz que Berlim não pretende reconhecer Estado palestino num futuro próximo, mas desencoraja anexações na Cisjordânia.O chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz, cumpriu neste fim de semana a sua primeira visita oficial a Israel desde que assumiu o cargo em maio. Ao longo da viagem de dois dias, o líder alemão reafirmou tanto o que chamou de "responsabilidade histórica" do seu país na "defesa" e "segurança" de Israel e disse que a Alemanha não pretende reconhecer um Estado palestino num futuro próximo. Por outro lado, Merz também advertiu contra a possibilidade de o governo do premiê Benjamin Netanyahu anexar território palestino na Cisjordânia ocupada. A visita de Merz também marcou primeira viagem de um grande país europeu a Israel desde que o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de captura contra Netanyahu por sua possível implicação em crimes de guerra na Faixa de Gaza palestina. No último ano, Merz criticou a decisão do TPI, embora a Alemanha seja signatária do tribunal e historicamente um dos países que mais colaborou na sua criação. A viagem de Merz também ocorre após um período de breve tensão entre os dois governos, na esteira de uma decisão anunciada em agosto pelo governo alemão, que pressionado pela opinião pública, impôs restrições ao envio de algumas exportações de armamento para Israel que poderiam ser usadas em Gaza. Embora a Alemanha estivesse bem distante de integrar o círculo de países mais vocalmente críticos às ações de Israel em Gaza, o episódio marcou um desgaste temporário nas relações entre as duas nações. Em outubro, após a entrada em vigor do cessar-fogo em Gaza, as exportações foram retomadas. "A Alemanha deve defender a existência e a segurança de Israel" Neste domingo (07/12), no segundo dia da viagem, Merz visitou o Museu do Holocausto Yad Vashem em Jerusalém e destacou a "duradoura responsabilidade histórica" da Alemanha pelo assassinato de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. "Inclino minha cabeça em deferência aos seis milhões de homens, mulheres e crianças de toda a Europa que foram assassinados por alemães por serem judeus. Garantiremos que a lembrança do atroz crime da 'shoá' (Holocausto em hebraico) perpetrado por alemães contra o povo judeu se mantenha viva", disse o chanceler. Após visitar o museu, ressaltou que ali "a duradoura responsabilidade histórica da Alemanha se torna palpável". "A Alemanha deve defender a existência e a segurança de Israel. Isso permanecerá para sempre de forma indissociável na essência de nossa relação", completou Merz. No sábado, Merz havia iniciado sua visita com uma reunião com o presidente israelense, Isaac Herzog, após a qual também garantiu que a Alemanha está ao lado de Israel, um país que, segundo destacou, "tem o direito de se defender e de existir". Advertência contra anexação é minimizada por Netanyahu Ainda neste domingo, durante encontro com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, Merz advertiu que Israel não pode levar a cabo "nenhuma medida" anexionista no território palestino da Cisjordânia. O chefe de governo israelense, por sua vez, respondeu que isso ainda é "tema de debate". Durante suas palavras introdutórias em uma entrevista coletiva, Merz afirmou categoricamente que "não pode haver medidas anexionistas na Cisjordânia", e acrescentou que não pode ocorrer "nenhuma medida formal, política, estrutural ou de outro tipo que equivalha a uma anexação". Merz se pronunciou assim depois que o Parlamento israelense votou a favor, em uma leitura preliminar no último mês de outubro, de uma proposta para anexar a Cisjordânia ocupada, uma medida condenada por vários países e até mesmo pelo governo dos EUA, que ao lado da Alemanha está entre os maiores aliados de Israel. Questionado na entrevista coletiva sobre o aviso de Merz, Netanyahu indicou que o statu quo na Cisjordânia "não mudou" e que Israel segue controlando sua segurança. "Por isso não há uma explosão de terrorismo da Judeia e Samaria (termos que o governo israelense usa para se referir à Cisjordânia ocupada), nem das zonas palestinas", afirmou o primeiro-ministro, acrescentando que "esse princípio se manterá no futuro previsível" e que "não tem nada a ver com a questão da anexação política, que segue sendo tema de debate". Solução de dois Estados, mas sem reconhecimento de Estado palestino por enquanto Em relação a um futuro Estado Palestino (composto pela Cisjordânia e pela Faixa de Gaza), Merz disse que a Alemanha trabalha para que o Estado de Israel seja reconhecido e aceito no Oriente Médio, mas acrescentou que seu país acredita também "firmemente" na solução de dois Estados – palestino e israelense. "Uma solução de dois estados só pode ser alcançada mediante negociações, e será o resultado destas negociações, mas estas negociações são necessárias agora mesmo", explicou. Segundo Merz, seu governo sustenta que "o reconhecimento de um Estado palestino só pode ser o final, não o começo, de tal processo", razão pela qual a Alemanha não o reconheceu na Assembleia da ONU em setembro, ao contrário de vários países que deram esse passo, entre eles a vizinha e aliada França. A criação de um Estado palestino é firmemente rejeitada por Netanyahu e seu governo. Durante o encontro, Merz reiterou que a Alemanha não pretende reconhecer o Estado palestino "num futuro próximo”. O chanceler federal se referiu também às reformas que a Autoridade Nacional Palestina (ANP), que governa pequenas partes da Cisjordânia ocupada, se comprometeu a realizar, visando o seu papel no governo de Gaza e em um futuro Estado Palestino. "Há muito o que criticar sobre esta autoridade, e com razão. Eu mesmo a critico", declarou, para em seguida lembrar que, "agora que há indícios de reforma", deve-se apoiar a ANP, o que ele mesmo fez em uma ligação ontem com seu presidente, Mahmoud Abbas. Os territórios palestinos não contam atualmente com continuidade territorial, e enquanto em Gaza governa o braço político do Hamas, na Cisjordânia permanece a ANP, embora na maior parte desta zona (a denominada Área C que equivale a 60% do território) Israel possua tanto controle militar quanto civil desde os Acordos de Oslo de 1993. Além disso, existem centenas de postos de controle militares israelenses ao longo de toda a Cisjordânia, e um sistema de permissões que não permite o livre movimento dos palestinos entre cidades, proibindo a muitos a entrada em Jerusalém (entre outras cidades). jps (EFE, ots)


Short teaser Em sua 1ª visita oficial a Israel, chanceler federal enfatiza "reponsabilidade" da Alemanha na defesa de Israel.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/merz-reafirma-apoio-a-israel-mas-adverte-contra-anexações-na-cisjordânia/a-75052212?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption O chanceler federal Merz e Netanyahu. Essa é a primeira visita de um líder de uma potência europeia a Israel desde que TPI emitiu mandado de prisão contra o premiê
Image source Michael Kappeler/dpa/picture alliance
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Item 29
Id 75047540
Date 2025-12-06
Title Serviço militar polariza a Alemanha
Short title Serviço militar polariza a Alemanha
Teaser

A Alemanha pretende recrutar mais 80.000 soldados ativos

País aprova nova lei de alistamento obrigatório e pacote de incentivos para recrutamento. Serviço continuará voluntário, mas alguns temem que esse seja um passo para volta da conscrição compulsória, abandonada em 2011.Está frio e nevando, e Carlotta, de 16 anos, está de pé em um vasto campo de treinamento militar em Grafenwöhr, no sul da Alemanha, observando uma peça de artilharia disparar munição real. O barulho é muito alto quando os projéteis são disparados, por isso Carlotta precisa usar protetores auriculares. Este não é um dia como outro qualquer para a jovem estudante: enquanto seus amigos estão sentados em salas de aula aquecidas na cidade de Colônia, ela viajou sozinha de trem até o estado alemão da Baviera. Nos quartéis do Batalhão de Artilharia de Tanques 375, em Weiden, ela encontrou alojamento e recebeu um uniforme. Usando a vestimenta, ela agora está no frio do inverno no campo de treinamento, junto com cerca de duas dezenas de outros jovens, homens e mulheres. Uma equipe inteira de supervisores cuida dos jovens: o Exército alemão não está poupando esforços para recrutar novos soldados. Carlotta também quer descobrir se a Bundeswehr (Forças Armadas da Alemanha) é realmente uma vocação para ela. Para isso, está participando dos chamados "Dias de Descoberta" — uma espécie de estágio curto com as tropas, que inclui atividades físicas e noites de confraternização. A estudante consegue imaginar-se ingressando no Exército no futuro. "Para começar, por três ou quatro anos, e, se eu gostar, por oito anos", disse ela à DW. No entanto, ela não é favorável à reintrodução de um serviço militar obrigatório: "Não se deve impor algo às pessoas. É muito melhor entrar de forma voluntária do que ser forçado, porque assim você perde a motivação". Campanha de incentivos O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, concorda com esse ponto de vista: segundo ele, o objetivo da nova lei de alistamento militar, aprovada nesta semana, é motivar mais jovens a se alistarem voluntariamente. Um dos incentivos é o aumento salarial: a partir do início de 2026, novos recrutas receberão um salário mensal de 2.600 euros (R$ 16 mil) antes dos impostos. Em troca, deverão servir nas Forças Armadas por pelo menos seis meses. Aqueles que se comprometerem por pelo menos doze meses também receberão um subsídio para tirar carteira de habilitação, que na Alemanha envolve altos custos. O novo modelo de alistamento militar da Alemanha, aprovado pelo Bundestag (Parlamento) na sexta-feira (05/12), é, portanto, uma campanha de incentivos que Pistorius quer instrumentalizar para evitar outro cenário: um retorno do serviço militar obrigatório pleno, que o seu Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, rejeita. O serviço militar continuará sendo voluntário "se tudo correr como esperamos", destacou Pistorius durente debate no Bundestag. Mas será possível preencher as lacunas de pessoal sem serviço obrigatório? Enquanto o SPD acredita que sim, políticos de outros partidos da atual coalizão de governo — as conservadoras União Democrata Cristã (CDU) e a União Social Cristã (CSU) — são céticos. Eles prefeririam um retorno ao serviço nacional, que a Alemanha abandonou em 2011. A Bundeswehr quer recrutar 80 mil novos soldados até 2035, e a nova lei estabelece um caminho para atingir essa meta. Diante da ameaça representada pela Rússia, o efetivo permanente do Exército deve crescer dos atuais pouco menos de 182 mil soldados para 260 mil — esse é o compromisso da Alemanha com a Otan. Além disso, um contigente de 200 mil reservistas deverá ser estabelecido. O Ministério da Defesa deverá apresentar relatórios semestrais sobre os números. Proposta de sorteio provocou repúdio entre jovens A disputa sobre os planos futuros de serviço militar dividiu a coalizão governista por meses. Entre os modelos discutidos que provocaram controvérsia estava um sistema de sorteio. A proposta de decidir por sorteio quem teria de ingressar na Bundeswehr foi repudiada por muitos jovens. De modo geral, muitos jovens sentem que foram deixados de fora da discussão sobre o novo alistamento militar, apesar do plano de sorteio ter saído da pauta. A nova "Lei de Modernização do Serviço Militar" permanece como um compromisso: por enquanto, o serviço militar permanece voluntário. Ao mesmo tempo, todos os homens de 18 anos passarão a ter novas obrigações: a partir do início de 2026, eles receberão um questionário que deverá ser preenchido. Ele perguntará sobre a disposição para servir na Bundeswehr, a aptidão física e a formação educacional. Para as mulheres, o preenchimento será voluntário, pois, segundo a Constituição do país, elas não podem ser obrigadas a prestar serviço militar. A partir de meados de 2027, o processo avançará mais um passo: todos os homens nascidos em 2008 ou depois deverão comparecer, em data marcada, a um exame de aptidão física que determinará, em caso de conflito, quem poderia ser convocado. Embora o processo comece em 2026, só em meados de 2027 a Bundeswehr terá capacidade suficiente para receber novos recrutas. Críticas aos exames médicos obrigatórios O exame médico obrigatório é particularmente controverso: críticos o veem como um primeiro passo rumo ao retorno completo do serviço militar obrigatório. Eles também temem que o sistema de sorteio volte à pauta caso não haja voluntários suficientes. Nesse caso, o governo poderia decidir introduzir um chamado "recrutamento por necessidade", no qual uma parte dos jovens de determinada faixa etária seria convocada conforme as necessidades da Bundeswehr. A decisão sobre reintroduzir o serviço obrigatório total ou parcial cabe ao Bundestag. No dia em que a lei foi aprovada, estudantes foram às ruas em muitas cidades alemãs para protestar: "Não queremos ser trancados em quartéis por meio ano, treinados em disciplina cega e obediência, e ensinados a matar", escreveram os organizadores da "greve estudantil contra o serviço militar obrigatório" em uma convocação para manifestações em todo o país. "Sentimo-nos negligenciados como geração, e não vemos por que nossa geração deveria pular nas trincheiras pelo governo", disse Leo Reinemann, estudante e coorganizador de um protesto em Koblenz, no oeste da Alemanha, à emissora pública SWR. Número de objetores de consciência em alta Por enquanto, ninguém será obrigado a prestar serviço militar — a Bundeswehr continua contando com candidatos voluntários. E o direito de recusar o serviço militar por motivos de consciência permanece inalterado. E cada vez mais alemães estão fazendo uso desse direito: até o fim de outubro, o governo havia recebido mais de 3 mil pedidos de objeção de consciência — tanto de pessoas que nunca serviram quanto de soldados e reservistas. Com isso, o número de pessoas que, por motivos de ordem religiosa, moral, humanística ou filosófica rejeitam servir nas Forças Armadas bateu um novo recorde desde a suspensão do serviço militar obrigatório em 2011.


Short teaser País aprova pacote de incentivos para recrutamento. Serviço continuará voluntário, mas há quem tema volta da conscrição.
Author Nina Werkhäuser
Item URL https://www.dw.com/pt-br/serviço-militar-polariza-a-alemanha/a-75047540?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption A Alemanha pretende recrutar mais 80.000 soldados ativos
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Item 30
Id 2262339
Date 2025-12-06
Title São Nicolau: o bispo da antiguidade que inspirou Papai Noel
Short title São Nicolau: o bispo da antiguidade que inspirou Papai Noel
Teaser

Chegada de São Nicolau em barco pelo Reno em Düsseldorf

Em 6 de dezembro, comemora-se em muitos países da Europa o dia de São Nicolau: o bom velhinho trajado de bispo e de longas barbas brancas que traz chocolates e presentes aos que se comportaram bem durante o ano.O dia 6 de dezembro do ano de 350 é a data da morte de um bispo que ficou conhecido por sua caridade e afinidade com as crianças. Devido a sua imensa generosidade e aos milagres que lhe foram atribuídos, foi santificado pela Igreja Católica e tornou-se um símbolo ligado diretamente ao nascimento do Menino Jesus. São Nicolau é atualmente um dos santos mais conhecidos da cristandade. Diferentemente do que se imagina, este ícone de bondade é considerado pelo catolicismo o verdadeiro Papai Noel. Sem barriga rechonchuda nem roupa vermelha ou botas pretas, o bom velhinho de natais passados era alto, esbelto, vestia um tipo de batina branca e usava mitra, comuns aos bispos de sua época. São Nicolau, salvador e padroeiro Nascido no que hoje é território da Turquia, na cidade de Demre, antigamente conhecida como Mira, Nicolau é personagem de diversas lendas. Ele teria sido ordenado bispo aos 19 anos de idade e toda sua riqueza teria sido doada aos pobres. Certo dia, ele teria ajudado um pai que não podia casar suas filhas porque lhes faltava um dote. Durante três noites seguidas, Nicolau jogou pepitas de ouro nos quartos das garotas, até que elas conseguiram bons casamentos. Com o passar do tempo, as pepitas teriam se transformado em maçãs de ouro. São Nicolau é visto como um salvador e padroeiro ou, até mesmo, como um protetor contra os perigos do mar. Por esse motivo, em muitas cidades costeiras ainda se encontram igrejas que levam seu nome. Só na Inglaterra existem mais de 400 e em Roma, mais de 60. Tradição controversa A partir de 1830, a ilha alemã de Borkum, no Mar Báltico, adotou uma tradição singular. Era o "tio Nicolau" (em dialeto plattdeutsch, Klaasohm), que perambulava pela ilha na noite de 5 para 6 de dezembro para surrar, com um grande chifre de vaca, o traseiro de jovens mulheres. Para que nenhuma delas fosse esquecida, havia seis "tios Nicolau", fantasiados com uma enorme máscara feita com pelo de ovelha, um nariz vermelho e um rabo de vaca. Às crianças, distribuiam doces; bebiam aguardente com os homens e dançavam sobre as mesas nos bares. Para salientar a importância da tradição, basta citar que os jovens da ilha já acertavam os detalhes da ação vários meses antes, pela internet. Esse antigo costume herdado dos tempos dos pescadores de baleias tem tanta relação com o clássico São Nicolau europeu quanto um pescador de baleias da Frísia Oriental tem a ver com um bispo da Ásia Menor do século 4º – isto é, quase nada. Em 2024, o ritual de espancar mulheres com chifres acabou sendo suspenso depois de uma reportagem da emissora pública NDR denunciar a violência e pressionar os organizadores. "Enquanto comunidade, decidimos claramente deixar para trás esse aspecto da tradição", declarou a associação Borkumer Jungens 1830, responsável por manter a tradição do Klaasohm. Em vez disso, "queremos continuar a nos concentrar no que realmente compõe o festival: a solidariedade dos ilhéus". A polícia local anunciou uma nova "política de tolerância zero": "Não se aceitará violência", consta de seu comunicado. Em contrapartida, entre 150 e 200 mulheres de Borkum se manifestaram no domingo (01/12) pela preservação do polêmico ritual de São Nicolau. Nomes diferentes em países vizinhos Na vizinha Holanda, o bom velhinho é chamado Sinterklaas. Ele e seu ajudante, o mouro Zwarte Piet, moram na Espanha, de onde observam o que as crianças holandesas fazem durante o ano. Em meados de novembro, a chegada deles, de navio, à Holanda, é transmitida ao vivo pela televisão. Depois, eles prosseguem viagem por todo o país. O dia 6 de dezembro é o dia da troca de presentes na Holanda. Sinterklaas vem em roupas de bispo e o Zwarte Piet normalmente é uma pessoa branca pintada de preto. Em vez de cholocates, as crianças que não se comportaram bem, apanham com a vara do Zwarte Piet. Conta-se até que algumas crianças bem desobedientes já teriam sido levadas no saco de Sinterklaas e levadas para a Espanha. Na Alemanha, o ajudante de São Nicolau chama-se Knecht Ruprecht (o criado Ruprecht); na Suíça, o ajudante do Samichlaus é chamado de Schmutzli; e na Áustria, Krampli. Com suas varas, correntes e chicotes, eles são o oposto da figura generosa e simpática do bom velhinho. Sua origem remonta ao final da Idade Média, quando panfletos com "comedores de criancinhas" advertiam para a importância da religiosidade e do temor a Deus. Joulupukki é o nome do bom velhinho na Finlândia. Ele vem da Lapônia e no dia 6 de dezembro distribui presentes. Há quem veja em seu saco de presentes e em sua vara antigos símbolos da fertilidade masculina. São Nicolau x Papai Noel Desde 1931, o atual gordinho de roupas vermelhas tem disputado o lugar do velhinho de vestes brancas. Tudo começou quando a Coca-Cola lançou uma propaganda com a nova versão de Santa Claus. O cartunista americano Thomas Nast foi o criador do atual Papai Noel, que na época apareceu nas telas da televisão oferecendo uma garrafa de refrigerante para uma garotinha.


Short teaser Em 6 de dezembro, Dia de São Nicolau, o bom velhinho traz doces às crianças.
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Image caption Chegada de São Nicolau em barco pelo Reno em Düsseldorf
Image source Ying Tang/NurPhoto/picture alliance
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Item 31
Id 75039744
Date 2025-12-05
Title Como Joesley Batista atua em "diplomacia" informal do Brasil
Short title Como Joesley Batista atua em "diplomacia" informal do Brasil
Teaser Dono da JBS viajou à Venezuela para pedir a Maduro que deixe o poder. Influência do magnata já foi apontada na crise do tarifaço, laços com Trump e busca de Lula por novos mercados na Ásia.

A recente visita ao presidente Nicolás Maduro na Venezuela não foi a primeira aventura do empresário Joesley Batista na política internacional. O coproprietário da JBS, a maior empresa de carnes do mundo, já foi outras vezes apontado como ator extraoficial, porém detentor de ao menos alguma influência, na interlocução de temas sensíveis a nível diplomático que envolvam seus interesses comerciais.

Ele voou na última semana de novembro a Caracas para pressionar o chefe do Palácio de Miraflores a deixar o cargo, conforme inicialmente reportado pela Bloomberg. A renúncia seria da vontade do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que vem intensificando a pressão política e militar sobre a Venezuela.

Não está claro se o executivo brasileiro teve por conta própria a ideia da viagem-relâmpago, que durou menos de 24 horas, da qual autoridades dos EUA teriam tido conhecimento prévio. Ele não representava oficialmente nenhum governo.

Junto com o irmão Wesley, Joesley comanda o grupo J&F, que, por sua vez, controla a JBS. A holding se intitula "o maior grupo empresarial do Brasil, com 306 mil colaboradores espalhados por 400 operações em mais de 20 países."

Os herdeiros do império alimentício personalizam a pujança dos seus negócios, que começou como empreendimento familiar em Goiás. Mas também ficaram internacionalmente conhecidos pela passagem na prisão por corrupção confessa, bem como pelas associações do selo JBS a crimes ambientais e trabalho escravo.

Interesse na Venezuela

A JBS teria um histórico bilionário de exportações para a Venezuela, intensificado há uma década com o agravamento da escassez de alimentos no país sul-americano. Um acordo especial de 2,1 bilhões de dólares (R$ 11,4 bilhões) citado pela Bloomberg teria contado com apoio de Diosdado Cabello, longevo braço-direito de Maduro.

Já fontes ouvidas pelo jornal O Globo falam numa "linha direta" entre Joesley e Delcy Rodríguez, a vice-presidente venezuelana.

O interesse dos irmãos Batista pela Venezuela já tinha também despontado há dois anos, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou relações com a nação vizinha. Os laços diplomáticos haviam sido cortados pela gestão de Jair Bolsonaro.

À época, a Âmbar Energia, também do grupo J&F, negociou diretamente com uma empresa venezuelana o abastecimento de energia em Roraima, mesmo antes de os governos terem acertado publicamente a retomada da importação. O objetivo era assumir a operação de compra, que acontecia até 2019 entre estatais, com preços inchados. O caso foi reportado pela revista piauí.

Também em 2023, o Grupo J&F entrou no setor de óleo e gás e passou a buscar oportunidades na América Latina, incluindo campos de petróleo na Venezuela e no Peru, de acordo com a colunista Malu Gaspar, de O Globo.

Interlocução com Trump

Talvez o momento mais lustroso da "diplomacia" informal de Joesley tenha sido, entretanto, o encontro deste ano com Trump, no meio da crise do tarifaço imposto pelos EUA ao Brasil. O empresário afirmou ter "falado bem" do Brasil e, segundo uma fonte familiarizada, argumentou que a medida encareceria a carne para os americanos.

Entre outros atores do setor privado trabalhando para desatar nós na relação com o Brasil — com o alívio de impostos para os respectivos setores —, Joesley teria sido o único com acesso à Casa Branca.

Semanas depois, o republicano amaciou o tom, falando até mesmo numa "química excelente" com Lula em pleno púlpito da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.

O alívio das tensões resultou no primeiro encontro bilateral entre Trump e Lula , na Malásia, no fim de outubro. O presidente brasileiro foi logo em seguida visto conversando com Joesley e Wesley.

No mesmo mês, o Itamaraty impôs sigilo de cinco anos sobre dois telegramas diplomáticos que tratavam dos irmãos Batista e dos seus negócios em conexão com a Venezuela e os EUA, reportou ainda a imprensa brasileira.

Influência incerta

Em novembro, o tarifaço recuou gradualmente , com amenizações tanto para o Brasil quanto para outros países. Fontes próximas ao caso disseram que Joesley contribuiu no fim do imbróglio para os brasileiros.

A retirada das tarifas excepcionais sobre 200 produtos brasileiros, incluindo a carne bovina, coincidiria com uma reunião entre os chefes da diplomacia dos dois países. A reversão foi interpretada por especialistas como conquista do Itamaraty. Segundo Lula, foi a vitória do "diálogo" e do "bom senso".

Já a piauí reportou que o magnata brasileiro foi um dos empresários a incitar Trump a rever o posicionamento sobre o julgamento de Bolsonaro. Uma suposta perseguição ao ex-presidente pelo Supremo Tribunal Federal (STF) foi parte da justificativa da Casa Branca para o tarifaço.

A Pilgrim, que pertence à JBS, doou 5 milhões de dólares (R$ 27,2 milhões) ao comitê encarregado da cerimônia de posse de Trump, na maior contribuição única. A senadora americana Elizabeth Warren, do Partido Democrata, sugeriu em maio que benefícios concedidos à JBS poderiam estar ligados à doação milionária.

Também no Brasil, a doação para campanhas eleitorais é uma antiga prática da empresa, que emprega 70 mil pessoas nos EUA. No Brasil estão outros 155 mil empregados.

Círculos de poder

Enquanto membros de alto calibre no agronegócio, Joesley e Wesley têm acesso regular a ambientes de negociação de alto nível. Logo que tomou posse, Lula levou a dupla numa visita oficial à China, como parte de uma comitiva com dezenas de representantes do setor.

"É do trabalho dessas empresas que nasce o poder que eleva o país para qualquer tipo de discussão com outras nações", escreveu Joesley, sobre a então iminente viagem, em artigo para a revista Veja. Chamou ainda aquele de "o momento perfeito" para "fortalecer a posição geopolítica" brasileira.

Na viagem pela Ásia deste ano, os empresários teriam sido os únicos, de outra comitiva do setor privado brasileiro acompanhando Lula, a se juntar a encontros reservados no palácio presidencial da Indonésia, reportou o Estadão.

Já na COP30, a Conferência do Clima das Nações Unidas, que aconteceu em Belém em novembro, eles ganharam credenciais para a Zona Azul, onde acontecem as negociações entre países, a convite do governo brasileiro. Outros convidados incluíram representantes da mineração, setor petrolífero, organizações não governamentais, comunidades tradicionais e povos indígenas.

Os dois irmãos foram presos em setembro de 2017, quando fecharam delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato. Eles seriam soltos seis meses depois.

Com os donos de volta aos círculos de poder, a JBS subiu 40% nos pregões ao longo dos doze meses até junho de 2025. Foi decisiva a entrada na bolsa de valores em Wall Street, que ocorreu na esteira da doação milionária a Trump, após o que Warren chamou de "quase uma década de tentativas".

A listagem em Nova York passou a ser narrada como um retorno triunfal de Joesley e Wesley após verem seus nomes envolvidos em escândalos de corrupção. Hoje, a fortuna dos filhos de Zé Mineiro, como era apelidado o dono de um açougue do interior goiano nos anos 1950, é avaliada pela Forbes em R$ 25 bilhões, a 17ª maior do Brasil.

Short teaser Dono da JBS foi à Venezuela pedir a Maduro que renuncie. Magnata já fez lobby contra tarifaço e atuou em outras agendas.
Author Heloísa Traiano (com informações da Reuters)
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Item 32
Id 75038724
Date 2025-12-05
Title Erupção vulcânica pode ter provocado Peste Negra na Europa
Short title Erupção vulcânica pode ter provocado Peste Negra na Europa
Teaser

Ilustração de livro medieval mostra europeus velando mortos pela Peste Negra

Pesquisadores alemães creem ter rastreado origem da doença que matou um terço da população europeia na Idade Média: patógeno teria vindo em grãos da Ásia Central, importados para combater fome gerada por catástrofe.Uma catástrofe climática que forçou uma reconsideração das rotas comerciais foi provavelmente responsável pela Peste Negra na Europa do século 14, sugerem pesquisadores. Publicado na revista Communications Earth & Environment , o novo estudo combinou registros históricos com análises de núcleos de gelo polar e anéis de árvores europeias. Os pesquisadores Martin Bauch, do Instituto Leibniz, na Alemanha, e Ulf Büntgen, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, concluíram que uma erupção vulcânica não identificada por volta de 1345 lançou cinzas e enxofre na atmosfera terrestre, resfriando o clima e causando quebras de safra em todo o Mediterrâneo. Isso forçou as poderosas cidades portuárias a abrirem o comércio com o império nômade Canato da Horda Dourada, que dominava a Ásia Central na época. Ao fazer isso, proporcionaram passagem segura para a Europa da Yersinia pestis, a bactéria causadora da peste . As cidades-Estado italianas haviam desenvolvido estratégias bem-sucedidas de segurança alimentar. Mas elas não foram páreo para a peste. "Por meio de uma combinação de várias coincidências, você obtém um efeito colateral inesperado. Você não poderia – da perspectiva do século 14 – calcular e prever que isso aconteceria: o mesmo sistema que te salva da fome levará à morte em massa quando a Peste Negra atinge sua cidade", disse Bauch, que é historiador ambiental. Origens da Peste Negra A peste é causada pela bactéria Yersinia pestis. Peste Negra é o nome dado a uma grande onda de peste que assolou a Europa entre 1347 e 1351. Se mordida por um animal, como uma pulga ou um roedor infectado com a bactéria, a pessoa desenvolve sintomas como inchaço dos gânglios linfáticos – chamados de "bubões" – e possivelmente uma combinação de febre, fadiga, vômitos, náuseas e dores. Se os pulmões são infectados, a peste se transforma em peste pneumônica – um tipo que se espalhava mais rapidamente e era sempre fatal. Felizmente, o desenvolvimento de antibióticos que matam bactérias praticamente relegou a doença ao passado. Mas ela ainda persiste como um problema em algumas partes do mundo, especialmente em Madagascar, na República Democrática do Congo e no Peru. Casos foram relatados recentemente no oeste dos Estados Unidos, da Bolívia, e no sul e centro da Ásia. O Brasil não registra casos humanos de peste desde 2005, de acordo com o Ministério da Saúde. O último ocorreu no Ceará. Atualmente, duas áreas são tidas como focos naturais da bactéria: a região Nordeste (exceto Maranhão e Sergipe) e a cidade de Teresópolis, no estado do Rio de Janeiro. Conforme o Ministério da Saúde, existem outras áreas pestígenas no território mineiro do Vale do Rio Doce e Vale do Jequitinhonha, que podem ser consideradas como extensão do foco do Nordeste. A Peste Negra provavelmente teve origem na Ásia Central. Em 2022, outro grupo de pesquisadores da Alemanha e do Reino Unido conseguiu identificar a origem da chamada "cepa original" da Yersinia pestis, ligando-a a surtos em 1338 nas montanhas Tian Shan, que fazem fronteira com o atual Quirguistão. É provável que, por meio do comércio e da movimentação humana, roedores e insetos portadores da doença tenham sido transportados por longas distâncias até a Eurásia Ocidental e a Europa, levando a peste consigo. Marcadores ambientais, implicações históricas, comércio A forma como a peste chegou à Europa tem sido amplamente debatida por pesquisadores. Neste estudo recente, Bauch e Büntgen utilizaram uma combinação de dados científicos e registros históricos para detalhar pelo menos uma possível via de entrada da doença no continente. Em seu artigo, eles argumentam que os anéis de crescimento de árvores em oito regiões da Europa e o enxofre vulcânico em núcleos de gelo polar mostram que uma grande erupção vulcânica tropical em 1345 pode ter causado um efeito de resfriamento climático que impactou as colheitas do Mediterrâneo e provocou a fome no sul da Europa. Registros mostram que importantes cidades portuárias italianas, como Veneza e Gênova, negociaram com a Horda Dourada mongol perto do fim dessa fome, para importar grãos pelas rotas comerciais do Mar Negro. O fornecimento de grãos para a região ajudou a evitar a fome entre os habitantes locais, mas provavelmente introduziu a peste, que continuou a se espalhar pelos estados italianos à medida em que os grãos chegavam a outras cidades. O uso de referências ambientais, como anéis de crescimento de árvores e núcleos de gelo, permite que cientistas e historiadores trabalhem juntos para entender como as mudanças ambientais podem ter influenciado eventos sociais e de saúde pública. Estudos de mudanças sutis nos anéis de crescimento de árvores e outros "indicadores naturais" auxiliam no que é conhecido como reconstrução paleoclimática – a compreensão de climas antigos. "Somente os anéis de crescimento de árvores têm a qualidade que realmente nos permite conectar as informações", disse Bauch. Uma vez que os dados científicos são combinados com registros históricos, pesquisadores como Bauch e Büntgen podem começar a explicar os fatores que podem ter impulsionado grandes eventos, incluindo a Peste Negra. Maria Spyrou, paleopatologista da Universidade de Tübingen, na Alemanha, que liderou o grupo que identificou a origem da peste em 2022, afirma que o novo estudo de Bauch e Büntgen adicionou mais uma peça ao quebra-cabeça de como a peste se infiltrou e infectou a Europa medieval. "O estudo [de Bauch e Büntgen] fornece mais evidências de que a pandemia surgiu em meados do século 14 e está em consonância com dados genéticos que mostram que os ancestrais das cepas da Peste Negra na Europa existiam tanto na região do Volga quanto na região de Tian Shan", disse Spyrou à DW por e-mail. Mas Spyrou pondera que, embora o estudo contribua ao apontar mais uma possível rota da peste, ainda não está claro como ela se espalhou pela Ásia Central. Bauch concorda com essa avaliação. Ele afirmou que o estudo deles oferece apenas uma das várias explicações possíveis sobre como a peste entrou e se espalhou pela Europa no século 14.


Short teaser Pesquisadores alemães creem ter rastreado origem da doença que matou um terço da população europeia na Idade Média.
Author Matthew Ward Agius
Item URL https://www.dw.com/pt-br/erupção-vulcânica-pode-ter-provocado-peste-negra-na-europa/a-75038724?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Ilustração de livro medieval mostra europeus velando mortos pela Peste Negra
Image source Photo12/Archives Snark/picture alliance
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Item 33
Id 75024746
Date 2025-12-05
Title IA prevê risco de câncer de mama com 5 anos de antecedência
Short title IA prevê risco de câncer de mama com 5 anos de antecedência
Teaser Modelo de inteligência artificial analisa mamografias para avaliar risco do desenvolvimento da doença. Técnica pode ajudar a identificar casos não detectados pelo exame tradicional.

Todos os anos, cerca de 2,3 milhões de casos de câncer de mama são diagnosticados em todo o mundo, e aproximadamente 670 mil mulheres morrem em decorrência da doença.

"O câncer de mama é a principal causa de morte por câncer entre as mulheres, mesmo com a triagem por mamografia", afirma a médica Christiane Kuhl, da Universidade Técnica da Renânia do Norte-Vestfália em Aachen (RWTH Aachen).

O motivo é que muitos casos de câncer de mama não são detectamos por meio da mamografia, pelo menos não em estágio inicial. Kuhl explica que em particular tumores agressivos e de crescimento rápido muitas vezes não são visíveis nas mamografias. São justamente esses tumores que matam muitas mulheres.

Agora um novo algoritmo promete reorientar a triagem: um modelo de inteligência artificial (IA) consegue avaliar com elevada precisão, simplesmente analisando dados de imagens de mamografia, o risco de uma pessoa desenvolver câncer de mama nos próximos cinco anos.

Num estudo, mulheres identificadas pelo algoritmo como tendo alto risco de desenvolver câncer de mama de fato apresentaram uma probabilidade significativamente maior de desenvolver a doença do que mulheres identificadas pela IA como tendo "risco normal".

"Essas mulheres desenvolveram câncer de mama quatro vezes mais frequentemente do que aquelas com baixa pontuação na IA", diz Kuhl, que é a autora principal do estudo. "Com a IA que desenvolvemos, podemos prever com muito mais precisão que uma mulher desenvolverá câncer de mama nos próximos cinco anos – com base em mamografias que não apresentam sinais da doença."

Rastreamento individualizado

Em geral, uma mamografia de rastreamento de câncer de mama é recomendada de forma sistemática para mulheres de 50 a 74 anos, a cada dois anos. No entanto, o risco individual de desenvolver a doença – e, portanto, a necessidade de uma detecção precoce eficaz – varia consideravelmente de uma mulher para a outra.

Por isso, Kuhl defende o rastreamento individualizado do câncer de mama. Afinal, a precisão da mamografia também varia significativamente de mulher para mulher: quanto mais denso o tecido mamário, maior o risco de desenvolver a doença – e pior a identificação pela mamografia. Muitas mulheres não sabem disso, conta a médica.

Médicos recomendam que mulheres com densidade mamária extremamente alta façam ressonância magnética (RM) para detecção precoce, um exame que ajuda a identificar o câncer de mama em estágio inicial de forma confiável.Embora a RM seja muito confiável, seu custo é muitas vezes maior do que o da mamografia ou da ultrassonografia, que são menos confiáveis.

IA pode decidir se RM é necessária

Para identificar quais mulheres precisam de uma RM para detecção precoce, o Consórcio Clairity (uma cooperação internacional de 46 instituições de pesquisa nos EUA, Canadá, América do Sul e Alemanha) desenvolveu o sistema de inteligência artificial Clairity Breast, que foi treinado com centenas de milhares de mamografias das Américas e da Europa.

Ao contrário dos modelos de risco tradicionais, o algoritmo não requer informações sobre histórico familiar, genética ou estilo de vida. Ele calcula a probabilidade de câncer de mama exclusivamente a partir da mamografia e categoriza as mulheres em grupos de risco com base em limiares definidos.

A IA reconhece não apenas a quantidade de tecido glandular, mas também sua textura, o que é outro parâmetro para o risco de câncer de mama. "Apenas cerca de 10% das mulheres têm esse tecido glandular extremamente denso. A grande maioria das que desenvolvem câncer de mama e recebem um diagnóstico tardio têm tecido menos denso", afirma Kuhl.

O avanço crucial, em sua opinião, é que "a IA pode decidir em segundos se uma mulher precisa ou não de uma ressonância magnética para detecção precoce".

Uma outra abordagem

Na maioria dos países, o rastreamento sistemático do câncer de mama começa aos 50 anos, porque o risco aumenta significativamente com a idade e os benefícios da mamografia generalizada são estatisticamente comprovados a partir dessa idade.

Embora as mulheres mais jovens tenham menos probabilidade de desenvolver câncer de mama, elas têm maior probabilidade de desenvolver tumores agressivos se vierem a ter a doença.

"Na verdade, especialmente as mulheres mais jovens se beneficiariam da detecção precoce – desde que ela funcione", afirma Kuhl. Pois justamente para mulheres mais jovens a mamografia costuma ser problemática: "Mulheres jovens geralmente têm tecido mamário denso – e isso torna a detecção precoce por mamografia especialmente difícil".

Porém, Kuhl diz que simplesmente reduzir a idade de rastreamento não é muito eficaz. Em vez disso, ela defende uma abordagem em duas etapas. "Primeiro, mamografia para detecção precoce; em seguida, uma análise por IA deve ser realizada para determinar o risco de desenvolvimento da doença nos próximos cinco anos."

Se o algoritmo indicar um risco particularmente alto, uma ressonância magnética deve ser oferecida, e a mamografia deixa de ser necessária para essas mulheres.

Short teaser Modelo de inteligência artificial analisa mamografias para avaliar risco do desenvolvimento da doença.
Author Alexander Freund
Item URL https://www.dw.com/pt-br/ia-prevê-risco-de-câncer-de-mama-com-5-anos-de-antecedência/a-75024746?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 34
Id 75024362
Date 2025-12-04
Title Varejo da Alemanha registra alta de falências
Short title Varejo da Alemanha registra alta de falências
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A Esprit, cadeia de lojas de roupas relativamente grande, fechou a última de suas lojas na Alemanha no início deste ano

Fechamentos de lojas somaram quase 2.500 em um ano, perto de recorde registrado há uma década. Segundo análise, setor foi impactado por crescimento do comércio online, especialmente de plataformas chinesas.A Alemanha tem registrado uma aceleração de falências no varejo, segundo um novo estudo, que contabilizou 2.490 falências entre agosto de 2024 e agosto de 2025. Segundo a análise da seguradora de crédito Allianz Trade, divulgada em Hamburgo nesta quinta-feira (04/12), o número se aproximou do recorde anterior de 2.520 casos, registrado entre 2015 e 2016. Concorrência de comércio online "O setor varejista ainda está lutando com as profundas mudanças em seu modelo de negócios, que começaram durante a pandemia", disse o especialista do setor da Allianz, Guillaume Dejean. "Para resistir à concorrência intensificada dos principais marketplaces online, os varejistas precisam investir pesadamente em canais digitais, merchandising orientado por dados e tecnologias inovadoras para o design de lojas." A Allianz Trade disse que muitas redes estão introduzindo sistemas autônomos de armazém, ferramentas de recomendação de produtos baseadas em IA e scanners robóticos de prateleiras. Outras estão testando robôs de serviço autônomos no piso de vendas para ajudar os clientes a encontrar itens. A seguradora afirmou que a situação continuará particularmente difícil para os pequenos varejistas – numa batalha que "lembra em parte a luta de Davi contra Golias". O estudo afirmou que essas inovações melhoram a experiência do cliente e a lucratividade, mas exigem grandes investimentos iniciais com que muitos operadores menores não podem arcar. No entanto, a seguradora também apontou sinais positivos, incluindo o aumento dos salários reais e a melhoria das condições de crédito. Plataformas chinesas Os ministros das Finanças da União Europeia concordaram em introduzir tarifas sobre encomendas de baixo custo de plataformas chinesas como Shein, Temu e AliExpress "o mais breve possível em 2026", o que poderá aliviar a pressão competitiva. No entanto, com a ligeira melhora nas perspectivas econômicas, o ritmo de aumento das insolvências parece estar diminuindo gradualmente, explicou a seguradora de crédito. "As insolvências no setor varejista alemão continuam aumentando, mas o ritmo está perdendo força", explicou Guillaume Dejean, especialista do setor da Allianz Trade. "Em agosto de 2025, o aumento foi de 13% em relação ao ano anterior, comparado a 20% no ano anterior." Há "certa esperança de que a situação melhore, pelo menos lentamente". md (AFP, ots)


Short teaser Fechamentos foram quase 2.500 em um ano, perto de recorde de uma década atrás. Comércio online seria uma das causas.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/varejo-da-alemanha-registra-alta-de-falências/a-75024362?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption A Esprit, cadeia de lojas de roupas relativamente grande, fechou a última de suas lojas na Alemanha no início deste ano
Image source Annette Riedl/dpa/picture alliance
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Item 35
Id 75011709
Date 2025-12-04
Title Investigação conclui que chefe do Pentágono pôs soldados em risco ao usar Signal
Short title Chefe do Pentágono teria arriscado tropas ao usar Signal
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Hegseth já está sob pressão devido aos ataques a embarcações no Mar do Caribe

Relatório do inspetor-geral do Pentágono critica Pete Hegseth por usar app de mensagens para debater ataque aos rebeldes houthis do Iêmen.O secretário de Defesa dos EUA , Pete Hegseth, colocou militares e a missão americana em risco ao divulgar, num chat no aplicativo de mensagens Signal, informação confidencial sobre um ataque a milícias houthis no Iêmen, segundo um relatório do órgão de fiscalização do Pentágono. A informação foi divulgada pela imprensa americana, que cita pessoas familiarizadas com os resultados da investigação do inspetor-geral do Pentágono, que ainda não foram divulgados publicamente. O que foi apurado aumenta a pressão sobre o antigo apresentador da emissora Fox News, que, num outro caso, está sendo acusado de ter dado uma ordem para matar náufragos de uma embarcação que havia sido atacada pelos EUA no Mar do Caribe em 2 de setembro. Hegseth não violou as regras de classificação com o chat no Signal, segundo o relatório, pois, como chefe do Pentágono, ele tem autoridade para desclassificar informações. Mas o aplicativo comercial não poderia ter sido usado para discutir os ataques planejados, afirma o relatório, pois uma informação tão sensível poderia ter colocado em risco a vida de soldados americanos e a própria missão se fosse interceptada. Hegseth se recusou a conceder uma entrevista ao inspetor-geral, disseram as pessoas ouvidas, que citam o relatório. Em vez disso, ele forneceu respostas por escrito. Ele também forneceu apenas um pequeno número de suas mensagens do Signal para revisão. Isso significou que a investigação teve que se basear em capturas de tela publicadas pela revista The Atlantic, cujo editor-chefe foi acidentalmente adicionado ao chat, de acordo com fontes. O documento feito pelo gabinete do inspetor-geral do Pentágono foi entregue ao Congresso na noite desta terça-feira (02/12). Uma versão parcialmente editada do relatório deverá ser divulgada publicamente ainda esta semana, possivelmente na quinta-feira. Trump mantém apoio a Hegseth A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que a revisão confirma as declarações do governo Trump de que "nenhuma informação confidencial foi vazada e a segurança operacional não foi comprometida". "O presidente Trump mantém o apoio ao secretário Hegseth", comunicou Leavitt na quarta-feira. Numa postagem em rede social na noite de quarta-feira, o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, chamou o resultado da inspeção de "uma absolvição TOTAL do secretário Hegseth". Segundo ele, o assunto está resolvido e o caso, encerrado. Hegseth debateu ataques no Iêmen O uso do aplicativo de mensagens comercial por Hegseth veio à tona quando o editor-chefe da revista The Atlantic, Jeffrey Goldberg, foi adicionado por engano a chat no Signal pelo então conselheiro de segurança nacional, Mike Waltz. O Signal é criptografado, mas não faz parte da rede de comunicações seguras do Departamento de Defesa e seu uso não está autorizado para informações confidenciais. O chat incluía o vice-presidente JD Vance, o secretário de Estado, Marco Rubio, e a diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, entre outros. Eles debateram as operações militares de 15 de março contra os houthis, que são apoiados pelo Irã, no Iêmen. O chat continha mensagens nas quais Hegseth revelava o horário dos ataques horas antes de eles acontecerem e informações sobre as aeronaves e mísseis envolvidos. Waltz enviava informações em tempo real sobre as consequências da ação militar. Mais tarde descobriu-se que Hegseth havia criado um segundo chat no Signal com 13 pessoas, incluindo sua esposa e seu irmão, onde compartilhou detalhes semelhantes sobre o mesmo ataque. A revista The Atlantic informou que Waltz havia programado algumas das mensagens do Signal para desaparecerem após uma semana e outras, após quatro, o que levantou questões sobre se a lei federal de registros foi violada. Trump rejeitou os pedidos de demissão de Hegseth e atribuiu a maior parte da culpa a Waltz, a quem acabou substituindo como conselheiro de segurança nacional, nomeando-o embaixador dos EUA nas Nações Unidas. as/cn (AP, AFP, Reuters, Lusa)


Short teaser Inspetor-geral do Pentágono critica Pete Hegseth por usar app de mensagens para debater ataque aos houthis.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/investigação-conclui-que-chefe-do-pentágono-pôs-soldados-em-risco-ao-usar-signal/a-75011709?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Hegseth já está sob pressão devido aos ataques a embarcações no Mar do Caribe
Image source Ricardo Hernandez/AP Photo/dpa/picture alliance
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Item 36
Id 75004211
Date 2025-12-03
Title Tudo o que você precisa saber sobre a última superlua do ano
Short title Tudo o que você precisa saber sobre a última superlua do ano
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A superlua pode ser vista de vários lugares do mundo, incluindo o Brasil

Satélite estará 27,3 mil quilômetros mais perto da Terra, parecendo maior e mais brilhante. Ilusão se deve a fenômeno pouco explicado pela ciência.Quem olhar para o leste na noite de quinta-feira (04/12) verá o ápice da última superlua de 2025. O fenômeno ocorre quando a lua cheia coincide com a aproximação máxima da lua à Terra, conhecida como perigeu. A lua então parece até 10% maior e muito mais brilhante do que o normal. Desta vez, a lua estará cerca de 27,3 mil quilômetros mais próxima do nosso planeta. Alguns especialistas utilizam o termo "superlua" para se referir às luas cheias ou novas que ocorrem quando o satélite está a 360 mil quilômetros ou menos da Terra. Outros consideram que a expressão se aplica quando a fase cheia ou nova acontece em um curto intervalo de tempo em relação ao perigeu. Para aproveitar ao máximo o fenômeno, recomenda-se buscar locais com boa visibilidade do horizonte, longe de poluição luminosa, e observar a Lua nas primeiras horas após o nascer, quando sua aparência próxima ao horizonte pode gerar efeitos visuais de maior impacto. Uma boa observação dependerá das condições climáticas. A melhor hora para apreciar o espetáculo será logo após o pôr do sol. Os horários variam conforme a cidade. Por exemplo, em São Paulo, o nascer da lua deve ocorrer por volta das 18h43; no Rio de Janeiro, às 18h27. O ápice do fenômeno deve ocorrer às 20h13 no horário de Brasília. "Ilusão lunar" no horizonte Se o céu estiver limpo, a lua poderá parecer maior do que o habitual quando nasce no horizonte. Isso se deve ao que é chamado de ilusão lunar — um fenômeno estranho para o qual ainda não há explicação científica definitiva. Essa ilusão faz com que humanos percebam objetos no horizonte como maiores do que realmente são. O mesmo ocorre com objetos que seguramos na mão, alinhados com a lua no horizonte. No caso da Lua, a variação na aparência do satélite se deve à sua órbita elíptica, e não circular. Ao longo desse percurso, a Lua ora se aproxima, ora se afasta da Terra, fazendo com que a distância entre os dois corpos varie de forma contínua e cíclica. Ao contrário do perigeu, o ponto mais distante recebe o nome de apogeu. Será possível também notar um tom amarelado na superlua quando ela surgir. Isso acontece porque a luz refletida percorre uma distância maior até alcançar nossos olhos, em comparação com quando a lua está mais alta no céu. O trajeto mais longo faz com que as ondas de luz azul se dispersem, deixando principalmente as ondas vermelhas, que chegam aos nossos olhos. À medida que ela sobe no céu e o percurso da luz diminui, a lua passa a parecer mais azulada. Nomes populares Apesar de divergências entre especialistas, o conceito de "superlua" acabou se tornando popular e foi incorporado pela comunidade científica como uma forma de aproximar a astronomia do público. Cada lua cheia tem também um nome descritivo, relacionado ao período do ano em que ocorre no Hemisfério Norte. Estas designações vêm principalmente de tradições norte-americanas, tanto indígenas quanto coloniais, e se tornaram comuns globalmente. São elas: Janeiro: Lua do Lobo Fevereiro: Lua da Neve Março: Lua da Minhoca Abril: Lua Rosa Maio: Lua das Flores Junho: Lua do Morango Julho: Lua do Cervo Agosto: Lua do Esturjão Setembro: Lua do Milho Outubro: Lua do Caçador Novembro: Lua do Castor Dezembro: Lua Fria Já em 2026, são esperadas três superluas. A primeira ocorrerá logo no início do ano, em 3 de janeiro. Depois, haverá uma longa espera até 24 de novembro. A última acontecerá em 24 de dezembro de 2026. ht (ots)


Short teaser Satélite estará mais perto da Terra, parecendo maior. Ilusão se deve a fenômeno pouco explicado pela ciência.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/tudo-o-que-você-precisa-saber-sobre-a-última-superlua-do-ano/a-75004211?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption A superlua pode ser vista de vários lugares do mundo, incluindo o Brasil
Image source Diego Vara/REUTERS
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Item 37
Id 74617158
Date 2025-11-04
Title Federação Albanesa de Voleibol exige "teste de gênero" em jogadora brasileira
Short title Liga albanesa de vôlei exige "teste de gênero" de brasileira
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Brasileira jogou em diversos países e tem 15 anos de carreira

Jogadora do KV Dinamo, Nayara Ferreira foi suspensa após denúncias de times rivais. Federação é acusada de discriminação contra atleta, que realizou o exame e se diz "destruída" pelas acusações.Uma decisão recente da Federação Albanesa de Voleibol (FSHV) de suspender a jogadora brasileira Nayara Ferreira e exigir que ela seja submetida a um teste de gênero tem gerado crescentes críticas no país dos Balcãs. O caso se tornou público no final de outubro e levou a fortes pressões contra a FSHV, acusada de discriminação contra a atleta. Ferreira, que defende o KV Dinamo, time da principal divisão feminina da Albânia, acumula 15 anos de carreira internacional, segundo o clube. Sites especializados mostram que ela passou por clubes de países europeus como Portugal, Finlândia e Espanha, e atua no vôlei feminino desde as categorias de base. No Brasil, iniciou no esporte em times como São Bernardo e Pinheiros. "Para maior transparência perante a opinião pública, confirmamos que as informações [de que uma investigação foi aberta] são verdadeiras", disse o KV Dinamo em nota publicada em 25 de outubro. "A decisão da Federação [...] surpreendeu completamente nosso clube, e não foi acompanhada de qualquer esclarecimento sobre os motivos concretos ou a base regulatória que justificasse um pedido tão incomum", concluiu. Em entrevista à DW, Ferreira diz não entender por que foi colocada nesta situação. "Me sinto destruída, como se estivesse perdendo a cabeça, porque penso muito sobre por que isso aconteceu comigo, porque fizeram isso comigo. Todo dia, no meu quarto, me faço essa pergunta e até agora não sei", disse ela. "Eles me pediram um teste de gênero. Eu já joguei em sete países, inclusive na Arábia Saudita. Nunca me fizeram essa pergunta antes, nunca." Ferreira fez o teste exigido pela FSHV voluntariamente, apenas porque não queria prejudicar o clube. "Não preciso provar a ninguém que sou mulher, porque eu sou mulher. 100%. [...] Não tenho palavras para explicar exatamente o que sinto”, acrescentou Ferreira. "Por que vocês [a FSHV] estão fazendo isso comigo? Só por olharem para meu rosto, só por verem meu cabelo?", continua. Equipes rivais exigem investigação Ferreira foi suspensa em outubro pela FSHV depois que duas equipes rivais, Vllaznia e Pogradec, solicitaram uma investigação. Em comunicado, a Federação afirmou que "análises pertinentes" seriam realizadas para "verificar o desempenho físico natural e determinar o gênero da jogadora". "A FSHV está agindo com cuidado e discrição, respeitando os princípios do fair play, da igualdade no jogo e da dignidade humana", escreveu o órgão. Até o momento, a brasileira ficou fora de três partidas. "Na ausência de quaisquer elementos concretos ou procedimentos definidos nos atos regulatórios, a exigência de submeter-se a tal teste, que afeta diretamente a dignidade e a integridade pessoal da jogadora, deixa margem para muitas incertezas sobre como esta questão foi conduzida e sobre os padrões que deveriam ser respeitados no esporte moderno", continuou o Dinamo em sua nota. A capitã do Dinamo, Elena Bego, disse que foi uma situação difícil para a equipe. "Em parte, coube a mim comunicar a notícia às outras jogadoras. Ficamos todos chocados. Este caso é extremamente escandaloso", disse Bego à DW. "Apoiamos Nayara durante todo o tempo." O treinador do Dinamo, Orlando Koja, acrescentou que a ausência de Nayara também teve um grande impacto esportivo, já que a equipe ficou desfalcada em partidas importantes. "Suspensão por motivos discriminatórios" Ao jornal Balkan Insight o Comissário da Albânia para a Proteção contra a Discriminação, Robert Gajda, diz que a suspensão de Ferreira foi discriminatória e "homofóbica". Ele acredita que todo o caso está sendo alimentado pela mesma desinformação que tem alimentado ataques a um projeto de lei para a igualdade de gênero que está em discussão no país. "Existem vários problemas à primeira vista. A situação começou inteiramente com base no preconceito, e uma suspensão foi imposta totalmente por motivos discriminatórios", disse ele ao Balkan Insight. "A jogadora está registrada internacionalmente, tem uma experiência muito longa em muitos clubes ao redor do mundo e é legalmente documentada como mulher." Em declarações posteriores, a Federação se disse preocupada sobre como o caso, que afirmou ser "de natureza inteiramente esportiva" se tornou um pretexto para "violar os direitos de indivíduos ou de certas comunidades". Também afirmou que encaminhará medidas disciplinares contra "insultos públicos e intimidação" supostamente praticados pela equipe do Dinamo. A questão de gênero no esporte feminino tem se tornado um tema de maior controvérsia nos últimos anos, especialmente após a polêmica global envolvendo Imane Khelif, a atleta olímpica argelina que conquistou ouro no boxe em Paris. Neste ano, a federação de boxe passou a exigir testes obrigatórios de gênero para todos os atletas.


Short teaser Jogadora do KV Dinamo, Nayara Ferreira realizou o exame e se diz "destruída" pelas acusações.
Author Jonathan Harding
Item URL https://www.dw.com/pt-br/federação-albanesa-de-voleibol-exige-teste-de-gênero-em-jogadora-brasileira/a-74617158?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
Image URL (940 x 411) https://static.dw.com/image/61491866_354.jpg
Image caption Brasileira jogou em diversos países e tem 15 anos de carreira
Image source Gelhot/Fotostand/picture alliance
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Item 38
Id 74224547
Date 2025-10-02
Title Futebol do Leste alemão segue em crise, 35 anos após Reunificação
Short title Futebol do Leste alemão segue em crise após Reunificação
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1. FC Magdeburg, que já conquistou a Europa, é um dos poucos times do Leste nas principais divisões do futebol alemão

Dos 56 times nas três principais divisões alemãs, apenas seis são da antiga Alemanha Oriental. Mas, apesar das disparidades com o Oeste, uma nova geração de jogadores traz esperanças.Há pouco mais de 50 anos, o 1. FC Magdeburg conseguiu um feito do qual nenhum outro time da Alemanha Oriental chegou perto, ao conquistar a Copa da Europa – a atual Liga dos Campeões. Hoje, após uma longa jornada nas ligas inferiores, o clube está na segunda divisão do futebol alemão. "Acho que era impossível prever naquela época o que aconteceria com o futebol no Leste, especialmente logo após a Reunificação da Alemanha. Havia muitos fatores desconhecidos. Acho que as pessoas podem ter sido um pouco ingênuas", disse à DW Carsten Müller, que jogou no Magdeburg antes e depois da queda do Muro de Berlim e agora dirige as categorias de base da equipe. A transformação do Magdeburg, de rei continental para um time de segunda divisão, reflete o destino de muitos de seus pares na Alemanha Oriental. Dos 56 times profissionais nas três principais divisões da Alemanha, apenas seis são da antiga República Democrática da Alemanha (RDA). O sétimo clube do Leste, o RB Leipzig, foi fundado após a Reunificação. Décadas após a queda do Muro de Berlim, as divisões geográficas permanecem tanto no futebol masculino quanto no feminino. Sonhos despedaçados "Quando as empresas que cercam um clube se desintegram e a situação econômica da cidade e da região só piora, você se depara repentinamente com uma onda de desafios. Jogadores e clubes são constantemente submetidos a novos testes", disse Müller. O choque gerado pela onda de privatizações que atingiu a indústria da Alemanha Oriental após a queda do Muro de Berlim também impactou o futebol. Clubes anteriormente estatais do Leste repentinamente tiveram que competir com os abastados times ocidentais. "Muitos jogadores do Leste foram rapidamente levados para a Bundesliga [a primeira divisão do futebol alemão] pelos clubes ocidentais", disse Marco Hartmann, ex-jogador do Dínamo Dresden e atual chefe das categorias de base, à DW. "Isso significou que os melhores jogadores do Dínamo também foram rapidamente contratados naquela época, e a um preço bastante baixo, o que não beneficiou muito o clube." O Dínamo Dresden, oito vezes campeão da Alemanha Oriental – atualmente jogando na segunda divisão –, tornou-se apenas mais uma peça na liquidação do Leste para os ricos clubes da Bundesliga. A partir daí, as coisas só pioraram. "Muitos clubes do Leste tiveram gestões financeiras extremamente ruins. Acho que isso se deveu a todas as novas possibilidades que não estavam disponíveis anteriormente através do financiamento estatal", disse Hartmann. Rebaixamentos e falências, muitas vezes andando de mãos dadas, tornaram-se comuns. Os dois únicos clubes da Bundesligada região, o Union Berlin e o RB Leipzig, são exceções. O Union Berlin, na primeira divisão desde 2019, se beneficia de uma infraestrutura mais ampla e de maiores oportunidades financeiras à sua disposição por ser um time da capital. A controversa propriedade estrangeira do RB Leipzig e a falta de um histórico na Guerra Fria tornam a trajetória do clube dificilmente comparável com seus rivais na Bundesliga. Caminhos diferentes, destinos semelhantes Enquanto os clubes masculinos do Leste se esforçavam ao máximo para se manter vivos, um time feminino da antiga RDA ascendia ao topo do futebol. O Turbine Potsdam conquistou seis títulos da Bundesliga e dois da Liga dos Campeões entre 2004 e 2012, em parte porque o futebol feminino oferecia um ambiente significativamente mais equilibrado. "Acho que no futebol feminino não era preciso investir tanto, em comparação com um time masculino", disse à DW a ex-jogadora Anja Mittag. Ela acredita que o clube prosperou graças à influência do técnico Bernd Schröder, que comandou a equipe desde sua fundação, em 1971, até 2016. O sucesso ajudou o clube a conquistar apoio e infraestrutura vitais. "Ainda precisávamos de bons patrocínios e público para ganhar dinheiro. Foi grandioso, tínhamos uma cidade que realmente nos apoiava em Potsdam", disse Mittag. "Se você tem sucesso, atrai jogadoras. Acho que vencer a Liga dos Campeões nos deu uma grande vantagem", acrescentou. "Além disso, não havia muitos outros times de ponta para escolher naquela época, principalmente em comparação com o futebol masculino." Desde então, o Turbine tem lutado para acompanhar vários clubes masculinos que recentemente investiram pesadamente no futebol feminino, a grande maioria dos quais está no oeste. O antigo clube de Mittag passou por uma década de lento declínio, que finalmente o levou ao rebaixamento em 2023. O time feminino oriental de maior sucesso agora é o RB Leipzig, onde Mittag é treinadora. A ex-atleta da seleção alemã ingressou no clube como jogadora da terceira divisão e acompanhou o Leipzig durante a ascensão à Bundesliga em 2023, como reserva. "Acho importante para a região criar oportunidades diferentes. Acho que isso realmente cria muitas possibilidades para jovens jogadoras e torna as coisas mais atraentes", observou. Esperanças para o futuro Segundo Mittag, o RB Leipzig se concentra em suas categorias de base para fortalecer seu elenco e alcançar a meta de classificação para a Liga dos Campeões a médio prazo. Embora a classificação europeia seja um sonho distante para a maioria dos times masculinos da antiga Alemanha Oriental, o sucesso nas categorias de base pode ser a única maneira de se tornar mais competitivo em um ambiente cada vez mais desigual. "Trata-se de desenvolver jogadores titulares que se identifiquem com o clube e sejam apaixonados por jogar pelo Dínamo Dresden. É muito importante para nossos sócios e torcedores que tenhamos jogadores da região e, idealmente, os próprios torcedores, no time", disse Hartmann. "Não acho que ser considerado um clube em desenvolvimento seja algo ruim", afirmou Müller. "Precisamos encontrar maneiras de desenvolver jogadores para o nosso time principal. [O Magdeburg] tem muito potencial e investiu pesado no futuro." Embora a disparidade financeira entre os times ocidentais da Bundesliga e a maioria dos clubes do Leste ainda permaneça intransponível, o investimento no futebol juvenil já começa a dar resultados. Segundo a emissora alemã ZDF, 22% dos 880 jogadores que representaram a Alemanha nas categorias de base na última década são do Leste. Considerando que apenas 18% da população alemã vem de estados da região, a super-representação no futebol juvenil é um sinal de que as coisas estão caminhando na direção certa. Seja qual for o futuro, os clubes do Leste – assim como seus torcedores – o aceitarão com naturalidade. "O futebol no Leste sempre mostrou que raramente caímos em lamentações. Em vez disso, sempre mostramos que, independentemente das dificuldades, mantemos a cabeça erguida. É disso que as pessoas se orgulham", disse Müller.


Short teaser Dos 56 times nas três principais divisões alemãs, apenas seis são da antiga Alemanha Oriental.
Author Dave Braneck
Item URL https://www.dw.com/pt-br/futebol-do-leste-alemão-segue-em-crise-35-anos-após-reunificação/a-74224547?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
Image URL (940 x 411) https://static.dw.com/image/70714241_354.jpg
Image caption 1. FC Magdeburg, que já conquistou a Europa, é um dos poucos times do Leste nas principais divisões do futebol alemão
Image source Melanie Zink/Sportfoto Zink/picture alliance
RSS Player single video URL https://rssplayer.dw.com/index.php?lg=bra&pname=&type=abs&image=https://static.dw.com/image/70714241_354.jpg&title=Futebol%20do%20Leste%20alem%C3%A3o%20segue%20em%20crise%2C%2035%20anos%20ap%C3%B3s%20Reunifica%C3%A7%C3%A3o

Item 39
Id 63791517
Date 2025-09-10
Title Quais as diferenças entre os Artigos 4° e 5° da Otan?
Short title Quais as diferenças entre os Artigos 4° e 5° da Otan?
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Estado-membro da Otan pode invocar o Artigo 4° do tratado quando se sentir ameaçado

Polônia invocará Artigo 4° da aliança após derrubar drones russos que invadiram seu espaço aéreo. Otan possui mecanismos com medidas a serem adotadas em caso de ataque a seus países-membros.Após drones russo terem invadido nesta quarta-feira (10/09) o espaço aéreo da Polônia, o país – que faz parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) – anunciou que invocará o Artigo 4° da aliança. Um Estado-membro da Otan pode invocar o Artigo 4° do tratado quando se sentir ameaçado por um outro país ou organização terrorista. Logo em seguida, os 30 membros da aliança iniciam consultas formais e analisam se existe uma ameaça e como combatê-la, tomando decisões por unanimidade. O Artigo 4° não significa, entretanto, que haverá uma pressão direta para agir. Esse mecanismo de consulta foi acionado várias vezes na história da Otan. Por exemplo, pela Turquia, há um ano, quando soldados turcos foram mortos num ataque da Síria. Naquela época, a aliança fez consultas entre seus membros, mas decidiu não tomar atitudes. Quais as diferenças entre os Artigos 4° e 5°? Após a Rússia invadir a Ucrânia no final de fevereiro, os membros da Otan Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia evocaram o Artigo 4°. Junto com a Eslováquia, Hungria e Romênia, esses países fazem parte do chamado "flanco oriental" da Otan, que foi reforçado com milhares de tropas de membros da aliança. Na Carta da Otan, o Artigo 4° difere do 5°. Este último estabelece a assistência militar de toda a aliança se um dos Estados-membros for atacado. O Artigo 5° foi acionado apenas uma vez: após os ataques da Al-Qaeda contra os EUA, quando a organização terrorista causou a morte de mais de 3 mil pessoas. Em resposta aos ataques terroristas de 11 de Setembro, os aliados da Otan também se juntaram aos EUA na luta no Afeganistão. O tratado da Otan se aplica apenas aos Estados-membros. Pelo fato de a Ucrânia não fazer parte da aliança, Kiev não pode acionar o Artigo 4° nem o 5°.


Short teaser Polônia invocará Artigo 4° da aliança após derrubar drones russos que invadiram seu espaço aéreo.
Author Bernd Riegert
Item URL https://www.dw.com/pt-br/quais-as-diferenças-entre-os-artigos-4°-e-5°-da-otan/a-63791517?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Estado-membro da Otan pode invocar o Artigo 4° do tratado quando se sentir ameaçado
Image source Christoph Hardt/Panama/picture alliance
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Item 40
Id 73592603
Date 2025-08-10
Title Lesão cerebral mata dois boxeadores no mesmo evento no Japão
Short title Lesão cerebral mata dois boxeadores no mesmo evento no Japão
Teaser Atletas japoneses, ambos com 28 anos, foram hospitalizados após lutas separadas ocorridas no mesmo dia e não resistiram aos ferimentos na cabeça.

Dois boxeadores japoneses morreram em decorrência de lesões cerebrais sofridas em lutas separadas no mesmo dia 2 de agosto último e no mesmo evento em Tóquio, informou a mídia japonesa neste domingo (10/08).

O superpluma Shigetoshi Kotari morreu na última sexta-feira e o peso leve Hiromasa Urakawa, neste sábado. Ambos tinham 28 anos. Eles foram levados ao hospital, onde passaram por uma cirurgia no cérebro, mas não resistiram.

Os dois atletas foram operados no crânio devido a um hematoma subdural, quando ocorre acúmulo de sangue entre o cérebro e o crânio.

Kotari empatou após 12 rounds contra o também japonês Yamato Hata e desmaiou logo depois.

Já Urakawa perdeu por knockout no oitavo e último round contra Yoji Saito. O atleta "sucumbiu tragicamente aos ferimentos sofridos em sua luta", informou a Organização Mundial de Boxe no Instagram.

Entidade reformula regra

Tsuyoshi Yasukochi, secretário-geral da Comissão Japonesa de Boxe, disse à mídia local que esta pode ser "a primeira vez no Japão que dois lutadores passaram por cirurgias de abertura de crânio para tratar ferimentos sofridos no mesmo evento".

Em resposta, a entidade anunciou que todas as lutas pelo título da Federação de Boxe do Oriente e do Pacífico serão reduzidas de 12 para 10 rounds.

Terceira morte no boxe em um ano

A morte de Urakawa marca a terceira fatalidade no boxe mundial devido a lesões no ringue neste ano.

Em fevereiro passado, o boxeador irlandês John Cooney morreu, também aos 28 anos, uma semana após ser hospitalizado após sua derrota pelo título superpluma do Celtic para Nathan Howells em Belfast.

Ele sofreu uma lesão cerebral grave durante a luta.

Apelos por uma supervisão mais rigorosa do boxe – tanto no Japão quanto internacionalmente – vêm ganhando força após as fatalidades.

Ativistas exigem lutas mais curtas, exames médicos obrigatórios após as lutas e aplicação mais rigorosa dos protocolos de concussão.

md (Reuters, AFP, AP)

Short teaser Atletas japoneses, ambos com 28 anos, foram hospitalizados após lutas separadas realizadas no mesmo dia.
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Item 41
Id 73216916
Date 2025-07-13
Title O drama de um boxeador vítima de doping na Alemanha Oriental
Short title O drama de um boxeador vítima de doping na Alemanha Oriental
Teaser Cerca de 15 mil atletas da antiga Alemanha Oriental foram dopados durante anos sem seu consentimento, com danos graves e duradouros à saúde. Um deles é o boxeador Andreas Wornowski.

Andreas Wornowski teve a sensação de que algo estava errado em 1993, quatro anos após a mudança política que derrubou o regime comunista da República Democrática da Alemanha (RDA), a Alemanha Oriental. "Um médico no hospital da Bundeswehr (Forças Armadas alemãs) me perguntou diretamente sobre drogas para melhorar o desempenho esportivo. Minha resposta foi dar de ombros. Não admiti essa ideia, nunca mais pensei no assunto e o ignorei."

Há mais de quatro décadas o ex-boxeador de 54 anos sofre consequências graves para a sua saúde, com dores dia e noite – a começar pela mão esquerda, que usava para dar socos, incapacitada. O quadro é agravado por uma depressão grave. O ex-atleta da RDA se deu conta de que essas são consequências do doping forçado na RDA, o que fez com que ele começasse a lidar com seu passado.

Início de carreira aos 13 anos

O caminho de Wornowski para os esportes de elite começou relativamente tarde, aos onze anos. Com talento, disciplina e dedicação aos treinamentos, ele se tornou campeão distrital em sua faixa etária em Magdeburg apenas um ano depois.

Aos treze anos, ingressou na Escola de Esportes Infantis e Juvenis de Berlim, um internato esportivo de elite onde a RDA formava seus futuros medalhistas, onde Wornowski morou até atingir a maioridade, só podendo voltar para casa a cada quatro semanas.

Inicialmente, sua mãe, enfermeira de profissão, era estritamente contra o boxe. O esporte era brutal demais para ela. Mas o pai de Wornowski e o conselho distrital de sua cidade natal a convenceram.

Olhando para o passado, Wornowski compreende a preocupação de sua mãe. Praticar boxe significava consentir com agressões físicas. Se a força dos golpes fosse então aumentada com medicamentos, culminava em um verdadeiro "massacre com material corporal", nas palavras do ex-boxeador, com golpes de "martelo a vapor" na cabeça.

Na seleção juvenil da RDA

Ele descreve o período que viveu a partir de então como "uma espécie de campo de treinamento extremo", no qual crianças e adolescentes eram obrigados a atingir seu potencial máximo por meio de medicamentos para melhorar o desempenho, aliviar a dor e desinibir, sob enorme pressão psicológica e física para demonstrarem bom desempenho.

Qualquer um que não conseguisse suportar isso ou fizesse perguntas incômodas sobre comprimidos ou injeções era expulso. Na 8ª série havia 21 jovens e, na 10ª, apenas quatro.

Wornowski rapidamente alcançou o sucesso e chegou à seleção juvenil da RDA. A partir de 1986, ele passou a receber regularmente vários medicamentos na forma de cápsulas azuis, pretas e vermelhas oficialmente rotuladas como "vitaminas e agentes de reforço imunológico".

Hoje, Wornowski está convencido de que esses medicamentos incluíam o agente anabolizante Oral-Turanibol, o esteroide anabolizante Mestanolona, a substância de teste esteroide 646 e drogas psicotrópicas projetadas para aumentar a agressividade.

Esses medicamentos foram comprovadamente administrados a todo o grupo de treinamento de Wornowski durante os tratamentos experimentais de treinamento sob a direção de Hans Gürtler, um renomado médico esportivo da Alemanha Oriental e corresponsável pelo programa estatal de doping, que, a partir de 1974, ficou conhecido como "Plano Estatal Tema 14.25".

Sessões brutais de treinamento

O auge esportivo de Wornowski começou aos 16 anos, quando ele se tornou campeão juvenil dos meio-pesados da Alemanha Oriental e venceu torneios internacionais. Tornou-se representante da RDA, um "diplomata de agasalho de treino", como era chamado na época.

Um memorando da Stasi, a polícia secreta da RDA, atestava que Wornowski "determina o nível de desempenho da RDA em sua idade e categoria de peso." A decisão em suas lutas era frequentemente tomada por nocaute no primeiro round. "Por mais de um ano, ninguém ficou em pé", diz o ex-boxeador.

Mas, paralelamente à sua fama, seu declínio físico aumentou. As dores aumentaram e seus ferimentos se acumularam: um nariz quebrado, pálpebras costuradas e dentes arrancados.

Somou-se a isso um treinamento implacável com até quatro sessões de duas horas por dia. Em circunstâncias normais, isso vai além dos limites de resistência física. "Eu realmente não conseguia continuar, mas fui em frente mesmo assim. Hoje eu diria [que aquelas eram] condições brutais", lembra Wornowski.

Ele afastava a dor ingerindo até 20 analgésicos por dia, algo que não era incomum para ele. Para perder peso antes de uma competição, ele frequentemente tinha que fazer seu treinamento com luvas – socos com luvas de boxe em almofadas especiais seguradas pelo treinador – em uma sauna a uma temperatura de 90º C.

Na Universidade Alemã de Cultura Física e Esportes em Leipzig, ele foi até forçado a desmaiar em uma esteira ergométrica para testar seus limites de desempenho. Apenas uma cinta o impedia de cair.

Fim de carreira por razões políticas

A carreira esportiva de Wornowski terminou abruptamente aos 19 anos, na primavera de 1989, mais de seis meses antes da queda do Muro de Berlim. Oficialmente, isso ocorreu devido a seus problemas de saúde, principalmente oculares. Wornowski, no entanto, acredita que o motivo teria sido o fato de que ele havia se recusado a se filiar ao partido estatal da Alemanha Oriental, o Partido Socialista Unitário (SED).

O que lhe restou foi uma profissão para a qual nunca havia se formado: mecânico de automóveis. Wornowski nunca havia visto o interior de uma oficina mecânica, mas a Stasi lhe forneceu um exame profissional.

Oficialmente, como todos os atletas competitivos na RDA, ele era considerado amador, já que não havia em caráter oficial esportes profissionais no regime socialista.

Após a Reunificação alemã – em 3 de outubro de 1990 – foi somente em 1997 que alguns processos judiciais trouxeram à tona a extensão do doping estatal da Alemanha Oriental. Em resposta, diversas leis de auxílio às vítimas de doping foram aprovadas em 2002 e posteriormente. Por meio delas, cerca de 2.000 pessoas afetadas, incluindo Wornowski, receberam pagamentos únicos de 10.500 euros cada (R$ 67 mil).

Essas leis, porém, já expiraram. Os procedimentos atuais de reconhecimento são complicados e envolvem enormes obstáculos. A Associação de Assistência às Vítimas de Doping estima que cerca de 15.000 pessoas sejam afetadas.

Wornowski luta por uma pensão mensal devido aos danos causados à sua saúde. Um pedido foi rejeitado, uma vez que é difícil provar os danos causados pelo doping da RDA. Todos os seus registros médicos desapareceram, o que o levou a entrar com uma ação judicial.

"Esta é uma grande tragédia. O verdadeiro problema para as pessoas afetadas é que seus registros médicos desapareceram e elas estão em uma situação difícil que provavelmente não será resolvida mesmo com a emenda" explica o advogado de Wornowski, Ingo Klee, se referindo a uma nova regulamentação que visa beneficiar as vítimas de doping da RDA.

Mudança na lei traz novas esperanças

Alguns ex-funcionários e médicos do sistema esportivo da RDA ocupam cargos importantes ainda nos dias atuais, afirma Michael Lehner, presidente da Associação de Assistência às Vítimas de Doping.

No caso de Wornowski, o chefe dos serviços médicos do estado de Brandemburgo redigiu um parecer médico negativo. O especialista trabalhou no serviço de medicina esportiva da RDA no final da década de 1980, justamente a instituição responsável pela implementação prática do doping forçado. O médico em questão, porém, nega qualquer envolvimento em práticas de doping.

Lehner tem esperanças em uma nova regulamentação que visa inverter o ônus da prova: para certas doenças típicas, o doping deve ser considerado a causa. No entanto, isso não é de forma alguma automático, alerta Klee. O advogado de Wornowski diz que os órgãos de Previdência Social ainda podem duvidar dos danos resultantes do doping, por exemplo, citando um histórico de saúde familiar.

"Não é só a falta de provas, os problemas de saúde, as dificuldades financeiras – isso tudo é repugnante e quase insuportável", diz Wornowski. Hoje, ele e a esposa vivem uma vida isolada em sua casa em uma floresta. Alguns de seus antigos companheiros de treino já faleceram. "Em todos os funerais, todos têm o mesmo pensamento: quem vai saber o que nos deram naquela época?"

Short teaser Cerca de 15 mil atletas foram dopados durante anos sem consentimento. Um boxeador ainda luta pela verdade dos fatos.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/o-drama-de-um-boxeador-vítima-de-doping-na-alemanha-oriental/a-73216916?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 42
Id 72986020
Date 2025-06-21
Title Ataques israelenses agravam situação de refugiados afegãos no Irã
Short title Conflito agrava situação de refugiados afegãos no Irã
Teaser Em meio à ofensiva israelense, refugiados no Irã enfrentam abusos, fome e medo de deportação enquanto buscam segurança longe do regime talibã.

O conflito entre Irã e Israel está sendo sentido pelos afegãos tanto em seu país quanto do outro lado da fronteira, no Irã. O combate piora ainda mais as condições já críticas do Afeganistão, onde os preços dos produtos importados do lado iraniano dispararam.

Enquanto isso, milhões de afegãos que fugiram para o Irã em busca de segurança enfrentam agora incertezas e pressões renovadas das autoridades, com a escalada do conflito armado: "Não temos onde morar", queixa-se a refugiada afegã Rahela Rasa. "Tiraram a nossa liberdade de ir e vir. Somos assediados, insultados e maltratados."

Condições deterioram para afegãos no Irã

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) registra que cerca de 4,5 milhões de afegãos residem no Irã, embora segundo outras fontes esse número possa ser muito maior. O Irã já deportou milhares de afegãosnos últimos anos, mas o afluxo continua. Muitos buscam emprego ou refúgio do regime do Talibã.

Depois da saída dos Estados Unidos do Afeganistão, em 2021, o Talibã desmantelou a mídia e a sociedade civil do país, perseguiu ex-membros das forças de segurança e impôs severas restrições a mulheres e meninas, proibindo-as de trabalhar e estudar.

As condições também se deterioraram para os afegãos que vivem em solo iraniano. Os refugiados só têm permissão para comprar alimentos a preços extremamente inflacionados e estão proibidos de sair da capital, Teerã.

Sob anonimato, uma refugiada comenta que não consegue comprar leite em pó para seu bebê: "Em todo lugar aonde eu vou, eles se recusam a vender para mim, porque não tenho documentos necessários."

Sem opção de retorno

Atualmente alvo de ataques israelenses, o Irã, que antes oferecia abrigo, já não parece mais seguro. Alguns afegãos já morreram em bombardeios. Abdul Ghani, da província afegã de Ghor conta que seu filho Abdul Wali, de 18 anos, recentemente concluiu os estudos e se mudou para o Irã para ajudar a família.

"Na segunda-feira, falei com o meu filho e pedi que nos enviasse algum dinheiro. Na noite seguinte, seu empregador me ligou para informar que ele havia sido morto em um ataque. Meu coração está partido. O meu filho se foi."

Retornar ao Afeganistão não é uma opção viável para a maioria dos refugiados, que temem ser perseguidos pelo regime talibã. Um ex-membro das forças de segurança do Afeganistão, falando sob anonimato, revela que vivia em medo constante: "Não podemos voltar ao Afeganistão, o Talibã nos perseguiria."

Mohammad Omar Dawoodzai, ex-ministro do Interior afegão e embaixador no Irã no governo anterior, insta a comunidade internacional a agir para proteger ex-funcionários e militares que podem ser forçados a retornar ao Afeganistão se o conflito entre Israel e Irã se prolongar.

"Estou particularmente preocupado com os ex-militares e servidores públicos que fugiram para o Irã após a tomada do poder pelo Talibã. A comunidade internacional deve responsabilizar o Talibã e garantir que os repatriados não sejam perseguidos."

Traficantes de pessoas exploram medos

Redes de tráfico humano parecem estar explorando o desespero dos refugiados afegãos. Circularam rumores sugerindo que a Turquia abriu as suas fronteiras.

Mas Ali Reza Karimi, um defensor dos direitos dos migrantes, nega a abertura das fronteiras, afirmando tratar-se de informação de falsa, espalhada por traficantes. Os voos estão suspensos, e a fronteira da Turquia só está aberta para cidadãos iranianos e viajantes com passaporte e visto válidos, e permanece fechada para afegãos. Ele aconselha os refugiados afegãos a não caírem nas mentiras dos traficantes e evitarem armadilhas.

O ex-ministro Dawoodzai reforça: "Fui informado que traficantes de pessoas estão dizendo aos refugiados para se dirigirem à Turquia, alegando que as fronteiras estão abertas, mas isso cria mais uma tragédia. Chegando lá, eles só vão descobrir que as fronteiras estão fechadas."

Ele apela aos refugiados afegãos no Irã para que não precipitem: "Na medida do possível, nosso povo deve permanecer onde está e esperar pacientemente. E se, por qualquer motivo, forem forçados a se mudar, que se dirijam à fronteira afegã, não à Turquia."

Short teaser Conflito Irã-Israel agrava crise de refugiados afegãos no Irã, que enfrentam abusos, fome e medo de deportação.
Author Shakila Ebrahimkhail, Ahmad Waheed Ahmad
Item URL https://www.dw.com/pt-br/ataques-israelenses-agravam-situação-de-refugiados-afegãos-no-irã/a-72986020?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 43
Id 57531509
Date 2025-06-13
Title Como funciona o Domo de Ferro, sistema antimísseis de Israel
Short title Como funciona o Domo de Ferro, sistema antimísseis de Israel
Teaser Aclamado como "seguro de vida" do país, sistema teria interceptado ao menos 5 mil projéteis desde 2011. Devido ao custo alto, só é empregado para proteger áreas habitadas.

A escalada das agressões entre Israel e Irã nesta sexta-feira (13/06) colocou à prova a eficácia do sistema antimísseis israelense Iron Dome (Domo de Ferro), que desde 2011 é empregado para impedir ataques aéreos estrangeiros no país.

Após o exército israelense atingir instalações nucleares iranianas, Teerã retaliou lançando dezenas de mísseis contra Israel. A maioria foi interceptada pelo sistema de defesa, mas alguns conseguiram furar o bloqueio e atingir sete pontos da capital.

Em outubro de 2024, o sistema foi mais eficiente. Na ocasião, o Irã lançou mísseis contra Tel Aviv em retaliação à ofensiva israelense no sul do Líbano, mas o Domo de Ferro impediu danos maiores. Desde o início do conflito contra o Hamas, em outubro de 2023, o sistema também já barrou projéteis disparados de Gaza, Líbano, Síria, Iraque e Iêmen.

Sistema de três elementos

A defesa aérea israelense consiste em um sistema de três níveis. O "David's Sling" (também conhecido como a parede mágica) é responsável por barrar mísseis de médio alcance, drones e mísseis de cruzeiro. O sistema Arrow tem como alvo os mísseis de longo alcance.

Já o Domo de Ferro intercepta mísseis de curto alcance e projéteis de artilharia.

Louvado como "seguro de vida para Israel", o Domo de Ferro consiste de uma unidade de radar e um centro de controle, com a capacidade de reconhecer, logo após seu lançamento, projéteis – por exemplo, foguetes – que se aproximem voando, e de calcular sua trajetória e alvo.

O processo leva apenas segundos. O Domo também conta com baterias para lançamento de mísseis. Cada sistema possui três ou quatro delas, com lugar para 20 projéteis de defesa, os quais só são disparados quando está claro que um míssil mira uma área habitada. Eles não atingem o foguete inimigo diretamente, mas explodem em sua proximidade, destruindo-o. No entanto, a consequente queda de destroços ainda pode causar danos.

Os dez sistemas atualmente operacionais em Israel são móveis, podendo ser deslocados segundo a necessidade. Segundo a fabricante, a empresa armamentista estatal Rafael Advanced Defence Systems, uma única bateria é capaz de proteger uma cidade de tamanho médio.

90% de êxito, mas com custos altos

O "Domo de Ferro" é especializado na neutralização de projéteis de curto alcance. Como cada unidade age num raio de até 70 quilômetros, seriam necessárias 13 delas para garantir a segurança de todo o país.

De acordo com a fabricante, o sistema tem uma taxa de sucesso de 90%. Em seu site, a empresa estatal de defesa fala que mais de 5 mil projéteis já foram interceptados desde suas instação em 2011.

Cada projétil interceptador do Domo de Ferro pode custar entre 40 mil e 50 mil euros (R$ 221 mil a 277 mil), segundo o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais dos EUA. Por este motivo, só são contidos os mísseis que cairiam em áreas habitadas.

Nova arma a laser "Iron Beam"

Em vista dos altos custos, o exército israelense quer complementar o Domo de Ferro com uma nova arma de defesa a laser, o chamado "Iron Beam".

O laser de alta energia foi projetado para destruir pequenos mísseis, drones e projéteis de morteiro. Ele também deve ser capaz de neutralizar enxames de drones.

A Iron Beam foi apresentada em fevereiro de 2014 pela Rafael Systems. A empreiteira de defesa americana Lockheed Martin também está envolvida no projeto desde 2022.

As vantagens em comparação com o "Iron Dome" são os custos menores por lançamento, um suprimento teoricamente ilimitado de munição e custos operacionais mais baixos.

Os valores variam consideravelmente: um lançamento a laser custaria até 2 mil dólares (R$ 5,5 mil). A implantação da nova tecnologia está planejada para 2025.

Short teaser Aclamado como "seguro de vida" do país, sistema teria interceptado ao menos 5 mil projéteis desde 2011.
Author Uta Steinwehr
Item URL https://www.dw.com/pt-br/como-funciona-o-domo-de-ferro-sistema-antimísseis-de-israel/a-57531509?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 44
Id 72595695
Date 2025-05-19
Title Esportes "ninja" conquistam a Alemanha
Short title Esportes "ninja" conquistam a Alemanha
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Praticar esportes ninjas significa completar um percurso complexo com muitos obstáculos diferentes dentro de um determinado tempo

Modalidade esportiva que tem origem em programas de TV estreou sua própria "Bundesliga". O chamado "playground de adultos" agrada também crianças e pode ajudar no desenvolvimento motor infantil."É como um playground gigante para nós, adultos. Todos nos divertimos muito", conta Marlies Brunner à DW, com brilho nos olhos. "Ficamos tão felizes quanto crianças por podermos praticar esse esporte." A jogadora de 23 anos viajou da Áustria para Bonn, na Alemanha, para participar da estreia da Ninja Bundesliga ("liga nacional"). Praticar esportes ninjas significa completar um percurso complexo com muitos obstáculos diferentes dentro de um determinado tempo. Acima de tudo, os atletas precisam de força, resistência, coordenação e técnica, além de vigor mental, para chegar à linha de chegada sem cair no colchão de ar ou nos colchonetes, sendo fiel ao lema "o chão é lava". "Você voa bastante pelo ar, se sente leve e não mais preso à gravidade", explica Ouissal Touiher à DW. É completamente diferente se mover apenas com as mãos e não com os pés, diz a jovem de 20 anos. "Há muitos movimentos diferentes que tornam o esporte tão especial", afirma Brunner, que no ano passado se tornou campeã austríaca da modalidade. O que soa como algo espetacular, parece, de fato, ser. Os ninjas escalam, deslizam, balançam ou "voam" pela pista de obstáculos, com todo o peso do corpo quase que inteiramente apoiado nos dedos. "Acho admirável o quanto as mãos são capazes de suportar", diz Brunner. "Sou muito grata ao meu corpo por me permitir fazer tudo isso." Os atletas iniciam o percurso um após o outro, alguns com tanta adrenalina que chegam ao limite e falham logo no primeiro obstáculo. Um erro ao tentar agarrar um obstáculo ou uma ação desconcentrada e a competição acaba. "Parquinhos infantis são muito 'ninjas'" O atual esporte da moda, que ainda é pouco conhecido na Alemanha, cresceu rapidamente nos últimos anos e vem se tornando cada vez mais popular. Existem atualmente no país quase 1.300 ninjas que praticam essa modalidade regularmente. Muitos deles migraram de outros esportes, como o montanhismo, boulder, acrobacia ou ginástica. Há também cada vez mais crianças aderindo aos esportes ninjas e crescendo com eles. Atualmente, cerca de metade dos praticantes ativos têm menos de 16 anos. "As crianças geralmente adoram ser ativas. Os parquinhos infantis são muito 'ninjas'. Elas se balançam e escalam", explica Touiher. "Elas definitivamente deveriam frequentar mais os ginásios ninja." Steffen Moritz, um dos fundadores da Ninja Bundesliga, concorda com essa afirmação. "Quem costumava escalar ou se pendurar muito vai se lembrar daqueles tempos. As crianças sabem imediatamente o que precisam fazer no percurso", afirmou Moritz à DW. Esses movimentos, segundo diz, estão ausentes em muitas crianças hoje em dia. Isso também se confirma por dados atuais de um estudo da empresa Seguradora de Saúde do Comércio (KKH), segundo o qual, cada vez mais crianças e jovens na Alemanha sofrem de distúrbios de desenvolvimento motor. A proporção de crianças de seis a 18 anos afetadas pelo problema aumentou cerca de 64% entre 2008 e 2023. Em 2023, mais de 311.000 alunos foram diagnosticados. A causa geralmente é a falta de exercícios, de acordo com o estudo da seguradora. Os esportes ninjas podem ajudar a resolver o problema. Os organizadores estão satisfeitos com a adesão de um número cada vez maior de ninjas mais jovens à modalidade. "Queremos ser uma plataforma para esse esporte que foi inventado no Japão e tem origem em um programa de televisão", explica Moritz. Origem EM programa de TV japonês Na Alemanha, o esporte ficou conhecido através do programa de TV Ninja Warrior Germany ("Guerreiro Ninja Alemanha"). O programa, transmitido pelo canal de televisão RTL desde 2016, foi adaptado do original americano American Ninja Warrior. No entanto, o conceito de Ninja Warrior teve origem no Japão, onde foi transmitido pela primeira vez em 1997 sob o nome Sasuke. Esses programas também são muito populares no Vietnã e na Austrália. Ao longo dos anos, uma comunidade internacional de entusiastas se desenvolveu, influenciada pelos programas de TV. O desafio para Steffen Moritz e sua equipe agora é fazer com que esse "esporte televisivo" se estabeleça na Alemanha. Como dinheiro e patrocinadores ainda são escassos, muito ainda funciona através do trabalho voluntário. "Este esporte é financiado principalmente pelas taxas de inscrição que os atletas têm que pagar se quiserem participar da Bundesliga", diz Moritz. Contudo, os desenvolvimentos recentes deixam não apenas os organizadores, mas também os ninjas confiantes de que mais e mais patrocinadores acabarão tomando conhecimento do novo esporte. Jovens prevalecem na estreia da Bundesliga "O esporte progrediu enormemente. Há cada vez mais academias ninja, competições incríveis e muitos eventos como a Bundesliga Ninja na Alemanha", diz Marlies Brunner. "É possível perceber que o esporte já se tornou muito grande." É fascinante ver o quanto as crianças se divertem e o quanto elas já se saem bem no esporte, diz a austríaca. "Nós, adultos, realmente precisamos correr atrás para acompanhar." Dessa forma, não é nenhuma surpresa que Jonas Elting, o vencedor do evento de estreia da Bundesliga em Bonn, tenha apenas 17 anos.


Short teaser Modalidade esportiva que tem origem em programas de TV pode ajudar no desenvolvimento motor das crianças.
Author Thomas Klein
Item URL https://www.dw.com/pt-br/esportes-ninja-conquistam-a-alemanha/a-72595695?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
Image URL (940 x 411) https://static.dw.com/image/72536676_354.jpg
Image caption Praticar esportes ninjas significa completar um percurso complexo com muitos obstáculos diferentes dentro de um determinado tempo
Image source Toni Köln/DW
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Item 45
Id 72504004
Date 2025-05-11
Title Os adolescentes alemães perderam o amor pelo futebol?
Short title Os adolescentes alemães perderam o amor pelo futebol?
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Federação Alemã de Futebol propõe reformas para resgatar adolescentes no esporte

Alemanha viu desaparecer quase 6 mil equipes masculinas nas categorias de base desde 2006. Federação prepara plano para resgatar interesse dos jovens pelo esporte.Na Alemanha, o entusiasmo pela participação da seleção na Copa do Mundo de 2026 contrasta com uma realidade preocupante para o esporte: desde 2006, o país perdeu quase 6 mil equipes masculinas de futebol nas categorias sub-19 e sub-17. Em resposta à crise que ameaça o futuro do futebol no país, a Federação Alemã de Futebol (DFB) vem desenvolvendo uma série de reformas estruturais coordenadas por Hannes Wolf, ex-treinador da Bundesliga – o campeonato alemão – e atual diretor de futebol juvenil da entidade. "Temos que garantir que não haja uma participação falsa, mas que os jovens realmente se envolvam", disse em uma conferência da entidade. "Se você já está no banco no sub-13 e não é bom o suficiente para se dedicar à sua paixão, então eu também diria aos meus filhos que se dediquem a outra coisa." A conferência realizado em Frankfurt reuniu 220 representantes das 21 federações regionais da Alemanha. O objetivo era construir um novo plano nacional para as categorias de base, com foco na identidade do esporte — onde a diversão precede os resultados. As propostas discutidas devem ser apresentadas até setembro, durante o Dia Nacional da Juventude da Alemanha, e testadas por federações regionais antes da adoção plena em 2026. "O futebol precisa se modernizar se quiser continuar sendo atraente para os jovens no futuro", disse Bernd Neuendorf, presidente da DFB. "Mesmo que atualmente tenhamos longas listas de espera nos clubes de muitas cidades, já não é garantido que as crianças comecem a jogar futebol e permaneçam nas categorias de base." O que vem mudando no futebol europeu O desafio enfrentado pela Alemanha não é exclusivo. Na Inglaterra, por exemplo, houve crescimento na adesão de crianças e adolescentes de 5 a 16 anos ao futebol após a pandemia da covid-19, mas a faixa de 16 a 24 anos registrou queda de 27% na participação entre 2015 e 2023, segundo levantamento da Sport England. A Federação Inglesa de Futebol (FA) respondeu com uma nova estratégia lançada em 2024. Entre as medidas, está o formato 3 contra 3 para menores de 7 anos, com estreia prevista para 2026, com o objetivo de aumentar o tempo de contato com a bola. Na Alemanha, Hannes Wolf acredita que a criatividade precisa voltar aos treinamentos. Uma das ideias é popularizar jogos em campos oficiais que simulem o estilo do futebol de rua. Pressões, custos e novas prioridades Plataformas digitais, altos custos para praticar o esporte, cronogramas excessivos e expectativas desproporcionais são apenas alguns dos obstáculos. Lesões, separações familiares e mudanças de cidade completam o quadro. Thomas Broich, diretor da categoria de base do Borussia Dortmund, alertou recentemente que o futebol juvenil pode se tornar um "grande problema cultural" para a Alemanha. Já o treinador Malte Boven, radicado em Hamburgo, observa que reformas feitas em 2019 priorizaram os mais novos, deixando os adolescentes em segundo plano — justamente os que estão mais próximos do futebol profissional. Para ele, compreender por que esta faixa etária tem desistido do esporte exige olhar para múltiplos fatores, especialmente as mudanças culturais. "Acho que o 'porquê' e o 'como' queremos jogar se tornaram mais importantes para os jogadores nos últimos anos", disse Boven à DW. "Há uma diferença social entre gerações." Confiança e estrutura como resposta Apesar de não prever uma escassez iminente de jogadores, Boven defende ajustes importantes para que o futebol continue sendo uma escolha atrativa. Isso inclui rever o modo de comunicação com atletas e pais, melhorar o acesso a instalações esportivas e ensinar os jovens a lidar com a pressão de forma conjunta com os treinadores. Ele apoia as propostas da Federação Alemã de Futebol, mas reconhece que a cultura do resultado ainda domina. "A participação é uma realidade quando se trata de vencer no futebol juvenil, especialmente em clubes amadores. Nesse caso, há uma pseudoparticipação de todos os jogadores envolvidos, porque não lhes dou a oportunidade de realmente fazer parte do jogo", pontua. "É preciso incutir neles a máxima confiança de que podem fazer isso, que merecem jogar no clube, que há um motivo para vestirem essa camisa. Porque, como treinador ou como clube, decidimos que eles joguem esse esporte, e agora nossa obrigação e responsabilidade é lhes dar tempo de jogo." Estratégias além do campo Boven também propõe alternativas para tornar o futebol mais relevante: oferecer aos jovens atletas uma "carta de desenvolvimento de habilidades" ao deixarem as categorias de base, ajudando a dar os próximos passos no mercado de trabalho. "Eu teria um incentivo completamente diferente de simplesmente me tornar um jogador profissional. Ainda quero ser, mas sei que aqui vou ter algo para mostrar pelo meu esforço", afirma. Para ele, é o futebol profissional — com sua mentalidade, cultura e influência — que mais precisa de atenção.


Short teaser Alemanha viu desaparecer quase 6 mil equipes masculinas nas categorias de base desde 2006.
Author Jonathan Harding
Item URL https://www.dw.com/pt-br/os-adolescentes-alemães-perderam-o-amor-pelo-futebol/a-72504004?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 46
Id 72410915
Date 2025-05-01
Title Federação inglesa vai barrar mulheres trans no futebol feminino
Short title Federação inglesa vai barrar trans no futebol feminino
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Entidade que regula futebol no país diz que nova regra segue decisão da Suprema Corte britânica, de que a definição legal de mulher é baseada somente no sexo biológico.As mulheres transgênero serão impedidas de participar em competições femininas de futebol da Inglaterra a partir de junho, anunciou a Associação de Futebol (FA) do país nesta quinta-feira (01/05), duas semanas após a Suprema Corte do Reino Unido decidir que, para fins legais, o termo "mulher" deve ser definido somente com base no sexo biológico de nascimento. A decisão da FA ocorre dois dias depois de a Associação Escocesa de Futebol (SFA) ter tomado uma decisão no mesmo sentido. Segundo o comunicado, a modificação no regulamento na Escócia entrará em vigor a partir da temporada 2025/26. "Entendemos que isto será difícil para as pessoas que querem simplesmente praticar o esporte que gostam, no gênero com o qual se identificam", indicou a inglesa FA, apontando que a decisão do Supremo a obriga a seguir esse rumo. O regulamento anterior da FA permitia que mulheres trans participassem do futebol feminino, mas isso mudará a partir de 1º de junho. "A decisão da Suprema Corte no dia 16 de abril significa que estaremos mudando nosso regulamento", disse o órgão regulador do futebol inglês em um comunicado. "As mulheres transgênero não poderão mais jogar futebol feminino na Inglaterra, e essa política será implementada a partir de 1º de junho de 2025." A associação ainda apontou que pretende contatar as mulheres transgênero federadas, a fim de lhes "explicar as mudanças" que a decisão do Supremo do Reino Unido implica e de as informar sobre a forma "como podem continuar a praticar" futebol. Segundo a rede BBC, a decisão deve afetar 20 jogadoras transgêneros registradas na Inglaterra Já a associação escocesa informou que vai "fornecer orientações sobre a forma como atualizará os regulamentos e as oportunidades de participação adequadas às mulheres transgênero, antes da entrada em vigor, no início da próxima temporada". Decisão do Supremo Em abril, a Suprema Corte do Reino Unido decidiu, por unanimidade, que "os termos 'mulher' e 'sexo', na Lei da Igualdade de 2010 [que combate a discriminação], referem-se a mulher biológica e sexo biológico". A decisão, que exclui pessoas trans dessa definição jurídica, encerrou uma longa disputa entre o grupo feminista For Women Scotland (FWS) e o governo escocês. O regramento britânico reconhece o direito de pessoas trans obterem documentos legais, como a mudança do nome social, por exemplo. Contudo, a decisão da Suprema Corte entende que uma pessoa que passou por uma transição de gênero não pode ser considerada legalmente uma mulher para fins de igualdade. Isto implica em um dos pontos mais controversos do debate – o acesso a espaços exclusivos para um gênero. Na prática, o veredicto significa que as mulheres trans podem ser excluídas de alguns espaços destinados exclusivamente para mulheres, como vestiários, abrigos para sem-teto, áreas de natação. Além de serviços médicos ou de ou de aconselhamento oferecidos somente a mulheres. Espaços e serviços exclusivos "só funcionarão corretamente se 'sexo' for interpretado como sexo biológico", apontou o Supremo. Contudo, a lei também "oferece proteção às pessoas trans contra discriminação em seu gênero adquirido", afirmou o juiz Patrick Hodge ao anunciar o veredicto. "Todo mundo sabe o que é sexo, e você não pode mudá-lo", disse Susan Smith, codiretora da FWS após a decisão. "É bom senso, puro e simples. O fato de termos ido parar em um buraco de coelho onde as pessoas tentaram negar a ciência e a realidade... esperamos que agora voltemos à realidade." jps (Reuters, Lusa, ots)


Short teaser Entidade diz que nova regra segue decisão da Justiça, de que a definição de mulher é baseada somente no sexo biológico.
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Item 47
Id 64814042
Date 2023-02-25
Title Qual ainda é o real poder dos oligarcas ucranianos?
Short title Qual ainda é o real poder dos oligarcas ucranianos?
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O oligarca ucraniano Rinat Akhmetov sofreu a maior perda após a Rússia invadir a Ucrânia

UE condicionou adesão da Ucrânia ao bloco ao combate à corrupção. Para isso, país precisa reduzir influência dos oligarcas na política.Durante uma visita a Bruxelas em 9 de fevereiro, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que Kiev espera que as negociações sobre a adesão da Ucrânia à União Europeia (UE) comecem ainda em 2023. O bloco salientou, porém, que essa decisão depende de reformas a serem realizadas no país, como o combate à corrupção. Para isso, é necessário reduzir a influência dos oligarcas na política ucraniana. A chamada lei antioligarca, aprovada em 2021 e que pretende atender a esse requisito, está sendo examinada pela Comissão de Veneza – um órgão consultivo do Conselho da Europa sobre questões constitucionais –, que deverá apresentar as conclusões em março. Lei antioligarca De acordo com a lei, serão considerados oligarcas na Ucrânia quem preencher três dos quatro seguintes critérios: possuir um patrimônio de cerca de 80 milhões de dólares; exercer influência política; ter controle sobre a mídia; ou possuir um monopólio em um setor econômico. Aqueles que entrarem para o registro de oligarcas não podem financiar partidos políticos, ficam impedidos de participar de grandes privatizações e devem apresentar uma declaração especial de imposto de renda. Durante décadas, a política ucraniana girou em um círculo vicioso de corrupção política: os oligarcas financiaram – principalmente de forma secreta – partidos para, por meios de seus políticos, influenciar leis ou regulamentos que maximizariam seus lucros. Por exemplo, era mais lucrativo garantir que os impostos do governo sobre a extração de matérias-primas ou o uso de infraestrutura permanecessem baixos do que investir na modernização de indústrias. Entretanto, a lei antioligarca já surtiu efeitos. No verão passado, o bilionário Rinat Akhmetov foi o primeiro a desistir das licenças de transmissão de seu grupo de mídia. O líder do partido Solidariedade Europeia, o ex-presidente ucraniano Petro Poroshenko, também perdeu oficialmente o controle sobre seus canais de TV. E o bilionário Vadim Novinsky renunciou ao seu mandato de deputado. Guerra dilacerou fortunas de oligarcas ucranianos A destruição da indústria ucraniana após a invasão russa reduziu a riqueza dos oligarcas. Em um estudo publicado no final de 2022, o Centro para Estratégia Econômica (CEE), em Kiev, estimou as perdas dos oligarcas em 4,5 bilhões de dólares. Rinat Akhmetov foi o mais impacto: com a captura de Mariupol pelas tropas russas, sua empresa Metinvest Holding perdeu a importante siderúrgica Azovstal e mais um outro combinat. O CEE estima o valor das plantas industriais em mais de 3,5 bilhões de dólares. Além disso, a produção na usina de coque de Akhmetov – localizada em Avdiivka, perto de Donetsk, avaliada em 150 milhões de dólares – foi paralisada devido a danos causados ​​por ataques russos. Os bombardeios do Kremlin também destruíram muitas instalações das empresas de energia de Akhmetov, especialmente usinas termelétricas. Devido à guerra, especialistas da revista Forbes Ucrânia estimam as perdas de Akhmetov em mais de 9 bilhões de dólares. No entanto, ele ainda lidera a lista dos ucranianos mais ricos, com uma fortuna de 4 bilhões de dólares. Já Vadim Novinsky, sócio de Akhmetov na Metinvest Holding, perdeu de 2 bilhões de dólares. Antes da guerra, sua fortuna era estimada em 3 bilhões de dólares. Kolomojskyj: sem passaporte ucraniano e refinaria de petróleo A fortuna do até recentemente influente oligarca Igor Kolomojskyj também diminuiu drasticamente. No ano passado, ataques russos destruíram sua principal empresa, a refinaria de petróleo Kremenchuk, e o CEE estima os danos em mais de 400 milhões de dólares. Kolomoiskyi, juntamente com seu sócio Hennady Boholyubov, controlava uma parte significativa do mercado ucraniano de combustíveis. Eles eram donos, inclusive, da maior rede de postos de gasolina do país. Por meio de sua influência política, Kolomojskyj conseguiu por muitos anos controlar a administração da petroleira estatal Ukrnafta, na qual possuía apenas uma participação minoritária. O controle da maior petrolífera do país, da maior refinaria e da maior rede de postos de gasolina lhe garantia grandes lucros. A refinaria foi destruída, e o controle da Ukrnafta e da refinaria de petróleo Ukrtatnafta foi assumido pelo Estado durante o período de lei marcial. O oligarca, que também possui passaportes israelense e cipriota, perdeu ainda a nacionalidade ucraniana, já que apenas uma cidadania é permitida na Ucrânia. Ele ainda responde a um processo por possíveis fraudes na Ukrnafta, na casa dos bilhões. Dmytro Firtash – que vive há anos na Áustria – é outro oligarca sob investigação. Ele também é conhecido por sua grande influência na política ucraniana. Neste primeiro ano de guerra, ele também perdeu grande parte de sua fortuna. Sua fábrica de fertilizantes Azot, em Sieveirodonetsk, que foi ocupada pela Rússia, foi severamente danificada pelos combates. O CEE estima as perdas em 69 milhões de dólares. Não existem mais oligarcas ucranianos? Os oligarcas perderam recursos essenciais para influenciar a política ucraniana, afirmou Dmytro Horyunov, um especialista do CEE. "Os investimentos na política estão se tornando menos relevantes", disse e acrescentou que espera que a lei antioligarca obrigue as grandes empresas a abrir mão de veículos de imprensa e de um papel na política. Ao mesmo tempo, Horyunov não tem ilusões: muito pouco tem sido feito para eliminar completamente a influência dos oligarcas na política ucraniana. "Enquanto tiverem bens, eles farão de tudo para protegê-los ou aumentá-los". De acordo com os especialistas do CEE, os oligarcas tradicionalmente defendem seus interesses por meio do sistema judicial. Desde 2014, a autoridade antimonopólio da Ucrânia impôs multas de mais de 200 milhões de dólares às empresas de Rinat Akhmetov e dezenas de milhões de dólares às companhias de Ihor Kolomoiskyi e Dmytro Firtash por abuso de posição dominante. Todas essas multas foram contestadas no tribunal, e nenhuma foi paga até o momento, disse o CEE. Apesar de alguns oligarcas terem renunciado formalmente a empresas de comunicação, Ihor Feschtschenko, do movimento "Chesno" (Honesto), duvida que as grandes empresas ficarão de fora das eleições após o fim da guerra. "Acho que a primeira coisa que veremos por parte dos oligarcas é a criação de novos canais de TV e, ao mesmo tempo, partidos políticos ligados a eles", avalia Feshchenko. Ele salienta que, para bloquear o fluxo de fundos não transparentes para as campanhas eleitorais é necessário implementar a legislação sobre partidos políticos. Os especialistas do CEE esperam que, durante o processo de integração à UE, grandes investidores europeus se dirijam à Ucrânia. Ao mesmo tempo, eles apelam às instituições financeiras internacionais, de cuja ajuda a Ucrânia agora depende extremamente, para vincular o apoio a Kiev a progressos no processo de desoligarquização e apoiar as empresas que competiriam com os oligarcas.


Short teaser UE condiciona adesão da Ucrânia ao bloco a combate à corrupção. Para isso, país precisa reduzir influência de oligarcas.
Author Eugen Theise
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Image caption O oligarca ucraniano Rinat Akhmetov sofreu a maior perda após a Rússia invadir a Ucrânia
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Item 48
Id 64820664
Date 2023-02-25
Title Mortos em terremoto na Turquia e na Síria passam de 50 mil
Short title Mortos em terremoto na Turquia e na Síria passam de 50 mil
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Turquia registrou a grande maioria dos mortos: mais de 44 mil

De acordo com autoridades turcas, 173 mil prédios ruíram ou precisam ser demolidos. Prefeito de Istambul diz ser necessário até 40 bilhões de dólares para se preparar para possível novo grande tremor.Duas semanas e meia após o terremoto de 7,8 de magnitude na área de fronteira turco-síria, o número de mortos aumentou para mais de 50 mil, informaram as autoridades dos dois países nesta sexta-feira (24/02). A Turquia registrou 44.218 mortes, de acordo com a agência de desastres turca Afad, e a Síria reportou ao menos 5,9 mil mortes. Nos últimos dias, não houve relatos de resgate de sobreviventes. Tremores secundários continuam a abalar a região. Neste sábado (25/02), um tremor de magnitude 5,5 atingiu o centro da Turquia, informou o Centro Sismológico Euro-Mediterrânico, a uma profundidade de 10 quilômetros. O observatório sísmico de Kandilli disse que o epicentro foi localizado no distrito de Bor, na província de Nigde, que fica a cerca de 350 quilômetros a oeste da região atingida pelo grande tremor de 6 de fevereiro. Graves incidentes e vítimas não foram reportados após o tremor deste sábado. Segundo a Turquia, nas últimas três semanas, foram mais de 9,5 mil tremores secundários e a terra chegou a tremer, em média, a cada quatro minutos. De acordo com o governo turco, 20 milhões de pessoas no país são afetadas pelos efeitos do terremoto. As Nações Unidas estimam que na Síria sejam 8,8 milhões de pessoas afetadas. Turquia começa reconstrução As autoridades turcas começaram a construir os primeiros alojamentos para os desabrigados. O trabalho de escavação de terra está em andamento nas cidades de Nurdagi e Islahiye, na província de Gaziantep, escreveu no Twitter o ministro do Meio Ambiente, Planejamento Urbano e Mudança Climática, Murat Kurum. Inicialmente, estão previstos 855 apartamentos. O presidente turco Recep Tayyip Erdogan prometeu a reconstrução em um ano. Críticos alertam que erguer prédios tão rapidamente pode fazer com que a segurança sísmica dos edifícios seja negligenciada novamente. A oposição culpa o governo de Erdogan, que está no poder há 20 anos, pela extensão do desastre porque não cumpriu os regulamentos de construção. Também neste sábado, o ministro da Justiça turco, Bekir Bozdag, disse que pelo menos 184 pessoas foram detidas por suposta negligência em relação a prédios desabados após os terremotos. Entre eles, estão empreiteiros e o prefeito do distrito de Nurdagi, na província de Gaziantep. Até agora, o Ministério do Planejamento Urbano inspecionou 1,3 milhão de edifícios, totalizando mais de meio milhão de residências e escritórios, e relatou que 173 mil propriedades ruíram ou estão tão seriamente danificadas que precisam ser demolidas imediatamente. Ao todo, quase dois milhões de pessoas tiveram de abandonar suas casas, demolidas ou danificadas pelos tremores, e vivem atualmente em tendas, casas pré-fabricadas, hotéis, abrigos e diversas instituições públicas, detalhou um comunicado do Afad. Cerca de 528 mil pessoas foram evacuadas das 11 províncias listadas como regiões afetadas, acrescentou o comunicado do serviço de emergência, enquanto 335 mil tendas foram montadas nessas áreas e 130 núcleos provisórios de casas pré-fabricadas estão sendo instalados. Em março e abril começará a construção de 200 mil novas casas, prometeu o ministério turco. Estima-se que o terremoto de 6 de fevereiro tenha custado à Turquia cerca de 84 bilhões de dólares. Na Síria, o noroeste é particularmente atingido pelos efeitos do tremor. Há poucas informações sobre o país devastado pela guerra. Diante de anos de bombardeios e combates, muitas pessoas ali já viviam em condições precárias antes dos tremores. Istambul precisa de 40 bilhões de dólares Enquanto isso, o prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, disse a cidade, que fica perto de uma grande falha geológica, precisa de um programa urgente de urbanização no valor de "cerca de 30 bilhões a 40 bilhões de dólares" para se preparar para um possível novo grande terremoto. "A quantia é três vezes maior do que o orçamento anual da cidade de Istambul, mas precisamos estar prontos antes que seja tarde demais", disse Imamoglu a um conselho científico. De acordo com um relatório de 2021 do observatório sísmico de Kandilli, um potencial terremoto de magnitude superior a 7,5 danificaria cerca de 500 mil edifícios, habitados por 6,2 milhões de pessoas, cerca de 40% da população da cidade, a mais populosa da Turquia. Istambul fica ao lado da notória falha geológica do norte da Anatólia. Um grande terremoto em 1999 que atingiu a região de Mármara, incluindo Istambul, matou mais de 18 mil. le (EFE, DPA, Reuters, ots)


Short teaser De acordo com autoridades turcas, 173 mil prédios ruíram ou precisam ser demolidos.
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Item 49
Id 64819106
Date 2023-02-25
Title UE impõe 10° pacote de sanções contra a Rússia
Short title UE impõe 10° pacote de sanções contra a Rússia
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"Agora temos as sanções de maior alcance de todos os tempos", disse Ursula von der Leyen,

Medidas incluem veto à exportação de tecnologia militar e, pela primeira vez, retaliações contra firmas iranianas que fornecem drones a Moscou. Mais de 100 indivíduos e entidades russas são afetados.A União Europeia prometeu aumentar a pressão sobre Moscou "até que a Ucrânia seja libertada", ao adotar neste sábado (25/02) um décimo pacote de sanções contra a Rússia, acordado pelos líderes do bloco no dia anterior, que marcou o primeiro aniversário da invasão da Ucrânia. O conjunto de medidas inclui veto à exportação de tecnologia militar e, pela primeira vez, retaliações contra empresas iranianas que fornecem drones a Moscou. "Agora temos as sanções de maior alcance de todos os tempos – esgotando o arsenal de guerra da Rússia e mordendo profundamente sua economia", disse a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, através do Twitter, acrescentando que o bloco está aumentando a pressão sobre aqueles que tentam contornar as sanções da UE. O chefe de política externa da UE, Josep Borrell, alertou que o bloco continuará a impor mais sanções contra Moscou. "Continuaremos a aumentar a pressão sobre a Rússia – e faremos isso pelo tempo que for necessário, até que a Ucrânia seja libertada da brutal agressão russa", disse ele em comunicado. Restrições adicionais são impostas às importações de mercadorias que geram receitas significativas para a Rússia, como asfalto e borracha sintética. Os Estados-membros da UE aprovaram as sanções na noite de sexta-feira, depois de uma agitada negociação, que foi travada temporariamente pela Polônia. Acordo após mais de 24 horas de reuniões As negociações entre os países da UE ficaram estagnadas durante a discussão sobre o tamanho das cotas de borracha sintética que os países poderão importar da Rússia, uma vez que a Polônia queria reduzi-las, mas finalmente houve o acordo, após mais de 24 horas de reuniões. "Hoje, a UE aprovou o décimo pacote de sanções contra a Rússia" para "ajudar a Ucrânia a ganhar a guerra", anunciou a presidência sueca da UE, em sua conta oficial no Twitter. O pacote negociado "inclui, por exemplo, restrições mais rigorosas à exportação de tecnologia e produtos de dupla utilização", medidas restritivas dirigidas contra indivíduos e entidades que apoiam a guerra, propagandeiam ou entregam drones usados pela Rússia na guerra, e medidas contra a desinformação russa", listou a presidência sueca. Serão sancionados, concretamente, 47 componentes eletrônicos usados por sistemas bélicos russos, incluindo em drones, mísseis e helicópteros, de tal maneira que, levando em conta os nove pacotes anteriores, todos os produtos tecnológicos encontrados no campo de batalha terão sido proibidos, de acordo com Ursula von der Leyen. O comércio desses produtos, que as evidências do campo de batalha sugerem que Moscou está usando para sua guerra, totaliza mais de 11 bilhões de euros (mais de R$ 60 bilhões), segundo autoridades da UE. Sanções contra firmas iranianas Também foram incluídas, pela primeira vez, sete empresas iranianas ligadas à Guarda Revolucionária que fabricam os drones que Teerã está enviando a Moscou para bombardear a Ucrânia. As novas medidas abrangem mais de 100 indivíduos e empresas russas, incluindo responsáveis pela prática de crimes na Ucrânia, pela deportação de crianças ucranianas para a Rússia e oficiais das Forças Armadas russas. Todos eles terão os bens e ativos congelados na UE e serão proibidos de entrar no território do bloco. O décimo pacote novamente foca na necessidade de evitar que tanto a Rússia como os oligarcas contornem as sanções, tendo sido acordado considerar a utilização de bens do Banco Central russo congelados na UE para a reconstrução da Ucrânia. No entanto, vários países têm dúvidas jurídicas sobre a possibilidade de utilizar esses recursos para a reconstrução e pedem o máximo consenso internacional. md (EFE, Reuters, AFP)


Short teaser Medidas incluem veto à exportação de tecnologia militar e retaliações a empresas iranianas que fornecem drones a Moscou.
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Image caption "Agora temos as sanções de maior alcance de todos os tempos", disse Ursula von der Leyen,
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Item 50
Id 64816115
Date 2023-02-24
Title Zelenski quer América Latina envolvida em processo de paz
Short title Zelenski quer América Latina envolvida em processo de paz
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Zelenski fez declaração em coletiva de imprensa que marcou um ano da guerra na Ucrânia

Presidente ucraniano propõe cúpula com os países da região e diz ter convidado Lula para ir a Kiev. Ele diz ainda que nações da África, além de China e Índia, deveriam se sentar na mesa de negociações.O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou nesta sexta-feira (24/02) que deseja que países da América Latina e África, além da China e Índia, façam parte de um processo de paz para o fim da guerra com a Rússia. A declaração foi feita durante uma coletiva de imprensa para veículos internacionais que marcou um ano da invasão russa na Ucrânia. Buscando fortalecer os laços diplomáticos, Zelenski propôs a realização de uma cúpula com os líderes latino-americanos. "É difícil para mim deixar o país, mas eu viajaria especialmente para essa reunião", destacou. Ao manifestar a intenção de reforçar os contatos bilaterais, Zelenski citou especificamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ser questionado por um jornalista brasileiro. "Eu lhe mandei [a Lula] convites para vir à Ucrânia. Realmente espero me encontrar com ele. Gostaria que ele me ajudasse e apoiasse com uma plataforma de conversação com a América Latina", disse Zelenski. "Estou realmente interessado nisso. Estou esperando pelo nosso encontro. Face a face vou me fazer entender melhor." Nesta sexta-feira, Lula voltou a defender uma iniciativa de "países não envolvidos no conflito" para promover as negociações de paz. "No momento em que a humanidade, com tantos desafios, precisa de paz, completa-se um ano da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. É urgente que um grupo de países, não envolvidos no conflito, assuma a responsabilidade de encaminhar uma negociação para restabelecer a paz", escreveu o presidente brasileiro no Twitter. Estreitar laços O presidente ucraniano destacou ainda que seu governo começou a abrir novas embaixadas na América Latina e África, onde alguns países continuam mantendo boas relações com a Rússia e se recusam a condenar a guerra. Zelenski ressaltou ainda que Kiev deve tomar medidas para construir relações com os países africanos. "A Ucrânia deve dar um passo à frente para se encontrar com os países do continente africano", declarou. Ele propôs também organizar uma cúpula com "países de todos os continentes" após Kiev ter recebido um apoio generalizado na Assembleia Geral da ONU, que na quinta-feira aprovou uma resolução sobre o fim das hostilidades e a retirada das tropas russas do território ucraniano. Ele disse que essa reunião deve ocorrer num país "que seja capaz de reunir o maior número possível de países do mundo". O presidente ucraniano aludiu indiretamente às abstenções registradas durante essa votação, incluindo a China e a Índia, e disse que o seu governo trabalha "para transformar essa neutralidade num estatuto de não-neutralidade diante a guerra". Proposta da China Apesar de ter manifestado algum ceticismo, Zelenski saudou alguns elementos do "plano de paz" apresentado pela China e disse esperar que a posição da liderança chinesa evolua no sentido de exigir que a Rússia respeite os princípios básicos do direito internacional, no qual se incluem a soberania e a integridade territorial dos países. "Pelo menos, a China começou a falar conosco, nos chamou de 'país invadido' e julgo que isso é bom. Mas a China não é propriamente pró-ucraniana e temos que ver que atos seguirão as palavras", afirmou. Ele também destacou ser promissor a China estar pensando em intermediar a paz, mas reiterou que qualquer plano que não incluir a retirada total das tropas russas de territórios ucranianos é inaceitável para Kiev. cn/bl (Reuters, AFP, Efe)


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Item 51
Id 64811757
Date 2023-02-24
Title "Plano de paz" chinês deixa mais dúvidas do que respostas
Short title "Plano de paz" chinês deixa mais dúvidas do que respostas
Teaser Desde que o principal diplomata da China, Wang Yi, anunciou um plano de Pequim para um acordo político sobre a Ucrânia, surgiram especulações sobre seu papel na resolução da guerra. O plano foi agora divulgado.

Durante a Conferência de Segurança de Munique na semana passada, o representante máximo da diplomacia chinesa, Wang Yi, anunciou a proposta de Pequim de um "plano de paz" para resolver a guerra na Ucrânia por meios políticos.

Nesta sexta-feira (24/02), no aniversário de um ano da invasão da Ucrânia pela Rússia, o Ministério das Relações Exteriores chinês divulgou a proposta de 12 pontos. Entre eles, estão críticas às sanções unilaterais do Ocidente e apelos para retomar as negociações de paz e reduzir os riscos estratégicos associados às armas nucleares.

Por muito tempo, a China relutou em assumir um papel ativo no conflito, preferindo apresentar-se como neutra e ignorar os apelos de países do Ocidente para pressionar a Rússia.

Faz sentido, tendo em vista que a China é uma das principais beneficiárias das sanções contra a Rússia. Devido ao isolamento internacional de Moscou, a China ganhou forte influência sobre os suprimentos russos de energia e seus preços. Em 2022, as exportações chinesas para a Rússia aumentaram 12,8%, enquanto as importações, incluindo recursos naturais, cresceram 43,4%.

No entanto, os impactos negativos da guerra estão lentamente superando os ganhos de curto prazo. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que a China está considerando fornecer armas letais à Rússia. O suposto apoio de Pequim a Moscou já resultou em controles de exportação mais rígidos e restrições a investimentos do Ocidente.

Análises sugerindo que o que acontece hoje na Ucrânia pode ser repetido no futuro pela China em relação a Taiwan também provocam preocupação no Ocidente e afetam as relações com os EUA e a União Europeia (UE), os maiores parceiros comerciais de Pequim.

"A Rússia não ajudou Pequim ao despertar o mundo para essa ameaça antes que Pequim estivesse pronta para empreender uma possível invasão de Taiwan", disse à DW Blake Herzinger, membro não residente do American Enterprise Institute especialista na política de defesa do Indo-Pacífico.

A proposta da China para a guerra na Ucrânia

Até a divulgação nesta sexta-feira, os detalhes do plano chinês estavam sendo mantidos em sigilo. Wang Yi apresentou os pontos-chave ao ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em Munique. No entanto, nem Kuleba nem o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, viram o texto da proposta.

Após a conferência em Munique, Wang Yi visitou a Rússia e se reuniu com várias autoridades de alto escalão, incluindo o presidente russo, Vladimir Putin. Embora Wang Yi estivesse na Rússia apenas dois dias antes da divulgação do documento, Moscou informou que não houve negociações sobre o chamado "plano de paz da China" e que o lado chinês apenas expressou vontade de desempenhar um papel "construtivo" no conflito.

No documento divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério das Relações Exteriores da China, o foco principal é na soberania e integridade territorial. No entanto, a China não especifica como essa questão, fundamental tanto para a Rússia quanto para a Ucrânia, deve ser abordada.

"A China defende da boca para fora a integridade territorial, mas não pediu à Rússia para parar com sua guerra ilegal de conquista e retirar suas tropas", disse à DW Thorsten Benner, diretor do Global Public Policy Institute, à DW.

Ao contrário de muitas expectativas, o plano também não pediu a interrupção do fornecimento de armas à Ucrânia.

O documento menciona o diálogo e as negociações como a única solução viável para a crise. Atualmente, porém, as conversas entre Rússia e Ucrânia têm se resumido à troca de prisioneiros e a raros contatos informais.

"Para ser bem-sucedida, a mediação de paz precisa da disposição das partes em conflito", disse à DW Artyom Lukin, professor da Universidad Federal do Extremo Oriente, em Vladivostok, na Rússia.

"No entanto, agora há poucos sinais de que Moscou e Kiev estejam interessadas em chegar a um acordo. Moscou ainda está determinada a se apossar de todas as regiões de Donetsk e Lugansk, mantendo o controle sobre as áreas das regiões de Zaporíjia e Kherson que foram tomadas pelas forças russas em 2022. Kiev parece determinada a expulsar a Rússia do Donbass, de Zaporíjia e Kherson, e talvez ir atrás da Crimeia em seguida. É difícil imaginar como as posições de Rússia e Ucrânia possam chegar a um ponto comum no momento", acrescentou.

Mediador duvidoso

Além disso, o papel da China como mediadora no conflito parece duvidoso, uma vez que o país não atua como um ator imparcial. No ano passado, a China intensificou os laços políticos, militares e econômicos com a Rússia. Na proposta desta sexta-feira, Pequim, mais uma vez, opôs-se a "sanções unilaterais não autorizadas pelo Conselho de Segurança da ONU", o que claramente se refere às sanções do Ocidente a Moscou.

Além disso, o presidente chinês, Xi Jinping, não se encontrou ou ligou para Zelenski nem uma vez, apesar de manter contato regular com Putin.

"É tolice acreditar que uma parte que está envolvida com um dos lados, neste caso a China do lado da Rússia, possa desempenhar o papel de mediador. Da mesma forma, a Europa não poderia ser um mediador porque está firmemente no lado de Kiev", disse Benner.

Campanha de relações públicas sem riscos

A proposta da China parece ser em grande parte uma declaração de princípios, e não uma solução prática.

"O que me impressionou em particular é o fato de que não há propostas para incentivar ou influenciar Moscou na direção de uma mudança de comportamento", disse à DW Ian Chong, cientista político da Universidade Nacional de Cingapura.

"Não há nenhuma pressão ou e não há nenhuma oferta que possa beneficiar a Rússia caso ela cumpra o proposto. Apenas na linguagem da declaração, não está claro por que haveria um incentivo para a Rússia, e não está claro por que haveria um incentivo para a Ucrânia, se não há um motivo para a Rússia parar a invasão em primeira instância", destacou.

"Acho que a China está fazendo isso apenas como objetivo de relações públicas. Esse 'plano de paz' e falar de si mesmo como mediador é sobretudo uma ferramenta retórica que Pequim usa, em um esforço para reparar as relações com a Europa e melhorar o diálogo com o resto do mundo, bem como para apoiar a mensagem de que os Estados Unidos é o culpado pela guerra e que a China, na verdade, é uma força pela paz", afirma Benner.

Outros pontos da proposta

O texto pede ainda um cessar-fogo, proteção para prisioneiros de guerra e cessação de ataques a civis, sem dar mais detalhes, além de defender a manutenção da segurança das centrais nucleares e dos acordos para facilitar a exportação de cereais.

A proposta também condena a "mentalidade de Guerra Fria", um termo usado frequentemente pela China quando se refere aos Estados Unidos ou à Otan. "A segurança de uma região não deve ser alcançada pelo fortalecimento ou expansão de blocos militares", diz a proposta.

"O tom básico e a mensagem fundamental da política são bastante pró-Rússia", afirmou o professor de política externa chinesa e segurança internacional da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura, Li Mingjiang.

Short teaser Pequim divulgou seu esperado plano de 12 pontos para um acordo político sobre a Ucrânia.
Author Alena Zhabina
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Item 52
Id 64811407
Date 2023-02-24
Title Volodimir Zelenski, o presidente subestimado por Vladimir Putin
Short title Zelenski, o presidente subestimado por Putin
Teaser Um ano após a invasão russa, a Ucrânia continua resistindo. A resiliência de Kiev deve-se também ao presidente Volodimir Zelenski, que surpreendeu todos – especialmente o país agressor.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, detém um recorde mundial: nenhum outro chefe de Estado fez pronunciamentos diários durante um período tão longo. Os discursos de Zelenski acontecem há um ano – diariamente.

As mensagens em vídeo do presidente ucraniano, gravadas alternadamente em seu escritório ou num bunker, são sua crônica da guerra. Documentam como o país – e ele mesmo – mudaram depois da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022.

No dia anterior, poucas horas antes do ataque russo à Ucrânia, Zelenski gravou uma mensagem especial. Dirigiu-se aos seus compatriotas, principalmente aos cidadãos russos, tentando impedir a ameaça de guerra. Pediu protestos na Rússia, e soou o alarme. "Se formos atacados, se tentarem tomar nosso país, nossa liberdade, nossa vida e a vida dos nossos filhos, vamos nos defender", disse Zelenski, em russo.

Foi a última vez em que ele, então com 44 anos, foi visto com a barba feita e vestindo terno e gravata. "Com um ataque, vocês verão os nossos rostos, não as nossas costas!".

"Preciso de munição, não de carona"

Depois da invasão, Zelenski e seu governo ficam na capital, Kiev – mesmo com o avanço das tropas russas na periferia da cidade. A atitude surpreendeu. Especialmente o presidente russo, Vladimir Putin, parecia apostar na fuga de Zelenski para o oeste da Ucrânia, ou o exterior. Teria havido ofertas ao mandatário ucraniano nesse sentido.

A resposta de Zelenski, divulgada pela agência de notícias AP, já se tornou lendária: "Preciso de munição, não de carona". Não é possível verificar se Zelenski formulou a frase exatamente desse jeito. Mas a mensagem foi passada, e Zelenski conquistou muitas simpatias no plano internacional, além de fortalecer o espírito de combate dos ucranianos.

A mensagem também simboliza uma reviravolta de 180 graus na atitude do presidente ucraniano. Semanas antes, seu comportamento foi motivo de especulação. Quando serviços secretos do Ocidente e chefes de Estado e de governo alertaram contra uma invasão russa iminente e retiraram pessoal das embaixadas internacionais em Kiev, Zelenski reagiu com impaciência, desconfiança e críticas. Mais tarde, explicou que queria evitar pânico. A invasão russa, porém, mudou tudo.

Câmeras, as armas mais poderosas de Zelenski

Em seu pronunciamento de 24 de fevereiro de 2022, o primeiro dia da guerra, o presidente ucraniano usava uma camiseta verde-oliva. Até hoje, a vestimenta militar permanece sua marca, assim como a barba de três dias. É assim que o mundo o conhece, é assim que ele aparece em inúmeras entrevistas e manchetes da imprensa mundial. O uniforme também foi usado durante cerimônia em homenagem aos soldados mortos no conflito e que marcou o primeiro ano da guerra nesta sexta-feira (24/02) na praça em frente à Catedral de Santa Sofia em Kiev, diante do monumento de domo verde e dourado que simboliza a resistência da capital ucraniana.

No segundo dia da guerra, Zelenski gravou um dos seus vídeos mais importantes e mais conhecidos. As imagens com duração de meio minuto mostram Zelenski em seu gabinete à noite, diante da sede da Presidência, em Kiev. A mensagem principal: "Todos estamos aqui, ficaremos e lutaremos".

No início do conflito, Zelenski ainda se mostrou disposto a concessões, a exemplo da entrada desejada pela Ucrânia na aliança militar altântica Otan. Mas, depois da divulgação dos primeiros massacres perpetrados pelo Exército russo e da anexação ilegal de regiões pró-russas da Ucrânia por Moscou, ele rechaçou quaisquer compromissos. E sabia que a maioria da população concordava com ele – um presidente ainda altamente popular na Ucrânia devido à conexão diária com os cidadãos do país via mensagens de vídeo.

Como presidente numa guerra, Zelenski aposta naquilo que domina melhor: a comunicação. A câmera tornou-se sua arma mais poderosa. O mandatário ucraniano grava vídeos na capital, dissemina confiança, passa a impressão de proximidade com as pessoas e encontra as palavras certas.

Além disso, viajou diversas vezes para o front, encontrou soldados na cidade libertada de Izium, no nordeste do país, ou em Bakhmut, no leste, cercada pelos russos. Em alguns discursos por vídeo, são inseridas imagens das cidades destruídas pelo Exército russo. Seus índices de popularidade, em declínio vertiginoso antes da invasão russa, triplicaram desde o início da guerra e, atualmente, oscilam entre 80% e 90% de aprovação.

Putin não levou Zelenski a sério

Muitos observadores se perguntam como Zelenski pôde ser tão subestimado pelo presidente russo, Vladimir Putin.

A resposta está no passado do presidente ucraniano. Zelenski não é político de carreira, e sua vitória na eleição de 2019 foi uma surpresa. Antes de se candidatar a presidente, era um comediante, ator e produtor de sucesso. Chegou até a se apresentar no palco para o ex-presidente russo Dmitri Medvedev durante uma visita à Ucrânia.

Sua ascensão política tem paralelos com a série satírica de TV Servidor do Povo, na qual Zelenski interpretava o papel de um professor que, mais tarde, se torna chefe de Estado.

Por esse motivo, a liderança russa não levou Zelenski a sério e, depois, ficou irritada pelo fato de ele não querer fazer maiores concessões como presidente.

Como comediante que fala russo, Zelenski chegou a tirar sarro frequentemente do modo de vida ucraniano e também de políticos pró-Ocidente no país. Por outro lado, pegava bastante leve com o ex-presidente pró-russo Viktor Yanukovitch. Zelenski também tinha ligações estreitas com a Rússia e ganhou dinheiro se apresentando no país até depois da anexação da Península da Crimeia em 2014 – algo que incomodou bastante seus compatriotas.

A invasão da Ucrânia pela Rússia, porém, mudou tudo. Os críticos de Zelenski silenciaram, e ele conquistou muitos céticos ao permanecer em Kiev em vez de fugir.

Essa determinação pode ter relação com sua educação. Filho privilegiado de um professor universitário, Zelenski cresceu em Kryvyi Rih, cidade industrial da classe trabalhadora no sudeste da Ucrânia. Porém, sua geração viveu os duros anos finais da União Soviética. A experiência lhes ensinou a não fugir de conflitos.

Quando Putin atacou a Ucrânia, Zelenski pôde recorrer a essa vivência. O presidente russo subestimou seu homólogo e o tratou como um político fraco e sem experiência que acreditava ser fácil de derrotar.

Nem tudo é fácil

Isso não quer dizer, no entanto, que tudo sempre foi fácil para Zelenski. Seu governo cometeu erros: alguns líderes políticos foram forçados a deixar seus cargos, e amigos próximos do presidente ucraniano perderam seus postos.

Zelenski também causou irritação internacional quando afirmou, em novembro passado, que um míssil russo tinha atingido território polonês, matando duas pessoas – porém, de acordo com relatórios dos Estados Unidos, o míssil provavelmente foi disparado por uma bateria anti-aérea ucraniana.

O incidente representou, porém, uma discórdia rara entre aliados. Acima de tudo, Zelenski considera o uso da mídia para atrair atenção para seu país como sua principal tarefa. Repetidamente, apelou a políticos do Ocidente pedindo – ou, na opinião de alguns, implorando – por armas. Na maior parte dos casos, Zelenski teve sucesso, já que o Ocidente vem enviando mais armamentos à Ucrânia.

Zelenski também detém o recorde mundial de pronunciamentos em vídeo em conferências e parlamentos ao redor do mundo. Sua aparição mais recente foi uma transmissão para as estrelas reunidas para a abertura do festival de filmes de Berlim, a Berlinale, na última semana.

Short teaser Um ano após invasão russa, resistência da Ucrânia deve-se também ao presidente Zelenski, que surpreendeu os agressores.
Author Roman Goncharenko
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