DW

Item 1
Id 70520870
Date 2024-10-17
Title O que se sabe sobre a morte de Liam Payne, ex-One Direction
Short title O que se sabe sobre a morte de Liam Payne, ex-One Direction
Teaser

Liam Payne, ex-integrante do One Direction, tinha 31 anos

Cantor britânico caiu de sacada no terceiro andar de hotel em Buenos Aires e teve morte instantânea. Pouco antes, funcionários chamaram a polícia para conter hóspede que estaria sob "influência de drogas ou álcool".O músico Liam Payne ex-integrante da banda One Direction, foi encontrado morto nesta quarta-feira (16/10) no hotel CasaSur, em Buenos Aires, na Argentina. O cantor de 31 anos caiu de uma sacada no terceiro andar do quarto onde estava hospedado. Segundo o chefe do Sistema de Atenção Médica de Emergência (Same) da Argentina, Alberto Crescenti, Payne caiu de uma altura de cerca de 13 a 14 metros e teve morte instantânea. Uma autópsia preliminar indicou que o artista morreu de politraumatismos e hemorragia interna e externa, de acordo com o jornal argentino Clarín. O corpo de Liam ainda passará por outros exames, inclusive para determinar se havia presença de substâncias que possam ter influenciado seu comportamento ou estado de saúde. Comportamento agressivo A polícia havia sido chamada ao local, no bairro de Palermo, para conter um homem de comportamento agressivo que possivelmente estaria sob "influência de drogas ou álcool". Na gravação do telefonema à polícia à que a imprensa local teve acesso, um funcionário do hotel aparece pedindo a presença de policiais para conter o hóspede. "Venha rápido", disse o funcionário. “Estamos com medo de que ele faça algo que coloque sua vida em risco”, acrescentou. "Poucos minutos depois, uma equipe de emergência chegou ao hotel e confirmou a morte do homem, que mais tarde soubemos ser membro de um grupo musical", afirmou o chefe do Same. O jornal Clarín relatou ter tido acesso a fotografias do quarto que mostravam cenário caótico, onde se via um pó branco, um isqueiro, restos de papel-alumínio, uma TV com a tela destruída, velas despedaçadas e uma caixa de sabonete. As autoridades apreenderam medicamentos, energéticos e o ansiolítico Clonazepam no quarto. Eles também recuperaram um notebook e um passaporte. Mais tarde, os promotores disseram que a busca inicial também encontrou o que pareciam ser álcool e drogas e que objetos e móveis estavam destruídos. Mais tarde, a polícia concluiu que o cantor provavelmente estava sozinho quando caiu. Seus ferimentos não sugerem que ele estivesse em uma posição defensiva, seja em uma altercação com outra pessoa ou para se proteger do impacto da queda, de acordo com a autópsia. “Ele pode ter caído em um estado de semiconsciência ou inconsciência total”, disse o relatório da promotoria. Payne fez publicações antes da morte No início do mês, Payne foi a Argentina para assistir ao show de Niall Horan, seu ex-colega na banda One Direction. Antes de sua morte ser confirmada, uma série de vídeos e fotos foi compartilhada em seu perfil oficial no Snapchat, onde ele aparece com sua namorada, Kate Cassidy, durante um café da manhã em um lugar que parece ser uma casa de campo. Nas gravações, ele fala sobre cavalgadas, jogar polo e que estava ansioso para voltar para casa e ver seu cachorro. "É um lindo dia na Argentina", afirmou em um dos vídeos. Não há informações sobre quando esses registros foram feitos. Nas postagens, Payne menciona a passagem do furacão Milton na Flórida, que ocorreu em 9 de outubro. Carreira Payne nasceu em 9 de agosto de 1993. Ele foi selecionado como integrante da boy band One Direction no programa de TV britânico The X Factor, aos 16 anos, e se juntou à banda em 2010 ao lado dos cantores Harry Styles, Louis Tomlinson, Niall Horan e Zayn Malik. Entre os grandes sucessos do grupo estão músicas como Story of My Life, Best Song Ever, Live While We're Young e What Makes You Beautiful. O One Direction se dissolveu em 2016. Em 2019, Payne lançou o álbum solo LP1. Em 2023, ele cancelou alguns shows que faria no Brasil e na América do Sul após uma "infecção renal grave". Payne falou publicamente sobre sua dificuldade em lidar com problemas de saúde mental e de ter abusado do consumo de álcool como forma de lidar com as pressões da fama. O cantor deixa um filho, Bear, de 7 anos.


Short teaser Cantor britânico caiu de uma sacada no terceiro andar de um hotel em Buenos Aires e teve morte instantânea.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/o-que-se-sabe-sobre-a-morte-de-liam-payne-ex-one-direction/a-70520870?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Liam Payne, ex-integrante do One Direction, tinha 31 anos
Image source Vianney Le Caer/Invision/AP/picture alliance
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Item 2
Id 70527877
Date 2024-10-17
Title Origem judaica de Colombo não pode ser comprovada, dizem cientistas
Short title Estudo sobre suposta origem judaica de Colombo é questionado
Teaser Pesquisa divulgada em documentário de TV contradiz origem italiana do explorador e defende que ele era judeu. Mas cientistas ponderam que trabalho não foi verificado por pares e que análise genética não é conclusiva.

O famoso explorador Cristóvão Colombo pode ter sido um judeu sefardita espanhol, segundo um documentário que foi ao ar na televisão espanhola. Se confirmada, a alegação derrubaria a crença sobre a identidade do explorador, que se supunha ter origem genovesa, da península italiana.

As novas descobertas sobre a ascendência de Colombo foram apresentadas em um documentário da emissora espanhola TVE chamado DNA de Colombo: A verdadeira origem, e são o resultado do trabalho liderado pelos pesquisadores forenses José Antonio e Miguel Lorente, da Universidade de Granada, na Espanha.

Segundo o documentário, o explorador pode ter ocultado sua origem judaica, fingindo ser um cristão católico para evitar a perseguição que ocorria contra judeus na Europa.

Mas especialistas ouvidos pela DW criticam os resultados do estudo e dizem ser impossível determinar a religião de Colombo apenas por seu código genético, sem uma análise mais complexa de seu contexto histórico.

"O DNA simplesmente não consegue mostrar se alguém é ou foi judeu [que é uma identidade religiosa e/ou cultural, não uma ancestralidade]. No máximo, você pode mostrar com alta probabilidade que alguém tem parentes hoje ou no passado que foram ou são judeus", disse Iain Mathieson, geneticista da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, à DW.

Quem foi Colombo e por que sua ascendência é importante?

Colomboliderou a exploração das Américas pelo Império Espanhol em 1490, trazendo os primeiros navios europeus para as costas da América Central, América do Sul e Caribe.

Por muitas décadas, foi celebrado como o descobridor das Américas, mas Colombo também se tornou um símbolo da opressão colonial contra os indígenas que habitavam a América do Norte e do Sul.

Colombo morreu em Valladolid, na Espanha, em 1506, mas seus restos mortais foram transferidos para Cuba em 1795 e depois para Sevilha em 1898. Muitos acreditam que sua ossada esteja armazenada na Catedral de Sevilha, mas alguns historiadores contestam essa afirmação.

Seu local de nascimento também é disputado pelos especialistas. Até então, a teoria mais aceita é a de que ele nasceu em Gênova, na Itália, mas outros sugerem Espanha, Portugal, Grécia e até as Ilhas Britânicas como possíveis locais de nascimento.

Ascendência espanhola não foi verificada

De acordo com o documentário, a análise da equipe de pesquisa de Granada confirma que os restos mortais de Colombo são de fato os que estão na Catedral de Sevilha, na Espanha.

Mas a análise também descobriu que a identidade italiana de Colombo, há muito defendida, poderia estar incorreta.

A equipe de Granada afirma que o DNA do explorador está associado a populações da Europa Ocidental e a traços de DNA comparados a uma origem judaica.

"Temos o DNA de Cristóvão Colombo, muito parcial, mas suficiente. Temos o DNA de Hernando Colón, seu filho, e tanto no cromossomo Y [masculino] quanto no DNA mitocondrial [transmitido pela mãe] de Hernando há traços compatíveis com a origem judaica", disse Miguel Lorente no documentário.

Mas a comunidade científica sugere cautela quanto a essa interpretação, pois a pesquisa não foi publicada em uma revista científica, o que significa que os resultados não foram examinados e verificados por outros cientistas.

"A comunidade científica não pode ter certeza sobre essas alegações. Nenhum estudo foi de fato publicado e disponibilizado para análise científica", disse Toomas Kivisild, geneticista da Universidade KU Leuven, que no ano passado supervisionou a decodificação genética das amostras de cabelo de Ludwig van Beethoven.

Um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, José Antonio Lorentes, disse à DW que "os resultados científicos completos e detalhados da pesquisa serão apresentados em uma coletiva de imprensa em novembro."

Testes de DNA não podem determinar nacionalidade ou religião

Os especialistas em genética Mathieson e Kivisild disseram à DW que não é possível determinar a nacionalidade ou a religião de uma pessoa apenas a partir de seu DNA, já que são conceitos sociais e não estão codificados no código genético.

O estudo usou um teste genético que analisa o DNA autossômico de um indivíduo. Os autossomos são os 22 cromossomos não sexuais herdados das linhagens familiares de uma pessoa. Isso proporciona uma alta qualidade de informações genéticas que permitem vincular a ascendência a regiões geográficas específicas.

Mas esses testes só conectam as informações genéticas de uma pessoa às de pessoas que vivem atualmente em uma determinada região.

Os testes de DNA não podem, por exemplo, dizer se uma pessoa é judia. Em vez disso, eles podem indicar que os genes analisados são similares ao encontrado em pessoas que eram conhecidas como de origem judaica por outras fontes históricas.

Ainda não é possível identificar quais comparações a equipe de Granada utilizou para afirmar que Colombo era judeu.

Kivisild acrescentou que a evidência pode ter sido baseada apenas em análises do DNA mitocondrial e do cromossomo Y.

"Essa análise não pode apoiar de forma conclusiva a distinção entre ascendência judaica espanhola e italiana ou sefardita", disse ele.

Short teaser Cientistas dizem que trabalho contradizendo origem italiana do explorador não foi revisado por pares e não é conclusivo.
Author Matthew Ward Agius
Item URL https://www.dw.com/pt-br/origem-judaica-de-colombo-não-pode-ser-comprovada-dizem-cientistas/a-70527877?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 3
Id 70513958
Date 2024-10-17
Title "Deveria haver uma limitação de 50% para homens nas câmaras"
Short title "Deveria haver uma limitação de 50% para homens nas câmaras"
Teaser Cineasta Ludmila Curi lança documentário "Marias", que aborda a participação das mulheres na vida política e as lutas femininas no dia a dia.

Em 2012 a cineasta e jornalista Ludmila Curi conheceu Altamira Rodrigues Sobral Prestes (1930-2022). Levou 12 anos, mas foi a partir deste encontro que surgiu a ideia do filme Marias, um documentário road movie que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta (17/10).

Altamira ficou mais conhecida pelo pseudônimo Maria Prestes. Militante comunista, ela foi a segunda mulher do também político comunista Luís Carlos Prestes (1898-1990). "Ela deu uma aula sobre política de base, sobre a importância do engajamento político na nossa vida cotidiana", recorda-se Curi, sobre o encontro. "[Maria] era de uma simplicidade e um carisma muito grande. Lembrava um pouco a minha avó."

O documentário parte da trajetória de Maria Prestes — que morreu em 2022 vítima de covid — para falar sobre a luta política e cotidiana das mulheres ao longo do século 20. Nesse percurso, outros nomes importantes são lembrados, como o da militante comunista Olga Benário Prestes (1908-1942) — primeira mulher de Luís Prestes, executada pelo regime nazista em um campo de extermínio na Alemanha —, o da cangaceira Maria Bonita (1910-1938), o da socióloga e vereadora Marielle Franco (1979-2018) e o da ex-presidente Dilma Rousseff, hoje presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, na China.

"É um filme sobre todas nós", diz a cineasta. "Não é um filme [apenas] para mulheres. É um filme sobre mulheres."

DW: A partir de Maria Prestes, você aborda outras figuras femininas que também participaram da história do Brasil. Essas trajetórias são a história da luta da mulher brasileira?

Ludmila Curi: Sim. Essa é justamente a ideia central do filme. Não só contar a história de uma personagem, que é a Maria Prestes, mas através dessa personagem mostrar muitas outras mulheres que também são figuras importantes na história do Brasil e no dia a dia, na luta diária. O filme avança um pouco mais no sentido de não só falar da história de luta da mulher brasileira, mas também falar da história de luta da mulher, a mulher que participa ativamente da construção da sociedade no âmbito familiar e também público.

Neste momento de Brasil polarizado, como espera a recepção do seu filme, que traz tantas mulheres ligadas à esquerda?

Acho que o meu filme tem um feedback bom não só no círculo de esquerda, mas também de pessoas que são mais conservadoras. Porque ele está falando do papel da mulher. E não só na política, mas no dia a dia. Então esse não é um filme polarizado. Ele é um filme sobre todas nós. Não é um filme [apenas] para mulheres. É um filme sobre mulheres. Vem tentar preencher uma narrativa ainda muito diminuta das histórias das mulheres no Brasil. É um filme que atravessa essa questão da polarização.

Uma das mulheres lembradas pelo filme é a ex-presidente Dilma Rousseff, que depois do impeachment de 2016 teve um momento de ostracismo, mas agora é presidente o Novo Banco de Desenvolvimento…

A Dilma já tem o papel dela na história. Já tinha o papel dela na história reconhecido e conhecido antes mesmo de ser presidenta. Talvez após o impeachment ela tenha enfrentado uma reação de descrença ou de falta de apoio, mas isso se revelou fraco quando, na verdade, ela segue no cenário político. E segue fazendo a diferença e representando o Brasil não só interna como externamente. A Dilma é uma grande personalidade de nossa história. Uma grande cidadã brasileira, lutadora. E o papel dela é inquestionável.

A participação feminina na política ainda é pequena. Nas eleições deste ano, apenas 18% dos eleitos para as câmaras de vereadores são do sexo feminino. O que precisa ser mudado para que o número de mulheres exercendo cargos eletivos seja equivalente ao de homens?

Sinceramente, em minha opinião particular, acho que deveria haver uma limitação de 50% para homens declarados nas câmaras. Porque [o jeito atual] não é compatível com a realidade da população brasileira. Além disso, é preciso que haja políticas afirmativas de associações e de instituições governamentais mesmo para que a gente vote em mulher nas eleições. Para que esse cenário mude. Enquanto isso não mudar acho que temos pouca chance de melhorar nossos parlamentos no país.

Você conheceu a Maria Prestes em 2012. Como foi esse encontro?

Foi um encontro maravilhoso. Eu conhecia a história dela, mas ainda não a conhecia pessoalmente. Foi um evento para a imprensa. Ela estava simpática, como sempre. Ela deu uma aula, como sempre, sobre política de base, sobre a importância de engajamento político na nossa vida cotidiana, na associação de moradores, no bairro, nas eleições locais. A Maria falava muito sobre isso, sobre a importância de você se comportar como cidadão em sociedade no micro, no dia a dia, em dialogar com as pessoas na rua, em escutar as pessoas. Foi um encontro muito feliz.

A Maria era de uma simplicidade e um carisma muito grande. Lembrava um pouco a minha avó. A partir daí tive a certeza de que esse filme tinha de ser feito, a história dela tinha de ficar registrada, imortalizada em um documentário.

Short teaser Cineasta Ludmila Curi lança documentário "Marias", que aborda a participação das mulheres na vida política.
Author Edison Veiga
Item URL https://www.dw.com/pt-br/deveria-haver-uma-limitação-de-50-para-homens-nas-câmaras/a-70513958?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 4
Id 70518142
Date 2024-10-16
Title O que é a superlua
Short title O que é a superlua
Teaser

Superlua em Atenas, 2021: Templo de Poseidon parece de brinquedo

Três ou quatro vezes por ano a lua cheia coincide com o ponto da órbita lunar mais próximo da Terra. O resultado vem em diversos sabores: morango, mel, rosas, azul. E, mais rara, a superlua de sangue.Os cientistas se referem a uma superlua quando o satélite se encontra no ponto de sua órbita mais próximo da Terra durante a fase cheia – isto é: quando seu lado voltado para o planeta está plenamente iluminado pelo Sol. Ela parece muito maior e mais clara, talvez por se destacar por trás das formas no horizonte, como montanhas ou árvores. Como a que poderá ser observada nesta quinta-feira (17/10), considerada a maior superlua do ano. Há variantes do fenômeno, como a superlua azul, mas alguns nomes têm mais a ver com agricultura do que com cores. No Hemisfério Norte, a "superlua de morango" costuma se manifestar no fim de junho: historicamente, na América do Norte essa costumava ser a época quando os morangos amadureciam. Na Europa o mesmo fenômeno é denominado "superlua de mel", também em alusão à colheita do produto. Alternativamente fala-se de "superlua de hidromel" – uma bebida composta de mel fermentado e especiarias. Ou ainda "superlua de rosas", também em referência ao momento de florescimento dessa planta. Da microlua à superlua de sangue O oposto da superlua é uma microlua, quando uma lua cheia coincide com o ponto mais distante de sua órbita. Enquanto a lua cheia ocorre uma vez por ciclo lunar – a cada 29,5 dias – a superlua se manifesta entre três e quatro vezes por ano, ficando visíveis por cerca de três dias. Ela é de 14% a 17% maiores e 30% mais clara do que as microlua. O melhor momento para admirá-la é quando desponta no horizonte – logo em seguida ao pôr-do-sol – e quando se põe – depois da aurora. É quando ela aparece gigante em relação a tudo mais no solo. Visível a olho nu, se o céu está claro, um pequeno telescópio ou binóculos ajudam a revelar detalhes em sua superfície. Um fenômeno mais raro ainda é a superlua de sangue, se ela coincide com uma eclipse lunar. A próxima está prevista para 8 de outubro de 2033.


Short teaser Fenômeno que ocorre três ou quatro vezes por ano vem em sabores morango, mel, rosas. E, mais rara, a superlua de sangue.
Author Zulfikar Abbany
Item URL https://www.dw.com/pt-br/o-que-é-a-superlua/a-70518142?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
Image URL (940 x 411) https://static.dw.com/image/57681960_354.jpg
Image caption Superlua em Atenas, 2021: Templo de Poseidon parece de brinquedo
Image source Alkis Konstantinidis/Reuters
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Item 5
Id 70516945
Date 2024-10-16
Title Governo Lula descarta volta do horário de verão em 2024
Short title Governo Lula descarta volta do horário de verão em 2024
Teaser Retomada em 2025 ainda será avaliada. Decisão foi anunciada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que disse não ser necessário adotar medida neste ano.

O governo federal decidiu que o horário de verão não vai ser retomado neste ano e que haverá uma avaliação, nos próximos meses, se seria o caso de retomar a medida a partir de 2025.

A decisão foi anunciada nesta quarta-feira (16/10) pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante uma coletiva de imprensa. Ele havia dito anteriormente que a medida só seria adotada caso fosse "estritamente necessária".

Apesar da recomendação em setembro do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), o ministro avalia que houve melhora no cenário das chuvas e dos reservatórios de hidrelétricas, evitando a necessidade do adiantamento dos relógios ainda em 2024, para reduzir o consumo energético.

"Não há necessidade"

A decisão foi tomada por Silveira – e balizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva – após reuniões com representantes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), para avaliar os impactos econômicos e energéticos da medida.

"Nós hoje, na última reunião com o ONS, chegamos à conclusão de que não há necessidade de decretação do horário de verão para este período, para este verão", afirmou Silveira.

No encontro, foi apresentado ao governo novos estudos sobre os benefícios da implementação da medida. Um dos relatórios indicava ainda a necessidade, do ponto de vista energético, da adoção do horário de verão ainda em 2024.

Em setembro, o ONS havia estimado uma economia de R$ 400 milhões com o adiantamento dos relógios já em 2024. Se o horário de verão vier a ser adotado a partir de 2026, a economia deve aumentar para R$ 1,8 bilhão por ano.

"Segurança energética está assegurada"

Segundo o governo, o benefício econômico da mudança de horário não justifica a sua adoção da medida ainda neste ano.

"Nós temos a segurança energética assegurada, há o início de um processo de restabelecimento ainda muito modesto da nossa condição hídrica. Temos condições de chegar depois do verão em condição de avaliar, sim, a volta dessa política em 2025", afirmou Silveira.

Se a medida fosse implementada ainda neste ano, haveria pouco tempo para que setores importantes adequassem suas operações, como hospitais e companhias aéreas, gerando a necessidade de remarcação repentina de cirurgias e voos. Sem contar que a medida poderia confundir eleitores durante o segundo turno das eleições municipais, que acontece em algumas regiões do país.

Medida adotada por mais de três décadas

O horário de verão costumava ser implementado entre outubro/novembro e fevereiro/março de cada ano. A medida foi adotada no Brasil por mais de três décadas, mas deixou de existir em 2019, no início da gestão de Jair Bolsonaro. Desde então, estudos eram feitos para entender as possíveis vantagens do adiantamento do relógio.

O CMSE divulgou um comunicado oficial nesta semana, concordando com o retorno do horário de verão no país.

De acordo com o CMSE, a estratégia é uma forma de deslocar o pico de consumo para um horário com mais geração solar, reduzindo a necessidade de acionar usinas termelétricas, consequentemente, reduzindo a emissão de gases.

"Naquele momento, em 2019, fazia sentido descontinuar o horário de verão, não se via mais benefícios práticos. Agora, com o deslocamento do pico de consumo, adiantar o relógio em uma hora é uma boa solução. Pode ser uma vantagem momentânea ou duradoura. Isso não temos como precisar agora", explicou à DW o especialista em energia da FGV, Diogo Lisbona.

Short teaser Retomada em 2025 ainda será avaliada. Ministro Alexandre Silveira disse não ser necessário adotar medida neste ano.
Author Lucas Janone
Item URL https://www.dw.com/pt-br/governo-lula-descarta-volta-do-horário-de-verão-em-2024/a-70516945?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
RSS Player single video URL https://rssplayer.dw.com/index.php?lg=bra&pname=&type=abs&title=Governo%20Lula%20descarta%20volta%20do%20hor%C3%A1rio%20de%20ver%C3%A3o%20em%202024

Item 6
Id 70497829
Date 2024-10-16
Title Desinformação dificulta doação de órgãos no Brasil
Short title Desinformação dificulta doação de órgãos no Brasil
Teaser

Brasil é referência mundial na área de transplantes

Mais de 65 mil pacientes aguardam na fila dos transplantes. Primeiro semestre de 2024 registra queda na disponibilidade de doação. Escândalo como o do Rio de Janeiro abala confiança no sistema."Minha trajetória é marcada por desafios, superação e, acima de tudo, gratidão ao gesto de amor que salvou minha existência. Vivo com um rim transplantado, e desde então, aproveito cada dia como se fosse o último", conta Alexandre de Souza Soares, de 50 anos. O consultor de projetos, natural de Minas Gerais, está entre os milhares de brasileiros que tiveram a chance de recomeçar a vida após receber um transplante. Ele conta que, em alguns momentos, desconfiou se encontraria um doador compatível. Fez oito meses de hemodiálise até, finalmente, ser submetido ao transplante. Compartilhando do mesmo sonho, mais de 65 mil pessoas esperam atualmente na fila do Ministério da Saúde por um órgão. No entanto, casos como o de Alexandre Soares podem estar ameaçados por uma onda de desinformação sobre o procedimento. Durante o primeiro semestre de 2024, mais de 45% das famílias se negaram a doar órgãos de seus parentes após o falecimento, segundo dados são da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). É um dos piores percentuais de recusa já registrado no país. Houve uma queda de 4,9% em relação ao ano passado. A taxa de rejeição varia entre os estados. O Paraná registra a maior aceitação quando o assunto é transplante, com apenas 25% de recusa no processo de doação. No Acre, esse número chega a 77%. No país, a transplantação de órgãos e tecidos acontece apenas com a autorização familiar, mesmo que a pessoa tenha deixado uma declaração em vida de doadora. "O principal motivo da rejeição é o desconhecimento e a falta de informação. Sem contar que existe a falta de preparo de alguns profissionais da saúde para fazer esse atendimento humanizado e técnico. Sempre vai existir a recusa. O ideal que a taxa fosse zero, mas trabalhamos com uma meta de 20%", explica Tadeu Thomé, membro do Departamento de Coordenação em Transplantes da ABTO. Fila de espera O rim é órgão com a maior fila de espera, com 40 mil brasileiros na lista. A taxa média de espera é de 18 meses. O fígado é o segundo órgão mais buscado, com 2,3 mil pessoas na fila. Logo em seguida, o coração, com 404 pacientes aguardando. Entre eles, 44 crianças de até dez anos. Somente entre janeiro e junho deste ano, 1,7 mil pessoas morreram no Brasil enquanto esperavam por um transplante. E o cenário de desconfiança tende a piorar ainda mais após casos como o do Rio de Janeiro onde seis pacientes transplantados receberam órgãos infectados pelo vírus HIV, em caso sem precedente no Sistema Público de Saúde (SUS). Os órgãos infectados vieram de dois doadores. Os testes foram feitos em um laboratório privado e contratado pela Fundação Saúde, sob a responsabilidade da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, para atendimento ao programa de transplantes no estado. Segundo as investigações da Polícia Civil, que vieram a público nos últimos dias, representantes da empresa reduziram o controle de qualidade para ampliar os lucros. "É um acontecimento péssimo, porque abala a confiança no sistema de saúde e enfraquece nossa reputação, que tanto lutamos para construir. O Brasil é referência mundial no transplante de órgãos e precisamos continuar com a mesma qualidade", avalia Carlos Henrique Boaskevisque, ex-chefe da cirurgia de tórax da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Referência em transplantes Apesar da desconfiança por parte da população, o Brasil é referência mundial na área de transplantes. Somente no primeiro semestre de 2024, 4,5 mil órgãos, além de 8,2 mil córneas e 1,5 mil medulas ósseas foram transplantados pelo Sistema Público de Saúde (SUS). Em números absolutos, o país fica atrás apenas dos Estados Unidos. Boaskevisque cita a importância dos resultados positivos para conscientizar a população sobre o tema. O conhecimento amplia as chances de doação, segundo ele. "Precisamos difundir a credibilidade do nosso sistema de transplante de órgãos no Brasil, mostrando a quantidade de pessoas que são salvas anualmente com os procedimentos. Fazer muita publicidade sobre o tema", pontua o médico. Além de campanhas sobre o tema, ele reforça a necessidade de um treinamento mais aprofundado para médicos e enfermeiros para ampliar a taxa de doação. "Eles representam o primeiro contato com as famílias e devem explicar os processos de forma correta e assertiva. Na maior parte dos casos, os familiares estão dispostos a doar os órgãos do parente. No entanto, ficam apreensivas quando não recebem explicações claras", finaliza Boaskevisque.


Short teaser Mais de 65 mil pacientes aguardam na fila dos transplantes. Escândalo como do Rio de Janeiro abala confiança no sistema.
Author Lucas Janone
Item URL https://www.dw.com/pt-br/desinformação-dificulta-doação-de-órgãos-no-brasil/a-70497829?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
Image URL (940 x 411) https://static.dw.com/image/44591224_354.jpg
Image caption Brasil é referência mundial na área de transplantes
Image source picture-alliance/dpa/S. Stache
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Item 7
Id 70512029
Date 2024-10-16
Title "O livro nunca vai acabar"
Short title "O livro nunca vai acabar"
Teaser Aos 93 anos, escritora Ruth Rocha terá estande na Feira do Livro de Frankfurt. Em entrevista à DW, ela fala sobre suas obras, a evolução das crianças e planos para o futuro.

Ruth Rocha escancara um sorriso sincero quando o assunto é o imaginário das crianças. "Eu tenho esperança nas crianças, acho que as crianças são a esperança do mundo, né?", comenta. Aos 93 anos, a escritora é um dos mais consagrados nomes da literatura infantil brasileira de todos os tempos. E agora, em um movimento para internacionalizar mais sua obra, terá um espaço especial na Feira do Livro de Frankfurt, que começa nesta quarta-feira (16/10) e vai até 20 de outubro.

Gestora de sua obra, a filha Mariana Rocha conta que, para o evento internacional, foram selecionados dez livros "com temáticas atuais e universais". Traduzidos para o inglês, eles serão exibidos ao público da feira, com a expectativa de seus direitos sejam adquiridos por editoras de outros países. O mesmo será feito na Feira do Livro Infantil de Bolonha do ano que vem, que acontece entre 31 de março de 3 de abril.

A escritora ostenta números impressionantes. São 200 livros publicados, 40 milhões de exemplares vendidos e obras traduzidas para mais de 25 idiomas. Ganhou oito vezes o prêmio Jabuti e teve um de seus livros, O Reizinho Mandão, incluindo na lista de honra do prêmio internacional Hans Christian Andersen.

Publicado em 1978, quando o Brasil vivia sob a ditadura militar, O Reizinho Mandão é uma história que mostra, dentro do universo infantil, os problemas do autoritarismo e da falta de democracia. É um dos maiores sucessos da autora, ao lado do best-seller Marcelo, Marmelo, Martelo, de 1976, sobre um menino que questiona os nomes das coisas — e resolve rebatizar tudo seguindo sua peculiar lógica.

Ao longo desses quase 50 anos de produção literária, Rocha acredita que as crianças "não mudaram tanto". "Nós é que mudamos o tratamento que damos às crianças", diz. Ela concedeu entrevista à DW ao lado da filha Mariana.

DW: São quase 50 anos e 200 livros publicados. Como consegue continuar falando tão bem com as crianças? A senhora não envelheceu?

Ruth Rocha: Olha, eu acho que a gente fala bem com a criança quando gosta de criança. Eu gosto de criança. Eu tive muita criança na minha vida. Eu tive irmãos mais jovens, depois eu tive sobrinhos, eu tive a minha filha, agora tem meus netos, que são já moços, mas foram crianças! E eu tenho um respeito com a criança. Eu tenho esperança nas crianças, acho que as crianças são a esperança do mundo, né? Então eu tenho boa-vontade, carinho com criança. E isso me ajuda muito.

Seus livros mais antigos ainda conseguem dialogar com as crianças de hoje em dia?

Ruth Rocha: Eu escrevi um livro que se chama Marcelo, Marmelo, Martelo. Ele é o livro mais vendido meu há 50 anos. Até hoje as crianças continuam gostando muito dele, então eu acho que elas não mudaram tanto. Nós é que mudamos o tratamento que damos às crianças. Não damos mais aquele tratamento autoritário, como se a criança não tivesse importância. Isso modificou muito as crianças. Por outro lado, elas têm os mesmos anseios, os mesmos problemas, as mesmas ideias, os mesmos medos, os mesmos desejos. Elas não são tão diferentes. Acho que elas continuam gostando dos livros.

Mariana Rocha: Os livros dela, apesar de serem antigos no tempo, trazem temas muito atuais. Ela falava sobre liberdade de expressão, sobre fascismo, sobre feminismo, sobre meio ambiente. São assuntos muito atuais. Ela tinha um pensamento um pouco à frente talvez do seu tempo, acompanhou muito bem.

Há títulos que falam sobre meio ambiente, sobre racismo… Esses temas são mais necessários hoje em dia?

Ruth Rocha: O que eu posso dizer é que os livros vendem. Vendem para as escolas, para os pais, para as crianças. Então eu acredito que eles gostem disso. Não sei se todos. Temos um público que não se interessa por nada do que é bom…

Mariana Rocha: A gente estava comentando aqui sobre o avanço da direita, da extrema direita no Brasil e no mundo. Às vezes temos uma desconfiança em alguns livros, em alguns temas. Às vezes os livros mais leves, com assuntos mais banais, agradam mais do que livros mais comprometidos com certos valores mais vanguardistas, digamos, de esquerda. Então sentimos que alguns livros ficam para trás mesmo tendo textos muito importantes, muito bons.

Mas no caso desses temas, eles vêm como uma vontade própria ou existe um pedido dos editores, dos professores?

Ruth Rocha: É o que eu quero. É o que eu faço. Eu nunca fiz nada para editor.

E como disputar a atenção das crianças de hoje, concorrendo com celulares, tablets e tantas telas?

Ruth Rocha: Não sei, não sei. A gente fala na televisão, a gente faz lançamentos. A escola é uma coisa que nem sei se é boa [para isso] porque obriga a ler…

Mariana Rocha: As escolas trabalham muito com os livros da minha mãe, então temos um apoio das escolas, que são um dos veículos que apresentam [a obra dela] para as crianças. Tem uma coisa interessante: as crianças gostam de livros. Eles são bonitos, têm ilustrações bonitas, são objetos que a criança carrega para lá e para cá. Mesmo com a ameaça das telas, o livro ainda é um objeto a que a criança se apega.

Ruth Rocha: A pergunta seguinte devia ser assim: como a tecnologia atrapalha a literatura? A literatura tem um espaço que é dela, que não é da tecnologia. A tecnologia talvez até tenha mais espaço [hoje], mas a literatura tem seu espaço. Por isso nunca vai acabar o livro. Livro é uma coisa… O cheiro do livro é uma coisa ótima.

Qual o objetivo desse espaço na Feira de Frankfurt?

Mariana Rocha: Temos poucos livros internacionais e as crianças do mundo merecem conhecer a Ruth Rocha. Então estamos fazendo um trabalho, um empenho grande de internacionalizar a obra. É o momento de a gente ir para fora, mostrar. Porque os temas e a linguagem dela são muito atuais.

Vamos ter dez títulos traduzidos para o inglês. São os livros que a gente considera mais universais neste momento. Tem o Marcelo…, tem O Reizinho Mandão, tem O Menino Que Aprendeu a Ver, tem Azul e Lindo: Planeta Terra, Nossa Casa. São livros de temática atual e universais, para a gente começar a conversar com editoras e ter a nossa obra exposta ali para a apreciação do público internacional.

A senhora estará na feira com a Mariana?

Ruth Rocha: Eu já não estou viajando para a Europa. Não estou com a bola toda, não estou mais viajando.

Aos 93 anos com todo esse sucesso, quais são seus planos para o futuro?

Ruth Rocha: Eu não tenho muitos planos para o futuro porque o meu futuro é muito longo. Eu quero continuar fazendo isso que estou fazendo. Não quero nenhuma coisa diferente. Prêmios, eu ganhei muito. Não preciso mais de prêmios. Consagração, também. Estou contente. Eu não preciso de mais nada.

Short teaser Aos 93 anos, escritora Ruth Rocha terá estande na Feira do Livro de Frankfurt.
Author Edison Veiga
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Item 8
Id 70507739
Date 2024-10-15
Title Cafeína pode proteger contra doença de Alzheimer?
Short title Cafeína pode proteger contra doença de Alzheimer?
Teaser

Cafeína, encontrada no café, chá, cacau e bebidas energéticas, estimula o sistema nervoso central, aumenta o estado de alerta e reduz a sonolência

Novo estudo revela que pessoas que consomem menos cafeína correm maior risco de comprometimento cognitivo leve e de desenvolver doença neurodegenerativa progressiva que afeta adultos mais velhos.Uma pesquisa recente, publicada pela revista científica Alzheimer's & Dementia confirmou uma suspeita que já existia há algum tempo: o consumo de cafeína está relacionado a um menor risco de comprometimento cognitivo leve (CCL) ou de doença de Alzheimer. A cafeína é uma substância encontrada no café, chá, cacau, bebidas energéticas, entre outros. É um composto químico conhecido por estimular o sistema nervoso central, além de aumentar o estado de alerta e reduzir a sonolência. A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta principalmente adultos mais velhos, causada pelo acúmulo anormal de fragmentos das proteínas beta amiloide ou tau no cérebro. Esses acúmulos interrompem a comunicação das células cerebrais e as matam, o que gera deterioração cognitiva e perda de memória. À medida em que a doença progride, as pessoas apresentam confusão, desorientação, fala arrastada, mudanças repentinas de humor ou de personalidade e perda da capacidade de realizar tarefas diárias. O Alzheimer não tem cura, embora existam tratamentos que aliviem os sintomas. Grande parte das pesquisas realizadas anteriormente eram centradas em estudos observacionais e de metanálise. Contudo, no novo estudo – parte do projeto Baltazar, voltado para pesquisas sobre a doença de Alzheimer – foram coletados dados sobre as alterações biológicas que o consumo de cafeína pode causar no cérebro, particularmente no líquido cefalorraquiano (LCR). Riscos do baixo consumo de cafeína Os autores analisaram a ingestão de alimentos com cafeína durante cinco anos em 263 pacientes com mais de 70 anos e com comprometimento cognitivo leve ou Alzheimer, que também foram submetidos a exames de ressonância magnética e amostras de sangue e de LCR. Os pesquisadores testaram o consumo de 200 miligramas de cafeína por dia, uma ingestão classificada como "baixa" e equivalente a uma lata de bebida energética ou cerca de duas xícaras de café. Qualquer consumo maior foi considerado "alto". Os autores do estudo descobriram que aqueles que bebiam menos cafeína tinham quase 2,5 vezes mais probabilidade de serem diagnosticados com CCL, perda de memória ou Alzheimer, em comparação com os pacientes que tinham consumo de cafeína alto. "Os nossos dados apoiam a associação do menor consumo de cafeína com um risco aumentado de amnésia, bem como com alterações prejudiciais nos biomarcadores de LCR em pacientes com CCL e Alzheimer", concluíram os cientistas. O que acontece com as proteínas? Da mesma forma, os pacientes com baixa ingestão de cafeína apresentavam maiores aglomerados de proteínas beta amiloides no cérebro, um sinal biológico de neurodegeneração e um conhecido precursor da doença de Alzheimer. Segundo os pesquisadores, a proteína tau, que ao se acumular no tecido cerebral também piora os sintomas do Alzheimer, não foi afetada pelo consumo baixo ou alto de cafeína. Embora o café expresso pela manhã ou o chocolate quente à tarde possam contribuir para o bom funcionamento do cérebro a longo prazo, isso não significa que as pessoas devam consumir bebidas ou alimentos com cafeína sem limites. A hora do dia deve ser levada em consideração, pois a cafeína pode afetar o sono, fundamental para o bom funcionamento neurológico a longo prazo. Além disso, muitos chocolates ou bebidas energéticas contêm grandes quantidades de açúcar, o que também coloca em risco a saúde cognitiva. rc (DW, ots)


Short teaser Novo estudo revela que pessoas que consomem menos cafeína correm maior risco de comprometimento cognitivo leve.
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Image caption Cafeína, encontrada no café, chá, cacau e bebidas energéticas, estimula o sistema nervoso central, aumenta o estado de alerta e reduz a sonolência
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Item 9
Id 70506349
Date 2024-10-15
Title Entre sonho e realidade: os 100 anos do surrealismo
Short title Entre sonho e realidade: os 100 anos do surrealismo
Teaser

"A Persistência da Memória", de 1931, é a mais famosa obra de Salvador Dalí

Com suas visões e devaneios, Dalí, Breton, Magritte e outros artistas marcaram o período entreguerras, contrapondo-se à lógica do establishment, num mundo desestruturado e combalido, um século atrás.A paisagem árida da costa não condiz com a realidade: sob um céu nublado, há um caixote com uma árvore sem folhas saindo dele. No chão, há um corpo semelhante a um cavalo morto. Três relógios de bolso derretidos estão pendurados como toalhas molhadas, e um quarto é povoado por formigas. Com sua tela A persistência da memória, de 1931, Salvador Dalí (1904-1989) criou uma verdadeira paisagem de sonhos, riquíssima em simbolismos. Esse é o quadro mais famoso do pintor espanhol e, até hoje, continua sendo um dos ícones do surrealismo. Uma nova realidade para além do zeitgeist burguês Para entender o surrealismo, é preciso voltar à Paris dos chamados "loucos anos 20": após os horrores da Primeira Guerra Mundial, as pessoas estavam famintas por viver novamente. Inquietas e otimistas, queriam experimentar. Em 1924, os Jogos Olímpicos agitaram a cidade. Junto com os atletas, numerosos artistas, escritores, músicos e intelectuais se reuniram na capital francesa, tornando-a o centro cultural da Europa. Mas também havia quem não queria mais tolerar uma sociedade que tinha tornado possível uma guerra tão bárbara. E exigia uma reformulação radical. Formou-se então um movimento contracultural político e artístico: quer pintores, cineastas, escritores ou músicos, os seguidores do novo movimento rejeitavam o zeitgeist burguês. Os surrealistas buscavam – fora da lógica e da racionalidade – uma realidade nova e superior: a surrealidade, ou seja, o inconsciente. Sonhos, estados de embriaguez, desejos reprimidos, visões, ideias loucas: tudo isso era necessário para libertar a sociedade de suas algemas morais. Inspirados por A interpretação dos sonhos, de Sigmund Freud, eles pretendiam "rasgar o véu da realidade". Um dos pioneiros do movimento foi o escritor e crítico francês André Breton, que, em outubro de 1924, escreveu o primeiro manifesto surrealista, no qual apresentou a novidade na arte: "Acredito agora na resolução desses estados aparentemente contraditórios de sonho e realidade num tipo de realidade absoluta, se é que podemos chamá-la assim: surrealidade." O novo conceito foi considerado provocador, quase anarquista, por diversos contemporâneos que seguiam o conceito tradicional de arte da época.Ao mesmo tempo, muitos artistas se sentiram inspirados pela nova mentalidade. De cachimbos e globos oculares Há obras como A traição das imagens, do belga René Magritte (1898-1967): a pintura mostra um cachimbo, abaixo do qual está a declaração "Ceci n'est pas une pipe" (Isso não é um cachimbo). Soa enigmático, mas, na verdade, está correto, afinal, não se está olhando para um cachimbo, e sim para a representação de um cachimbo. Com o filme Um cão andaluz, em 1929, dois espanhóis, o diretor Luis Buñuel e seu amigo Salvador Dalí, levaram pela primeira vez uma obra surrealista para a tela do cinema. O enredo se baseia em sonhos de ambos: no prólogo, um homem afia uma navalha, e, em seguida, uma nuvem atravessa a Lua cheia. A seguir, numa elipse chocante, o homem corta o globo ocular de uma mulher com a navalha. Nada no filme deve ser racional, lógico ou culturalmente explicável: até mesmo o título foi escolhido sem referência ao conteúdo. A rebelião dos surrealistas O pintor alemão Max Ernst (1891-1976) foi um dos primeiros surrealistas. Ele desenhava paisagens fantasiosas espetaculares povoadas por figuras imaginárias. Para isso, desenvolveu técnicas como a frottage, na qual transferia a estrutura da superfície dos materiais para o papel. Sua técnica de gotejamento foi mais tarde desenvolvida por Jackson Pollock, pioneiro do expressionismo abstrato americano. Em muitas pinturas surrealistas, os opostos colidem. A xícara de chá coberta de pele da artista berlinense Meret Oppenheim (1913-1985), por exemplo, ficou famosa. Perspectivas distorcidas, criaturas misteriosas: os artistas geralmente separam as coisas do contexto habitual, combinam com novas formas e, assim, propiciam uma visão distinta do mundo. Algumas imagens são perturbadoras, como o emocional autorretrato de Frida Kahlo (1907-1954) Hospital Henry Ford, de 1932, que mostra a mexicana numa cama voadora após um aborto espontâneo. Poeta da cor, o catalão Joan Miró (1893-1983) também deve ser incluído no círculo dos surrealistas. Cabe citar o bretão Yves Tanguy (1900-1955), cujas paisagens oníricas permanecem enigmáticas: e o pintor franco-alemão Jean Arp (1886-1966). Por sua vez, o fotógrafo, diretor de cinema, pintor e artista americano Man Ray (1890-1976)fez manchetes ainda em 2022, quando uma de suas obras mais conhecidas foi arrematada num leilão da Christie's por 12,4 milhões de dólares, tornando-se a fotografia mais cara de todos os tempos. Trata-se de O violino de Ingres, de 1924, que dá ao corpo de uma mulher nua a forma de instrumento musical. O escritor e poeta André Breton foi um dos primeiros a empregarem a écriture automatique, método de escrita intuitiva visando colocar no papel imagens, sentimentos e palavras do subconsciente – uma associação livre a uma nova forma de poesia e literatura experimental. Breton descreveu o processo como "ditado mental sem nenhum controle da razão". A receita é sentar-se à escrivaninha logo após acordar, quase dormindo, e ir registrando as frases nascidas nesse estado de torpor. Exposições em todo o mundo Os surrealistas se rebelaram contra normas e hábitos. Eles pintavam, escreviam e filmavam contra a lógica e o pragmatismo – e a favor da equidade. Queriam usar a arte para instigar uma revolução social. Mas, acima de tudo, revolucionaram a percepção humana, que atualmente enfrenta um novo ponto de inflexão: a inteligência artificial e a aprendizagem de máquina permitem um entrelaçamento entre real e virtual quase impossível de compreender. Não é possível dizer exatamente quando o surrealismo começou a encerrar seu ciclo, mas isso provavelmente coincidiu com o surgimento de novos movimentos artísticos após a Segunda Guerra Mundial, em 1945, como o expressionismo abstrato nos EUA. Hoje, quem busca reexaminar os surrealistas deve fazer uma peregrinação aos locais onde os artistas atuavam. O Centre Pompidou, em Paris, estende o tapete vermelho para eles com uma exposição que ficará em cartaz até janeiro de 2025 e depois percorrerá a Europa. O Kunsthalle de Hamburgo, o Lenbachhaus de Munique e muitos outros museus por todo o mundo completarão a ciranda de exposições em homenagem ao centenário do surrealismo.


Short teaser Com suas visões e devaneios, artistas surrealistas marcaram o entreguerras, contrapondo-se à lógica do establishment.
Author Stefan Dege
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Image caption "A Persistência da Memória", de 1931, é a mais famosa obra de Salvador Dalí
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Item 10
Id 70503263
Date 2024-10-15
Title Por que Nietzsche é tão popular no Brasil
Short title Por que Nietzsche é tão popular no Brasil
Teaser De Mário de Andrade a Belchior e "roba-brisa", filósofo alemão nascido há 180 anos, autor de 'Assim falou Zaratustra', inspirou livros, filmes, cursos, peças teatrais, músicas. E transformou numerosas vidas.

O diretor e roteirista Dimis Jean Soares tinha 15 anos quando leu Friedrich Nietzsche (1844-1900) pela primeira vez. O livro foi O nascimento da tragédia (1872), o primeiro dos 19 publicados em vida pelo filósofo alemão. À época, Soares sofria de depressão.

"Ler a obra de Nietzsche me ajudou a entender que é preciso aceitar o caos para enxergar a beleza. Isso me levou a pesquisar sobre a vida dele e a descobrir os sérios problemas de saúde mental que enfrentou. Mesmo assim, até o último minuto de vida, encontrou esperança na arte."

Hoje, aos 35 anos, Soares é autor e diretor do musical O fantasma de Friedrich – Uma pop ópera punk, em que o espectro do protagonista ajuda um grupo de jovens a escaparem de uma instituição psiquiátrica. Depois de estrear no Festival de Curitiba, sua trilha foi lançada no Spotify. "Acho que, por trás dos textos sombrios, existe em Nietzsche um certo otimismo de que a humanidade será salva pela reflexão."

Não é a primeira vez que a vida e a obra de Nietzsche inspiram uma peça de teatro. Muito antes de Ranieri Gonzalez dar vida ao trágico personagem, ele já tinha sido interpretado por Cássio Scapin no espetáculo Quando Nietzsche chorou, adaptação do best-seller de Irvin D. Yalom.

Filosofia, uma eterna procura

Outro admirador confesso de Nietzsche é o diretor Amir Haddad: o criador do grupo Tá na Rua transpôs Assim falou Zaratustra (1883) para os palcos. "Os gregos diziam que a verdade é algo que não muda. Já Nietzsche defendia a ideia de que nada é imutável. O princípio de todas as coisas, portanto, não é a verdade, mas a mudança."

A afirmação é de Viviane Mosé, doutora em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e parceira de Haddad no espetáculo Zaratustra: uma transvaloração dos valores: "Não há uma verdade última e definitiva. O que há, são diferentes perspectivas. O contrário de verdade não é a mentira: é a diferença. O maior desafio hoje é conviver com essas diferenças."

Haddad começou a se interessar por Nietzsche depois de ganhar Assim falou Zaratustra de presente de uma amiga, a atriz Camila Amado (1938-2021). Dos livros do autor, é o mais conhecido – e também o mais hermético. "Não comecem a ler Nietzsche por Zaratustra", aconselha Scarlett Marton, doutora em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). "Apesar de parecer fácil, é um livro que traz enormes dificuldades."

Aos 73 anos, Marton é uma das maiores especialistas em Nietzsche do Brasil. Dos 22 livros que escreveu, 20 são sobre o pensador alemão, sendo o mais recente Filósofo da suspeita (editora Autêntica). Nele, desfaz mal-entendidos, como, por exemplo, de que o filósofo teria sido um precursor do nazismo.

"Nietzsche é, acima de tudo, um provocador. Provoca o leitor a questionar o mundo. E a suspeitar de tudo: de suas crenças, preconceitos, convicções... Precisamos exercer nosso espírito crítico", exorta a filósofa. Em além do bem e do mal (1886), o autor compara a figura do filósofo a alguém que está em busca de um tesouro. "Dentro de uma caverna, há outra caverna. E, dentro da outra, uma terceira. E assim por diante. A busca nunca termina", ensina Marton.

"O que não me mata me faz mais forte"

No Brasil, Nietzsche deu origem a peças teatrais, livros e cursos. Marton é, inclusive, autora de um deles, Vida, obra e legado, disponível na Casa do Saber. Em 2001, o filósofo inspirou até o longa-metragem Dias de Nietzsche em Turim, do cineasta Júlio Bressane. Protagonizado por Fernando Eiras, ele retrata os nove meses em que o filósofo viveu na cidade italiana, entre abril de 1888 e janeiro de 1889. Nesse período, escreveu Crepúsculo dos Ídolos (1888), que traz um de seus aforismos mais famosos: "O que não me mata me faz mais forte".

"A obra de Nietzsche é sedutora. E, em geral, mais lida do que a de outros filósofos. Seus textos são curtos e contém alegorias e metáforas. Mas, é preciso ler Nietzsche como ele gostaria de ser lido: de maneira lenta, como se se estivesse ruminando. Caso contrário, pode não entender o que está lendo ou, então, perder o interesse pela leitura", alerta Saulo Krieger, doutor em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e tradutor de Além do bem e do mal, Assim falou Zaratustra e Crepúsculo dos Ídolos, todos editados pela Edipro.

Por pouco, o historiador Marcelo Marques, de 22 anos, não desistiu de Crepúsculo dos Ídolos. Ganhou o livro de um amigo quando estava no ensino médio, começou a ler as primeiras páginas e... "Ué, mas, se o negócio está em português, por que não estou entendendo nada?", indagou-se. Em vez de guardar o livro numa gaveta qualquer, assistiu a vídeos no YouTube de Mario Sergio Cortella, Luiz Felipe Pondé e Clóvis de Barros Filho.

Em 2020, gravou um vídeo para seu canal no YouTube, o Audino Vilão, explicando conceitos como super-homem e eterno retorno. No lugar do jargão acadêmico, gírias da periferia. "Super-homem é o mano do corre, tá ligado? Vai pra cima e vence sem muleta", explica no vídeo de quase 13 minutos. Nietzsche: o famoso 'roba-brisa' ("estraga-prazer") já atingiu 463 mil visualizações. "Quando li Nietzsche pela primeira vez, não entendi nada. Dei muito murro em ponta de faca até entender", admite o youtuber.

O sucesso foi tanto, que Marques foi convidado a escrever o livro Filosofia para becos & vielas (Outro Planeta, 2022), que se propõe a explicar, em linguagem acessível, a obra de 23 filósofos, desde os pré-socráticos, como Tales de Mileto (624-546 a.C.), "o primeirão", até os existencialistas, destacando Jean-Paul Sartre (1905-1980), o "pirado da liberdade".

O famoso "roba-brisa" não poderia ficar de fora. "A obra de Nietzsche não envelheceu. Muito pelo contrário. Está mais viva do que nunca", afirma Luiz Felipe Pondé, doutor em Filosofia pela USP. "Quem diz que Nietzsche é um filósofo pop é porque não leu Nietzsche. É um filósofo complexo."

O jornalista Clóvis de Barros Filho, doutor em Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, também questiona o adjetivo atribuído ao autor. "Nietzsche vende. E os influenciadores digitais sabem disso. Quando querem subir a audiência do canal, aumentar o número de seguidores ou, simplesmente, chamar a atenção dos internautas, falam de Nietzsche!"

"Sem música, a vida seria um erro"

A obra nietzschiana não influenciou apenas filósofos e acadêmicos, mas, poetas e compositores também. Há traços dessa filosofia nos poemas Carnaval (1919), de Manuel Bandeira (1886-1968), e no romance de Mário de Andrade (1893-1945) Amar, verbo intransitivo (1927). "Repercutiu fortemente entre os modernistas: tanto na construção de personagens quanto em reflexões críticas", detalha Geraldo Dias, doutor em Filosofia pela Unifesp.

O mesmo se pode dizer de Waly Salomão (1943-2003), letrista de canções como Vapor barato (1971), parceria com Jards Macalé e sucesso na voz de Gal Costa (1945-2022). "Sua produção sempre foi declaradamente afeita às mudanças permanentes e repleta de contestações de rótulos acachapantes", analisa Flávio Boaventura, doutor em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG).

Dos compositores brasileiros, porém, nenhum deles bebeu mais na fonte do pensador alemão do que Belchior (1946-2017). É o que conclui Regina Rossetti, doutora em Filosofia pela USP, depois de analisar o segundo álbum do cantor cearense, Alucinação (1976), que traz alguns clássicos de seu repertório, como Apenas um rapaz latino-americano, Como nossos pais e Sujeito de sorte – aquele que diz: "Tenho sangrado demais / Tenho chorado pra cachorro / Ano passado eu morri / Mas esse ano eu não morro".

"A maior influência está na crítica da moral e na celebração da rebeldia. Em suas letras, Belchior reflete sobre a luta individual contra as imposições sociais, principalmente num contexto de repressão, como a ditadura", explica Rossetti.

Coincidência ou não, o filósofo também amava a música: tocava piano desde os nove anos; tornou-se fã ardoroso e amigo – e mais tarde, crítico feroz – de Richard Wagner (1813-1883), o compositor e dramaturgo alemão que revolucionou a ópera no fim do século 19; e chegou a compor algumas peças para piano e canções. "Sem música, a vida seria um erro", admitiu Nietzsche em Crepúsculo dos Ídolos..

Short teaser De Mário de Andrade a "roba-brisa", filósofo alemão nascido há 180 anos inspirou autores e músicos. E transformou vidas.
Author André Bernardo
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Item 11
Id 70460654
Date 2024-10-15
Title Palco de causas internacionais, Feira do Livro de Frankfurt celebra 75 anos
Short title Palco de protestos, Feira do Livro de Frankfurt faz 75 anos
Teaser

O pôster da primeira Feira do Livro de Frankfurt, em 1949

A Guerra Fria, controvérsias com editoras de extrema direita e o "Caso Rushdie" marcaram a história do evento.Embora existam documentos que mencionam a realização de uma feira de livros na cidade alemã de Frankfurt no ano de 1462, a versão moderna da Feira do Livro de Frankfurt foi realizada pela primeira vez em 1949. Ao longo de seus 75 anos de história, uma das maiores conquistas do evento foi a construção de pontes por meio da "diplomacia do livro”. Mas esses esforços também geraram polêmica ao longo dos anos. "A ilusão de um mundo unificado” Em meio à Guerra Fria, diferentes países do Bloco Oriental - União Soviética, Polônia, Hungria e as antigas Tchecoslováquia e Iugoslávia - participaram da Feira do Livro de Frankfurt pela primeira vez em 1955. Naquele mesmo ano, a Alemanha Oriental também ofereceu sua primeira contribuição em um estande coletivo chamado "Livros do Comércio Interior da Alemanha”. Conforme descrito pelo jornal Frankfurter Rundschau em 1957, a feira do livro era, na época, o único evento de negócios do mundo que permitia que "a ilusão de um mundo unificado” fosse temporariamente revivida em meio à contínua rivalidade política que opunha o Ocidente e o Oriente na Alemanha: "Na feira do livro em Frankfurt, não há terra de ninguém entre os oponentes; eles saíram das trincheiras, apertando a mão um do outro sem forçar um sorriso de diplomata”. A Cortina de Ferro, no entanto, ofuscou a feira até a queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989. Um mês antes, o autor tcheco dissidente Vaclav Havel, morto em 2011, ganhou o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão, mas não foi autorizado a deixar a então Tchecoslováquia. A maré mudou drasticamente alguns meses depois; no final daquele mesmo ano, Havel se tornou o presidente do país. Conflitos com a extrema direita Também houve atritos no cenário editorial da Alemanha. Nos primeiros anos da feira, pós-segunda Guerra, figuras conhecidas do comércio de livros exigiram que as editoras neonazistas fossem banidas do evento. Mas os organizadores decidiram que, desde que as editoras não infringissem a lei alemã, elas não seriam barradas. Embora essa seja uma questão polêmica até hoje, a posição da feira do livro não mudou, com o objetivo de evitar a censura e promover a liberdade de expressão. Isso, no entanto, levou a muitos protestos contra editoras de direita ao longo dos últimos 75 anos da feira do livro. Em 1955, por exemplo, diferentes expositores se uniram para expulsar um editor neonazista, porém agindo de forma relativamente discreta, "ao meio-dia, quando as coisas estavam mais calmas”, afirma o site da Feira do Livro de Frankfurt. Outros protestos não foram tão silenciosos. A polícia teve que intervir em 2017 quando manifestantes interromperam uma leitura de Björn Höcke, líder da Alternativa para a Alemanha (AfD) que já foi condenado por usar slogans nazistas. O político, que legalmente pode ser descrito como "fascista” de acordo com um tribunal alemão, voltou à Feira do Livro de Frankfurt para outra leitura - sob proteção policial - no ano seguinte. Em 2023, a Feira adiou por tempo indeterminado a entrega do prêmio LiBeratur 2023 à autora palestina Adania Shibli, o que despertou repúdio no meio literário. A justificativa dada para o adiamento foi o conflito desencadeado em 7 de outubro por ataques do grupo radical islâmico palestino Hamas contra Israel. O livro de Shibli narra assassinato de menina palestina em 1949 por soldados israelenses. Uma plataforma para causas internacionais A Feira do Livro de Frankfurt também começou a servir de palco para manifestações relacionadas a questões internacionais em 1966, quando exilados croatas protestaram contra expositores iugoslavos. Um ano depois, as editoras gregas foram confrontadas com estudantes e livreiros que protestavam contra a ditadura militar na Grécia, que chegou ao poder em abril de 1967. Em 1968 - um ano marcado por protestos estudantis em massa na Alemanha Ocidental e em todo o mundo - a feira de Frankfurt entrou para a história como a "Feira da Polícia”. Naquele ano, o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão foi concedido ao primeiro presidente do Senegal, Leopold Sedar Senghor, também conhecido como poeta e teórico cultural. Os manifestantes em Frankfurt denunciaram o governo cada vez mais autoritário de Senghor - manifestações de estudantes senegaleses haviam sido violentamente esmagadas no início daquele ano. Em 1971, os protestos durante a feira do livro se concentraram no Irã, pois tentativas de derrubar o Xá no país foram recebidas com uma violência sem precedentes. Quase 20 anos depois, em 1989, o Irã foi desconvidado após o ex-líder supremo do Irã Ruhollah Khomeini pedir o assassinato do escritor indiano-britânico Salman Rushdie. O romancista nascido na Índia inicialmente apoiou a Revolução Islâmica do Irã de 1979. Porém, 10 anos depois, o autor tornou-se o alvo mais proeminente de Ruhollah Khomeini. O líder fundamentalista ordenou a morte de Rushdie por causa de seu romance "Versos Satânicos”, que é parcialmente inspirado na vida do profeta islâmico Maomé. O pedido de assassinato levou os organizadores da feira do livro a excluírem a participação do Irã por muitos anos, inclusive em 1998, quando Rushdie fez uma aparição surpresa na cerimônia de abertura, com medidas de segurança rigorosas. O Irã também boicotou a Feira do Livro de Frankfurt em diferentes ocasiões, inclusive em 2015, quando Rushdie foi novamente convidado a fazer o discurso de abertura. Em 2023, Rushdie ganhou o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão depois de sobreviver a um atentado a faca no ano anterior. Países polêmicos "convidados de honra” Inspirado pelo sucesso do foco da Feira do Livro de Frankfurt nos livros indianos em 1986, o conceito de país Convidado de Honra foi oficialmente introduzido dois anos depois, começando com a Itália - que também retorna ao papel de destaque este ano. A Turquia foi Convidada de Honra em 2008, promovendo a diversidade de sua literatura sob o slogan "fascinantemente colorida”. Autores como Asli Erdogan, Elif Shafak e Sebnem Isiguzel se destacaram como novas vozes fortes do país. Mas no discurso de abertura do evento, Orhan Pamuk, o escritor turco mais vendido e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 2006, criticou a falta de liberdade de expressão em seu país natal. Pamuk já havia testado os limites da liberdade de expressão na Turquia ao fazer declarações sobre o genocídio armênio e os assassinatos em massa de curdos, o que levou a processos judiciais contra ele e à queima de seus livros. Já participação da China como convidada de honra em 2009 provocou uma polêmica ainda maior. Algumas semanas antes do evento, autores chineses dissidentes que participariam de um simpósio ligado à feira do livro foram desconvidados pelos organizadores, sob pressão da China. Os autores participaram mesmo com o veto, o que levou muitos delegados chineses a abandonar o simpósio. Mais tarde, quando a então chanceler federal alemã Angela Merkel abriu a feira, acompanhada do presidente chinês, Xi Jinping, ela abordou a disputa em seu discurso, ressaltando que, ao aceitar subir ao palco de Frankfurt, a China estava totalmente ciente de que "vozes críticas seriam e deveriam ser ouvidas”. No mesmo discurso de abertura, ela se referiu à censura que sofreu em sua juventude na Alemanha Oriental comunista, destacando o poder democrático dos livros: "Esse é um dos principais motivos pelos quais os livros são censurados ou até mesmo queimados nas ditaduras. Os livros têm um grande potencial de liberdade”. A Feira do Livro de Frankfurt será realizada de 16 a 20 de outubro de 2024.


Short teaser A Guerra Fria, controvérsias com editoras de extrema direita e o "Caso Rushdie" marcaram a história do evento.
Author Elizabeth Grenier
Item URL https://www.dw.com/pt-br/palco-de-causas-internacionais-feira-do-livro-de-frankfurt-celebra-75-anos/a-70460654?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption O pôster da primeira Feira do Livro de Frankfurt, em 1949
Image source picture-alliance / dpa
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Item 12
Id 70498656
Date 2024-10-15
Title Fenômeno das bets: uma perigosa epidemia global
Short title Fenômeno das bets: uma perigosa epidemia global
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Estudo mostram impactos da legalização de bets na saúde financeira e mental da população

Crescimento vertiginoso das apostas online e seus efeitos deletérios para parte da população não são um problema exclusivamente brasileiro. Vários países enfrentam situação semelhante e debatem regras mais rigorosas.Com certo atraso, o Brasil se deu conta do potencial de dano que as apostas esportivas online – as bets – podem causar, em especial a homens jovens: vício, dívidas, problemas familiares e menos dinheiro para educação e alimentação são alguns dos efeitos colaterais. Principais patrocinadoras de 15 dos 20 times de futebol da primeira divisão, as bets são onipresentes no esporte favorito do brasileiro e acessíveis do celular, no conforto de casa. Legalizadas desde 2018, o governo anunciou sua regulamentação apenas em setembro, quando o país já estava atrás apenas de Estados Unidos e Inglaterra em faturamento do setor, segundo a empresa de análise Comscore. Mas o crescimento vertiginoso das bets e seus efeitos deletérios para parte da população não são um problema exclusivamente brasileiro. Outros países vêm registrando fenômeno semelhante e, em diferentes ritmos, debatendo e adotando regras mais rigorosas. Pesquisas recentes também trouxeram mais clareza sobre seu impacto na saúde financeira e mental da população. Estados Unidos, o maior mercado Tal como no Brasil, as bets foram legalizadas nos Estados Unidos em 2018 – mas, em vez de uma alteração legislativa aprovada pelo Congresso, no caso dos americanos o pivô da mudança foi uma decisão da Suprema Corte: a maioria dos ministros concluiu que uma norma federal de 1992 que proibia as apostas esportivas extrapolava as competências do governo federal, e garantiu aos estados o direito de regular sobre o tema. Hoje as bets são legalizadas em 38 dos 50 estados do país. Uma estimativa do banco Goldman Sachs apontou que, apenas em outubro de 2023, os americanos desembolsaram mais de 1 bilhão de dólares em apostas esportivas online – e a projeção é o setor seguir crescendo até alcançar 45 bilhões de dólares por ano. Além dos bancos, as bets também chamaram a atenção de pesquisadores que vêm se debruçando sobre seus efeitos nas finanças dos americanos. Um estudo realizado por Brett Hollenbeck, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, e Poet Larsen e David Proserpio, da Universidade do Sul da Califórnia, publicado em preprint em agosto e ainda não revisado por pares, concluiu que nos estados que legalizaram as bets a saúde financeira dos moradores piorou mais do que nos estados onde elas seguiam proibidas. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores consultaram uma base de dados financeiros anonimizados de cerca de 7 milhões de americanos, com informações de 2004 até hoje, e compararam a evolução de variáveis como saúde financeira, débito excessivo e acesso a crédito. A metodologia incluiu uma checagem que afastou a hipótese de que estados que legalizaram as bets o fizeram devido a problemas orçamentários, o que poderia também influenciar a saúde financeira dos cidadãos. A pesquisa encontrou uma diferença estatisticamente significante para pior na pontuação de crédito, na taxa de insolvência e na cobrança de dívidas nos estados que legalizaram as bets, em comparação com os demais. Os resultados também mostraram que, onde as apostas online são legalizadas, a piora foi mais acentuada entre homens jovens moradores de municípios mais pobres. Atentos à evolução do fenômeno, o deputado federal Paul Tonko e o senador Richard Blumenthal, ambos do Partido Democrata, apresentaram em setembro um projeto de lei para estabelecer, no âmbito federal, padrões mínimos para a atuação das bets. Entre as medidas propostas, está a proibição de patrocinar atletas universitários e o uso de cartão de crédito para fazer apostas. Alemanha discute restrição à publicidade Na Alemanha, a legalização das apostas esportivas online ocorreu no final de 2020 – e elas estão ganhando espaço. Em 2022, registraram uma receita, já descontado o pagamento dos prêmios, de 1,4 bilhão de euros – atrás apenas das tradicionais máquinas de jogos em estabelecimentos gastronômicos e salões (4,8 bilhões de euros) e da loteria (4,1 bilhão de euros). Os dados estão no relatório Atlas dos Jogos de Azar 2023, elaborado por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Interdisciplinar sobre Vícios e Drogas em Hamburgo (ISD), do Centro Alemão para Questões do Vício em Hamm (DHS) e da Universidade de Bremen, financiados pelo Ministério da Saúde. A pesquisa define as apostas esportivas online como "a modalidade mais fácil de jogo de azar" e destaca seu rápido crescimento. Enquanto isso, o país debate se deve proibir a veiculação de publicidade de bets. Na temporada 2022/2023, 17 dos 18 times de futebol da Bundesliga recebiam patrocínio de empresas do setor, segundo o relatório. Deputados do Partido Social-Democrata (SPD) e do Partido Verde vêm defendendo a proibição da publicidade, também apoiada por mais de 70% dos alemães, segundo uma pesquisa de opinião realizada em dezembro de 2022. O país tem hoje uma legislação relativamente liberal sobre o tema, e permite que as bets patrocinem times e veiculem propaganda em outdoors, na internet e na televisão, condutas proibidas, por exemplo, na Bélgica e na Itália. Em 2021, uma pesquisa identificou que 8% dos homens que moram na Alemanha haviam feito apostas esportivas, enquanto apenas 2% das mulheres. Os homens de 21 a 35 anos e pessoas com um histórico de imigração são as mais afetadas pelo vício. Segundo o relatório, entre os que fazem apostas esportivas ao vivo, 29,7% têm algum grau de vício, sendo 6,1% vício grave. Consideradas todas as modalidades de jogos de azar legalizadas, o governo arrecadou 5,2 bilhões de euro com a atividade em 2021 – mais que o dobro do coletado com a venda de bebidas alcoólicas. O relatório também estimou que há 4,6 milhões de adultos viciados ou sob risco iminente de se viciar em jogos na Alemanha. Os viciados – que somam 1,3 milhão de pessoas – gastam em média 800 euros por mês em apostas, e os sob risco iminente de vício, que são 3,3 milhões, em média 206 euros por mês. A regulação do setor inclui uma base de dados centralizada que cadastra pessoas que ficam impedidas de fazer opostas online – o próprio apostador, seus familiares ou empresas podem fazer pedidos para o cadastro. No final de 2023, havia mais de 200 mil pessoas cadastradas nessa base de dados, a maioria por iniciativa do próprio apostador, segundo o jornal Die Zeit. Na Argentina, moda entre os jovens O país vizinho ao Brasil também lida com problema parecido. Na Argentina, pelo menos 17 províncias têm normas que permitem as apostas online, inclusive Buenos Aires, desde dezembro de 2018, segundo o site Chequeado. Uma pesquisa online realizada de maio a julho deste ano por uma rede de universidades, com 7.810 adolescentes e jovens de 15 a 29 anos, identificou que 22% deles já tinham feito apostas online no passado, e 16% seguiam fazendo. Entre os que já haviam apostado ou estavam apostando, 58,7% disseram gastar menos de uma hora por dia horas na atividade, e 12,7% deles relataram ficar mais de quatro horas por dia fazendo apostas online. No mesmo universo, 27,5% disseram que já haviam sentido ansiedade ou estresse por não ter conseguido realizar uma aposta online, e 25% gastaram nas bets dinheiro destinado a outra finalidade. Entre os adolescentes e jovens homens que haviam apostado ou estavam apostando, o gasto médio mensal equivalia a R$ 120 e, entre as mulheres, a R$ 61. A pesquisa recebeu também mais de 4 mil relatos dos entrevistados. Alguns mencionaram sofrerem bullying de colegas por não terem "coragem" de fazer apostas online, conhecerem pessoas que furtaram recursos de familiares para apostar e outras que perderam amigos ou que apanharam na escola devido a pedidos de empréstimo de dinheiro para sustentar as bets. Entre os que apostam, há relatos de desespero, mau humor e acessos de fúria relacionados à atividade. A adoção de controles mais rígidos para acessar os sites de aposta teve o apoio de 41,8% dos participantes, e 71,7% apoiariam uma campanha de prevenção direcionada a jovens. O professor Martín Romeo, diretor da pesquisa, afirmou ao jornal La Nación que os adolescentes e jovens de renda média baixa, moradores de lares ligeiramente acima da linha de pobreza, apostam em média três vezes mais do que a média geral da amostra. Sua hipótese é que eles procuram compensar a renda insuficiente do trabalho por meio das apostas. "Não é que eles apostem porque não têm nada para fazer", diz. Em 8 de outubro, uma operação policial em Buenos Aires desarticulou uma organização envolvida em apostas online ilegais, e bloqueou mais de 1.800 sites de apostas não autorizados. Restrições em outros países Uma pesquisa liderada por Repairer Etuk, da Universidade de Nevada (EUA), publicada em setembro de 2022 no Journal of Behavioral Addictions, fez uma revisão de 65 artigos científicos sobre apostas esportivas em 12 países e identificou que elas são associadas com um nível mais elevado de comportamentos problemáticos. Entre os países avaliados, China e Coreia do Sul foram os que adotaram nos últimos anos as restrições mais rigorosas contra as bets. Na China, o país vivenciou um rápido crescimento das apostas online entre 2005 e 2014, até serem proibidas em 2015 – hoje, apenas algumas modalidades de loteria esportiva controladas pelo governo são permitidas. Na Coreia do Sul, apenas uma empresa tem a licença para oferecer apostas esportivas em lojas físicas e online. No campo da publicidade, a Espanha restringiu em agosto de 2021 o horário de veiculação de propagandas sobre bets esportivas para o período de 1h a 5h da madrugada, e proibiu o patrocínio de times e torneios no país – na primeira divisão, antes do veto, 19 dos 20 clubes recebiam patrocínio de sites de apostas. No Reino Unido, as empresas de apostas estarão proibidas de serem as patrocinadoras principais de clubes da Premier League a partir da temporada de 2026/2027. Jovens com renda baixa são mais vulneráveis Diversas pesquisas já demostraram que jovens e pessoas com menor renda são mais vulneráveis aos efeitos adversos das apostas na sua saúde financeira. A psiquiatra Nicole Rezende, colaboradora do Programa Ambulatorial Integrado de Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria da USP (Pro-Amiti), afirma à DW que isso ocorre por diversos fatores. "É como se fosse um quebra-cabeça. Pessoas mais vulneráveis emocionalmente, com histórico de trauma ou de problemas de saúde mental, podem utilizar o jogo como uma forma de obter prazer. E se já existe uma vulnerabilidade de uso de substância, a chance de evoluir para um comportamento compulsivo é maior", diz. Ela pontua que o acesso às bets, principalmente para os adolescentes, foi muito propagandeado via redes sociais com um discurso de que "seria uma possiblidade para aumentar a renda, uma solução rápida para dificuldades financeiras". Nesse cenário, jovens carentes, sem supervisão parental ou rede de apoio, ficam mais expostos. "O jovem com menos instrução pode ter a crença que aquilo vai resolver a vida. Diferentemente dos indivíduos que já estão mais estáveis, com alguma segurança financeira, empregado ou cursando uma faculdade, com mais repertório", diz. O fato de as apostas estarem disponíveis no celular potencializa o potencial aditivo: "Quanto mais acessível e normalizado um comportamento é dentro de uma cultura, mais o indivíduo fica à vontade para iniciar e se engajar. E, na maioria das vezes, ninguém está checando o que a pessoa está fazendo ali no celular."


Short teaser Crescimento das apostas online e seus efeitos deletérios para a população não são um problema exclusivamente brasileiro.
Author Bruno Lupion
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Image caption Estudo mostram impactos da legalização de bets na saúde financeira e mental da população
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Item 13
Id 70493618
Date 2024-10-14
Title Reduzir calorias aumenta a longevidade?
Short title Reduzir calorias aumenta a longevidade?
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Cientistas se esforçam para compreender por que a dieta restritiva prolonga a vida, e como melhor aplicá-la em seres humanos

Sejam de restrições calóricas ou jejum intermitente, dietas têm impacto positivo sobre a longevidade. Porém novo estudo sugere que genética desempenha papel ainda mais decisivo.Seria o consumo abusivo de calorias o único motivo que faz viver menos anos? A relação entre a ingestão calórica e a longevidade é uma questão bastante complexa, na qual entram em campo fatores como a genética. Esta é a conclusão de um estudo publicado pela revista científica Nature na última quarta-feira (09/10), no qual foram analisados quase mil ratos geneticamente diversificados. A pesquisa, liderada pelo Laboratório Jackson, nos Estados Unidos, e disponibilizada na Biblioteca Nacional de Medicina americana, avalia que, ainda que a restrição calórica tenha alongado a vida de todos os roedores, os efeitos sobre suas saúdes foram distintos. Os dados levam clareza sobre os critérios para medir as expectativas de vida e de saúde – dois conceitos distintos, embora ambos relacionados ao envelhecimento. Restringir calorias para viver mais? O estudo submeteu 960 ratazanas fêmeas que representam uma ampla gama de características fisiológicas a cinco intervenções distintas: um grupo tinha uma dieta normal com um consumo ilimitado de alimentos; outro teve sua ingestão calórica reduzida em cerca de 20%, enquanto um terceiro grupo ingeria 40% menos calorias. Os outros dois foram submetidos a uma dieta de jejum intermitente, com um grupo jejuando um dia por semana, e o outro, dois dias consecutivos por semana. Os autores, liderados pelo pesquisador Alison Luciano, compilaram e cruzaram dados de aproximadamente 200 exames médicos, entre traços metabólicos, funcionais e imunológicos dos ratos durante o resto de suas vidas. Constatou-se que a alimentação com base numa dieta reduzida aumentou a expectativa de vida entre os animais. Essa conclusão foi válida para todos os roedores, com respostas proporcionais ao nível de restrição. No entanto, apenas a restrição calórica reduziu significativamente a taxa de envelhecimento. Os que foram submetidos a uma redução de 40% das calorias também aumentaram suas expectativas de vida. Assim sendo, os pesquisadores constataram que a redução calórica influencia a expectativa de vida, mas isso também vai depender da idade, da ascendência genética e da resistência do próprio corpo a esse novo cenário. A expectativa de vida foi prolongada na mesma medida para os ratos mais leves e para os mais pesados. Contudo, os que foram submetidos ao jejum intermitente com um peso corporal elevado antes da intervenção não mostraram indícios de melhorias nesse aspecto. Genética tem papel importante Os pesquisadores obtiveram resultados distintos. Por exemplo, os ratos que viveram mais tempo com as dietas restritivas foram os que menos perderam peso, apesar de comer menos. Ao mesmo tempo, os que perderam mais peso tendiam a perder pouca energia, além terem seus sistemas imunológico e reprodutivo comprometidos, e de terem vidas mais curtas. Essa ampla variedade de resultados indica que os antecedentes genéticos desempenham um papel relevante: "Os animais capazes de manter suas gorduras corporais e seus níveis de glicose altos, viveram mais. Minha suposição é que eles possuem uma resistência intrínseca", explicou Gary Churchill, um dos autores do estudo, ao jornal espanhol El País. "Essas intervenções geram estresse; os animais que perdem peso respondem negativamente à dieta. Nesse sentido, as dietas simplesmente revelam algo sobre a natureza do animal." Assim, as restrições alimentares impactam a expectativa de vida, ainda que não inteiramente. Há nuances, como a genética, que desempenham um papel muito mais relevante do que se pensava. Durante quase um século, os estudos de laboratório mostraram resultados consistentes de que se um animal come menos, ou em frequência menor, viverá mais tempo. Os cientistas, contudo, vêm se esforçando para compreender por que esse tipo de dieta restritiva prolonga a vida, e como melhor aplicá-la aos seres humanos. rc/av (EFE, ots)


Short teaser Dietas têm impacto positivo sobre duração da vida, porém genética desempenhe papel ainda mais decisivo, sugere estudo.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/reduzir-calorias-aumenta-a-longevidade/a-70493618?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Cientistas se esforçam para compreender por que a dieta restritiva prolonga a vida, e como melhor aplicá-la em seres humanos
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Item 14
Id 70490832
Date 2024-10-14
Title Alemanha condena ex-agente da Stasi por homicídio há 50 anos
Short title Alemanha condena ex-agente da Stasi por homicídio há 50 anos
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Martin N. (de costas) é o primeiro ex-agente da polícia secreta da Alemanha Oriental a ser condenado por homicídio em serviço

Em decisão inédita, tribunal de Berlim condenou a 10 anos de prisão ex-membro da polícia secreta da Alemanha Oriental pelo assassinato de um polonês que em 1974 queria fugir para o Ocidente.Um tribunal de Berlim condenou nesta segunda-feira (14/10) um ex-agente da Stasi, a polícia secreta da antiga República Democrática Alemã (RDA), a 10 anos de prisão pelo assassinato de um polonês, que 50 anos atrás tentava fugir para o Ocidente. De acordo com Daniela Münkel, diretora dos arquivos da Stasi em Berlim, o veredito faz de Martin N., de 80 anos, o primeiro antigo agente da polícia política da antiga RDA de governo comunista, a ser condenado por homicídio por atos perpetrados em serviço. Em 1974, ele atirou pelas costas em Czeslaw Kukuczka, a cerca de dois metros de distância, quando este tentava fugir para o Ocidente pela passagem fronteiriça da estação ferroviária Friedrichstrasse, em Berlim. O juiz presidente da instância judicial, Bernd Miczajka, afirmou ter "a convicção inabalável" de que Naumann foi o autor dos disparos que mataram o cidadão polonês. Mesmo que não tenha agido "por motivos pessoais", ele "executou impiedosamente" um ato "planejado pela Stasi". O Ministério Público alemão tinha pedido 12 anos de prisão para o antigo tenente, atualmente reformado. O réu rejeitou a acusação através de sua advogada, que pediu a absolvição. Ele mesmo se negou a falar durante o processo. Historiadores lançaram investigação O julgamento conclui uma longa investigação levada a cabo também do lado polonês. Isso só foi possível graças ao aparecimento de informações encontradas em 2016 por dois historiadores, alemão e polonês, nos arquivos da Stasi, que ligaram Naumann à morte do fugitivo, levando a novas potenciais testemunhas. Três meninas que voltavam de uma excursão escolar testemunharam o assassinato nesse posto avançado, conhecido popularmente como "Palácio das Lágrimas” por causa das tristes despedidas que aconteciam ali. Agora adultas, as três foram chamadas para testemunhar no julgamento. A vítima, Czeslaw Kukuczka, bombeiro de 38 anos de idade, tinha ido à embaixada polonesa em Berlim Oriental para solicitar documentos que lhe permitissem viajar para o Ocidente, sob a falsa ameaça de que estava carregando explosivos em sua pasta. A Stasi, alertada pela embaixada, decidiu que seria melhor inicialmente fazer Kukuczka acreditar que sua exigência havia sido aceita. Ele recebeu os documentos e foi escoltado até a passagem de fronteira na estação Friedrichstrasse. Lá, ele teve permissão para passar por todos os controles de saída e, no momento em que dava os últimos passos, antes de pegar um trem para o Oeste, foi morto com vários tiros nas costas. Desde o início, em março, o julgamento forçou o país a reviver a época da Guerra Fria, um período no qual a Alemanha era dividida em duas pela chamada "Cortina de Ferro" entre a RDA, no leste, e a República Federal da Alemanha (RFA), no oeste). md/av (EFE, AFP, Lusa)


Short teaser Dez anos de prisão para ex-membro da polícia secreta alemã-oriental por morte de homem que fugia para o Ocidente.
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Image caption Martin N. (de costas) é o primeiro ex-agente da polícia secreta da Alemanha Oriental a ser condenado por homicídio em serviço
Image source Sebastian Gollnow/dpa/picture alliance
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Item 15
Id 70487744
Date 2024-10-14
Title Nobel de Economia premia estudo sobre prosperidade de nações
Short title Nobel de Economia premia estudo sobre prosperidade de nações
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Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson recebem o Nobel de Economia deste ano

Trio de pesquisadores Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson demonstrou "a importância das instituições sociais para a prosperidade de um país".O Prêmio Nobel de Economia de 2024 foi concedido aos pesquisadores baseados nos Estados Unidos Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson, anunciou nesta segunda-feira (14/10) a Real Academia Sueca de Ciências em Estocolmo. Segundo o comunicado, eles foram escolhidos pela pesquisa sobre as diferenças de prosperidade entre as nações. O economista turco-americano, Acemoglu, e os dois pesquisadores britânico-americanos, Johnson e Robinson, estão sendo homenageados por demonstrarem "a importância das instituições sociais para a prosperidade de um país", disse o comitê do Nobel da Real Academia Sueca de Ciências. "As sociedades com um Estado de direito ruim e instituições que exploram a população não geram crescimento nem mudanças para melhor. A pesquisa dos laureados nos ajuda a entender o porquê", acrescentou. Acemoglu e Johnson trabalham no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e Robinson conduz sua pesquisa na Universidade de Chicago, ambas nos Estados Unidos. Maioria dos ganhadores trabalha nos EUA No ano passado, a homenageada foi a professora da Universidade de Harvard Claudia Goldin, por seus estudos sobre o papel das mulheres no mercado de trabalho, que ajudam a explicar por que as mulheres em todo o mundo são menos propensas do que os homens a trabalhar e por que, quando trabalham, ganham menos do que eles. Ela foi apenas a terceira mulher entre os 93 ganhadores do prêmio de Economia. A ampla maioria dos ganhadores do Nobel de Economia é de cidadãos americanos ou trabalha em instituições dos Estados Unidos. O Nobel de Economia tradicionalmente é o último a ser divulgado e encerra assim a divulgação anual dos vencedores. Economia não é Nobel clássico O Prêmio Nobel de Economia é formalmente conhecido como Prêmio Sveriges Riksbank de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel e, assim como os Nobel clássicos, das áreas de literatura, ciências e paz, ele é dotado este ano com 11 milhões de coroas suecas (R$ 5,9 milhões). Diferentemente dos outros prêmios, concedidos pela primeira vez em 1901 em cumprimento do testamento do inventor e filantropo sueco Alfred Nobel, o prêmio de Economia foi criado na década de 1960 pelo Banco Central da Suécia, o Sveriges Riksbank, para marcar seu tricentenário. Outorgado pela primeira vez em 1969, hoje o Sveriges Riksbank é amplamente considerado um dos prêmios Nobel. Ele é entregue junto com os demais em 10 de dezembro, data da morte de Alfred Nobel. md/cn (Reuters, AP, AFP)


Short teaser Trio de pesquisadores baseados nos EUA demonstrou "importância das instituições sociais para a prosperidade de um país".
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Image caption Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson recebem o Nobel de Economia deste ano
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Item 16
Id 70473323
Date 2024-10-14
Title As peças que faltam para reconstruir a história de povos africanos no Brasil
Short title Artefatos podem reconstruir história de africanos no Brasil
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Artefatos históricos que restaram no terreiro Xambá, hoje, compõem o acervo do Memorial Mãe Biu

No Recife, descendentes do povo Xambá procuram identificar peças confiscadas na Era Vargas. Elo pode ter sido encontrado em São Paulo.Descendentes de povos africanos no Brasil enfrentam dificuldades para identificar peças usadas por seus ancestrais – e que ajudariam a reconstruir tradições esquecidas há décadas no país. Um exemplo é a comunidade que vem da linhagem pura da nação Xambá (pronuncia-se tchan bá). Esse povo é oriundo de uma região entre os países africanos da Nigéria e de Camarões. Grande parte de seus artefatos foi confiscada pela polícia na época do Estado Novo, no qual o Brasil foi governado pelo presidente Getúlio Vargas. Para o regime político que vigorou de 1937 a 1945 e era cunhado no ideal de Estado centralizador, os terreiros eram ameaças à ordem social. Desde então, as peças dos Xambá nunca foram identificadas nem encontradas. Objetos acabaram em São Paulo? No acervo do Centro Cultural São Paulo (CCSP), a reportagem da DW encontrou uma notícia de jornal que falava de uma batida realizada no âmbito da "campanha contra os xangôs, catimbus, cartomantes e outros centros de exploração de boa fé". O texto menciona que a ação havia "recrudescido" ao saber que os adeptos "da seita africana estavam burlando a lei". Os membros eram acusados de crimes de "profanação, charlatanismo e de maus-tratos". No relato, é possível ver que diversos terreiros foram fechados, dentre eles o do povo Xambá. Os artefatos recolhidos nos terreiros costumavam ser levados para o depósito da sede da Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco, hoje chamada de Secretaria de Defesa Social (SDS). Eles eram recolhidos como "evidências de crime contra a ordem social". Foi neste local que parte deste acervo foi adquirido por uma missão organizada por Mário de Andrade, em 1938. A missão tinha o objetivo de documentar a musicalidade dos terreiros de Recife e Alagoas. Formavam o grupo o arquiteto Luis Saia, o maestro Martin, o técnico de som Benedito Pacheco e o auxiliar Antônio Madeira. Durante a incursão, o grupo criou afinidade com o delegado de Polícia Civil João Roma, que concedeu o acesso aos objetos. São 1.200 artefatos etnográficos/folclóricos, que integram o Acervo da Missão de Mário de Andrade sob os cuidados do CCSP. Parte desses artefatos pertence aos terreiros de Recife e às demais localidades visitadas pela missão. Jogados em depósito, objetos são difíceis de identificar Segundo o historiador e responsável pelo acervo, Rafael Sousa, "é impossível estabelecer a proveniência [identificação daqueles a quem pertencem os objetos], pois eles estavam todos misturados no depósito da polícia". As peças, que passaram por um processo de restauração em 1990 e por isso não possuem as características originais, eventualmente são expostas ao público. Dentre os artefatos, há ilus, manchados, castiçais, abês [instrumento musical que é uma cabaça envolvida em miçangas], lanças, quartinhas e gamelas usadas para servir alimentos aos orixás. Na época da aquisição, membros da missão conseguiram identificar os nomes de alguns artefatos com a ajuda da mãe de santo Guida Ferreira Mulatinha e dos pais de Santo Antônio Romão e Apolinário Gomes. A reportagem da DW apresentou o catálogo ao historiador e membro do terreiro Hildo Leal. Foi a primeira vez que um descendente dos Xambás viu o acervo que pode ter algumas das suas peças. Leal explica que "as quartinhas e as gamelas fazem parte dos assentamentos, locais sagrados dos orixás. Ver esses objetos no catálogo mostra a violência dessas batidas policiais, pois pessoas não iniciadas [consagradas aos orixás] não podem ter acesso a esses locais ", explica. Ao olhar as páginas, Hildo Leal identificou alguns objetos que mantêm as características da tradição Xambá até os dias de hoje. "O Machado de Xangô, artefato usado em rituais religiosos, as quartinhas e os alguidares dos orixás, assim como as flechas e castiçais que constam no catálogo, são idênticos aos que usamos até hoje na tradição xambá", assegura. Diante do acervo que representa um período difícil da história das comunidades de matriz africana e a realidade atual, o líder Xambá afirma emocionado: "Hoje, não temos total liberdade e respeito à nossa religião, mas as coisas melhoraram muito. Hoje, temos como nos defender pela Lei e pela Constituição", avalia. Na tentativa de aproximar essas peças do público, o Museu da Abolição construiu um acervo digital em 3D e montou uma exposição para que o público conhecesse esses artefatos. Mas eles também não conseguiram identificar a quais nações esses objetos pertencem. A museóloga Daniane Carvalho, que coordenou a produção do acervo digital, lamenta que essa identificação não tenha sido realizada. "Há cálices sagrados entre as peças. Uma pessoa sem vínculo com a religião não pode acessar esses artefatos. É uma pena que não haja identificação", declara. A outra parte dos artefatos apreendidos se encontra no acervo do Museu do Estado de Pernambuco (Mepe). O acervo de Pernambuco As peças que compõem o acervo de Pernambuco chegaram ao espaço como reserva técnica, ou seja, não foram identificadas logo de início. Só em 1983, ganharam um catálogo com uma mínima identificação. O Doutor em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Renato Athias, ao lado do também antropólogo e museólogo Raul Lody, foi responsável por organizar as peças. As peças integram a coleção Afro do Xangô em Pernambuco. Athias afirma que ele e Lody "criaram uma narrativa com o intuito de mostrar o que esses artefatos representam para a história do xangô e o contexto histórico de Pernambuco". O antropólogo explica que muitas das peças estavam "desgastadas e precisaram passar por uma restauração. Porém, elas não voltam à sua forma original", lamenta. Fechamento sistemático de terreiros na Era Vargas A pesquisadora e professora da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Zuleica Dantas, explica que o estado se tornou um modelo da Era Vargas. "Agamenon Magalhães assumiu como interventor e fez deste estado um exemplo da Era Vargas. Ele e a sua equipe de governo eram congregados marianos [associações católicas dedicadas à Virgem Maria, fundadas no século 16], por isso, o controle aos terreiros se intensificou por aqui", enfatiza. Também neste período, a Congregação Mariana lançou um projeto de "recatequizar pernambuco, empreendendo jornadas de cristianização, o que leva à criação de um Decreto que proíbe a prática do baixo espiritismo [definição dada a correntes religiosas de matriz africana na época]", explica a pesquisadora. Os detalhes desta história estão na pesquisa O combate ao catimbó: práticas repressivas às religiões afroumbandistas nos anos 30 e 40, desenvolvida na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), de autoria da pesquisadora Zuleica Dantas. Ela investiga o tema há cerca de 40 anos. Dantas explica que o controle dos terreiros envolve duas frentes. Uma delas é o uso da Folha da Manhã, jornal que pertencia ao próprio Agamenon Magalhães e que era usado para propagar as medidas de combate ao orixá Xangô. Neste veículo, também ganhavam destaque as batidas policiais aos terreiros. Nessas abordagens, diversas comunidades religiosas de matriz africana do Recife e de outros estados do Nordeste tiveram seus artefatos sagrados confiscados, líderes presos e terreiros fechados. O próprio Terreiro Xambá, que nos anos 30 funcionava no bairro de Água Fria, zona Norte do Recife, foi alvo de diversas batidas.


Short teaser No Recife, descendentes do povo Xambá procuram identificar peças confiscadas na Era Vargas. Elo pode estar em São Paulo.
Author Adriana Amâncio (Recife)
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Image caption Artefatos históricos que restaram no terreiro Xambá, hoje, compõem o acervo do Memorial Mãe Biu
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Item 17
Id 70478674
Date 2024-10-12
Title China anuncia novo pacote de estímulo à economia
Short title China anuncia novo pacote de estímulo à economia
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Crise no setor imobiliário contribui para desaceleração do consumo, enquanto os chineses preferem poupar seu dinheiro ao invés de gastá-lo

Pequim quer aumentar significativamente a emissão de dívida do governo para reavivar crescimento, em seu maior plano de impulso econômico desde a crise financeira global de 2008.A China anunciou neste sábado (12/09) um novo pacote de estímulo à economia que inclui um aumento considerável na emissão de dívida pública, no intuito de apoiar os governos regionais, os cidadãos de baixa renda, o mercado imobiliário e os bancos estatais. Segundo o Ministro das Finanças Lan Foan, o país emitirá 2,3 trilhões de yuans (R$ 1,83 trilhão) em títulos especiais nos próximos três meses para impulsionar a economia, naquele que seria o maior programa de estímulo desde a crise financeira global de 2007-2008. Lan disse que o teto da dívida será rebaixado para os governos regionais, que terão a liberação de fundos para gastarem em infraestrutura e na proteção aos empregos. "Atualmente, estamos acelerando o uso de títulos adicionais do tesouro e títulos especiais de prazo ultralongo que também estão sendo emitidos", disse o ministro, acrescentado que haverá mais "medidas anticíclicas" este ano. "Ainda há um espaço relativamente grande para a China emitir dívida", acrescentou. O estímulo fiscal na China tem sido objeto de intensa especulação nos mercados financeiros, após uma reunião em setembro do Politburo do Partido Comunista que deixou evidente um senso maior de urgência em relação aos crescentes impactos econômicos sobre o país. Meta de crescimento sob risco A segunda maior economia do mundo enfrenta grandes pressões deflacionárias devido a uma forte desaceleração no mercado imobiliário e à queda na confiança do consumidor. A crise no setor imobiliário contribui para a desaceleração do consumo, enquanto os chineses preferem poupar seu dinheiro ao invés de gastá-lo. Soma-se a isso o fato de muitas pessoas estarem em busca de trabalho. Segundo dados oficiais, o desemprego na faixa etária de 16 a 24 anos aumentou 18,8%. Tudo isso expôs a dependência excessiva da economia chinesa nas exportações, em um momento em que suas relações comerciais globais se tornam cada vez mais tensas. Vários indicadores econômicos não corresponderam às previsões dos últimos meses, o que gerou preocupações entre economistas e investidores de que a meta de crescimento do governo para este ano, de cerca de 5%, estaria em risco e que uma desaceleração estrutural de longo prazo pode estar se aproximando. O tão aguardado pacote de estímulo à economia se tornou o ápice de uma série de medidas anunciadas nas últimas semanas, que incluem cortes nas taxas de juros e liquidez para os bancos. rc (AFP, Reuters, DPA)


Short teaser Pequim lança seu maior plano de impulso econômico desde a crise financeira global de 2008.
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Image caption Crise no setor imobiliário contribui para desaceleração do consumo, enquanto os chineses preferem poupar seu dinheiro ao invés de gastá-lo
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Item 18
Id 70472155
Date 2024-10-12
Title Morte de florestas vira oportunidade na Alemanha
Short title Morte de florestas vira oportunidade na Alemanha
Teaser Florestas do país europeu sofrem impactos da crise climática e de ataque de pragas. Situação possibilita, porém, chance de tornar esses ecossistemas mais diversos e resilientes.

A região montanhosa do Harz, no centro da Alemanha, parece uma paisagem pós-apocalítica assustadora. Fileiras intermináveis de árvores secas, cinzentas, como um mar de agulhas quebradiças. Em apenas alguns anos, essa antiga floresta se tornou um cemitério de árvores.

"Em nenhum outro lugar da Europa Central, é possível vivenciar a crise climática como aqui nas montanhas do Harz", afirma Roland Pietsch, diretor do Parque Nacional do Harz.

As florestas coníferas na Alemanha sofrem os impactos da seca, tempestades e de espécies invasoras, segundo um relatório do governo alemão sobre o estado das florestas do país. Mas não é só a vegetação alemã que enfrenta esse problema. A situação é semelhante na Polônia, República Tcheca e Escandinávia. Alguns, porém, veem essa perda como algo positivo para o clima a longo prazo.

Para entender por que a perda de florestas pode ser, em alguns casos, algo bom é preciso voltar à Segunda Guerra Mundial. Após a derrota da Alemanha, os Aliados ordenaram que o país pagasse reparações. Essas foram pagas, em parte, com madeira. Estimativas calculam que até 10% de todas as florestas do país foram derrubadas para atender à demanda.

Para compensar essa devastação, silvicultores alemães começaram a plantar uma espécie específica de árvore: o abeto. A escolha foi baseada nas qualidades desta conífera: crescimento rápido e reto, o que faz da espécie ideal para a produção de madeira e para a construção.

O legado vulnerável da monocultura

Até hoje, a maioria dessas florestas é usada para a produção de madeira, com a indústria florestal representando de 1 a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) alemão. O abeto ainda é uma das espécies mais comuns.

Mas essas florestas de monocultura são menos hospitaleiras para outras espécies de plantas e animais, além de serem consideravelmente menos biodiversas do que as mistas. E, como é o caso de todas as monoculturas, elas são muito vulneráveis a estresses relacionados às mudanças climáticas, como a seca.

As secas recentes em várias partes do mundo são especialmente difíceis para os abetos, que são plantados geralmente em regiões mais baixas e secas do que seu habitat natural. Seus sistemas de raízes são superficiais, o que significa que eles não conseguem acessar reservatórios de água no subsolo.

Embora isso seja devastador para os abetos, uma espécie adora essas condições: o besouro da casca. O pequeno inseto de poucos milímetros tem devorado muitas florestas da Alemanha e Europa.

O besouro da casca faz buracos nas árvores e libera feromônios para atrair um parceiro para dentro. Lá, eles se reproduzem e põem ovos. "Um par pode gerar até 100 mil descendentes por ano. Eles se espalham como fogo", afirma Fanny Hurtig, uma silvicultora na Floresta da Turíngia, no centro da Alemanha.

O estado da Turíngia, que fica há três horas ao sul do Parque Nacional do Harz, é uma das regiões onde o inseto se espalha com maior rapidez.

Uma árvore saudável geralmente produz resina para fechar os buracos e se proteger dos besouros. Mas as que estão fracas e secas não conseguem se defender. Os besouros comem as camadas que transportam nutrientes e água nos abetos, que acabam morrendo.

Deixar a natureza seguir seu curso

No Harz, a seca e a infestação mataram cerca de 90% dos abetos. Devido à grande concentração de espécie de árvores, essa é a região mais afetada da Europa.

Mas o diretor do Parque Nacional do Harz, assim como muitos outros, não vê essas faixas de árvores mortas como um desastre. "Quando cheguei aqui há dois anos e meio, muito disso ainda parecia morto. Levou dois ou três anos para a vida renascer. A floresta que pertence a esse lugar está voltando", afirma Pietsch.

O Parque Nacional do Harz decidiu deixar a natureza seguir seu curso, e não combateu o besouro da casca. E a natureza está fazendo seu trabalho. Uma inspeção mais detalhada mostra que arbustos e árvores jovens estão brotando na região onde há enormes abetos mortos.

As primeiras a criar raízes foram espécies de árvores pioneiras, como a bétula ou o salgueiro, cujas sementes são espalhadas amplamente pelo vento e pelos pássaros. Mas a floresta ainda precisa de um pouco de ajuda. Assim, espécies nativas, como a faia, estão sendo reintroduzidas.

Os abetos mortos ainda têm uma função. Eles servem de habitat para insetos, fornecem sombra e mantêm a umidade retida. Fungos ajudam a decompor a madeira e adicionam nutrientes ao solo.

"É lindo ver a quantidade de força e vida presente lá", diz Pietsch.

No entanto, os abetos mortos liberam também CO2 enquanto se decompõem, o que significa que essas florestas armazenam menos carbono do que as saudáveis. Espera-se que a capacidade de armazenamento das novas árvores que crescem no Harz compense isso a longo prazo.

Produção de madeira

Mas essa é apenas uma parte da história. O parque nacional é uma área protegida que não era mais usada para a produção de madeira. No entanto, apenas 3% das florestas alemãs são áreas protegidas. Todas as outras são voltadas para a produção de madeira – uma indústria que deve crescer com um aumento da demanda por materiais de construção sustentáveis.

Na Turíngia, silvicultores como Hurtig são obrigados a cortar muitas árvores antes que elas atinjam a maturidade. Assim que os abetos são infestados, a árvore é cortada para impedir a propagação do besouro da casca. "Meu coração dói todos os dias quando vejo isso", diz Hurtig.

A silvicultora, porém, vê a situação como uma oportunidade para criar uma floresta mista mais sustentável. "É uma chance para plantar nessas áreas espécies de árvores completamente diferentes", destaca Hurtig.

As novas espécies precisam sobreviver com pouco água, idealmente devem possuir sistemas de raízes mais profundas para enfrentar secas e tempestades, além de serem mais resistente a pragas. Árvores nativas como faia, carvalho e bordo, além do abeto-de-douglas, da América do Norte, são apontadas como boas candidatas. Mas se a mudança climática acelerar, espécies de habitats mais quentes, como o abeto turco ou a faia oriental, são boas opções.

Florestas mais resilientes

Mais parques nacionais e florestas privadas da Alemanha estão se mobilizando parar criar florestas mistas que se pareçam mais com os ecossistemas nativos e sejam mais resistentes a pragas e a um clima mais quente.

Órgãos como Conferência Ministerial para Proteção da Florestas na Europa estão aconselhando outros países com problemas semelhantes, como França, República Tcheca ou Bélgica, a fazerem o mesmo que a Alemanha.

Levará tempo para se ver os benefícios da reestruturação florestal, mas "é bom da perspectiva da crise climática e é bom para a resiliência, assim como para a biodiversidade", completa Pietsh.

Short teaser Florestas do país europeu sofrem impactos da crise climática e de ataque de pragas.
Author Kiyo Dörrer
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Item 19
Id 70475821
Date 2024-10-11
Title Boeing anuncia corte de 10% de sua força de trabalho
Short title Boeing anuncia corte de 10% de sua força de trabalho
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Antes do início da greve, a Boeing já lutava para se recuperar de vários estragos causados à sua reputação

Greve prejudica produção de aviões e leva gigante do setor aeroespacial a impor em todas as esferas administrativas, além de atrasar em um ano a entrega dos novos modelos 777X.A empresa aeroespacial americana Boeing anunciou na sexta-feira (11/20) que planeja cortar 17 mil empregos, ou seja, 10% de sua força de trabalho global. A decisão foi tomada após uma previsão de perdas significativas para o terceiro trimestre, após uma greve de trabalhadores nas instalações da empresa em Seattle. Os funcionários da Boeing afiliados à Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais (IAM) iniciaram as paralisações em 13 de setembro após rejeitarem por ampla maioria uma oferta salarial. A greve, envolvendo 33 mil trabalhadores, interrompeu a produção dos aviões Boeing 737 Max, 767 e 777X. O diretor-executivo da Boeing, David Calhoun, afirmou que a empresa precisa redefinir sua força de trabalho para "se alinhar à nossa realidade financeira". Ele disse que os cortes "incluirão executivos, gerentes e funcionários". Em outro comunicado, a Boeing, que divulgará os lucros do terceiro trimestre em 23 de outubro, informou que espera obter uma receita de 17,8 bilhões de dólares (R$ 99 bilhões), além de um prejuízo por ação de 9,97 dólares e fluxo de caixa operacional negativo de 1,3 bilhão. Atraso na entrega do 777X Segundo Calhoun, a Boeing informou aos clientes que projeta a partir de agora para 2026 as primeiras entregas dos modelos 777X, ao invés de 2025. O atraso se deve aos desafios que a empresa enfrentou no desenvolvimento da aeronave, assim como à suspensão dos testes de voo e à greve. A Boeing já havia enfrentado problemas de certificação com o 777X que atrasaram significativamente o lançamento do avião. O fechamento de um acordo para pôr fim à greve é visto como fundamental para a empresa. A agência de classificação de risco S&P estima que a greve esteja custando à Boeing 1 bilhão de dólares por mês, além de colocá-la em risco de perder sua valiosa classificação de crédito de categoria de investimento. Bem antes do início da greve, a empresa já lutava para se recuperar dos estragos causados à sua reputação pela explosão em pleno voo de uma janela e um peça da fuselagem em um avião novo em janeiro. O incidente – apenas um entre vários protagonizados pela Boeing – expôs falhas nos protocolos de segurança e levou as agências reguladoras americanas a restringirem a produção da empresa. rc (AFP, Reuters)


Short teaser Greve prejudica produção de aviões e leva empresa a impor demissões em todas as esferas administrativas.
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Image caption Antes do início da greve, a Boeing já lutava para se recuperar de vários estragos causados à sua reputação
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Item 20
Id 70465426
Date 2024-10-11
Title O que está por trás do número recorde de policiais eleitos em 2024?
Short title O que está por trás do aumento de policiais eleitos em 2024?
Teaser Primeiro turno municipal terminou com 856 agentes de segurança eleitos - maior número número da história recente. Especialistas apontam que resultado consolida "policialismo" na política e advertem para riscos.

O primeiro turno das eleições municipais de 2024 terminou com o maior número de prefeitos eleitos oriundos de forças de segurança da história recente. Foram 52 prefeitos eleitos em 2024 contra 45 em 2020.

Ao todo, 856 agentes foram eleitos para todos os cargos – 759 vereadores, 52 prefeitos e 45 vice-prefeitos. É o maior número desde o ínicio da série histórica, em 2012.

Em 2024, foram quase sete mil candidatos com histórico de passagem por instituições como a Polícia Militar e Civil e as Forças Armadas, que usaram termos como "sargento”, "capitão” e "delegado” junto a seus nomes nas urnas. O movimento consolida o chamado "policialismo” na política brasileira, e preocupa especialistas por possíveis reflexos na segurança pública.

O levantamento foi elaborado pelo Instituto Sou da Paz. O número pode aumentar depois do segundo turno, já que algumas cidades como São Paulo, Manaus e Belém contam com candidatos a prefeito e vice-prefeito com origem na segurança pública ainda na disputa.

"Há a consolidação do que chamamos de policialismo, que tem em uma de suas características a participação eleitoral de agentes da segurança pública”, afirma Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz. Segundo ela, há um padrão que vem se repetindo nas últimas eleições, com aproximadamente 1,5% das candidaturas sendo oriundas das forças de segurança.

"Os partidos são predominantemente de direita, o que mostra que esse espectro político entendeu como usar a agenda da segurança pública. É uma agenda que se baseia no medo e em um discurso beligerante”, afirma a diretora, indicando que são candidatos que se "baseiam mais na violência policial do que no planejamento para a segurança pública”. Por outro lado, há "um vazio no campo progressista, com poucos candidatos deste espectro político”, indica.

O Partido Liberal (PL) do ex-presidente Jair Bolsonaro é o que teve mais candidaturas com essas características e maior número de eleitos, com um porcentual de quase 20%. Em seguida, aparecem Progressistas, Republicanos, MDB, PSD, União Brasil e Podemos.

Apesar de muitos temas abordados na campanha não serem de atribuição direta dos municípios, Roberto Uchôa, policial e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, avalia que o movimento faz parte de uma presença cada vez maior da segurança municipal no debate público.

Ele destaca que o tema é especialmente forte em grandes cidades, nas quais a segurança pública é vista como o principal problema. "Mesmo com a queda nos índices de homicídios registradas nos últimos anos, não se sente melhora na sensação de segurança”, afirma.

Na visão de Uchôa, as candidaturas municipais, especialmente para o Legislativo, não são o "objetivo final” para muitos, já que se trata de um "primeiro passo” para ocupar posições maiores. Ele avalia que se trata de uma forma de acumular capital político, e lembra que muitos policiais vêm ocupando funções no Executivo, como as secretarias municipais e estaduais de segurança.

Forte presença nas redes

Parte importante dos eleitos teve amplo apoio das redes sociais, como o Sargento Nantes, quarto vereador mais votado em São Paulo. No Instagram, ele acumula 600 mil seguidores, e frequentemente publica conteúdos controversos.

A presença na rede ajuda a explicar como Nantes conseguiu a média de gasto mais barata entre os vereadores eleitos em São Paulo, gastando apenas R$ 2,89 por voto. Perfil semelhante tem o Sargento Salazar, vereador mais votado em Manaus, que mistura memes e perseguições a "maconheiros" para seus mais de 600 mil seguidores na mesma rede social.

A presença virtual é alvo de preocupação, e muitos órgãos limitaram o uso das redes sociais por agentes. Em 2023, a confissão extrajudicial de uma mulher condenada pela morte do marido foi anulada no Superior Tribunal de Justiça (STJ) após defesa apresentar trecho de um podcast no qual uma policial civil revelou detalhes do método utilizado para extrair a confissão.

"Existem polícias que baixaram resoluções regulando as redes sociais, já que é um risco a partir da espetacularização da violência e das ações policiais. Existem pessoas que estão trabalhando como policiais e que ganham dinheiro usando as redes sociais”, aponta Ricardo. Um caso notório foi do Delegado da Cunha, que foi investigado pelos lucros que teria obtido monetizando um canal no Youtube no qual apresentava operações. Atualmente, da Cunha é deputado federal.

Riscos e enfraquecimento do debate

Com o avanço do movimento, "há o aumento de uma visão que recorre à violência policial e se baseia pouco em evidência. É uma lição linha dura, que não funciona para a segurança”, avalia Ricardo. Uchôa concorda, destacando um fenômeno que ocorre em uma série de cidades que visa mudar o perfil das guardas municipais, transformando-as em "réplicas da Polícia Militar”.

"Há o risco de estas forças perderem o caráter civil e aumentarem a militarização. Houve a possibilidade de ser algo mais próximo da população, mas estamos no caminho de criar outra PM”, avalia. Entre os exemplos, o analista cita a tentativa no Rio de Janeiro de criar um grupo de elite armado dentro da Guarda Municipal carioca.

Parte dos reflexos foi quantificada por Lucas Martins Novaes, professor associado do Insper e autor do estudo A violência da política de lei e ordem: o caso dos candidatos da aplicação da lei no Brasil. Com base em sua pesquisa, ele afirma à DW que quando um município elege um "vereador lei e ordem” que também é policial, há um aumento no número de homicídios.

Com base em sua pesquisa, ele avalia que discursos que incluem promessas de "bandido bom é bandido morto" potencialmente aumentam o número de homicídios, já que os candidatos policiais têm maiores razões eleitorais para "incentivar seus colegas para serem mais violentos”. O estudo apontou um aumento de até 14 homicídios a cada 100 mil habitantes em municípios com maior eleição de candidatos com este perfil

Há ainda o risco do conflito de interesses, com uso da segurança pública para fins privados e partidários, destaca Ricardo. "É muito grave, pois se trata da política de força do Estado”.

Uchôa também vê potencial para fragilização do espaço democrático. "Quando você coloca pessoas acostumadas a outro tipo de ambiente em um lugar em que o debate é o padrão, é preocupante”, observa. Em sua visão, a estrutura hierarquizada das polícias muitas das vezes é reproduzida pelos eleitos nos ambientes políticos, o que acaba limitando a busca por consensos. "Tem gente que diz: ‘se a proposta veio de esquerdista, não vou aprovar'”, observa.

Limitar candidaturas?

O projeto de lei do Novo Código Eleitoral (PLP 112/21) pretende colocar um freio nas candidaturas de policiais e militares. A ideia do relator da matéria, senador Marcelo Castro (MDB-PI), é estabelecer uma quarentena de quatro anos para que estas pessoas possam disputar cargos públicos eletivos.

"Todas as categorias profissionais devem ter direito de se candidatar. E, afinal, os policiais tem algum conhecimento da segurança pública”, afirma Ricardo. Por outro lado, diante do atual quadro, a diretora avalia que uma quarentena de ao menos dois anos seria adequada para mudar limitar os conflitos de interesses.

Uchôa também acredita que alguma limitação deveria ser estabelecida, mas é extremamente cético quanto a mudanças diante da configuração atual no Congresso, no qual a chamada "bancada da bala” tem grande força legislativa.

Na visão dele, "foi um equívoco permitir a politização das forças de segurança”. Neste momento, com a proliferação de agentes obtendo êxito no campo político, a avaliação do especialista é a de que cada vez mais candidatos vindos deste meio se sentirão impulsionados a seguir o mesmo rumo. "Quando se observa colegas se dando bem nesse meio, você acaba sendo estimulado”, resume.

Short teaser Primeiro turno municipal terminou com 856 agentes de segurança eleitos - maior número número da história recente.
Author Matheus Gouvea de Andrade
Item URL https://www.dw.com/pt-br/o-que-está-por-trás-do-número-recorde-de-policiais-eleitos-em-2024/a-70465426?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 21
Id 70474324
Date 2024-10-11
Title Inflação na Alemanha atinge patamar mais baixo em três anos
Short title Inflação na Alemanha atinge patamar mais baixo em três anos
Teaser Queda dos preços de energia puxa no índice de setembro para baixo, embora setor de bens e serviços impeça redução ainda maior. Dados devem trazer alívio para o consumidor, enquanto país ainda atravessa uma recessão.

Os preços ao consumidor na Alemanha aumentaram em setembro 1,6%, em comparação mesmo mês do ano anterior, segundo dados do Departamento Federal de Estatísticas (Destatis) divulgados nesta sexta-feira (11/10). A última vez que a inflação esteve em patamar mais baixo foi há mais de três anos, em fevereiro de 2021, quando o índice parou em 1,5%.

A tendência de queda foi impulsionada em grande parte por uma redução de 7,6% dos preços de energia. Em agosto, o aumento total nos preços ao consumidor foi de 1,9%, enquanto os custos com energia caíram 5,1%. O óleo para calefação ficou 17,9% mais barato do que em setembro de 2023, a eletricidade caiu 6,4%, e o gás natural, 1,9%.

Bens e serviços impedem queda maior

Ao mesmo tempo, os preços dos alimentos tiveram um leve aumento, de 1,5% em agosto para 1,6% em setembro. Óleos e gorduras de cozinha ficaram significativamente mais caros, na comparação ano a ano. O azeite de oliva, por exemplo, aumentou 29,6%, a manteiga, 29,3%.

A queda na inflação geral poderia ter sido ainda mais acentuada se não fossem os aumentos acima da média no setor de bens e serviços: 3,8%, após vários meses com alta de 3,9%. Esse quadro reflete também o fechamento de acordos salariais comparativamente altos para várias categorias profissionais do setor.

"A renovada queda nos preços de energia atenuou o índice de inflação de setembro de 2024 mais do que nos meses anteriores", afirmou a presidente do Destatis, Ruth Brand. "Em contraste, os preços continuadamente acima da média do setor de bens e serviços geraram efeito inflacionário."

Alívio para os consumidores

A queda da inflação é uma boa notícia para a economia do país e para os consumidores, que durante muito tempo perderam poder aquisitivo devido à crise de energia e à alta nos preços dos alimentos.

Em setembro, o Banco Central Europeu (BCE) reduziu a taxa de juros pela segunda vez consecutiva no ano – de 3,75% para 3,5% – com base na queda da inflação. Isso deve tornar mais baratos os créditos para investimentos e reduzir a carga dos consumidores.

Economistas esperam que a inflação alemã permaneça abaixo do patamar de 2%, embora possa aumentar novamente no fim de 2024. O consumo privado é um importante fator de esperança para a economia alemã, que ainda atravessa uma recessão.

Nesta quarta-feira, Berlim revisou para baixo sua previsão para a atividade econômica do país em 2024, prevendo uma contração de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB).

rc/av (DPA, AFP)

Short teaser Queda dos preços de energia puxa índice de setembro para baixo, mas setor de bens e serviços impede redução ainda maior.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/inflação-na-alemanha-atinge-patamar-mais-baixo-em-três-anos/a-70474324?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 22
Id 70466822
Date 2024-10-11
Title Centenas de vírus vivem nos chuveiros e escovas de dente
Short title Centenas de vírus vivem nos chuveiros e escovas de dente
Teaser Pesquisadores descobrem nos biofilmes de banheiros dos EUA e Europa um mundo viral rico e diversificado, com mais de 600 espécies, em parte desconhecidas. Mas é uma boa notícia.

Uma ducha quente é ótimo, mas os humanos não são os únicos que se banham na água quente: uma nova pesquisarealizada nos Estados Unidos revelou que diversas comunidades de vírus também habitando os chuveiros do mundo.

Não parece, mas isso é uma boa notícia.

"O número de vírus que encontramos é inacreditável", conta Erica Hartmann, microbiologista que liderou o estudo da americana Northwestern University. "Sobre muitos, sabemos bem pouco, e muitos outros nunca vimos antes. É incrível a biodiversidade inexplorada ao nosso redor. E nem é preciso ir longe para encontrá-la, ela está bem debaixo do nosso nariz." Por exemplo, nas torneiras do banheiro.

Os vírus costumam ser associados às doenças que causam em seres humanos e outros animais. Entretanto nem todos são patogênicos, e podem prestar serviços úteis à ciência. A maioria das espécies identificadas por Hartmann e sua equipe é conhecida como bacteriófagos: em vez de representarem um perigo para os seres humanos, eles infectam bactérias.

No estudo recém-publicado na revista científica Frontiers in Microbiomes, o grupo de pesquisa de Hartmann observou que a maioria dos americanos passa dois terços da vida em casa e, portanto, aprender sobre os organismos que ocupam esse espaço compartilhado é valioso para entender a qualidade de habitação.

Quem mora na minha escova de dentes?

Para entender a composição das comunidades virais, os pesquisadores usaram dados anteriores, de projetos de ciência cidadã, que coletaram amostras de chuveiros e escovas de dentes em residências nos EUA. Em seguida, avaliaram a composição dos ambientes, encontrando comunidades microbianas muito diferentes em cada local.

Embora geralmente se considere que os vírus estão numa espécie de limbo morto-vivo, onde precisam de um hospedeiro vivo para se reproduzir e, ocasionalmente, causar danos, a verdade é que eles habitam muitos ambientes diferentes, em comunidades complexas.

Nos banheiros americanos, a equipe de Hartmann encontrou mais de 600 espécies virais únicas vivendo em chuveiros e cerdas de escovas de dente. A diversidade era tanta, que nenhuma comunidade viral era igual a outra, nos chuveiros e nas comparações entre as escovas de dente.

Espera-se que os vírus bacteriófagos identificados pelo grupo de pesquisa possam abrir novos caminhos para o tratamento de infecções bacterianas, e servir como uma maneira mais apropriada de limpar ambientes, sem produtos antimicrobianos.

"Quanto mais eles são atacados com desinfetantes, maior a probabilidade de desenvolverem resistência ou de se tornarem mais difíceis de tratar", explica Hartmann. "Todos nós deveríamos aceitar os micróbios, pois eles estão em toda parte e a grande maioria não causa doenças."

Auxílio no combate a comunidades bacterianas dos banheiros

Não é nenhuma novidade que ambientes aquáticos estão repletos de vida. Afinal de contas, a água está no topo da lista de pesquisa dos cientistas que procuram vida em outros planetas. Além de vírus e bacteriófagos, os biofilmes das superfícies do banheiro também podem abrigar bactérias e fungos, com revelaram outras pesquisas.

O estudo do grupo de Hartmann começou há três anos e ganhou o apelido: "Operação Boca-Suja", pois a ideia inicial era investigar a alegação de longa data de que, ao dar descarga, uma nuvem de coliformes fecais se espalhava pelo banheiro, contaminando objetos como a escova de dentes. Para os pesquisadores, essa afirmação provavelmente não era verdadeira, e a maioria das bactérias da escova de dentes viria da boca do usuário.

Em 2018, os resultados do Showerhead Microbiome Project sugeriram conexões entre chuveiros infectados por micobactérias (com características de fungos) em banheiros americanos e europeus e a prevalência de infecções pulmonares.

Então vem a calhar que a pesquisa mais recente de Hartmann tenha demonstrado que os bacteriófagos mais comumente encontrados nesses ambientes tendem a visar as micobactérias nocivas.

"Poderíamos imaginar pegar esses bacteriófagos e usá-los como uma forma de limpar os patógenos do sistema de encanamento”, propõe Hartmann. "Queremos analisar todas as funções que esses vírus podem ter e descobrir como podemos usá-las."

Short teaser Pesquisadores descobrem mais de 600 espécies de vírus em biofilmes de banheiros dos EUA e Europa. Mas é uma boa notícia.
Author Matthew Ward Agius
Item URL https://www.dw.com/pt-br/centenas-de-vírus-vivem-nos-chuveiros-e-escovas-de-dente/a-70466822?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 23
Id 70466539
Date 2024-10-11
Title O que explica a explosão de incêndios na Amazônia
Short title O que explica a explosão de incêndios na Amazônia
Teaser Bioma concentra mais da metade dos 223 mil km² devastados pelo fogo no Brasil neste ano. Condições climáticas e ação criminosa ajudam a explicar fenômeno.

Os incêndios pelo Brasil devastaram 223 mil km² de janeiro a setembro deste ano – uma área equivalente a quase 2,5 vezes o tamanho de Portugal. A Amazônia foi o bioma mais atingido, contabilizando mais da metade, 51%, da área queimada até agora em 2024. A extensão do estrago espanta até quem está acostumada a estudar o comportamento do fogo.

"É assustador. É um dado muito impactante comparando com os outros anos e o quanto de Floresta Amazônica foi queimada nesses meses", comenta Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

Na Amazônia, em setembro foram queimados no bioma mais de 56 mil km², ao todo no ano já foram 113 mil km². No mês passado, foram devastados 30 mil km² dos 47 mil km² queimados este ano somente na floresta nativa – o que corresponde a cerca de 20% de toda a área destruída pelo fogo no país em 2024.

Alencar é uma das cientistas que analisa os dados coletados pelo Monitor do Fogo, do Mapbiomas. O levantamento mais recente, divulgado nesta sexta-feira (11/10), mostra que mais da metade da área queimada no Brasil (56%) fica em três estados: Mato Grosso, Pará e Tocantins.

A análise mostra que, na Amazônia, a situação foi mais crítica de janeiro a setembro em Terras Indígenas, grandes propriedades e florestas públicas não destinadas. O fogo nesta época não começa de forma espontânea, mas é iniciado por ação em humana em mais de 90% dos casos.

"Nas grandes fazendas, quando queima começa, há grande dificuldade para controlar o fogo", comenta Alencar.

O papel do clima

A extrema escassez de água e o calor intenso ao longo de todo o ano têm um papel-chave neste cenário, afirmam todas as fontes ouvidas pela DW. Segundo especialistas em clima, a seca já teria começado na primavera do ano passado, e a estação chuvosa, no início de 2024, chegou tarde e fraca.

"É um ano muito atípico. 2023 foi o mais quente da história e 2024 deve superá-lo. Esse calor e o déficit hídrico são fatores determinantes para aumentar o risco de incêndio", diz José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

Em 2023, dez ondas de calor foram registradas no Brasil, sete delas chegaram depois de agosto. Até setembro de 2024, o país já enfrentou oito eventos do tipo. "O preocupante é que ainda teremos dois meses bastante quentes pela frente", alerta Marengo.

Em alguns pontos do Brasil, não há sinal de chuva há mais de um ano. As cidades de Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas, vivem 16 meses de seca, aponta o índice acompanhado pelo Cemaden. Isso diminuiu a umidade do solo, prolonga a estiagem porque plantas, lagos e rios transpiram menos – o que reduz a formação de nuvens de chuva.

"As condições climáticas certamente têm um peso grande. Numa situação como essa, qualquer ‘foguinho' vira um grande incêndio. As chamas escapam e queimam grandes áreas", comenta Alencar.

Bombeiros e brigadistas costumam se referir ao fenômeno "30, 30, 30" para calcular o risco de incêndio. O primeiro deles diz respeito à temperatura: quando ela atinge ou ultrapassa os 30°C, o ar fica mais seco e facilita a propagação do fogo. O outro é a marca em percentagem da umidade relativa do ar que, quando é menor que 30%, a vegetação fica mais inflamável. O terceiro tem a ver com a velocidade do vento, um "propagador" de chamas quando chega a 30 km/h.

A ligação com o desmatamento

Pesquisadores buscam também entender o que mais pode explicar a existência de tantos focos de calor mesmo com o desmatamento na Amazônia em queda. Historicamente, o fogo é usado para limpar a área depois que as árvores são cortadas principalmente de forma criminosa.

"Se a gente não tivesse reduzido o desmatamento na Amazônia nesses dois anos, eu diria que hoje estaríamos numa situação absolutamente catastrófica. Teríamos muitos incêndios que realmente já teriam totalmente perdido o controle e queimado 100% de área de floresta", argumenta André Lima, secretário de Controle dos Desmatamentos e Ordenamento Ambiental e Territorial do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que, de janeiro a setembro, houve redução de 24% de derrubada da Amazônia em relação ao mesmo período anterior. Ainda assim, a área de florestas atingidas pelo fogo cresceu de uma média de 10% para 35% do total, admite Lima.

Quando olha para os gráficos, Ane Alencar vê semelhanças entre 2024 e 2010, que registrou queimadas em nível semelhante ao atual. Naquele ano, o Brasil tinha quase o mesmo nível de desmatamento de agora e uma situação climática grave. Com um El Niño instalado e o aquecimento das águas do Atlântico Norte, a bacia Amazônica sofreu com a pior seca registrada até então.

"Isso indica que ter reduzido o desmatamento teve uma contribuição importante, caso contrário poderia haver muito mais fogo na paisagem", avalia Alencar.

Uma nova categoria de crime

A desconfiança é de que a facilidade para incendiar uma floresta mais seca tenha tornado o fogo uma arma. Beto Mesquita, engenheiro florestal e membro da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, vê a possiblidade de as chamas serem usadas intencionalmente em maior proporção para eliminar mata nativa.

"Se a pessoa desmata, ela corre o risco de ser pega pela fiscalização e pelo satélite. Então ela pula esta etapa e já taca fogo poque a floresta está seca. Em condições normais, a Floresta Amazônica não pegaria fogo tão facilmente", diz Mesquita.

André Lima, do MMA, também enxerga a mesma possiblidade. Ele diz que é muito difícil alguém ser pego em flagrante provocando um incêndio, principalmente na Amazônia, e isso encoraja grupos criminosos que invadem terras públicas. "É mais difícil ser punido por este crime, é difícil multar uma pessoa por este ato porque é necessário comprovar que ela ateou fogo", afirma Lima.

De toda a área queimada de floresta, não se sabe exatamente o quanto dos incêndios começaram dentro da mata, ou chegaram até a vegetação nativa vindos de outra parte. Mas o aumento significativo desse tipo de ocorrência reforça a hipótese de ação criminosa.

"É um indício muito forte de que realmente foi colocado fogo na floresta, vamos dizer assim, é uma nova estratégia de quem está ocupando áreas ilegalmente na Amazônia", diz Lima.

Saídas para a crise

Para José Marengo, está cada vez mais evidente o efeito catastrófico das mudanças climáticas no país. "Elas estão afetando a intensidade dos eventos extremos e isso está gerando um clima bastante diferente", diz o pesquisador do Cemaden.

Diante da indicação de que o quadro irá se repetir nos próximos anos, com estiagens severas e prolongadas, o caminho é prevenir, treinar pessoal e afinar a coordenação das ações em todos os níveis de governos, opina Mesquita.

"Nós não temos só floresta tropical. Nós temos savana tropical, o Cerrado, que é muito mais vulnerável. Nós temos áreas de campos, nós temos o Pantanal, Caatinga, temos outras áreas que antes não queimavam tanto e que hoje estão queimando muito mais. Então temos muito trabalho pela frente", pontua Mesquita.

O uso do fogo, mesmo que autorizado, talvez tenha que ser revisto, sugere Mesquita. "O fogo ainda é um elemento de uso para limpeza de pastagens, e a maior parte da pastagem brasileira é extensiva, ela não é manejada de maneira tecnificada. E sob as condições climáticas que estamos vivendo, isso não será mais possível", conclui.

Short teaser Bioma concentra mais da metade dos 223 mil km² devastados pelo fogo no Brasil neste ano.
Author Nádia Pontes
Item URL https://www.dw.com/pt-br/o-que-explica-a-explosão-de-incêndios-na-amazônia/a-70466539?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 24
Id 70465930
Date 2024-10-11
Title Guerra na Ucrânia: Zelenski quer mais armas da Alemanha
Short title Guerra na Ucrânia: Zelenski quer mais armas da Alemanha
Teaser

Zelenski e Scholz durante reunião em Nova York, em setembro - líder russo voltou a pedir mais ajuda militar

A planejada cúpula de solidariedade à Ucrânia com o presidente dos EUA, Joe Biden, foi cancelada. Em vez do encontro, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski está visitando Londres, Paris, Roma e Berlim.O plano de reunir nações apoiadoras da Ucrânia na base aérea americana de Ramstein, na Alemanha, serviria como uma simbologia poderosa. Pela primeira vez desde que a invasão total da Rússia na Ucrânia começou, em fevereiro de 2022, chefes de Estado e de governo queriam se reunir a convite e na presença do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Esse encontro foi planejado para acontecer pouco antes da eleição presidencial americana, cujo resultado certamente terá impacto decisivo no apoio à Ucrânia. No entanto, Biden cancelou a reunião em cima da hora devido ao furacão Milton. O presidente ucraniano Volodimir Zelenski teve então que viajar para Londres, Paris e Roma separadamente e, nesta sexta-feira (11/10), chega a Berlim. Zelenski já havia apresentado seu "plano de vitória" em Washington. A estratégia foi recebida com pouco entusiasmo na época, em parte por apresentar poucas novidades. De acordo com a imprensa americana, o líder ucraniano voltou a exigir mais ajuda militar e pediu permissão para disparar armas ocidentais de longo alcance contra alvos na Rússia – o que Biden recusou novamente. O chanceler alemão Olaf Scholz, alinhado a Biden no apoio à Ucrânia, disse que, mesmo que Washington desse esse aval à Ucrânia, ele próprio se recusaria a fazê-lo. "Não faremos isso e temos boas razões para tanto", disse Scholz. Zelenski enfrenta, portanto, o ceticismo de seus aliados mais importantes. "Infelizmente, é preciso perceber que estamos atualmente em uma fase em que muitos dos parceiros da Ucrânia, especialmente os grandes, estão apenas repetindo o que já anunciaram. Nada de decisivo está sendo acrescentado em termos de qualidade ou quantidade", disse o especialista em segurança Nico Lange à DW. Johann Wadephul é porta-voz de política externa do principal partido de oposição da Alemanha, o Democratas Cristãos (CDU), de centro-direita, que atualmente lidera as pesquisas de opinião um ano antes das eleições gerais da Alemanha. Ele criticou Scholz por não estar fazendo o suficiente. Wadephul disse à DW que considera um erro a recusa contínua de Scholz em fornecer mísseis de cruzeiro Taurus à Ucrânia. "Há muito tempo o governo alemão já deveria ter fornecido armas de longo alcance, como o Taurus, e, acima de tudo, permitido que a Ucrânia atingisse alvos militares em solo russo, de acordo com a lei internacional, para poder se defender de forma eficaz. Os parceiros esperam que a Alemanha demonstre iniciativa e liderança nesse aspecto." Ucrânia na defensiva A situação na zona de guerra não parece boa para a Ucrânia. As autoridades militares ucranianas admitem que suas forças armadas estão sob forte pressão nas frentes leste e sul. Não se fala mais em um ponto de virada, como foi o caso de algumas semanas atrás, com o avanço ucraniano na região russa de Kursk. Pelo contrário: o Exército ucraniano está agora na defensiva. No início de outubro, o comando da corporação anunciou que havia se retirado da cidade de Vuhledar, no leste do país, que estava em conflito desde o início da guerra. Mas Lange, especialista em segurança, tem uma visão mais otimista da situação. "A Rússia não está atingindo seus objetivos. Embora esteja progredindo em Donbas, está muito longe de tomar toda a região em 2024. A Rússia também não liberou a região de Kursk. Portanto, não seria muito difícil para a Ucrânia pressionar a Rússia", acredita. Lange pondera que os aliados da Ucrânia carecem de determinação e também de um plano sobre o que exatamente querem alcançar com seu apoio. Muitos acreditam no "mito de que a Rússia é infinitamente forte", acrescentou. Partidos populistas na Alemanha contra ajuda à Ucrânia O cansaço da guerra e o medo de um confronto direto com a Rússia estão se espalhando entre os aliados ocidentais da Ucrânia. Isso também se refletiu nos recentes resultados das eleições em alguns países europeus. Na Alemanha, os partidos que querem acabar com a ajuda armamentista à Ucrânia obtiveram ganhos significativos em três eleições estaduais em setembro: a Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema direita, e a recém-fundada Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), um partido que combina políticas econômicas de esquerda com viés conservador e iniciativas de política externa pró-Rússia. Os líderes regionais da CDU e os social-democratas (SPD) de centro-esquerda do próprio Scholz também começaram a pedir ao governo alemão que leve a Rússia à mesa de negociações. Em respota, Scholz parece ter mudado um pouco seu tom e agora enfatiza a necessidade de explorar as possibilidades de paz. Para demonstrar que tem disposição para mediar, ele recentemente tentou entrar em contato com o presidente russo, Vladimir Putin, por telefone, o que aparentemente foi rejeitado pelo Kremlin. O impacto das eleições nos EUA Ainda mais importante para a Ucrânia do que tudo o que está acontecendo na Alemanha é a próxima eleição presidencial americana. Os EUA são, de longe, o mais importante apoiador militar de Kiev. O candidato do Partido Republicano, Donald Trump, disse durante a campanha eleitoral que os EUA deveriam "sair" da Ucrânia e acusou Zelenski de se opor a um "acordo" com Putin para acabar com a guerra. A vice-presidente Kamala Harris, por outro lado, quer manter o apoio à Ucrânia caso vença a disputa à Casa Branca. Não está claro o que Trump realmente faria se ganhasse, disse Lange, acrescentando que o ex-presidente é imprevisível. "Não se pode dizer que, se Harris vencer, tudo ficará bem, porque, embora o governo Biden estivesse na vanguarda do apoio à Ucrânia, ele também tem grande responsabilidade por sua hesitação e lentidão em agir", acrescentou. De qualquer forma, o fato de os europeus não conseguirem – ou não quererem – organizar uma cúpula de solidariedade com a Ucrânia depois do cancelamento de Biden é um mau sinal por si só, mostrando o quanto eles dependem da liderança americana nessa questão. Autoridades americanas disseram que a cúpula com Biden como anfitrião em Ramstein será realizada em uma data posterior. A única questão é quando. O tempo está se esgotando antes das eleições nos EUA em 5 de novembro.


Short teaser Enquanto cúpula com Joe Biden foi cancelada, presidente ucraniano viaja para Paris, Londres, Roma e Berlim.
Author Christoph Hasselbach
Item URL https://www.dw.com/pt-br/guerra-na-ucrânia-zelenski-quer-mais-armas-da-alemanha/a-70465930?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Zelenski e Scholz durante reunião em Nova York, em setembro - líder russo voltou a pedir mais ajuda militar
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Item 25
Id 70461518
Date 2024-10-10
Title Scholz anuncia novos envios de armas da Alemanha para Israel
Short title Scholz anuncia novos envios de armas da Alemanha para Israel
Teaser Governo alemão negou que tenha interrompido as exportações de armamentos para Tel Aviv, mas dados apontam redução drástica em relação a 2023.

O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, anunciou nesta quinta-feira (10/10) que "em breve" haverá novas remessas de equipamentos militares para Israel, de acordo com uma decisão tomada pelo governo de coalizão formado por social-democratas, verdes e liberais.

Berlim negou repetidamente ter interrompido as exportações de armas para Tel Aviv, mas os dados oficiais de 2024 fornecidos em setembro indicaram uma redução drástica de mais de 95% em comparação com o ano anterior.

"Não decidimos deixar de enviar armas", afirmou Scholz em discurso no plenário do Bundestag (câmara baixa do parlamento). "Enviamos armas e as enviaremos", ressaltou, em resposta a uma acusação de apoio insuficiente a Israel feita pela oposição conservadora.

"Não vou violar o sigilo do Conselho Federal de Segurança [responsável por autorizar a exportação de armas], mas tomamos decisões no governo que garantem que novas remessas serão feitas, e vocês verão que essa foi uma acusação falsa", frisou

"Fissura na solidariedade com Israel"

O líder da oposição conservadora, Friedrich Merz, havia antes acusado a existência de "fissuras na solidariedade da Alemanha" com Israel. "Há semanas e meses, o governo alemão vem se recusando a conceder licenças de exportação para a entrega de munição e até mesmo de peças de reposição para tanques a Israel", disse o presidente da União Democrata Cristã (CDU).

A ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, também negou que tenham sido interrompidas as remessas de armas para Israel, cuja defesa e segurança, segundo ela, é uma "razão de Estado" para a Alemanha.

Perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ), Berlim deixou "claro" que fornece armas a Israel e que isso está obviamente em conformidade com a lei internacional, disse ela.

Após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, as exportações militares e de armas da Alemanha para Israel aumentaram dez vezes em 2023 em comparação com o ano anterior, totalizando 326,5 milhões de euros, de acordo com dados do Ministério da Economia.

Redução nas exportações de armas

Entretanto, paralelamente ao aumento do número de vítimas civis em Gaza e à crescente pressão política sobre Berlim, as autorizações para novas exportações caíram substancialmente.

Assim, de acordo com os dados fornecidos pelo Ministério da Economia no início de setembro, nos primeiros oito meses de 2024 apenas 14,5 milhões de euros em exportações foram autorizados, concentrados no início do ano.

Além disso, desde março todas as exportações autorizadas se limitam a "material de guerra", o que não inclui armas bélicas, de acordo com a resposta do Ministério da Economia.

Por outro lado, nos dados sobre autorizações para exportações de material de guerra e armamentos para os três primeiros trimestres do ano, publicados em 2 de outubro, Israel não aparece entre os dez principais destinatários, que receberam somas que vão de 7 bilhões de euros (Ucrânia) a 100 milhões de euros (Catar).

Anteriormente, no final de abril, a CIJ decidiu contra a emissão de medidas provisórias para interromper as vendas de armas alemãs a Israel no caso do processo da Nicarágua contra o país europeu em Haia.

Na Alemanha, o governo Scholz também enfrentou várias ações judiciais, até agora sem sucesso, com o objetivo de impedir as exportações de armas alemãs para Israel.

md/av (EFE, AFP)

Short teaser Governo alemão negou ter interrompido exportações para Tel Aviv, mas dados apontam redução drástica em relação a 2023.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/scholz-anuncia-novos-envios-de-armas-da-alemanha-para-israel/a-70461518?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 26
Id 70456293
Date 2024-10-10
Title Crise deixa empresas alemãs expostas a aquisição estrangeira
Short title Crise deixa empresas alemãs expostas a aquisição estrangeira
Teaser Recessão paralisa economia alemã, tornando o país menos atraente como polo de negócios. Algumas empresas já são consideradas possíveis candidatas a compra por grupos do exterior.

A situação é ruim, as perspectivas, nebulosas: nesta quarta-feira (09/10), o governo alemão anunciou que o país atravessará mais um ano de recessão.

Segundo o ministro da Economia Robert Habeck o Produto Interno Bruto (PIB) deve se contrair em 0,2%, ao invés de crescer 0,3%, como previsto anteriormente, sendo que, em 2023, houve recessão de 0,3%. Desde o pós-guerra, houve uma única vez dois anos seguidos de recessão na Alemanha: em 2002 e 2003.

"A economia alemã não tem crescido de maneira robusta desse 2018”, admitiu Habeck, ressaltando a necessidade de mais esforços para que o país "retome o caminho do crescimento sustentável". É preciso construir um sistema de abastecimento elétrico climaticamente neutro. Um programa de redução da burocracia, em andamento, e economia deve sentir seus efeitos: "Só conta o que funciona como um alívio na prática."

Alemanha, "criança problemática" da Europa

Na véspera, Joachim Nagel, presidente do Bundesbank, o banco central alemão, já expressara pessimismo, ao afirmar que a recessão seria mais provável do que um crescimento,

Em setembro, o índice que avalia o clima para negócios no país, estipulado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Ifo, de Munique, já apresentava cifras negativas. "A economia alemã está sob pressão cada vez maior", comentou Clemens Fuest, presidente do Ifo, referindo-se ao quarto ano seguido de queda no índice. Isso revela que as empresas estão descontentes com a atual conjuntura e que suas expectativas são pessimistas.

O Instituto de Macroeconomia e Pesquisa Conjuntural (IMK) da Fundação Hans Böckler, associada a sindicatos, também rebaixou seus prognósticos econômicos, ao prever que o crescimento do PIB alemão deverá encolher até 0,0%. Diante de tal quadro, Christoph Swonke, do DZ Bank, já descreveu a Alemanha como "a nova criança-problema entre os países europeus".

Interesses estrangeiros

Um ambiente como o atual na Alemanha é pouco interessante do ponto de vista econômico, e há quem olhe para fora do país em busca de ajuda financeira forte, como é o caso da companhia ferroviária alemã Deutsche Bahn.

Seu conselho administrativo acaba de aprovar a venda de sua rentável subsidiária de logística e transportes de cargas Schenker por 14 bilhões de euros (R$ 85 bilhões) ao grupo dinamarquês de logística DSV. A transação vai gerar uma injeção de capital na deficitária estatal.

Outro exemplo é o Commerzbank, salvo da ruína durante crise econômica pelo governo federal, o qual ainda detém cerca de 12% de seus títulos. Em setembro, o banco italiano Unicredit adquiriu uma parte do banco, e gostaria de incorporá-lo inteiramente. O Banco Central Europeu (BCE), a quem caberia aprovar tal transação, está basicamente de acordo, como apurou a agência de notícias Reuters, com base em fontes internas.

Outras empresa alemãs já planejam mudar suas sedes para o exterior, ou estão se tornando cada vez mais atraentes para o capital estrangeiro. Como a multinacional da química Basf, que planeja construir instalações na China ao custo de 10 bilhões de euros. Outro exemplo é a empresa de médio porte do setor de energia Techem, que está para ser vendida por seus proprietários suíços, Partners Group, à companhia americana de investimentos TPG.

"Empresas não têm passaporte"

É possível a venda de empresas alemãs de que o contribuinte ainda é acionista? Para muitos analistas, esse seria um processo complemente natural. Para Carsten Brzeski, economista-chefe do banco ING, está claro que "a estagnação econômica e mudanças estruturais também acarretam consequências para as empresas": "Em tempos como estes, as incorporações acontecem, seja a partir de dentro ou de fora do país."

Stefan Kooths, diretor do Instituto Kiel para Economia Mundial (IfW), resume a questão a uma fórmula simples: "empresas não têm passaporte". Ele acredita que "a nacionalidade dos proprietários das empresas não é decisiva para a prosperidade de um país, mas sim, a qualidade do local onde ela está sediada."

Kooths observa que a tendência de declínio dos investimentos diretos é outra indicação da vulnerabilidade da Alemanha como polo de negócios. Locais mais fortes atraem capital estrangeiro, e "os investidores evitam locações mas fracas".

Para o diretor do IfW, a entrada de capital não alemão no mercado interno do país não é algo negativo, muito pelo contrário: "Se investidores estrangeiros tiverem ideias melhores sobre como utilizar recursos da Alemanha, isso acabaria beneficiando os atores locais através de ganhos de produtividade."

A eterna promessa de reduzir burocracia

Desde os anos 1980, todos os governos alemães prometeram reduzir a burocracia de modo a atrair mais investimentos, mas há décadas o país aguarda avanços reais. "O esforço é evidente, mas não resulta em ações consistentes", avalia Kooths, e "justamente a iniciativa" para o crescimento acaba sendo fonte de ainda mais burocracia.

Berlim, porém, não é a única responsável por isso: também, a União Europeia (UE) arca com parte da culpa. "Sobretudo devido ao sistema de relatórios descontrolado – da taxonomia da UE à regulação das cadeias de abastecimento –, cada vez mais os atores dentro do mercado interno se tornam um obstáculo para si mesmo", disse Kooths.

Para Carsten Brzeski, reduzir a burocracia é o caminho certo, mas ainda "está longe de terminar". Ele faz uma reivindicação específica: "Precisamos urgentemente de mais governança digital. Isso aceleraria a redução da burocracia e se oporia à falta de mão-de obra qualificada em muitas repartições."

"Caminho verde" é eficaz?

O ministro da Economia da Alemanha também é o responsável pela proteção ambiental do país; em Bruxelas, a Comissão Europeia tenta indicar um "caminho verde" para o futuro. Contudo, nenhum dos especialistas entrevistados acredita que priorizar a ecologia também ajude a economia. "De um modo geral, a descarbonização não tem como se tornar uma história de crescimento", avalia Kooths, pois essa iniciativa "sofre de um excesso de intervencionismo".

Brzeski tem opinião semelhante. "O foco em tecnologias verdes gerou até agora muito pouco investimento. Seria míope apostar tudo no 'verde'. A economia alemã perdeu muito em competitividade nos últimos dez anos, e é esse o ponto de onde devemos partir agora."

Alerta contra o protecionsmo

Stefan Kooths considera a competitividade da indústria alemã um fator essencial para a retomada do crescimento, mas alerta contra acionismos: "O crescimento não precisa ser estimulado, mas sim, viabilizado."

Em sua opinião, os programas de estímulo econômico não são necessariamente voltados para esse fim. A atual iniciativa de crescimento só aponta na direção certa, "mas não conseguirá resultar numa guinada". "Isso exigiria uma mudança de curso fundamental, para longe das políticas de intervencionismo industrial, rumo a uma política regulatória que fortaleça os polos de negócios."

Kooths constata categoricamente que o governo federal nada deve fazer para evitar a iminente venda das empresas alemãs, alertando contra um "protecionismo do capital". Em vez, disso, evoca as leis de mercado segundo as quais as empresas se tornem candidatas a aquisição "quando suas estruturas não estão mais à altura da concorrência".

Short teaser Em meio à recessão, algumas empresas já consideradas possíveis candidatas a compra por grupos do exterior.
Author Dirk Kaufmann
Item URL https://www.dw.com/pt-br/crise-deixa-empresas-alemãs-expostas-a-aquisição-estrangeira/a-70456293?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 27
Id 70449331
Date 2024-10-09
Title CCJ da Câmara aprova PEC que permite anular decisões do STF
Short title CCJ da Câmara aprova PEC que permite anular decisões do STF
Teaser

Sessão dos STF em junho de 2024

Proposta permite que Congresso derrube decisões da Corte por dois terços dos votos dos parlamentares. Antes, comissão também aprovou PEC limitando decisões monocráticas de ministros do Supremo.A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (09/10) a admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 28/2024, que permite ao Congresso derrubar decisões tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mediante votos favoráveis de dois terços da Câmara e do Senado. O texto aprovado determina que a suspensão das deliberações do STF ocorra se o Congresso considerar que "a decisão exorbita do adequado exercício da função jurisdicional e inova o ordenamento jurídico como norma geral e abstrata". Ainda no projeto, se houver medida anulada pelo Legislativo, o Supremo só poderá manter sua decisão pelo voto de quatro quintos de seus membros. A PEC 28/2024 também estabelece a inclusão automática, na pauta dos tribunais, de liminar pedindo que o colegiado analise decisões tomadas individualmente. Na sessão desta quarta-feira, a PEC 28/2024 teve 38 votos a favor e 12 contra. PEC limita decisões monocráticas Mais cedo, a CCJ também aprovou a PEC 8/2021 que limita decisões monocráticas de ministros do STF e outros tribunais superiores. O texto prevê que magistrados do Supremo não poderão, através de decisão monocrática, suspender leis ou a validade de atos dos presidentes da República, do Senado ou da Câmara dos Deputados. Também ficam vetadas decisões monocráticas com poder de suspender a tramitação de propostas legislativas, que afetem políticas públicas ou criem despesas para qualquer Poder. Decisões monocráticas são aquelas tomadas por apenas um magistrado. Trata-se de uma decisão provisória, que precisa ser confirmada pelo conjunto dos ministros da Corte. Na CCJ da Câmara, a PEC 8/2021 recebeu 39 votos favoráveis e 18 contrários. Pacote de restrições ao STF A PEC 8/2021 já foi aprovada pelo Senado em novembro do ano passado e agora tramita na Câmara, como parte de um pacote de medidas para impor restrições às ações dos ministros de cortes superiores. A CCJ tem ainda na pauta dois projetos que ampliam o rol de crimes de responsabilidade para ministros do STF. A comissão é o primeiro passo para a aprovação de uma PEC na Câmara dos Deputados. A análise das propostas no colegiado avaliou apenas a admissibilidade dos textos – sem discutir seus conteúdos. Agora as PECs seguem para uma comissão especial, formada para analisar a proposta. Em seguida, serão analisadas pelo plenário da Câmara, onde precisam ser aprovadas por, no mínimo, 308 deputados, em dois turnos de votação. md (Agência Brasil, ots)


Short teaser Comissão aprovou textos permitindo ao Congresso derrubar decisões da Corte e limitando decisões monocráticas no STF.
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Image caption Sessão dos STF em junho de 2024
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Item 28
Id 70448817
Date 2024-10-09
Title Pedras em memória a vítimas do nazismo são roubadas em cidade alemã
Short title Pedras em memória a vítimas do nazismo somem em cidade alemã
Teaser

Encravadas no calçamento presas a cubos de concreto, placas levam os nomes das vítimas e o que se sabe sobre seus destinos

Todas as dez plaquetas de latão que lembravam antigos moradores de Zeitz deportados no Holocausto foram arrancadas das calçadas da cidade. Incidente ocorreu na ocasião do aniversário do ataque de 7/10 contra Israel.Todas as pedras adornadas com plaquetas lembrando moradores da cidade de Zeitz, no Leste da Alemanha, que foram vítimas do Holocausto foram arrancadas das calçadas do município, afirmaram autoridades locais nesta segunda-feira (08/10). As "pedras de tropeço", chamadas de stolpersteine em alemão, podem ser encontradas em toda a Alemanha e em outros lugares da Europa e até fora do continente. Elas são pequenas placas de latão, geralmente de 10 por 10 centímetros, fixadas sobre paralelepípedos de concreto e são colocadas na calçada em frente da última moradia de vítimas do regime nazista. Nessas placas estão inscritas os nomes das vítimas, assim como o que se sabe sobre seus destinos. Em Zeitz, as autoridades locais notaram na segunda-feira (07/10) que todas as 10 "pedras de tropeço" da cidade estavam faltando. Aquele dia também marcou o primeiro aniversário da ofensiva terrorista de 7 de outubro contra Israel. Uma queixa criminal foi registrada na polícia, que está investigando o crime, assim como possíveis motivações políticas extremistas. De acordo com a polícia, acredita-se que as "pedras de tropeço" tenham sido roubadas durante a madrugada de domingo para segunda-feira, embora a última vez que as pedras foram vistas em seu lugar, encravadas no calçamento, tenha sido na sexta-feira. Zeitz é uma cidade com pouco mais de 30 mil habitantes. O ato é "imperdoável e jamais desculpável", escreveu Götz Ulrich, administrador do distrito de Burgenland, que inclui Zeitz. "Qualquer pessoa que faça isso também quer tirar o Holocausto de nossa cultura de memória". Artista promete substituir plaquetas Gunter Demnig, o artista alemão que iniciou o esforço para colocar "pedras de tropeço" em todo o país e que instalou pessoalmente muitas das placas disse que já houve incidentes de roubo em outros locais. Até o momento, cerca de 112 mil stolpersteine foram colocadas em 32 países desde 1996. De acordo com Demnig, cerca de 900 foram roubadas. Ele apontou dois incidentes que ocorreram por volta do aniversário dos Pogroms de Novembro, também conhecidos como "Noite dos Cristais", quando judeus alemães foram executados pelos nazistas, em 1938. Em 2012, todas as "pedras de tropeço" na cidade de Greifswald foram roubadas e, há sete anos, pelo menos 16 desapareeram do bairro de Neukölln, em Berlim. Demnig disse que vê uma clara conexão entre o aniversário do 7 de Outubro e o roubo em Zeitz. Mas ele prometeu substituir as pedras que faltam o mais rápido possível. A iniciativa Stolpersteine for Zeitz, um grupo de moradores locais formado em 2006 com objetivo de colocar as pedras na cidade, convocou uma caminhada na próxima semana para todos os dez locais de onde os pequenos memoriais foram arrancados. Nas últimas décadas, o projeto das "pedras de tropeço" se tornou o maior memorial descentralizado do mundo, e envolve voluntários, estudantes e familiares de vítimas do Holocausto. As pedras homenageiam as vítimas do regime de Hitler, tanto os assassinados em Auschwitz e outros campos, como também os sobreviventes e os que escaparam. md (DPA, ots)


Short teaser Todas as plaquetas que lembravam moradores de Zeitz deportados no Holocausto foram arrancadas das calçadas da cidade.
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Image caption Encravadas no calçamento presas a cubos de concreto, placas levam os nomes das vítimas e o que se sabe sobre seus destinos
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Item 29
Id 70446542
Date 2024-10-09
Title Índia busca lugar ao sol num Brics dominado pela China
Short title Índia busca lugar ao sol num Brics dominado pela China
Teaser

Primeiro-ministro Narendra Modi entre presidentes Vladimir Putin e Xi Jinping: no Brics ampliado, Índia, Rússia e China têm privilégios de membros fundadores

Ás vésperas da primeira cúpula do bloco dos emergentes ampliado para 11 membros, nota-se que todos mantêm laços econômicos importantes com Pequim. Onde fica uma Índia ambiciosa e em crescimento nesse quadro?Com a cúpula do Brics em Kazan, no sudoeste da Rússia, marcada para o fim de outubro, a Índia parece ocupar uma posição única dentro do bloco de nações emergentes. O acrônimo originalmente se referia ao Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, mas em janeiro de 2024 o grupo passou a incluir a Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã, e esse será seu primeiro encontro integral. De um lado estão os chineses, russos e iranianos, com posições basicamente anti-Ocidente; enquanto egípcios, emiradenses e sauditas mantêm um equilíbrio delicado entre suas parcerias ocidentais e os fortes laços econômicos com Pequim. Por exemplo: todos os membros do Brics, exceto Índia e Brasil, fazem parte da Nova Rota da Seda (Belt and Road Initiative). Até mesmo este último, apesar de não integrar a iniciativa, está sendo cortejado pela China, que compra um terço das exportações brasileiras. Por sua vez, a Índia é o único membro do Brics com laços econômicos crescentes com o Ocidente e relações cada vez mais tensas com Pequim. A rivalidade entre os dois gigantes asiáticos se deve sobretudo às tensões latentes ao longo de sua fronteira de facto, denominada Linha de Controle Real (LAC, na sigla em inglês), cuja extensão, segundo os indianos, seria de 3.488 quilômetros, mais do que lhe atribuem os chineses. Brics em processo de transição A Índia está a caminho de se transformar na terceira maior economia, depois dos Estados Unidos e da China. Enquanto isso, a África do Sul e o Brasil são atualmente "economias em dificuldades", afirma Harsh Pant, vice-presidente do think tank indiano Observer Research Foundation. "Então, os contornos entre os cinco membros originais também mudaram. E o ingresso de novos atores está tornando o bloco ainda mais caótico", uma vez que a agenda do grupo se desvia para discussões extensas sem produzir resultados significativos. Nova Déli é agora parceira de alianças estratégicas com o Ocidente com o fim de se contrapor à China no Indo-Pacífico – como o grupo Quad, completado pela Austrália, Estados Unidos e Japão. "O desafio é o que fazer com uma plataforma como o Brics, pois há contradições bastante evidentes, e não acho que possam ser ocultadas", prossegue Pant. Sreeram Chaulia, decano da Jindal School of International Affairs, também vê o bloco dos emergentes em processo de transição: "Se não tivesse ocorrido essa ampliação, seria só um clube de bate-papo, sem muito valor para a Índia, nem estratégico nem econômico. Mas agora que houve a expansão, há uma competição, e não queremos ceder esse espaço para a China." As nações do Brics ampliado são responsáveis por mais de 37% do PIB global, mais do que o dobro do que o da União Europeia. Tanto o bloco europeu quanto os EUA veem, na aposta chinesa de ampliar o círculo inicial de cinco países, parte de uma campanha por maior influência global. "A China está definitivamente considerando o Brics+ como um veículo para atingir o Ocidente, e é o que vem tentando. Mas nesta rodada de expansão, ela não teve a última palavra", explica Chaulia. Mais recentemente, Pequim também acolheu a candidatura do Paquistão, com rápido apoio pela Rússia. Porém, segundo observadores, as chances de o arqui-inimigo da Índia ser aceito no heterogêneo bloco são mínimas. "O que é que países altamente endividados, resgatados várias vezes pelo FMI, vão poder contribuir para o Brics? Ele vai se transformar num clube de mendigos, em vez de um clube dos capazes de ajudar aos outros", critica Chaulia. "Acho que o Brics vai ser contestado, e para a China não será fácil conduzi-lo ou dominá-lo, mas ela tem, de fato, muitos trunfos." Uma pesquisa da Universidade de Stanford indicou que a potência asiática é a maior credora do mundo, com a maioria dos empréstimos indo para países em desenvolvimento. Por outro lado, apesar de ter cerca de um quinto do tamanho da China, a Índia possui tanto a grande economia que cresce mais rápido, quanto a maior população jovem. Ela vem defendendo um mecanismo para incluir mais parceiros no Brics – um tópico que provavelmente será decidido na cúpula de Kazan. Índia buscando vantagens num mundo multipolar Segundo certos especialistas, a Rússia é um outro ponto focal para a Índia: esta tem laços profundos com Moscou em defesa e tecnologia, setores em que vê a necessidade de contrabalançar a influência de Pequim. "A China forneceu aos russos um baluarte contra a Ocidente que a Índia não é capaz, nem gostaria de dar", analisa Pant. "O desafio para a Índia aqui é manter uma relação com a Rússia que sirva a seus interesses básicos, seja defesa, a Ásia Central ou energia." Não obstante, o ex-secretário de Relações Econômicas do Ministério do Exterior indiano Rahul Chhabra sugere que Moscou talvez não esteja sempre alinhada com Pequim: "A China não é um ponto cego para a Rússia, elas têm as suas questões entre si, que possivelmente não vêm à tona a toda vez, mas que estão lá." O político – que esteve presente na cúpula do Brics de 2010, quando a África do Sul foi admitida – lembra que o bloco não pode ser visto isoladamente de outras plataformas disponíveis para Nova Déli. Assim, a nova ampliação também significaria para o país outras possibilidades de avançar seus próprios interesses econômicos. Além disso, o Brics seria único por abarcar tanto grandes produtores quanto grandes consumidores de petróleo – enquanto até mesmo a Opep é apenas um grupo de produtores: "Com o Irã, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes agora na jogada, cerca de 40% do petróleo está nas mãos desse grupo", enfatiza Chhabra. "Se eles conseguirem usar os mecanismos do Brics de pagamento e outros para saldar as contas, o impacto será grande." Quanto ao atual debate sobre a dolarização dentro do bloco, isso "certamente beneficiará a China e também a Índia". Atualmente o país depende profundamente da Rússia e do Irã para cobrir sua demanda energética. O ex-secretário ministerial indiano reitera que toda plataforma é importante num mundo multipolar onde a Índia está tratando de cuidar dos próprios interesses, "e esta é uma plataforma onde estamos ditando as regras, como parte dos cinco pioneiros": "É uma tela em branco, o que quer que a gente desenhe, é o que se poderá fazer dela."


Short teaser Na primeira cúpula do bloco ampliado, todos mantêm laços econômicos importantes com Pequim. Onde fica a ambiciosa Índia?
Author Mahima Kapoor
Item URL https://www.dw.com/pt-br/índia-busca-lugar-ao-sol-num-brics-dominado-pela-china/a-70446542?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Primeiro-ministro Narendra Modi entre presidentes Vladimir Putin e Xi Jinping: no Brics ampliado, Índia, Rússia e China têm privilégios de membros fundadores
Image source Anupam Nath/AP/picture alliance
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Item 30
Id 70439477
Date 2024-10-09
Title X volta a funcionar no Brasil após cumprir exigências de Moraes
Short title X volta a funcionar no Brasil após cumprir exigências do STF
Teaser

Rede social X efetuou pagamento das multas determinadas pelo STF pelo descumprimento de ordens judiciais

Ministro do Supremo autorizou retomada das operações da rede social no país. Plataforma do bilionário Elon Musk era acusada de disseminação de desinformação e discurso de ódio.A rede social X volta gradualmente a funcionar no Brasil nesta quarta-feira (09/10) após 40 dias suspensa no país. O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraesautorizou o retorno das operações da plataforma por entender que a empresa do bilionário Elon Musk cumpriu as exigências relacionadas ao processo no qual era acusada de disseminar desinformação e discurso de ódio. "Decreto o término da suspensão e autorizo o imediato retorno das atividades do X Brasil Internet Ltda. em território nacional e determino à [Agência Nacional de Telecomunicações] Anatel que adote as providências necessárias para efetivação da medida, comunicando-se esta Suprema Corte, no prazo de 24 horas", afirmou Moraes em sua decisão publicada na terça-feira. O retorno da plataforma acontece de forma gradual, já que o desbloqueio precisa ser feito pelos 20 mil provedores que operam serviços de internet no Brasil. Se todos cumprirem a decisão, todos os usuários que estão no país poderão acessar o X até o final desta quarta-feira. X pagou R$ 28,6 milhões em multas Entre as exigências para reverter a suspensão, o X efetuou o pagamento de R$ 28,6 milhõesem multas determinadas pelo STF pelo descumprimento de ordens judiciais. Suspenso desde 30 de agosto no Brasil, a rede social e a empresa de tecnologia Starlink – condenada em solidariedade por também pertencer a Musk – haviam feito uma primeira transferência de R$ 18,3 milhões à União, em 13 de agosto. Mas o X recebeu novas sanções de Moraes após burlar o bloqueio por meio de uma rede terceirizada. O pagamento da nova multa de R$ 10 milhões atribuída à empresa aconteceu na segunda-feira (07/10). A plataforma, porém, usou umaconta bancária que não era a indicada no processo judicial. Isso atrasou a análise do pedido de retorno da rede social. Outros R$ 300 mil foram cobrados em nome da representante legal da empresa, Rachel de Oliveira Conceição. Além do pagamento da multa, Moraes determinou que a empresa bloqueasse nove perfis investigados por disseminação de desinformação e discurso de ódio, e a nomeação de um representante legal no país, o que já foi cumprido. Como a DW mostrou, o próprio ministro Alexandre de Moraes vai definir a destinação destes valores. Em nota publicada na própria plataforma, o X disse ter "orgulho de estar de volta ao Brasil". "Continuaremos a defender a liberdade de expressão, dentro dos limites da lei, em todos os lugares onde operamos", escreveu. Bloqueio temporário Moraes determinou o bloqueio temporário do X no Brasil em processo relacionado à disseminação de desinformação e discurso de ódio. A decisão foi corroborada por unanimidade pela primeira turma do STF, em julgamento no início de setembro. A plataforma foi acusada de não tomar medidas adequadas contra perfis e conteúdos que promovem fake news, principalmente sobre temas sensíveis como a integridade do sistema eleitoral brasileiro, ataques à democracia e incitação à violência. O ministro justificou sua decisão com base na acusação de que o X, sob o comando de Elon Musk, não estaria cooperando com a remoção de conteúdo ilícito, diferentemente de outras plataformas que seguiram as ordens judiciais. A disputa se intensificou após Musk encerrar as operações do X no Brasil. Moraes, então, obrigou a apresentação de representante em território nacional. A decisão de Moraes gerou discussões sobre o equilíbrio entre liberdade de expressão e regulação do conteúdo online, com direito a provocações do bilionário contra o magistrado, como "tirano" e "ditador do Brasil". O ministro do STF Flávio Dino, durante o seu voto pela manutenção do bloqueio, afirmou que "a liberdade de expressão é um direito fundamental que está umbilicalmente ligado ao dever de responsabilidade. O primeiro não vive sem o segundo, e vice-versa". gq/rc/sf (DW, ots)


Short teaser Plataforma do bilionário Elon Musk era acusada de disseminação de desinformação e discurso de ódio.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/x-volta-a-funcionar-no-brasil-após-cumprir-exigências-de-moraes/a-70439477?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Rede social X efetuou pagamento das multas determinadas pelo STF pelo descumprimento de ordens judiciais
Image source Monika Skolimowska/dpa/picture alliance
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Item 31
Id 70438749
Date 2024-10-08
Title Senado aprova Gabriel Galípolo para presidir o Banco Central
Short title Senado aprova Gabriel Galípolo para presidir o Banco Central
Teaser

Galípolo, de 42 anos, foi eleito para um mandato de quatro anos à frente do BC

Indicado de Lula e Haddad é aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos e no plenário da Casa para substituir Roberto Campos Neto na direção do BC.O Senado aprovou nesta terça-feira (08/10) a indicação do economista Gabriel Galípolo para Presidência do Banco Central (BC). Ele substituirá o atual presidente, Roberto Campos Neto, cujo mandato se encerra em 31 de dezembro. Galípolo, que atualmente ocupa o cargo de diretor de Política Monetária da instituição, terá um mandato de quatro anos à frente do BC. Ele foi sabatinado nesta terça-feira pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que aprovou sua indicação por unanimidade. Em seguida, seu nome foi aprovado pelo plenário da Casa por 66 votos favoráveis e 5 contra, em votação secreta. Sintonia com Haddad Galípolo, de 42 anos, é formado em Ciências Econômicas e é mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, onde também lecionou nos cursos de graduação entre 2006 e 2012. Ele também foi professor no MBA de PPPs e Concessões da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) e é pesquisador sênior do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). Ex-secretário de Economia e de Transportes do governo de São Paulo, Galípolo trabalhou na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e no Banco Fator, instituição com expertise em parcerias público-privadas e programas de privatização, fundada por ele. Em 2023, assumiu o cargo de secretário-executivo do Ministério da Fazenda, até ser indicado e aprovado para a diretoria de Política Monetária do BC, que ele ocupa desde julho do ano passado Galípolo tem a confiança do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, depois de atuar desde 2021 como conselheiro da campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva. Mais tarde, ele fez parte da equipe de transição do governo. Favorito de Lula Ele foi a primeira das indicações do presidente Lula para assumir uma diretoria do BC. Durante seu período como diretor de Política Monetária, ele teve poucas divergências com Campos Neto – frequentemente criticado por Lula por manter a taxa de juros no país em patamar acima do desejado pelo presidente. A indicação de Galípolo foi anunciada no final de agosto por Haddad. Lula fez vários elogios ao economista, dizendo que ele tem "todas as condições" de presidir o Banco Central, além de possuir uma "honestidade ímpar". Galípolo, no entanto, votou ao lado de Campos Neto na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC para interromper o ciclo de cortes na taxa básica de juros, contrariando a vontade do presidente, e mantendo a Selic em 10,5% ao ano. rc/md (DW, ots)


Short teaser Indicado de Lula e Haddad substituirá Roberto Campos Neto na direção do BC.
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Image caption Galípolo, de 42 anos, foi eleito para um mandato de quatro anos à frente do BC
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Item 32
Id 70434666
Date 2024-10-08
Title Renúncia de secretário-geral aumenta pressão sobre sigla de Scholz
Short title Renúncia de secretário aumenta pressão sobre sigla de Scholz
Teaser A um ano da próxima eleição na Alemanha, secretário-geral do SPD Kevin Kühnert está deixando o cargo. Renúncia ocorre em momento crítico para social-democratas, em baixa nas pesquisas e numa coalizão de governo em crise.

Para a ampla maioria dos social-democratas alemães, o anúncio foi uma surpresa: Kevin Kühnert, secretário-geral do SPD desde dezembro de 2021, anunciou sua renúncia ao cargo nesta segunda-feira (07/10) e acrescentou que não irá concorrer novamente como deputado ao Bundestag (Parlamento alemão) na eleição de 2025.

Numa carta aos membros do seu partido, Kühnert, de 35 anos, explicou sua decisão dizendo que não está bem de saúde. "Uma vitória nas urnas exige o comprometimento total de todo o SPD." Os próximos meses exigirão "enormes esforços" para "recuperar um atraso que se reflete tanto nos baixos índices das pesquisas eleitorais quanto na baixa autoconfiança".

Kühnert disse que, devido à sua saúde, não está em condições de corresponder a essa expectativa. Ele não comunicou de que está doente nem a gravidade da doença.

Enorme pressão política

Há meses que o secretário-geral do SPD está sob enorme pressão política. Os índices do partido nas pesquisas eleitorais para a eleição nacional giram em torno de 16%. Nas eleições estaduais na Saxônia e na Turíngia, o SPD teve um desempenho historicamente ruim e até mesmo arriscou ficar abaixo da claúsula de barreira de 5%. Somente em Brandemburgo o partido conseguiu reverter essa tendência e sair vencedor das urnas.

Quando os dois líderes do Partido Verde, Ricarda Lang e Omid Nouripour, anunciaram suas renúncias após o fracasso dos verdes na eleição estadual em Brandemburgo, Kühnert se viu seguidamente confrontado com a pergunta se ele também não deveria assumir a responsabilidade pelos resultados insatisfatórios nas eleições. Kühnert respondeu várias vezes que também se perguntava isso e que aceitaria renunciar se isso fosse melhor para o SPD.

Entrosamento com os presidentes do SPD

No entanto, ele também ressalvou, em entrevista à revista semanal Der Spiegel, que forma uma equipe bem entrosada com os copresidentes do SPD, Lars Klingbeil e Saskia Esken, e que os três trabalham juntos e tomam decisões conjuntas.

Kühnert já havia informado Klingbeil e Esken sobre sua intenção há alguns dias. Ambos reagiram com consternação, mas também com compreensão. Klingbeil disse, nesta segunda-feira, entender que a decisão de Kühnert não havia sido fácil, mas ainda assim era correta. "Agora se trata de Kevin e de sua saúde." Como amigo pessoal de Kühnert, Klingbeil disse estar 100% ao lado dele.

Os dois copresidentes do SPD elogiaram o trabalho de Kühnert como secretário-geral. Klingbeil afirmou que Kühnert deu uma contribuição decisiva para a estabilidade no partido, e Esken o chamou de "importante pilar para o nosso partido social-democrata".

Representante da esquerda do SPD

Kühnert foi presidente da ala jovem do SPD, a Jovens Socialistas (Jusos) de novembro de 2017 a janeiro de 2021 e fez uma forte campanha a favor de Esken para a liderança do partido. Em 2019, ela e seu então companheiro de chapa, Norbert Walter-Borjans, competiram pela presidência partidária contra o atual chanceler federal, Olaf Scholz, e outros candidatos. Os Jusos haviam apoiado os dois porque queriam uma guinada à esquerda dentro do SPD após anos de crises existenciais e querelas internas.

Antes, Kühnert, que é da esquerda do SPD, havia feito tudo o que estava ao seu alcance para evitar uma reedição da chamada grande coalizão entre seu partido e os conservadores CDU e CSU.

Nouripour, do Partido Verde, desejou uma recuperação completa a Kühnert, em nome de seu partido, e agradeceu a ele pela cooperação e confiança nos últimos três anos.

O secretário-geral da CDU, Carsten Linnemann, disse ao jornal Rheinische Post que Kühnert é um político muito correto. "Apesar das diferenças políticas, o trabalho conjunto sempre foi na base da confiança."

Enormes desafios até a próxima eleição

O SPD se reuniu já na noite desta segunda-feira e escolheu Matthias Miersch, de 55 anos, para a sucessão de Kühnert. Assim como Kühnert, Miersch é membro do Bundestag e pertence à ala esquerda do SPD. Ele é ainda o vice-líder da bancada social-democrata no parlamento.

Miersch assumirá o cargo de forma interina. Ele só poderá ser eleito na próxima conferência do partido, marcada para junho de 2025.

Miersch enfrentará enormes desafios. O secretário-geral é uma espécie de gerente administrativo de um partido. Ele representa publicamente o perfil político do partido e precisa saber se posicionar sobre todas as questões políticas da atualidade. Ao mesmo tempo exerce tarefas administrativas, como dirigir a sede do partido, organizar as conferências do partido e as campanhas eleitorais.

E não há mais muito tempo até a eleição nacional de setembro de 2025. A situação atual é crítica: o SPD está há muito tempo em baixa nas pesquisas. O maior grupo de oposição no Bundestag, a CDU/CSU, tem quase o dobro de intenções de voto.

Como se não bastasse, o governo liderado pelo SPD, em coalizão com o Partido Verde e o Partido Liberal Democrático (FDP), passa por grandes turbulências. As diferenças são grandes, e diante dos recentes conflitos sobre o orçamento e a política previdenciária, um fim prematuro do governo não pode ser descartado. Se isso acontecer, o SPD teria ainda menos tempo para organizar sua campanha eleitoral e tentar reverter os baixos índices nas pesquisas.

Short teaser Saída de Kevin Kühnert ocorre num momento crítico para o partido, em baixa nas pesquisas e numa coalizão em crise.
Author Sabine Kinkartz
Item URL https://www.dw.com/pt-br/renúncia-de-secretário-geral-aumenta-pressão-sobre-sigla-de-scholz/a-70434666?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 33
Id 70432121
Date 2024-10-08
Title Seca excepcional se espalha pelo Brasil
Short title Seca excepcional se espalha pelo Brasil
Teaser Pela primeira vez desde o início da série histórica, Brasil registra o nível mais crítico da seca em diversos pontos do território. Em setembro, área afetada foi maior que Pernambuco.

Localizado na fronteira com o Peru, o município de Jordão, no estado do Acre, sofreu com inundações históricas em fevereiro e março deste ano. Em maio, no entanto, o cenário mudou radicalmente, com o início de uma forte estiagem. Os rios, a principal forma de acesso ao município, começaram a secar, dificultando a chegada de itens básicos, como gás de cozinha. "Os moradores estão cozinhando com carvão”, contou a coordenadora da Defesa Civil municipal Maria José Feitosa Araújo. "Nunca tinha visto uma situação tão precária.”

Jordão, que tem 9,2 mil habitantes, está entre os municípios brasileiros que possuem parte do território classificado como afetado por seca excepcional, a categoria mais crítica segundo análise do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Dados obtidos com exclusividade pela DW Brasil revelam que, em setembro, essas áreas somavam 125,3 mil km² – uma extensão maior que o estado de Pernambuco.

É algo inédito, pelo menos desde 2003, quando teve início a série histórica para esses dados. "A classe extrema já não era tão comum. A excepcional, muito menos. São eventos que quase não são vistos. Em 2020, haviam pouquíssimos pontinhos no mapa próximo ao Pantanal, mas quase desprezíveis. De uma forma extensiva, em que é possível visualizar em um mapa, a seca excepcional nunca tinha aparecido como neste ano", explicou a especialista em secas do Cemaden, Ana Paula Cunha.

A classificação do Cemaden é dividida em cinco categorias: fraca, moderada, severa, extrema e excepcional. Para definir a condição de uma área, são analisados dados obtidos principalmente por sensores de satélite, que consideram o déficit de chuvas, a umidade do solo e a secura da vegetação. Na seca excepcional, essas variáveis atingem os níveis mais críticos.

Até hoje nenhum município foi classificado na categoria seca excepcional em toda sua extensão. Porque mesmo que ele possua parte do território no nível mais crítico, como no caso de Jordão, a média das áreas suaviza a classificação.

Os dados sobre a seca excepcional são mais um capítulo da dimensão da seca que assola o Brasil. No mês passado, o Cemaden já havia divulgado que o país vive a seca mais extensiva, a mais intensiva e a mais duradoura desde 1950.

Água escassa

Em Jordão, um dos principais problemas enfrentados é a falta de mercadorias, como gás de cozinha e combustível, por exemplo. Para chegar até o município, a partir da cidade vizinha Tarauacá, os pequenos barcos podem transportar apenas 450 kg, em uma viagem que pode levar 22 dias. A outra opção é avião, mas o custo do transporte encarece muito os produtos.

Ainda não falta água, mas ela está escassa. De acordo com a coordenadora da Defesa Civil de Jordão, os moradores preferem beber a água retirada de um poço artesiano, por considerá-la mais limpa que a disponibilizada pelo Departamento Estadual de Água e Saneamento do Acre (Depasa). "A seca está fazendo com que falte água no poço. Algumas pessoas vão buscar, mas não encontram. Então têm que esperar até o dia seguinte, às vezes até dois dias."

Em agosto, o governo federal reconheceu a situação de calamidade do município. O problema, segundo Araújo, é que os recursos ainda não chegaram. Além disso, Jordão solicitou R$ 2,8 milhões, mas serão disponibilizados R$ 342 mil. Em vez das 2,3 mil cestas básicas pedidas, o município receberá 442. "Isso considerando que 45% da população é de indígenas, que já perderam os alimentos da agricultura de subsistência na inundação."

Quando conversou com a DW, na última sexta-feira (04/10), Araújo estava aliviada. Começou a chover no município. Mas disse que ainda é cedo para saber o quanto a situação irá melhorar.

"Tempestade perfeita"

A seca que atinge o Brasil é fruto de uma série de fatores, ou de uma "tempestade perfeita", como descreveu Ana Paula Cunha, do Cemaden. Como pano de fundo, o aquecimento global provocado pelos seres humanos gera as mudanças climáticas, que intensificam os eventos extremos, como excesso ou falta de chuvas.

Além disso, no segundo semestre do ano passado teve início o El Niño, o aquecimento de uma faixa do Oceano Pacífico que gera chuvas no sul do Brasil – como ocorreu nas inundações que castigaram o Rio Grande do Sul – e secas na maior parte do país. Mas, aliado a isso, ocorreu outro fenômeno que gera escassez hídrica: o aquecimento na superfície do Atlântico Tropical Norte.

No momento em que o El Niño acabou, em junho, o aquecimento do Atlântico Tropical Norte aumentou, explicou a especialista do Cemaden. "Podemos dizer que, no ano passado e início desse ano, a seca foi provocada pelo somatório dos dois fenômenos. E agora, a manutenção da seca é por conta do Atlântico Tropical Norte mais aquecido."

Para piorar a situação, a La Niña, que costuma gerar chuvas do Centro ao Norte do Brasil, prevista para iniciar em setembro, ainda não se confirmou. E tudo leva a crer que será um fenômeno mais fraco do que o esperado.

Também há fatores locais que explicam a seca, como o desmatamento da Amazônia. "Quando você muda a estrutura da vegetação, você interfere no ciclo hidrológico da região. No caso da Amazônia, ela também influencia outras regiões", disse Cunha. Por meio dos chamados rios voadores, o bioma envia água para regiões como Sul, Centro-Oeste e Sudeste.

A seca, o fogo e as terras indígenas

A Terra Indígena Apiaká-Kayabi fica em Juara (MT), cidade que também apresentou parte do território classificado como seca excepcional. Com a vegetação desidratada, pequenos focos de incêndio cresceram muito. "Foram dois meses de fogo, apagando quatro focos de incêndio. Em alguns momentos, era tanta fumaça que não dava para enxergar nada", contou o indígena Joelison França Poias.

Poias é chefe da brigada da Terra Indígena Apiaká-Kayabi. Em junho, 24 moradores passaram por uma formação para combater incêndios, cujos ensinamentos tiveram que ser colocados em prática logo depois. "Nunca tinha trabalhado com fogo. Foi difícil entendê-lo", analisou. A origem dos focos de incêndios mostra como a forte seca influencia a propagação das queimadas.

"Em um dos focos, uma árvore caiu em cima dos fios de energia, que atingiu a vegetação seca e iniciou o fogo. No outro, o fogo da queima de lixo pulou para a área seca e se alastrou. Em outro caso, uma criança colocou fogo em uma área, os pais não viram, e também se alastrou", contou. A origem do quarto foco é desconhecido, porque entrou na terra indígena por meio de uma fazenda vizinha.

Além da brigada da terra indígena, eles pediram ajuda à Brigada de Alter do Chão, de Santarém (PA), que os auxiliou a apagar os incêndios. O Grupo de Resposta a Animais em Desastres (Grad) também foi chamado, já que os indígenas viram muitos animais mortos, como pacas, antas e cotias.

Os dados do Cemaden mostram que, em setembro, 52 terras indígenas foram classificadas com condição de seca extrema e 142, com seca severa – números maiores que os de agosto. A maior parte delas localizadas nas regiões Norte e Centro-Oeste.

Em relação ao país inteiro, setembro teve aumento de 12% no número de municípios com seca extrema em relação a agosto, totalizando 263 municípios. A previsão é de que o número aumente ainda mais em outubro, chegando a 293 municípios.

Uma melhora geral na situação da seca pode acontecer na virada do ano, época de chuvas na maior parte do país. Isso vai depender, em parte, da força do La Nina. "Se não acontecer, vamos entrar num abismo com impactos bem profundos", alertou a especialista Ana Paula Cunha, do Cemaden.

Short teaser Pela 1° vez desde o início da série histórica, país registra nível mais crítico da seca em diversos pontos do território
Author Maurício Frighetto
Item URL https://www.dw.com/pt-br/seca-excepcional-se-espalha-pelo-brasil/a-70432121?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 34
Id 70432704
Date 2024-10-08
Title X paga multa em conta certa e pede fim do bloqueio no Brasil
Short title X paga multa em conta certa e pede fim do bloqueio no Brasil
Teaser Pagamento de R$ 28,6 milhões em multas conclui exigências impostas por Alexandre de Moraes à rede social. X pede retorno imediato de suas funções no Brasil.

A rede social X efetuou nesta segunda-feira (007/10) o pagamento do restante das multas que totalizaram R$ 28,6 milhões determinadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) pelo descumprimento de ordens judiciais.

Suspensa desde 30 de agosto no Brasil, o X havia feito a transferência inicialmente para uma conta bancária que não era a indicada no processo judicial. Isso atrasou a análise do pedido de retorno da plataforma.

Além do pagamento da multa, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou que a empresa bloqueie nove perfis investigados por disseminação de desinformação e discurso de ódio, e a nomeação de um representante legal no país, o que já foi cumprido, segundo a plataforma.

A Procuradoria-Geral da República deve se manifestar sobre o pedido de retorno imediato da rede social.

A empresa informou que pagou um total de R$ 28,6 milhões, sendo:

  • cerca de R$ 11 milhões de multa à Starlink, empresa de comunicação via satélite também comandada por Elon Musk;
  • R$ 7,3 milhões de multa ao X;
  • R$ 10 milhões de multa por manobra com servidores que burlou temporariamente o bloqueio da rede no Brasil;
  • multa adicional de R$ 300 mil em nome da representante legal da empresa, Rachel de Oliveira Villa Nova Conceição.

Histórico

Moraes determinou o bloqueio temporário do X no Brasil em processo relacionado à disseminação de desinformação e discurso de ódio. A decisão foi corroborada por unanimidade pela primeira turma do STF, em julgamento no início de setembro.

A plataforma foi acusada de não tomar medidas adequadas contra perfis e conteúdos que promovem fake news, principalmente sobre temas sensíveis como a integridade do sistema eleitoral brasileiro, ataques à democracia e incitação à violência.

O ministro justificou sua decisão com base na acusação de que o X, sob o comando de Elon Musk, não estaria cooperando com a remoção de conteúdo ilícito, diferentemente de outras plataformas que seguiram as ordens judiciais.

A decisão de Alexandre de Moraes gerou discussões sobre o equilíbrio entre liberdade de expressão e regulação do conteúdo online, com direito a provocações do bilionário contra o magistrado, como "tirano" e "ditador do Brasil".

O ministro do STF Flávio Dino, durante o seu voto pela manutenção do bloqueio, afirmou que "a liberdade de expressão é um direito fundamental que está umbilicalmente ligado ao dever de responsabilidade. O primeiro não vive sem o segundo, e vice-versa".

sf (AgBr, ots)

Short teaser Pagamento de R$ 28,6 milhões em multas conclui exigências impostas por Alexandre de Moraes à rede social.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/x-paga-multa-em-conta-certa-e-pede-fim-do-bloqueio-no-brasil/a-70432704?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Item 35
Id 70430370
Date 2024-10-07
Title Oktoberfest divulga balanço final: vendidos 7 milhões de litros de cerveja
Short title Balanço final da Oktoberfest: 7 milhões de litros de cerveja
Teaser

Cerca de 6,7 milhões de pessoas compareceram a Oktoberfest, consumindo 7 milhões de canecas de um litro de cerveja

Em torno de 6,7 milhões de pessoas compareceram ao megaevento em Munique, consumindo 7 milhões de canecas de cerveja. Polícia e equipes de emergência registram menos ocorrências do que o habitual.A Oktoberfest em Munique chegou ao fim neste domingo (06/10) com um clima um pouco mais ameno do que em anos anteriores. A edição de 2024 teve segurança reforçada em razão dos temores gerados por ataques ocorridos no país nos últimos meses e em meio a um acirramento das tensões resultantes das crises no Oriente Médio. Segundo os organizadores, em torno de 6,7 milhões de pessoas compareceram ao megaevento, consumindo cerca de 7 milhões de Mass, as famosas canecas de um litro de cerveja. O número de visitantes foi menor do que na edição de 2023, quando 7,2 milhões de pessoas estiveram na Oktoberfest. "A Oktoberfest deste ano foi particularmente tranquila", disse Clemens Baumgärtner, a autoridade municipal responsável pelo evento. "Apesar do alto número de visitantes, a quantidade de crimes e atendimentos médicos caiu. Nosso conceito de segurança funcionou, com o apoio da polícia, do corpo de bombeiros e de nossos parceiros." Os organizadores disseram que, como de costume, a maioria dos visitantes era mesmo de Munique e do estado da Baviera. O festival, porém contou com um grande número de visitantes estrangeiros vindos, na maioria, dos Estados Unidos, Itália, Reino Unido, Áustria, Polônia, França, Suíça, Espanha e Holanda, além de um aumento sem precedentes de turistas da Índia. Menos cerveja, mais refeições Apesar do alto preço das canecas de um litro, que em alguns casos chegava a 15 euros (R$ 90), as vendas de cerveja fluíram normalmente, ainda que menos do que no ano passado. Em torno de 98 mil canecas foram apreendidas pela segurança na saída do evento. Por outro lado, as vendas de refeições aumentaram 9%. "O campeão de vendas invicto continua sendo o frango assado", disseram os organizadores. As bebidas não alcoólicas também estavam "em alta demanda como no ano anterior". As mais populares foram água mineral, uma mistura de suco de maçã e água com gás e uma mistura de cola e refrigerante de laranja conhecida como Spezi. A cerveja sem álcool representou em torno de 4% a 5% do total das vendas de cerveja. "As tendas estavam cheias, mas não superlotadas. A atmosfera era, na maior parte, festiva e alegre, mas relaxada", disseram os organizadores. Os dias mais movimentados foram durante os três fins de semana do período em que transcorreu a Oktoberfest, principalmente os sábados. Os organizadores disseram que, pelo segundo ano consecutivo, toda a eletricidade usada no local foi proveniente de fontes renováveis. Menos crimes e atendimentos médicos A polícia de Munique relatou uma redução de aproximadamente 25% nos crimes durante o período da Oktoberfest, em comparação ao ano anterior. O festival teve segurança reforçada este ano após o ataque a faca em Solingen, em agosto, no qual três pessoas morreram. Havia também preocupações com potenciais crimes de motivação política, em parte em razão dos conflitos no Oriente Médio. As equipes médicas relataram uma queda de 29% nos atendimentos em comparação a 2023. Apenas seis menores de idade precisaram de atendimento depois de ingerirem álcool em excesso. Achados e perdidos O serviço de achados e perdidos do evento recebeu em torno de 3.500 ítens, sendo que cerca de 800 deles foram devolvidos aos seus donos. Entre os objetos perdidos estavam cerca de 700 carteiras, 700 peças de roupa, 500 carteiras de identidade, 315 celulares, 300 pares de óculos ou de óculos de sol, 160 bolsas e 60 guarda-chuvas. Entre itens mais curiosos estavam 16 conjuntos de Lederhosen – as tradicionais calcas de couro bávaras –, um conjunto de algemas de metal leves e vários pares de sapatos femininos, que se supõem terem sido abandonados por mulheres que compraram sandálias de souvenir nas barracas do evento. A alta nas vendas de Trachtenhüte [chapéus tradicionais de pano da Baviera] registrada pelos comerciantes de souvenirs, se refletiu no alto número de chapéus entregues aos achados e perdidos. Das cinco alianças perdidas no evento, apenas três haviam sido recuperadas até o domingo. rc (AFP, DPA)


Short teaser Em torno de 6,7 milhões compareceram ao megaevento. Polícia e equipes de emergência registram queda nas ocorrências.
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Image caption Cerca de 6,7 milhões de pessoas compareceram a Oktoberfest, consumindo 7 milhões de canecas de um litro de cerveja
Image source Philippe Ruiz/dpa/picture alliance
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Item 36
Id 70326170
Date 2024-09-25
Title Promotoria acusa trio de chantagem contra família Schumacher
Short title Promotoria acusa trio de chantagem contra família Schumacher
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Michael Schumacher e sua mulher, Corinna, em 2001

Três homens são acusados de exigirem 15 milhões de euros dos parentes do heptacampeão de Fórmula 1 em troca da não publicação de imagens privadas.O Ministério Público de Wuppertal, oeste da Alemanha, apresentou nesta quarta-feira (25/09) acusações contra três homens por supostamente tentarem extorquir dinheiro da família do ex-piloto de Fórmula 1 Michael Schumacher para não publicarem imagens privadas dele. Os três acusados são um segurança de boate, 53 anos, seu filho, de 30 anos, e um ex-funcionário de segurança da família do ex-campeão mundial, de 53 anos. De acordo com a investigação, o ex-funcionário da família de Schumacher disponibilizou gravações privadas ao segurança, que as teria adquirido para tentar fazer chantagem contra a família do ex-piloto. Telefonemas exigindo 15 milhões de euros Os supostos criminosos fizeram várias ligações exigindo 15 milhões de euros (R$ 79 milhões) da família Schumacher, caso contrário publicariam arquivos e materiais privados, obtidos e fornecidos pelo próprio ex-funcionário. No momento da primeira prisão, em junho, foram apreendidos até 1.500 documentos, incluindo fotografias, vídeos e relatórios médicos do alemão em discos rígidos, pen drives e telefones celulares. Os investigadores dizem que o material contém fotos e vídeos particulares da coleção da família, alguns tirados antes e outros depois do acidente de esqui de Schumacher em 2013. O segurança de boate implicou seu filho no momento da prisão (ele foi o primeiro a ser preso), que foi liberado sob fiança com a obrigação de se apresentar, e foi o pai que revelou aos investigadores a identidade da pessoa que lhes forneceu os documentos de Schumacher.Duas semanas depois, o ex-funcionário dos Schumacher foi preso em seu apartamento em Wülfrath, no estado de Renânia do Norte-Vestfália, onde foram confiscados mais dispositivos eletrônicos contendo material sensível do sete vezes campeão mundial de Fórmula 1. O caso não é o primeiro envolvendo de tentativa de chantagem contra os Schumachers. Em 2017, um homem de 25 anos recebeu uma sentença suspensa de 21 meses de prisão por exigir 900 mil euros da mulher do ex-piloto, Corinna Schumacher. Esse caso foi julgado em Reutlingen, no sudoeste da Alemanha. Em 2013, ex-piloto sofreu uma grave lesão na cabeça em um acidente de esqui na França, tendo passado quase seis meses em coma induzido. Desde então, tem sido recebido cuidados em sua casa na Suíça, longe da mídia, e não se sabe exatamente qual é sua condição física. md (EFE, AFP, DPA, SID)


Short teaser Três homens são acusados de exigirem dinheiro dos parentes do ex-piloto em troca da não publicação de imagens privadas.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/promotoria-acusa-trio-de-chantagem-contra-família-schumacher/a-70326170?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
Image URL (940 x 411) https://static.dw.com/image/67834031_354.jpg
Image caption Michael Schumacher e sua mulher, Corinna, em 2001
Image source Oliver Multhaup/dpa/picture-alliance
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Item 37
Id 70166593
Date 2024-09-08
Title Brasil pela primeira vez no top 5 dos Jogos Paralímpicos
Short title Brasil pela primeira vez no top 5 dos Jogos Paralímpicos
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Campanha brasileira em Paris deixou o país na quinta colocação no quadro geral de medalhas

País bate próprio recorde nos Jogos de Paris com 89 medalhas, sendo 25 ouros, 26 pratas e 38 bronzes, e alcança sua melhor colocação na história da competição.O Brasil encerrou neste domingo (08/09) sua participação nos Jogos Paralímpicos de Paris com sua melhor campanha na história do evento. Foram 89 medalhas, sendo 25 de ouro, 26 de prata e 38 de bronze, que deixaram o país na quinta colocação no quadro geral de medalhas. A grande campeã foi a China, com 84 ouros, seguida pelo Reino Unido (49 ouros), Estados Unidos (36) e Holanda (27). O Brasil manteve uma disputa acirrada com a Itália pelo quinto lugar, que apenas foi resolvida no último dia da competição. A batalha foi decidida com dois ouros – um no halterofilismo, com Tayana Medeiros, e outro na canoagem, com Fernando Rufino. A campanha brasileira superou o melhor resultado obtido pelo país até então. Nos Jogos de Tóquio, em 2021, os brasileiros conquistaram 72 pódios e garantiram a sétima posição. Esta é a quinta edição seguida que o Brasil termina no top 10 dos Jogos Paralímpicos. Os brasileiros ficaram em 8º nos Jogos do Rio 2016; em 7º em Londres 2012, e 9º em Pequim 2008. Em Paris, a maioria das medalhas brasileiras veio da natação (28 medalhas) e do atletismo (36), sendo estas as melhores participações na história em números quantitativos dessas modalidades. O nadador Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, foi um dos grandes destaques, conquistando três ouros. Os judocas também tiveram grande contribuição para o bom resultado da delegação brasileira, conquistando quatro ouros. Meta mais do que atingida "Em cada brasileiro pulsa hoje um coração Paralímpico", festejou o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Mizael Conrado. "Nossa meta era 75 a 90 [medalhas]. Era ficar entre os oito, ficamos entre os cinco. Muita sensação de que o trabalho compensa." Conrado disse que o plano, a partir de agora, é ampliar a participação de mulheres. "Essa delegação já teve 40% de mulheres. Se a gente olhar para China, mais de 60% das medalhas foram conquistadas por mulheres. Se a gente oportunizar, elas vão ser cada vez mais protagonistas." rc/as (ots)


Short teaser País bate próprio recorde nos Jogos de Paris com 89 medalhas e alcança sua melhor colocação na história da competição.
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Image caption Campanha brasileira em Paris deixou o país na quinta colocação no quadro geral de medalhas
Image source Umit Bektas/REUTERS
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Item 38
Id 70166081
Date 2024-09-08
Title Alemanha investiga novos casos de manipulação de resultados em jogos de futebol
Short title Alemanha apura manipulação de resultados em jogos de futebol
Teaser Casos estariam diretamente ligados à atuação das "bets", as empresas de apostas online. Autoridades analisam "decisões suspeitas dos árbitros" e comportamento de jogadores em 17 partidas de divisões diferentes.

A polícia alemã confirmou a abertura de investigações sobre 17 partidas das divisões mais baixas do futebol alemão por suspeitas de manipulação de resultados em associação a empresas de apostas online – as chamadas "bets".

Autoridades nos estados de Hesse e no Sarre deram inicio à análise de partidas consideradas suspeita. O Departamento Federal de Investigações Criminais (BKA) – a Policia Federal alemã – confirmou estar "envolvido no processo, no papel de coordenador central".

As investigações se seguiram a uma matéria publicada no jornal Hamburger Morgenpost neste fim de semana. A reportagem denunciou esquemas de manipulação de resultados em partidas na terceira divisão do futebol alemão (3. Liga), no torneio semiprofissional da quarta divisão (Regionallliga) e na liga amadora que equivale a 5ª divisão (Oberliga). As manipulações estariam ocorrendo por intermédio das casas de apostas online desde novembro de 2022.

Nos 17 jogos em questão, as autoridades disseram que estão sendo observadas decisões suspeitas dos árbitros das partidas e algum comportamento incomum de goleiros e defensores.

As discussões sobre manipulação teriam ocorrido na chamada dark web. As trocas de mensagens revelam que os ganhos ilegalmente acumulados seriam pagos em criptomoedas, como o Bitcoin.

Salários baixos propiciam manipulação

O jornal Hamburger Abendblatt denunciou outros dois incidentes na quinta divisão da Oberliga de Hamburgo, na semana passada, onde os chamados scouts de dados foram descobertos enviando informações em tempo real para plataformas de apostas durante as partidas. Após os scouts serem retirados dos estádios, não era mais possível apostar nesses jogos.

A Associação Alemã de Futebol (DBF) afirmou não ter provas concretas, mas disse estar em contato com as autoridades e que analisa os casos junto a sua empresa parceira de monitoramento de apostas, a Genius Sports. A DFB disse que não vai comentar o caso em razão de as investigações estarem em andamento.

Na Alemanha, é proibido apostar em atividades do esporte amador, mas as legislações vigentes não se aplicam a empresas estrangeiras de apostas.

No final do ano passado, promotores públicos passaram a investigar uma quantidade incomum de apostas feitas em uma partida da quarta divisão do futebol alemão, envolvendo a equipe do FSV Frankfurt, após uma dica dada por uma empresa de apostas.

Hannes Beuck, fundador da Gamesright, uma entidade que apoia apostadores que perderam dinheiro em casinos online, avalia que o potencial para manipulação de resultados no esporte amador é mais alto, uma vez que jogadores e juízes recebem salários menores, ou inexistentes.

Lembranças do escândalo Hoyzer

As novas investigações reavivaram a memória dos alemães de um escândalo de 2005, quando foi revelado que o árbitro Robert Hoyzer manipulou partidas da segunda e da quarta divisão alemã e da Copa da Alemanha, em colaboração com uma máfia de apostas da Croácia. Hoyzer foi condenado a dois anos e cinco meses de prisão.

Também foi envolvido no escândalo o árbitro Felix Zwayer, que foi banido por seis meses por não denunciar imediatamente uma propina de 300 euros (R$ 1.856) oferecida por Hoyer em 2004. Zwayer negou ter aceitado o dinheiro e até hoje é árbitro da DFB e da União das Associações Europeias de Futebol (Uefa).

rc (dpa, AP)

Short teaser Casos estariam ligados à atuação das "bets". Autoridades analisam "decisões suspeitas de árbitros" e de jogadores.
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Item 39
Id 70114392
Date 2024-09-02
Title Atletas norte-coreanos podem ser punidos por selfie com sul-coreanos
Short title Atletas norte-coreanos podem ser punidos por selfie em Paris
Teaser Mesatenistas teriam sido colocados sob "vigilância ideológica" após interação com colegas do país vizinho nos Jogos Olímpicos e podem ser punidos se não demonstrarem arrependimento e remorso pelo gesto.

Uma das imagens mais emblemáticas dos Jogos Olímpicos de Paris pode ter gerado graves problemas para alguns atletas norte-coreanos. Há semanas, mesatenistas da Coreia do Sul e Norte protagonizaram um momento histórico após disputarem o pódio na categoria de duplas mistas.

Após receberem a medalha de bronze, os sul-coreanos Lim Jong-hoon e Shin Yu-bin se juntaram aos norte-coreanos Kim Kum-yong e Ri Jong-sik, que conquistaram a prata em Paris, para uma selfie. Os chineses Wang Chuqin e Sun Yingsha, também aparecem na imagem. O gesto foi visto internacionalmente como um símbolo de como o esporte é capaz de superar barreiras e unir os povos.

Uma das imagens foi postada no Instagram oficial dos Jogos de Paris e gerou enorme repercussão positiva, sendo considerada um dos grandes momentos do megaevento esportivo.

Contudo, relatos divulgados na imprensa sugerem que Kim e Ri teriam sido colocados sob "escrutínio ideológico" após retornarem ao seu país. O portal de notícias sobre a Coreia do Norte Daily NK, com sede em Seul, citou uma autoridade de alto escalão em Pyongyang que disse que atletas e membros do Comitê Olímpico Norte-Coreano passaram por uma "lavagem ideológica" de um mês de duração. De acordo com a reportagem, este seria um procedimento padrão no país imposto aos atletas que forem expostos à vida fora do regime comunista.

"Lavagem ideológica"

Segundo o Daily NK, o termo "lavagem ideológica" reflete como Pyongyang avalia que passar algum tempo fora de suas fronteiras pode "contaminar" seus cidadãos ao serem expostos a outras culturas.

O portal destaca que os atletas norte-coreanos recebem instruções para não interagirem com competidores de outros países, incluindo da Coreia do Sul, e teriam sido advertidos que tais "confraternizações" seriam passíveis de punição.

Os mesatenistas teriam sido alvo de críticas em um relatório enviado às autoridades do regime de Pyongyang por sorrirem enquanto posavam ao lado de atletas do país vizinho, que o regime comunista considera como seu pior inimigo.

Não está claro qual punição deve ser dada aos atletas. O portal Korea Times sugeriu que isso pode depender da intensidade do arrependimento demonstrado pelos esportistas.

Segundo o portal, os atletas norte-coreanos que retornam de competições internacionais no exterior costumam passar por sessões de "avaliação ideológica" em três etapas. As avaliações terminam em sessões de autorreflexão, nas quais eles devem criticar "comportamentos inadequados" dos integrantes de suas equipes, além de suas próprias ações.

O Korea Times citou o relato de uma fonte anônima, segundo a qual, expressões emocionadas de arrependimento podem poupar os atletas de "punições políticas ou administrativas", cujo teor é desconhecido.

Pressão por resultados

A ONG Human Rights Watch disse que os relatos revelam os esforços do regime do ditador Kim Jong-un para controlar seus cidadãos além de suas fronteiras.

"O Comitê Olímpico Internacional (COI) tem a responsabilidade de proteger os atletas de todas as formas de assédios e abusos, como consta na Carta Olímpica", disse a entidade, em nota. "Os atletas norte-coreanos não deveriam temer retaliações por suas ações durante os Jogos, menos ainda quando incorporam os valores do respeito e da amizade, sobre os quais se ergue o movimento olímpico."

Segundo os relatos, outros atletas que não conquistaram medalhas nos Jogos Olímpicos de Paris teriam sido punidos pela suposta baixa performance nas competições.

O Daily NK menciona o caso da seleção de futebol norte-coreana que foi eliminada da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, depois de perder os três jogos da fase de grupos e sofrer 12 gols. Segundo o portal, os jogadores teriam sido alvos de uma bronca de horas de duração por supostamente traírem o regime. O técnico da equipe teria sido forçado a trabalhar na construção civil.

rc/md (Reuters, ots)

Short teaser Mesatenistas teriam sido colocados sob "vigilância ideológica" após interação com sul-coreanos nos Jogos Olímpicos.
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Item 40
Id 70092029
Date 2024-08-30
Title Velocista transgênero deve chamar atenção nas Paralimpíadas
Short title Velocista transgênero deve chamar atenção nas Paralimpíadas
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Valentina Petrillo durante competição paralimpica na Itália em 2024

Especulações e desinformação assolaram os Jogos Olímpicos de Paris sobre questões de gênero. Nos Paralímpicos, uma atleta transgênero italiana competirá no atletismo. Mas ela não será a primeira."Costumo dizer que, se eu consegui, outros também conseguem. Espero ser a primeira de muitas, um ponto de referência, uma inspiração. Minha história pode ajudar muitas pessoas, sejam elas deficientes visuais, transgêneros ou não", disse Valentina Petrillo à agência de notícias AFP, à medida que cresce o interesse em sua participação nos Jogos Paralímpicos, que começou nesta quarta-feira (28/08). Petrillo competirá no evento T12 para atletas com deficiência visual. Ela se assumiu publicamente como transgênero em 2017, depois de por pouco não ter participado como homem da equipe paralímpica de Atlanta de 1996. Somente em 2023, ela foi reconhecida como mulher pelas autoridades italianas. A atleta de 50 anos ganhou duas medalhas de bronze nas provas de 200 metros e 400 metros no Campeonato Mundial de Atletismo de 2023. Embora tenha dito que espera ser "a primeira de muitas" atletas transgênero competindo nos jogos, o Comitê Paralímpico Internacional (IPC) afirma que ela não será a primeira paralímpica transgênero, como foi amplamente divulgado. Um porta-voz da organização disse à DW que a lançadora de disco holandesa Ingrid van Kranen foi a primeira, nos Jogos do Rio em 2016. Lançadora de disco holandês é a primeira paralímpico trans Van Kranen ficou em nono lugar na final do lançamento de disco e causou pouca repercussão internacional. Nos oito anos que se seguiram, as questões transgênero tornaram-se um ponto de discussão muito mais proeminente, sendo muitas vezes uma questão controversa nas guerras culturais. O esporte geralmente está na vanguarda disso. As linhas de batalha são bem traçadas, mas cada caso tem suas próprias nuances. Para a para-atleta alemã Katrin Müller-Rottgardt, que correrá na mesma categoria que Petrillo, o palco esportivo apresenta dificuldades que a vida normal não apresenta. "Todos devem viver sua vida cotidiana da maneira que se sentem confortáveis. Mas acho isso difícil em esportes competitivos", disse ela ao tabloide alemão Bild. "Ela [Petrillo] viveu e treinou como homem por muito tempo, então é possível que os requisitos físicos sejam diferentes dos de alguém que nasceu mulher. Isso pode lhe dar uma vantagem", acrescentou a atleta alemã. A gama de pontos de vista científicos e institucionais é bastante bem estabelecida, mas não há nada como um consenso. Diferentes esportes e diferentes órgãos dirigentes têm adotado linhas totalmente diversas, mesmo quando se trata dos mesmos atletas. Caso Imane Khelif Isso ficou claro no caso da boxeadora vencedora da medalha de ouro olímpica, Imane Khelif. Depois que sua oponente italiana abandonou a luta de abertura, o gênero de Khelif se tornou um dos tópicos mais importantes dos jogos. Ela foi incorretamente rotulada como transgênero pelos meios de comunicação e por importantes figuras públicas. Lin Yu-ting, de Taiwan, enfrentou desafios semelhantes. A dupla foi inicialmente banida do campeonato de 2023, administrado pela Associação Internacional de Boxe. Posteriormente, a organização foi destituída de seu status de órgão regulador global do esporte, o que permitiu que as boxeadoras lutassem em Paris. As inconsistências aparentes entre esportes e eventos faz com que Petrillo não possa competir no atletismo feminino nos Jogos Olímpicos, mas possa nos Jogos Paralímpicos. A World Athletics, órgão regulador global do atletismo de pista e campo, proibiu os atletas transgêneros de competir em 2023. Mas a World Para Athletics diz que qualquer pessoa que seja legalmente reconhecida como mulher é elegível para competir na categoria para a qual sua deficiência a qualifica. O IPC disse à DW que, pelo menos por enquanto, deixa essas decisões a cargo das federações individuais. "O IPC, em seu papel de organizador de eventos importantes, não tem nenhuma regra relevante sobre a participação de atletas transgêneros e intersexuais, pois isso é responsabilidade de cada federação internacional", disse o porta-voz. No centro da tempestade Não há dúvida de que Petrillo está seguindo as regras atuais. Mas é improvável que isso a impeça de estar no centro de uma tempestade, como Khelif esteve antes dela. "Sei que haverá pessoas que não entenderão por que estou fazendo isso, mas estou aqui, lutei durante anos para chegar aonde estou e não tenho medo. Isso é quem eu sou", disse a atleta. Mas o abuso enfrentado pelos atletas nesses casos é sério. Depois de voltar para casa na Argélia, Khelif anunciou que havia entrado com uma ação judicial, supostamente contra a plataforma de rede social X, por suposto cyberbullying. O advogado de Khelif, Nabil Boudi, disse à revista especializada em entretenimento Variety que a queixa menciona o proprietário da X, Elon Musk, e a autora de Harry Potter, JK Rowling. Boudi acrescentou que ele também estaria considerando qualquer papel desempenhado pelo ex-presidente dos EUA e atual candidato republicano, Donald Trump. "Trump tuitou, portanto, quer ele seja ou não citado em nosso processo, ele será inevitavelmente analisado como parte da acusação", disse o advogado. Embora os Jogos Paralímpicos não tenham o mesmo perfil global que os Olímpicos, os olhos do mundo provavelmente estarão voltados para Petrillo quando ela entrar na pista.


Short teaser Especulações e desinformação assolaram os Jogos Olímpicos de Paris sobre questões de gênero.
Author Matt Pearson
Item URL https://www.dw.com/pt-br/velocista-transgênero-deve-chamar-atenção-nas-paralimpíadas/a-70092029?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Valentina Petrillo durante competição paralimpica na Itália em 2024
Image source Tommaso Berardi/IPA Sport/picture alliance
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Item 41
Id 70084139
Date 2024-08-29
Title Ucrânia vive batalha crítica por cidade estratégica no leste do país
Short title Ucrânia vive batalha crítica por cidade estratégica no leste
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Moradores de Pokrovsk e das cidades vizinhas de Myrnohrad e Selydove foram instruídos a deixar suas casas

Enquanto tenta pressionar Moscou com ofensiva na Rússia, Kiev vê tropas inimigas se aproximarem da importante Pokrovsk, na região do Donbass. Zelenski descreve situação como "extremamente difícil".Pokrovsk é atualmente o principal foco da guerra da Rússia contra a Ucrânia. A situação no entorno da cidade estratégica e em outras áreas de Donetsk, no leste do país, é "extremamente difícil", classificou o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, nesta quarta-feira (28/08), apontando que o Exército russo tem concentrado suas ações na região. Zelenski fez as declarações com base em relatos do comandante-chefe da Ucrânia, Oleksandr Syrskyi, que passou vários dias no front de Pokrovsk. Syrskyi afirmou que a Rússia tem feito de tudo para romper as defesas da Ucrânia e que as tropas de Kiev vêm tendo que usar métodos não convencionais para fortalecer suas posições. Segundo o Exército-maior ucraniano, há "combates intensos" em uma série de vilarejos próximos a Pokrovsk. "Até agora o inimigo fez 38 tentativas de avançar sobre posições ucranianas. Em 14 locais, os combates continuam", afirmou. De acordo com relatos dos últimos dias, o Exército russo havia chegado a uma distância de até 10 quilômetros da cidade. Mais de um terço dos ataques de Moscou têm mirado essa área na região do Donbass. Na quinta-feira da semana passada, por exemplo, foram 53 de 144 bombardeios. Se a Ucrânia perder o controle sobre Pokrovsk, perderá também um importante centro de abastecimento para suas tropas. A liderança militar do país anunciou o envio de reforços, e os moradores de Pokrovsk e das cidades vizinhas de Myrnohrad e Selydove foram instruídos a deixar suas casas. Futura cidade-fantasma? "É um ciclo conhecido: a artilharia russa começa a bombardear os arredores, depois entram em ação bombas guiadas e drones FPV [com câmeras integradas], as cidades rapidamente se transformam em cidades-fantasma, e as pessoas fogem", afirmou Oliver Carroll, correspondente da revista britânica The Economist, que esteve em Pokrovsk na semana passada. Embora lojas e hospitais ainda estivessem em funcionamento, havia poucas pessoas nas ruas, descreveu Carroll. Desde 12 de agosto, uma nova proibição de circulação, entre as 17h e as 9h, foi imposta na parte do Donbass que é controlada por Kiev em povoados a menos de 10 quilômetros da linha de frente. Pokrovsk fica no extremo oeste da região de Donetsk e tinha cerca de 60 mil habitantes antes da invasão russa. Agora, estima-se que menos de 40 mil ainda vivam lá. Carroll disse ter visto pessoas deixando a cidade de trem. As autoridades locais estão transferindo moradores para a região de Rivne, no oeste da Ucrânia. No site da prefeitura, um trem gratuito é oferecido a cada oito dias. Serhij Harmash, editor-chefe do portal Ostriw, acredita que isso não seja suficiente: "As pessoas vão fugir de forma desorganizada." "Ver as pessoas fugindo com seus pertences empacotados em algumas poucas sacolas é uma cena muito triste, mas infelizmente muito familiar no Donbass. Você vê carros com móveis amarrados no teto", diz Carroll. "Conversei com uma mulher de 84 anos que está enfrentando uma situação dessas pela segunda vez na vida. Ela se lembra da primeira, quando era pequena, nos anos 1940. Agora, está fugindo do Exército de Vladimir Putin. A mulher estava tão revoltada que não conseguia nem pronunciar o nome dele." Por que Pokrovsk é importante Pokrovsk fica numa intersecção de importantes ferrovias e rodovias, incluindo a E50, que conduz ao oeste, até Pavlograd, na região vizinha de Dnipropetrovsk. São cerca de 20 quilômetros até a fronteira regional, e alcançá-la é um objetivo declarado do Kremlin. De acordo com estimativas oficiais, no segundo semestre de 2023, a Ucrânia controlava cerca de 45% da região de Donetsk, onde viviam cerca de 480 mil pessoas. Desde então, a área controlada diminuiu, mas não há dados exatos disponíveis (o mapa a seguir mostra a situação de três meses atrás). O Exército ucraniano dispõe de "dois importantes pontos logísticos que permitem o controle da parte ucraniana do Donbass", afirma Yuri Butusov, um dos mais renomados correspondentes de guerra ucranianos e chefe do Censor.net. "Trata-se dos centros urbanos de Pokrovsk-Myrnohrad e Sloviansk-Kramatorsk. Eles são de importância estratégica. A situação é crítica para toda a região de Pokrovsk-Myrnohrad", destaca o jornalista. O historiador militar austríaco Markus Reisner compartilha dessa preocupação. "Pokrovsk é uma importante base logística para a Ucrânia. Se for perdida, isso resultará em atrasos nas entregas em outras áreas. Além disso, é uma base na terceira linha de defesa, e para além dela, há uma área aberta", diz o coronel da Academia Militar Theresiana, em Wiener Neustadt. "É por isso que a situação é tão perigosa." Logo a oeste de Pokrovsk, não há grandes cidades que sejam importantes do ponto de vista da defesa ucraniana. Se a Ucrânia será capaz de estabelecer novas e fortes linhas de defesa é uma questão em aberto. Segundo Reisner, isso geralmente leva meses. Para o historiador, no pior cenário, caso haja problemas com o apoio ocidental, "o Donbass pode passar definitivamente para o lado russo, resultando em uma possível ruptura que talvez só possa ser contida em Dnipro". Como o Exército russo se aproximou de Pokrovsk A situação em Pokrovsk, segundo observadores, é o resultado de dois acontecimentos. Primeiro, em 17 de fevereiro deste ano, a Rússia conquistou Avdiivka, um subúrbio bem fortificado de Donetsk. De Avdiivka a Pokrovsk são cerca de 60 quilômetros, e o Exército russo percorreu a maior parte dessa distância em seis meses. O segundo acontecimento importante foi em maio, quando o Exército russo conseguiu explorar a rotação de tropas ucranianas perto do vilarejo de Ocheretyne e "romper" o front, descreve Butusov. Segundo o jornalista, as forças russas avançam em pequenos grupos. Carroll compartilha informações semelhantes: "Em Avdiivka, a infantaria contou com o apoio de unidades mecanizadas. A Rússia dispõe agora de menos veículos blindados, e a principal ofensiva está sendo conduzida por infantaria em motocicletas e scooters, essa é a principal tática." Reisner acredita que tenha sido por acaso que a área de Pokrovsk se tornou o ponto mais crítico da guerra no Donbass. "Foi lá que a Rússia conseguiu romper a segunda linha de defesa das tropas ucranianas, mas isso poderia ter ocorrido em outro lugar, como em Siversk", considera. Por que o Exército russo avança rumo a Pokrovsk? Observadores citam vários fatores para explicar o avanço russo rumo a Pokrovsk, incluindo as consequências da falta de munição no inverno no hemisfério norte, quando os fornecimentos dos EUA foram interrompidos. Agora, a situação melhorou, mas a Rússia ainda está em vantagem, havendo três munições de artilharia russas para cada uma do lado ucraniano, apontou recentemente o comandante-chefe Oleksandr Syrskyi. No entanto, essa não é a principal causa, consideram observadores. "Há um problema na organização e no planejamento das batalhas", diz Butusov. Carroll também menciona isso, mas, para ele, a principal razão é outra: "As forças ucranianas estão no limite, estão extremamente exaustas; alguns combatentes permanecem 30, 40 e, em alguns casos, até 70 dias em suas posições." A ofensiva ucraniana em Kursk vai ajudar? Muitos especialistas suspeitam que o objetivo da ofensiva ucraniana em Kursk, em território russo, seja reduzir a pressão da Rússia sobre o Donbass. Até agora, isso talvez não tenha ocorrido na medida que Kiev esperava, e observadores acreditam que esse suposto objetivo não será alcançado. A Rússia, na realidade, intensificou seus esforços, observa Carroll. Um militar ucraniano disse ao correspondente que, além da falta de munição para as tropas de Kiev, desde o início do ano a Rússia "melhorou significativamente seu sistema de rastreamento e destruição de artilharia".


Short teaser Enquanto tenta pressionar Moscou com ofensiva na Rússia, Kiev vê tropas inimigas se aproximarem da importante Pokrovsk.
Author Roman Goncharenko
Item URL https://www.dw.com/pt-br/ucrânia-vive-batalha-crítica-por-cidade-estratégica-no-leste-do-país/a-70084139?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
Image URL (940 x 411) https://static.dw.com/image/69990191_354.jpg
Image caption Moradores de Pokrovsk e das cidades vizinhas de Myrnohrad e Selydove foram instruídos a deixar suas casas
Image source Evgeniy Maloletka/AP Photo/picture alliance
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Item 42
Id 70082567
Date 2024-08-29
Title Serviço secreto russo abre processo contra repórter da DW
Short title Serviço secreto russo abre processo contra repórter da DW
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Nick Connolly esteve em Kursk na semana passada

FSB instaurou ação penal contra Nick Connolly, que fez uma reportagem sobre a atual situação em Kursk, entrevistando moradores da região russa.O serviço secreto russo (FSB) anunciou a instauração de um processo penal contra dois jornalistas por terem viajado à região russa de Kursk. O correspondente da Deutsche Welle em Kiev Nick Connolly e Natalia Nagorna, da emissora ucraniana 1+1, são acusados de entrar ilegalmente em território russo. Connolly, que é alemão, esteve na quarta-feira passada (21/08) na pequena cidade de Sudzha, na região controlada pelos ucranianos em Kursk, para uma reportagem. O FSB afirmou que o jornalista de 38 anos cruzou ilegalmente a fronteira. O repórter da DW fazia parte de um pequeno grupo de jornalistas que viajava com militares ucranianos e, sob sua guarda, estiveram brevemente na região de Kursk. Ele entrevistou civis russos sobre suas experiências, além de soldados ucranianos. A atitude da Rússia não foi uma surpresa, afirmou Connolly nesta terça-feira (27/08) à DW. "Isso era esperado. Eles fizeram o mesmo com outros jornalistas que viajaram para lá. Quem está na Ucrânia noticiando sobre a guerra não pode viajar oficialmente para a Rússia", afirmou Connolly. O motivo é legal: segundo leis russas, uma reportagem sobre os fatos in loco na Ucrânia pode ser enquadrada como difamação do Exército russo. "Até mesmo os veículos que ainda são ativos na Rússia têm uma equipe em Moscou e outra aqui na Ucrânia", acrescenta Connolly. Não é um caso isolado Na semana passada, o FSB iniciou um processo penal semelhante contra Nick Paton Walsh, correspondente britânico especialista em segurança internacional da CNN. A Rússia anunciou que irá processar todos os jornalistas que atravessaram a fronteira sem autorização. Até o momento, foram instaurados sete processos contra jornalistas estrangeiros. Quem atravessa a fronteira ilegalmente, do ponto de vista da Rússia, pode ser punido com uma pena de até cinco anos de prisão. A liderança do Kremlin tem pressionado a imprensa estrangeira também de outras maneiras, inclusive a Deutsche Welle. No início de 2022, as autoridades russas proibiram a transmissão da DW no país, o que levou ao fechamento do escritório da emissora alemã em Moscou. Pouco depois, a Rússia classificou a DW como "agente estrangeiro". Atualmente, a Duma, o Parlamento russo, tenta proibir a Deustche Welle no país e classificá-la com "indesejável". Desde fevereiro de 2022, as Forças Armadas ucranianas têm resistido à invasão russa. A Rússia continua ocupando grandes partes do leste e do sul da Ucrânia. Em 6 de agosto, Kiev iniciou uma invasão surpresa. Os aliados ocidentais da Ucrânia, como Alemanha e Estados Unidos, aparentemente não foram informados sobre a operação. O problema, segundo Connolly, é o aumento dos pontos cegos, porque jornalistas já não podem estar in loco em muitas regiões disputadas. cn/le (DW)


Short teaser FSB instaurou ação penal contra Nick Connolly, que fez uma reportagem sobre a atual situação em Kursk.
Item URL https://www.dw.com/pt-br/serviço-secreto-russo-abre-processo-contra-repórter-da-dw/a-70082567?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
Image URL (940 x 411) https://static.dw.com/image/70062565_354.jpeg
Image caption Nick Connolly esteve em Kursk na semana passada
Image source DW
RSS Player single video URL https://rssplayer.dw.com/index.php?lg=bra&pname=&type=abs&image=https://static.dw.com/image/70062565_354.jpeg&title=Servi%C3%A7o%20secreto%20russo%20abre%20processo%20contra%20rep%C3%B3rter%20da%20DW

Item 43
Id 70069372
Date 2024-08-28
Title O que faz do Brasil uma potência paralímpica
Short title O que faz do Brasil uma potência paralímpica
Teaser Em 2021, a delegação brasileira conquistou 72 medalhas nos Jogos de Tóquio, ficando na sétima posição geral. Investimentos dos últimos anos no esporte adaptado explicam sucesso, que deve ser repetido em Paris.

Desde os Jogos Paralímpicos de Pequim, em 2008, quando terminou na nona colocação no quadro geral de medalhas, a delegação brasileira se manteve entre os dez países que mais conquistaram medalhas. Foram 47 pódios em Londres 2012, que renderam uma incrível sétima posição. O Brasil conquistou o número total de 72 medalhas nos Jogos do Rio e novamente em Tóquio, ficando na oitava e sétima posição geral, respectivamente.

Em comparação, o Brasil conquistou 74 medalhas nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020 somados. Essa diferença mostra que o país é uma potência paralímpica.

Se por um lado atletas paralímpicos alcançaram muito sucesso nos últimos anos, brasileiros com deficiência enfrentam ainda grandes dificuldades no cotidiano. Atualmente, cerca de 18,6 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, o que corresponde a 8,9% da população, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2022.

Também de acordo com a pesquisa, a taxa de analfabetismo entre pessoas com deficiência (PCDs) no terceiro trimestre de 2022 foi de 19,5%. Entre a população sem deficiência, ela ficou em 4,1%. Em relação à formação escolar, apenas 25,6% das PCDs haviam concluído o ensino médio, contra 57,3% das pessoas sem deficiência.

No mercado de trabalho, o nível de ocupação de PCDs é de 26,6%, menos da metade do percentual registrado entre a população brasileira total, que é de 60,7%. Em relação a salário e remuneração, os dados mostram ainda que os PCDs têm uma renda média 30% menor: R$1.860 contra R$2.690 para pessoas sem deficiência.

Essa lacuna na inserção escolar e no mercado de trabalho pode ser um dos motivos que leva muitos a recorrer ao esporte de alto rendimento, onde há um apoio muito maior para pessoas com deficiência do que em outros setores. No Brasil, o esporte funciona muitas vezes como uma ferramenta de transformação, muda vidas, e com PCDs isso não é diferente.

"O Brasil ainda tem um caminho longo pra atuar em relação às pessoas com deficiência em toda área cultural, educacional, mas esportivamente estamos seguindo um rumo bem promissor", afirma Yohansson Nascimento, vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro e dono de seis medalhas paralímpicas no atletismo entre 2008 e 2016.

Patrocínio e investimento no esporte

Se o apoio no esporte paralímpico é maior que nos outros setores da sociedade, isso se deve ao trabalho do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Criado em fevereiro de 1995, o comitê teve um papel fundamental na ampliação e visibilidade do esporte paralímpico no país. Os resultados já vieram nos primeiros jogos após sua fundação, em Atlanta 1996: foram 21 medalhas (dois ouros, seis pratas e 13 bronzes) e a 37ª colocação no quadro de medalhas.

Um grande ponto de virada para o desenvolvimento do esporte de modo geral no país foi o sancionamento da Lei Agnelo Piva, em 2001, que estabeleceu o repasse de uma parte da arrecadação das loterias federais para os Comitês Olímpico e Paralímpico. O CPB, no caso, recebe 0,95% de tudo o que é apostado nas loterias da Caixa.

Somado a isso, marcas como Asics, Braskem, Havaianas, loterias Caixa e Toyota, também contribuem bastante como patrocinadoras de algumas modalidades ou do comitê de modo geral. Além disso, existem marcas apoiadoras, como a Ajinomoto, e fornecedoras, como a Max Recovery.

Toda essa rede torna possível o investimento em infraestrutura e no desenvolvimento do esporte adaptado no país. "Isso faz com que o CPB consiga estruturar cada vez mais os nossos programas por conta de todo esse financiamento", diz Nascimento.

Infraestrutura e plano estratégico

A oportunidade de sediar os Jogos Paralímpicos do Rio em 2016 também ajudou a alavancar o esporte adaptado no Brasil. Tido como o maior legado físico da competição, o Centro de Treinamento Paralímpico, construído em São Paulo, conta com instalações esportivas indoor e outdoor para treinamentos e competições de 15 modalidades. O complexo ainda tem uma área residencial com alojamentos, refeitório, lavanderia e um setor administrativo com salas, auditórios e outros espaços.

Além do centro de treinamento, desde 2017, o CPB passou a incorporar no seu plano estratégico a difusão de centros de referência, que aproveitam espaços esportivos para oferecer modalidades paralímpicas, desde a iniciação até o alto rendimento. São 72 em todo o país, pelo menos um em cada estado, alcançando todas as regiões do Brasil.

Também em 2017, o CPB passou a criar os programas de desenvolvimento esportivo com os festivais paralímpicos. "No ano passado, estivemos em 119 cidades espalhadas por todo o Brasil e mais de 40 mil crianças tiveram esse primeiro contato com o esporte paralímpico", completa o vice-presidente do CPB.

O que esperar do Brasil em Paris

O Brasil envia a Paris a maior delegação da sua história: 280 atletas, sendo 255 esportistas com deficiência, 19 atletas-guia (18 do atletismo e 1 do triatlo), três calheiros da bocha, dois goleiros do futebol de cegos e um timoneiro do remo. Em apenas duas modalidades o Brasil não vai competir: basquete em cadeira de rodas e rúgbi em cadeira de rodas.

As expectativas são as melhores possíveis. Depois de um bom ciclo, com treinamento em centros de excelência no Brasil e participações importantes em competições internacionais, o Brasil Paralímpico (como é chamada a delegação brasileira) tem tudo para superar o recorde de pódios batido no Rio e repetido em Tóquio.

"No momento, o número mágico que o CPB está falando é bater o número de 72 medalhas conquistadas nos últimos jogos. O nosso próprio planejamento estratégico prevê a conquista de 70 a 90 medalhas no total, então pode esperar que muitas medalhas estão vindo por aí", afirma Nascimento.

O carro-chefe, como nas outras edições, deve ser o atletismo. O Brasil terá 71 atletas e 18 guias, praticamente o número máximo possível, que permite que apenas 72 atletas de um mesmo país possam competir. A delegação brasileira ficou em segundo lugar geral nos últimos dois mundiais da modalidade, somente atrás da China, e deve vir forte em Paris.

As equipes do vôlei sentado, sobretudo a feminina, campeã mundial em 2022, e do futebol para cegos, campeã de todos os Jogos Paralímpicos desde a estreia da modalidade, também estão cotadas para trazer medalhas.

Entre os principais destaques individuais estão nomes como Carol Santiago, dona de cinco medalhas paralímpicas, incluindo 3 de ouro, na classe S12 da natação, Petrúcio Ferreira, bicampeão paralímpico da classe T47 do atletismo, e Alana Maldonado, campeã paralímpica em Tóquio na classe J2 do judô.

Short teaser Investimentos dos últimos anos no esporte adaptado explicam sucesso refletido em medalhas nos últimos Jogos.
Author Enzo Kfouri
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Item 44
Id 70058645
Date 2024-08-27
Title O que você precisa saber sobre os Jogos Paralímpicos
Short title O que você precisa saber sobre os Jogos Paralímpicos
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Jogos Paralímpicos começam em 28 de agosto e vão até 8 de setembro

Jogos reúnem em Paris mais de 4 mil atletas e terão competições em 22 modalidades. Brasil quer se consolidar como potência paralímpica.Os Jogos Paralímpicos de Paris começam nesta quarta-feira (28/08). O governo da França espera que as competições, que prosseguem até 8 de setembro, atraiam 4 milhões de visitantes, 10% deles estrangeiros. Cerca de 4.400 atletas em 168 delegações competirão por 549 medalhas de ouro (e o mesmo número em prata e bronze) em 22 modalidades. Uma semana antes do início, mais de 1,75 milhão dos 2,8 milhões de ingressos já haviam sido vendidos, segundo os organizadores. As primeiras competições terão início nesta quinta-feira, após a cerimônia de abertura, começando pelo badminton. O Comitê Paralímpico Internacional (IPC) também anunciou que oito atletas formarão a maior Equipe Paralímpica de Refugiados já existente. Eles vão representar as mais de 120 milhões de pessoas que foram obrigadas a deixar suas regiões de origem em todo o mundo. Nos Jogos Paralímpicos de 2021 em Tóquio, a equipe de refugiados era composta por seis atletas. Nos últimos sete anos, as autoridades investiram cerca de 125 milhões de euros para tornar a metrópole francesa mais inclusiva. Prédios públicos e o transporte público se tornaram mais acessíveis, e 10.400 caixas de som foram instaladas em cruzamentos para pessoas com deficiência visual. A história No verão de 1948, o neurologista judeu alemão Ludwig Guttmann, que havia fugido dos nazistas para o Reino Unido em 1939, organizou em Londres a primeira competição para atletas em cadeiras de rodas, que ele chamou de Stoke Mandeville Games. Essa é a origem dos Jogos Paralímpicos, que foram realizados pela primeira vez em Roma, em 1960, com 400 atletas de 23 países. Desde então, eles têm ocorrido a cada quatro anos. Os primeiros Jogos Paralímpicos de Inverno foram organizados na Suécia em 1976 e também são realizados a cada quatro anos desde então. Desde 1988, os Jogos Paralímpicos são realizados no mesmo local que os Jogos Olímpicos devido a um acordo entre o IPC e o Comitê Olímpico Internacional (COI). A importância Os Jogos Paralímpicos são um dos eventos mais importantes do paradesporto. O número de atletas participantes tem aumentado constantemente, assim como o interesse da mídia. "As perguntas nas entrevistas são cada vez mais genéricas", observa o velocista paralímpico alemão Johannes Floors, medalhista de ouro nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Segundo ele, não se trata mais apenas da deficiência de um atleta, mas cada vez mais da pessoa, da personalidade ou da motivação. Para a nadadora paralímpica alemã e campeã mundial Elena Semechin, os Jogos Paralímpicos são mais do que apenas competições esportivas. "Eu vejo isso também como uma atividade de embaixador, como ser um modelo para outras pessoas", diz a medalhista de ouro em Tóquio. "É a melhor coisa que você pode fazer", diz o paraciclista Thomas Ulbricht, de 39 anos. "Você quer se apresentar, deixar seus pais orgulhosos e, é claro, seu país", diz o atleta, que está competindo nos Jogos Paralímpicos pela quinta vez. Diferenças entre Jogos Olímpicos e Paralímpicos Acabam-se os Jogos Olímpicos, começam os Paralímpicos. Para os organizadores em Paris, isso significa, entre outras coisas, que os locais de competição e a Vila Olímpica, onde os atletas moram durante os Jogos, têm de ser parcialmente reconstruídos. "As praças públicas, ruas e calçadas precisam ser adaptadas para que pessoas em cadeiras de rodas possam usá-las sem problemas", explica o diretor da Vila Olímpica, Laurent Michaud. "Isso significa estar em conformidade com os padrões de acessibilidade universal exigidos para novos empreendimentos urbanos." Somente os apartamentos da Vila Olímpica que tiverem pelo menos um banheiro com acessibilidade universal serão usados. Nas áreas externas, obstáculos pouco visíveis foram pintados, e rampas para usuários de cadeira de rodas foram instaladas nos locais de competição. A discussão sobre a qualidade da água do Sena também continuará nos Jogos Paralímpicos porque, como nos Jogos Olímpicos, a natação nas competições de triatlo será realizada no rio parisiense. No entanto, ao contrário dos Jogos Olímpicos, não haverá competições de natação em águas abertas nos Jogos Paralímpicos. Entretanto, ao contrário do Jogos Olímpicos, a bocha faz parte do programa paralímpico desde 1984. A paraescalada vai virar esporte paralímpico em Los Angeles em 2028, sete anos após a estreia olímpica da escalada esportiva em Tóquio. Os esportes praticados Os 22 esportes das competições de Paris são os mesmos de Tóquio – ou seja, nenhuma nova modalidade foi incluída. São eles: futebol de cegos, badminton, bocha, arco e flecha, adestramento, halterofilismo, golbol, judô, canoagem, atletismo, ciclismo, basquete em cadeira de rodas, esgrima em cadeira de rodas, rúgbi em cadeira de rodas, tênis em cadeira de rodas, remo, natação, vôlei sentado, tiro esportivo, taekwondo, tênis de mesa, triatlo. Apenas dois não têm um equivalente olímpico: bocha e golbol. Atletas russos Os atletas da Rússia e de Belarus podem participar dos Jogos Paralímpicos sob uma bandeira neutra, mas estão excluídos das cerimônias de abertura e encerramento. O Comitê Paralímpico Russo enviará um total de 88 atletas a Paris, apesar de uma comissão independente nomeada pelo IPC ter autorizado 185. Oito atletas belarrussos também competirão. Brasil A delegação brasileira chega a Paris com a meta de superar o número total de 72 medalhas dos Jogos do Rio e de Tóquio e também a sétima posição alcançada nesses dois eventos – a melhor que o Brasil já obteve. Nas quatro últimas edições, o Brasil se manteve entre os dez países que mais conquistaram medalhas. A expectativa dos dirigentes brasileiros é de que, na França, o país obtenha o seu melhor desempenho em Jogos Paralímpicos. No atletismo, na natação, no judô e no futebol de cegos estão algumas das principais esperanças de vitória. Em Paris, o Brasil terá 280 atletas nas competições paralímpicas, sendo 255 esportistas com deficiência, 19 atletas-guia (18 do atletismo e 1 do triatlo), três calheiros da bocha, dois goleiros do futebol de cegos e um timoneiro do remo. Em apenas dois esportes o Brasil não vai competir: basquete em cadeira de rodas e rúgbi em cadeira de rodas. A primeira participação do Brasil em Jogos Paralímpicos foi em 1972, em Heidelberg, na Alemanha. A primeira medalha – de prata – foi conquistada quatro anos depois em Toronto, no Canadá, por Luiz Carlos da Costa e Robson Sampaio, na modalidade lawn bowls (um jogo semelhante à bocha), que já não faz mais parte das competições. O Brasil tem 373 medalhas conquistadas em Jogos Paralímpicos, em 11 edições. São 109 ouros, 132 pratas e 132 bronzes, sendo que as modalidades que mais garantiram pódios paralímpicos ao país são atletismo (170 medalhas: 48 ouros, 70 pratas e 52 bronzes), natação (125 medalhas: 40 ouros, 39 pratas e 46 bronzes) e judô (25 medalhas: cinco ouros, nove pratas e 11 bronzes). A melhor campanha do Brasil nos Jogos foi a mais recente, em Tóquio 2020, ocasião em que a delegação brasileira ficou na sétima posição, com 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes. Desde os Jogos de Atenas, em 2004, o Brasil tem se mantido num elevado nível nas competições, com um grande número de medalhas, e se consolidado como uma potência no esporte paralímpico.


Short teaser Jogos reúnem 4 mil atletas e terão competições em 22 modalidades. Brasil quer se consolidar como potência paralímpica.
Author Thomas Klein
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Image caption Jogos Paralímpicos começam em 28 de agosto e vão até 8 de setembro
Image source Aurelien Morissard/AP Photo/picture alliance
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Item 45
Id 70014974
Date 2024-08-22
Title O lucrativo e mortal tráfico de migrantes no México
Short title O lucrativo e mortal tráfico de migrantes no México
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Mãe e filha venezuelanas na fronteira entre México e Estados Unidos

Morte de criança chama atenção para crime organizado na fronteira com os EUA. Negócio bilionário, tráfico mira também cidadãos da África e Ásia, e Brasil entrou nessa rota como porta de entrada no continente.Mais uma vez, uma caminhonete que transportava migrantes em direção à fronteira com os Estados Unidos foi alvo de tiros no estado de Sonora, no norte do México. O saldo: um menor de idade morto, oito migrantes feridos e o veículo completamente destruído. O ataque ocorreu no último fim de semana, na estrada entre Tubutama e Sáric, a apenas cerca de 50 quilômetros da fronteira internacional. De acordo com a imprensa local, a criança morta seria mexicana, e os feridos, haitianos. No entanto, as autoridades mexicanas ainda não confirmaram as nacionalidades. A região fronteiriça em Sonora é uma área disputada por gangues criminosas que buscam controlar o tráfico de migrantes, armas e drogas. Os cartéis de Sinaloa, Jalisco Nova Geração e Caborca operam na área. "Mortes violentas de migrantes ocorrem constantemente na região. A população já está acostumada", afirma à DW Tamara Aranda, especialista em migração e ativista em Sonora. "Certamente se tratava da caminhonete de um 'coiote' [traficante de pessoas] que levava o grupo à fronteira e pode ser que tenha se recusado a pagar pedágio aos cartéis." O ataque trouxe à memória um incidente semelhante ocorrido em fevereiro deste ano, quando um menino e duas mulheres migrantes foram assassinados enquanto viajavam em uma caminhonete por Caborca, a poucos quilômetros de Tubutama e Sáric. "Não deram muitas informações até agora, mas como é possível que uma van transportando menores chegue até Sonora, depois de atravessar vários estados e quilômetros, sem ter sido parada por alguma autoridade, a menos que estejam coniventes com elas?", critica Gloria Valdez, coordenadora do Seminário de Assessoria à Infância Migrante do Colégio de Sonora, associação que acolhe crianças e adolescentes migrantes. O milionário negócio do tráfico de pessoas Somente entre janeiro e junho deste ano foram registrados 741 homicídios em Sonora, de acordo com dados oficiais. Devido aos múltiplos assassinatos, sequestros e extorsões, a fronteira entre o México e os Estados Unidos é considerada a rota migratória terrestre "mais perigosa" do mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Isso não impediu que cerca de um milhão de pessoas cruzassem a fronteira em Sonora em 2023 – movimento aproveitado por traficantes. Dados de 2022 do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) apontam que o tráfico de pessoas movimenta 31 bilhões de dólares por ano em todo o mundo. Somente o que ocorre entre a América Latina e os Estados Unidos seria responsável, em uma estimativa conservadora, por 8,5 bilhões de dólares. Em 2023, a organização Insight Crime estimou que, apenas na travessia do México para os Estados Unidos, o tráfico ilegal de migrantes possa garantir a organizações criminosas lucros de mais de 12 bilhões de dólares por ano. Até 20 mil dólares para cruzar a fronteira No continente americano, os chamados coiotes cobrariam entre 5 mil e 20 mil dólares (entre R$ 27 mil e R$ 100 mil) por pessoa dependendo de diversos fatores, como o local de origem do migrante, os meios de transporte utilizados e o uso de documentos falsos. Uma opção mais econômica, porém mais perigosa, é atravessar a selva de Darién, entre a Colômbia e o Panamá, onde se paga menos de 50 dólares aos traficantes para cruzar a fronteira. É, sem dúvida, um negócio criminoso lucrativo, mas que não garante que os migrantes cheguem sãos ou vivos ao seu destino. "Migrantes nos contam que precisam pagar quantias similares para chegar a Sonora, mas, na fronteira com os Estados Unidos, podem até ser abandonados [pelos traficantes], caso sejam descobertos pela patrulha fronteiriça", diz a ativista Valdez. Calcular números exatos é muito difícil e depende da fonte, segundo Aranda. "Mas é fato que, depois das armas e das drogas, o tráfico de pessoas é o negócio mais lucrativo para o crime organizado no México", afirma a especialista. Migração extracontinental em alta Além da migração proveniente de países das Américas, como Venezuela, Guatemala, Honduras e Haiti, vê-se atualmente um aumento da migração extracontinental. "Agora temos em Sonora migrantes de cinco continentes: Ásia, África, Oceania, Europa e América", relata Valdez. Um estudo recente da Organização Internacional para as Migrações (OIM) e do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime constatou que o tráfico de pessoas para os Estados Unidos evoluiu de tal forma que agora são oferecidos pacotes VIP, que podem custar até 60 mil dólares por pessoa para migrantes da Ásia. O custo depende do local de origem na África ou Ásia, de onde as pessoas geralmente são transportadas para a América do Sul e, em seguida, "sobem" pelo continente até os Estados Unidos. Tudo isso diante de uma aparente permissividade das autoridades mexicanas. "A rota da migração irregular no México não ocorre sem a vigilância do Estado. Há agentes migratórios em cada esquina, então é muito difícil para as pessoas transitarem do sul até o norte", ressalta Aranda. "Na ausência de uma política migratória horizontal e transversal, a situação vai continuar assim, mesmo com maior vigilância: com tecnologia ou muros, as pessoas vão continuar migrando", considera Valdez. Brasil na rota do tráfico de pessoas para os EUA Brasil é um dos países que entrou nessa rota da imigração ilegal com destino aos Estados Unidos, como indicou um relatório da Polícia Federal (PF). De acordo com uma reportagem da TV Globo, que teve acesso ao documento, estrangeiros de vários países compram passagens com conexão no Brasil para outros destinos sul-americanos. Ao chegar no país, deixam de embarcar para o destino final e entram com um pedido de refúgio. O documento afirma que a maioria dessas pessoas quer uma permissão para entrar no Brasil para, em seguida, tentar entrar ilegalmente nos Estados Unidos ou no Canadá. Grande parte desses migrantes são de países da África e do Sul da Ásia. A grande maioria destes pedidos de refúgio, 70%, foi feita por cidadãos do Nepal, Vietnã e Índia. Somente no aeroporto de Guarulhos, mais de 8 mil estrangeiros pediram refúgio entre janeiro de 2023 e junho deste ano. Em resposta ao aumento do fluxo migratório, o Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou que o Brasil passará a restringir a entrada de imigrantes sem visto para o país.


Short teaser Tráfico mira também cidadãos da África e Ásia, e Brasil entrou nessa rota como porta de entrada no continente.
Author Camilo Toledo-Leyva
Item URL https://www.dw.com/pt-br/o-lucrativo-e-mortal-tráfico-de-migrantes-no-méxico/a-70014974?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Mãe e filha venezuelanas na fronteira entre México e Estados Unidos
Image source Adrees Latif/REUTERS
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Item 46
Id 64814042
Date 2023-02-25
Title Qual ainda é o real poder dos oligarcas ucranianos?
Short title Qual ainda é o real poder dos oligarcas ucranianos?
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O oligarca ucraniano Rinat Akhmetov sofreu a maior perda após a Rússia invadir a Ucrânia

UE condicionou adesão da Ucrânia ao bloco ao combate à corrupção. Para isso, país precisa reduzir influência dos oligarcas na política.Durante uma visita a Bruxelas em 9 de fevereiro, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que Kiev espera que as negociações sobre a adesão da Ucrânia à União Europeia (UE) comecem ainda em 2023. O bloco salientou, porém, que essa decisão depende de reformas a serem realizadas no país, como o combate à corrupção. Para isso, é necessário reduzir a influência dos oligarcas na política ucraniana. A chamada lei antioligarca, aprovada em 2021 e que pretende atender a esse requisito, está sendo examinada pela Comissão de Veneza – um órgão consultivo do Conselho da Europa sobre questões constitucionais –, que deverá apresentar as conclusões em março. Lei antioligarca De acordo com a lei, serão considerados oligarcas na Ucrânia quem preencher três dos quatro seguintes critérios: possuir um patrimônio de cerca de 80 milhões de dólares; exercer influência política; ter controle sobre a mídia; ou possuir um monopólio em um setor econômico. Aqueles que entrarem para o registro de oligarcas não podem financiar partidos políticos, ficam impedidos de participar de grandes privatizações e devem apresentar uma declaração especial de imposto de renda. Durante décadas, a política ucraniana girou em um círculo vicioso de corrupção política: os oligarcas financiaram – principalmente de forma secreta – partidos para, por meios de seus políticos, influenciar leis ou regulamentos que maximizariam seus lucros. Por exemplo, era mais lucrativo garantir que os impostos do governo sobre a extração de matérias-primas ou o uso de infraestrutura permanecessem baixos do que investir na modernização de indústrias. Entretanto, a lei antioligarca já surtiu efeitos. No verão passado, o bilionário Rinat Akhmetov foi o primeiro a desistir das licenças de transmissão de seu grupo de mídia. O líder do partido Solidariedade Europeia, o ex-presidente ucraniano Petro Poroshenko, também perdeu oficialmente o controle sobre seus canais de TV. E o bilionário Vadim Novinsky renunciou ao seu mandato de deputado. Guerra dilacerou fortunas de oligarcas ucranianos A destruição da indústria ucraniana após a invasão russa reduziu a riqueza dos oligarcas. Em um estudo publicado no final de 2022, o Centro para Estratégia Econômica (CEE), em Kiev, estimou as perdas dos oligarcas em 4,5 bilhões de dólares. Rinat Akhmetov foi o mais impacto: com a captura de Mariupol pelas tropas russas, sua empresa Metinvest Holding perdeu a importante siderúrgica Azovstal e mais um outro combinat. O CEE estima o valor das plantas industriais em mais de 3,5 bilhões de dólares. Além disso, a produção na usina de coque de Akhmetov – localizada em Avdiivka, perto de Donetsk, avaliada em 150 milhões de dólares – foi paralisada devido a danos causados ​​por ataques russos. Os bombardeios do Kremlin também destruíram muitas instalações das empresas de energia de Akhmetov, especialmente usinas termelétricas. Devido à guerra, especialistas da revista Forbes Ucrânia estimam as perdas de Akhmetov em mais de 9 bilhões de dólares. No entanto, ele ainda lidera a lista dos ucranianos mais ricos, com uma fortuna de 4 bilhões de dólares. Já Vadim Novinsky, sócio de Akhmetov na Metinvest Holding, perdeu de 2 bilhões de dólares. Antes da guerra, sua fortuna era estimada em 3 bilhões de dólares. Kolomojskyj: sem passaporte ucraniano e refinaria de petróleo A fortuna do até recentemente influente oligarca Igor Kolomojskyj também diminuiu drasticamente. No ano passado, ataques russos destruíram sua principal empresa, a refinaria de petróleo Kremenchuk, e o CEE estima os danos em mais de 400 milhões de dólares. Kolomoiskyi, juntamente com seu sócio Hennady Boholyubov, controlava uma parte significativa do mercado ucraniano de combustíveis. Eles eram donos, inclusive, da maior rede de postos de gasolina do país. Por meio de sua influência política, Kolomojskyj conseguiu por muitos anos controlar a administração da petroleira estatal Ukrnafta, na qual possuía apenas uma participação minoritária. O controle da maior petrolífera do país, da maior refinaria e da maior rede de postos de gasolina lhe garantia grandes lucros. A refinaria foi destruída, e o controle da Ukrnafta e da refinaria de petróleo Ukrtatnafta foi assumido pelo Estado durante o período de lei marcial. O oligarca, que também possui passaportes israelense e cipriota, perdeu ainda a nacionalidade ucraniana, já que apenas uma cidadania é permitida na Ucrânia. Ele ainda responde a um processo por possíveis fraudes na Ukrnafta, na casa dos bilhões. Dmytro Firtash – que vive há anos na Áustria – é outro oligarca sob investigação. Ele também é conhecido por sua grande influência na política ucraniana. Neste primeiro ano de guerra, ele também perdeu grande parte de sua fortuna. Sua fábrica de fertilizantes Azot, em Sieveirodonetsk, que foi ocupada pela Rússia, foi severamente danificada pelos combates. O CEE estima as perdas em 69 milhões de dólares. Não existem mais oligarcas ucranianos? Os oligarcas perderam recursos essenciais para influenciar a política ucraniana, afirmou Dmytro Horyunov, um especialista do CEE. "Os investimentos na política estão se tornando menos relevantes", disse e acrescentou que espera que a lei antioligarca obrigue as grandes empresas a abrir mão de veículos de imprensa e de um papel na política. Ao mesmo tempo, Horyunov não tem ilusões: muito pouco tem sido feito para eliminar completamente a influência dos oligarcas na política ucraniana. "Enquanto tiverem bens, eles farão de tudo para protegê-los ou aumentá-los". De acordo com os especialistas do CEE, os oligarcas tradicionalmente defendem seus interesses por meio do sistema judicial. Desde 2014, a autoridade antimonopólio da Ucrânia impôs multas de mais de 200 milhões de dólares às empresas de Rinat Akhmetov e dezenas de milhões de dólares às companhias de Ihor Kolomoiskyi e Dmytro Firtash por abuso de posição dominante. Todas essas multas foram contestadas no tribunal, e nenhuma foi paga até o momento, disse o CEE. Apesar de alguns oligarcas terem renunciado formalmente a empresas de comunicação, Ihor Feschtschenko, do movimento "Chesno" (Honesto), duvida que as grandes empresas ficarão de fora das eleições após o fim da guerra. "Acho que a primeira coisa que veremos por parte dos oligarcas é a criação de novos canais de TV e, ao mesmo tempo, partidos políticos ligados a eles", avalia Feshchenko. Ele salienta que, para bloquear o fluxo de fundos não transparentes para as campanhas eleitorais é necessário implementar a legislação sobre partidos políticos. Os especialistas do CEE esperam que, durante o processo de integração à UE, grandes investidores europeus se dirijam à Ucrânia. Ao mesmo tempo, eles apelam às instituições financeiras internacionais, de cuja ajuda a Ucrânia agora depende extremamente, para vincular o apoio a Kiev a progressos no processo de desoligarquização e apoiar as empresas que competiriam com os oligarcas.


Short teaser UE condiciona adesão da Ucrânia ao bloco a combate à corrupção. Para isso, país precisa reduzir influência de oligarcas.
Author Eugen Theise
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Image caption O oligarca ucraniano Rinat Akhmetov sofreu a maior perda após a Rússia invadir a Ucrânia
Image source Daniel Naupold/dpa/picture alliance
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Item 47
Id 64820664
Date 2023-02-25
Title Mortos em terremoto na Turquia e na Síria passam de 50 mil
Short title Mortos em terremoto na Turquia e na Síria passam de 50 mil
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Turquia registrou a grande maioria dos mortos: mais de 44 mil

De acordo com autoridades turcas, 173 mil prédios ruíram ou precisam ser demolidos. Prefeito de Istambul diz ser necessário até 40 bilhões de dólares para se preparar para possível novo grande tremor.Duas semanas e meia após o terremoto de 7,8 de magnitude na área de fronteira turco-síria, o número de mortos aumentou para mais de 50 mil, informaram as autoridades dos dois países nesta sexta-feira (24/02). A Turquia registrou 44.218 mortes, de acordo com a agência de desastres turca Afad, e a Síria reportou ao menos 5,9 mil mortes. Nos últimos dias, não houve relatos de resgate de sobreviventes. Tremores secundários continuam a abalar a região. Neste sábado (25/02), um tremor de magnitude 5,5 atingiu o centro da Turquia, informou o Centro Sismológico Euro-Mediterrânico, a uma profundidade de 10 quilômetros. O observatório sísmico de Kandilli disse que o epicentro foi localizado no distrito de Bor, na província de Nigde, que fica a cerca de 350 quilômetros a oeste da região atingida pelo grande tremor de 6 de fevereiro. Graves incidentes e vítimas não foram reportados após o tremor deste sábado. Segundo a Turquia, nas últimas três semanas, foram mais de 9,5 mil tremores secundários e a terra chegou a tremer, em média, a cada quatro minutos. De acordo com o governo turco, 20 milhões de pessoas no país são afetadas pelos efeitos do terremoto. As Nações Unidas estimam que na Síria sejam 8,8 milhões de pessoas afetadas. Turquia começa reconstrução As autoridades turcas começaram a construir os primeiros alojamentos para os desabrigados. O trabalho de escavação de terra está em andamento nas cidades de Nurdagi e Islahiye, na província de Gaziantep, escreveu no Twitter o ministro do Meio Ambiente, Planejamento Urbano e Mudança Climática, Murat Kurum. Inicialmente, estão previstos 855 apartamentos. O presidente turco Recep Tayyip Erdogan prometeu a reconstrução em um ano. Críticos alertam que erguer prédios tão rapidamente pode fazer com que a segurança sísmica dos edifícios seja negligenciada novamente. A oposição culpa o governo de Erdogan, que está no poder há 20 anos, pela extensão do desastre porque não cumpriu os regulamentos de construção. Também neste sábado, o ministro da Justiça turco, Bekir Bozdag, disse que pelo menos 184 pessoas foram detidas por suposta negligência em relação a prédios desabados após os terremotos. Entre eles, estão empreiteiros e o prefeito do distrito de Nurdagi, na província de Gaziantep. Até agora, o Ministério do Planejamento Urbano inspecionou 1,3 milhão de edifícios, totalizando mais de meio milhão de residências e escritórios, e relatou que 173 mil propriedades ruíram ou estão tão seriamente danificadas que precisam ser demolidas imediatamente. Ao todo, quase dois milhões de pessoas tiveram de abandonar suas casas, demolidas ou danificadas pelos tremores, e vivem atualmente em tendas, casas pré-fabricadas, hotéis, abrigos e diversas instituições públicas, detalhou um comunicado do Afad. Cerca de 528 mil pessoas foram evacuadas das 11 províncias listadas como regiões afetadas, acrescentou o comunicado do serviço de emergência, enquanto 335 mil tendas foram montadas nessas áreas e 130 núcleos provisórios de casas pré-fabricadas estão sendo instalados. Em março e abril começará a construção de 200 mil novas casas, prometeu o ministério turco. Estima-se que o terremoto de 6 de fevereiro tenha custado à Turquia cerca de 84 bilhões de dólares. Na Síria, o noroeste é particularmente atingido pelos efeitos do tremor. Há poucas informações sobre o país devastado pela guerra. Diante de anos de bombardeios e combates, muitas pessoas ali já viviam em condições precárias antes dos tremores. Istambul precisa de 40 bilhões de dólares Enquanto isso, o prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, disse a cidade, que fica perto de uma grande falha geológica, precisa de um programa urgente de urbanização no valor de "cerca de 30 bilhões a 40 bilhões de dólares" para se preparar para um possível novo grande terremoto. "A quantia é três vezes maior do que o orçamento anual da cidade de Istambul, mas precisamos estar prontos antes que seja tarde demais", disse Imamoglu a um conselho científico. De acordo com um relatório de 2021 do observatório sísmico de Kandilli, um potencial terremoto de magnitude superior a 7,5 danificaria cerca de 500 mil edifícios, habitados por 6,2 milhões de pessoas, cerca de 40% da população da cidade, a mais populosa da Turquia. Istambul fica ao lado da notória falha geológica do norte da Anatólia. Um grande terremoto em 1999 que atingiu a região de Mármara, incluindo Istambul, matou mais de 18 mil. le (EFE, DPA, Reuters, ots)


Short teaser De acordo com autoridades turcas, 173 mil prédios ruíram ou precisam ser demolidos.
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Item 48
Id 64819106
Date 2023-02-25
Title UE impõe 10° pacote de sanções contra a Rússia
Short title UE impõe 10° pacote de sanções contra a Rússia
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"Agora temos as sanções de maior alcance de todos os tempos", disse Ursula von der Leyen,

Medidas incluem veto à exportação de tecnologia militar e, pela primeira vez, retaliações contra firmas iranianas que fornecem drones a Moscou. Mais de 100 indivíduos e entidades russas são afetados.A União Europeia prometeu aumentar a pressão sobre Moscou "até que a Ucrânia seja libertada", ao adotar neste sábado (25/02) um décimo pacote de sanções contra a Rússia, acordado pelos líderes do bloco no dia anterior, que marcou o primeiro aniversário da invasão da Ucrânia. O conjunto de medidas inclui veto à exportação de tecnologia militar e, pela primeira vez, retaliações contra empresas iranianas que fornecem drones a Moscou. "Agora temos as sanções de maior alcance de todos os tempos – esgotando o arsenal de guerra da Rússia e mordendo profundamente sua economia", disse a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, através do Twitter, acrescentando que o bloco está aumentando a pressão sobre aqueles que tentam contornar as sanções da UE. O chefe de política externa da UE, Josep Borrell, alertou que o bloco continuará a impor mais sanções contra Moscou. "Continuaremos a aumentar a pressão sobre a Rússia – e faremos isso pelo tempo que for necessário, até que a Ucrânia seja libertada da brutal agressão russa", disse ele em comunicado. Restrições adicionais são impostas às importações de mercadorias que geram receitas significativas para a Rússia, como asfalto e borracha sintética. Os Estados-membros da UE aprovaram as sanções na noite de sexta-feira, depois de uma agitada negociação, que foi travada temporariamente pela Polônia. Acordo após mais de 24 horas de reuniões As negociações entre os países da UE ficaram estagnadas durante a discussão sobre o tamanho das cotas de borracha sintética que os países poderão importar da Rússia, uma vez que a Polônia queria reduzi-las, mas finalmente houve o acordo, após mais de 24 horas de reuniões. "Hoje, a UE aprovou o décimo pacote de sanções contra a Rússia" para "ajudar a Ucrânia a ganhar a guerra", anunciou a presidência sueca da UE, em sua conta oficial no Twitter. O pacote negociado "inclui, por exemplo, restrições mais rigorosas à exportação de tecnologia e produtos de dupla utilização", medidas restritivas dirigidas contra indivíduos e entidades que apoiam a guerra, propagandeiam ou entregam drones usados pela Rússia na guerra, e medidas contra a desinformação russa", listou a presidência sueca. Serão sancionados, concretamente, 47 componentes eletrônicos usados por sistemas bélicos russos, incluindo em drones, mísseis e helicópteros, de tal maneira que, levando em conta os nove pacotes anteriores, todos os produtos tecnológicos encontrados no campo de batalha terão sido proibidos, de acordo com Ursula von der Leyen. O comércio desses produtos, que as evidências do campo de batalha sugerem que Moscou está usando para sua guerra, totaliza mais de 11 bilhões de euros (mais de R$ 60 bilhões), segundo autoridades da UE. Sanções contra firmas iranianas Também foram incluídas, pela primeira vez, sete empresas iranianas ligadas à Guarda Revolucionária que fabricam os drones que Teerã está enviando a Moscou para bombardear a Ucrânia. As novas medidas abrangem mais de 100 indivíduos e empresas russas, incluindo responsáveis pela prática de crimes na Ucrânia, pela deportação de crianças ucranianas para a Rússia e oficiais das Forças Armadas russas. Todos eles terão os bens e ativos congelados na UE e serão proibidos de entrar no território do bloco. O décimo pacote novamente foca na necessidade de evitar que tanto a Rússia como os oligarcas contornem as sanções, tendo sido acordado considerar a utilização de bens do Banco Central russo congelados na UE para a reconstrução da Ucrânia. No entanto, vários países têm dúvidas jurídicas sobre a possibilidade de utilizar esses recursos para a reconstrução e pedem o máximo consenso internacional. md (EFE, Reuters, AFP)


Short teaser Medidas incluem veto à exportação de tecnologia militar e retaliações a empresas iranianas que fornecem drones a Moscou.
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Item 49
Id 64816115
Date 2023-02-24
Title Zelenski quer América Latina envolvida em processo de paz
Short title Zelenski quer América Latina envolvida em processo de paz
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Zelenski fez declaração em coletiva de imprensa que marcou um ano da guerra na Ucrânia

Presidente ucraniano propõe cúpula com os países da região e diz ter convidado Lula para ir a Kiev. Ele diz ainda que nações da África, além de China e Índia, deveriam se sentar na mesa de negociações.O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou nesta sexta-feira (24/02) que deseja que países da América Latina e África, além da China e Índia, façam parte de um processo de paz para o fim da guerra com a Rússia. A declaração foi feita durante uma coletiva de imprensa para veículos internacionais que marcou um ano da invasão russa na Ucrânia. Buscando fortalecer os laços diplomáticos, Zelenski propôs a realização de uma cúpula com os líderes latino-americanos. "É difícil para mim deixar o país, mas eu viajaria especialmente para essa reunião", destacou. Ao manifestar a intenção de reforçar os contatos bilaterais, Zelenski citou especificamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ser questionado por um jornalista brasileiro. "Eu lhe mandei [a Lula] convites para vir à Ucrânia. Realmente espero me encontrar com ele. Gostaria que ele me ajudasse e apoiasse com uma plataforma de conversação com a América Latina", disse Zelenski. "Estou realmente interessado nisso. Estou esperando pelo nosso encontro. Face a face vou me fazer entender melhor." Nesta sexta-feira, Lula voltou a defender uma iniciativa de "países não envolvidos no conflito" para promover as negociações de paz. "No momento em que a humanidade, com tantos desafios, precisa de paz, completa-se um ano da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. É urgente que um grupo de países, não envolvidos no conflito, assuma a responsabilidade de encaminhar uma negociação para restabelecer a paz", escreveu o presidente brasileiro no Twitter. Estreitar laços O presidente ucraniano destacou ainda que seu governo começou a abrir novas embaixadas na América Latina e África, onde alguns países continuam mantendo boas relações com a Rússia e se recusam a condenar a guerra. Zelenski ressaltou ainda que Kiev deve tomar medidas para construir relações com os países africanos. "A Ucrânia deve dar um passo à frente para se encontrar com os países do continente africano", declarou. Ele propôs também organizar uma cúpula com "países de todos os continentes" após Kiev ter recebido um apoio generalizado na Assembleia Geral da ONU, que na quinta-feira aprovou uma resolução sobre o fim das hostilidades e a retirada das tropas russas do território ucraniano. Ele disse que essa reunião deve ocorrer num país "que seja capaz de reunir o maior número possível de países do mundo". O presidente ucraniano aludiu indiretamente às abstenções registradas durante essa votação, incluindo a China e a Índia, e disse que o seu governo trabalha "para transformar essa neutralidade num estatuto de não-neutralidade diante a guerra". Proposta da China Apesar de ter manifestado algum ceticismo, Zelenski saudou alguns elementos do "plano de paz" apresentado pela China e disse esperar que a posição da liderança chinesa evolua no sentido de exigir que a Rússia respeite os princípios básicos do direito internacional, no qual se incluem a soberania e a integridade territorial dos países. "Pelo menos, a China começou a falar conosco, nos chamou de 'país invadido' e julgo que isso é bom. Mas a China não é propriamente pró-ucraniana e temos que ver que atos seguirão as palavras", afirmou. Ele também destacou ser promissor a China estar pensando em intermediar a paz, mas reiterou que qualquer plano que não incluir a retirada total das tropas russas de territórios ucranianos é inaceitável para Kiev. cn/bl (Reuters, AFP, Efe)


Short teaser Presidente ucraniano propõe cúpula com os países da região e diz ter convidado Lula para ir a Kiev.
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Item 50
Id 64811757
Date 2023-02-24
Title "Plano de paz" chinês deixa mais dúvidas do que respostas
Short title "Plano de paz" chinês deixa mais dúvidas do que respostas
Teaser Desde que o principal diplomata da China, Wang Yi, anunciou um plano de Pequim para um acordo político sobre a Ucrânia, surgiram especulações sobre seu papel na resolução da guerra. O plano foi agora divulgado.

Durante a Conferência de Segurança de Munique na semana passada, o representante máximo da diplomacia chinesa, Wang Yi, anunciou a proposta de Pequim de um "plano de paz" para resolver a guerra na Ucrânia por meios políticos.

Nesta sexta-feira (24/02), no aniversário de um ano da invasão da Ucrânia pela Rússia, o Ministério das Relações Exteriores chinês divulgou a proposta de 12 pontos. Entre eles, estão críticas às sanções unilaterais do Ocidente e apelos para retomar as negociações de paz e reduzir os riscos estratégicos associados às armas nucleares.

Por muito tempo, a China relutou em assumir um papel ativo no conflito, preferindo apresentar-se como neutra e ignorar os apelos de países do Ocidente para pressionar a Rússia.

Faz sentido, tendo em vista que a China é uma das principais beneficiárias das sanções contra a Rússia. Devido ao isolamento internacional de Moscou, a China ganhou forte influência sobre os suprimentos russos de energia e seus preços. Em 2022, as exportações chinesas para a Rússia aumentaram 12,8%, enquanto as importações, incluindo recursos naturais, cresceram 43,4%.

No entanto, os impactos negativos da guerra estão lentamente superando os ganhos de curto prazo. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que a China está considerando fornecer armas letais à Rússia. O suposto apoio de Pequim a Moscou já resultou em controles de exportação mais rígidos e restrições a investimentos do Ocidente.

Análises sugerindo que o que acontece hoje na Ucrânia pode ser repetido no futuro pela China em relação a Taiwan também provocam preocupação no Ocidente e afetam as relações com os EUA e a União Europeia (UE), os maiores parceiros comerciais de Pequim.

"A Rússia não ajudou Pequim ao despertar o mundo para essa ameaça antes que Pequim estivesse pronta para empreender uma possível invasão de Taiwan", disse à DW Blake Herzinger, membro não residente do American Enterprise Institute especialista na política de defesa do Indo-Pacífico.

A proposta da China para a guerra na Ucrânia

Até a divulgação nesta sexta-feira, os detalhes do plano chinês estavam sendo mantidos em sigilo. Wang Yi apresentou os pontos-chave ao ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em Munique. No entanto, nem Kuleba nem o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, viram o texto da proposta.

Após a conferência em Munique, Wang Yi visitou a Rússia e se reuniu com várias autoridades de alto escalão, incluindo o presidente russo, Vladimir Putin. Embora Wang Yi estivesse na Rússia apenas dois dias antes da divulgação do documento, Moscou informou que não houve negociações sobre o chamado "plano de paz da China" e que o lado chinês apenas expressou vontade de desempenhar um papel "construtivo" no conflito.

No documento divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério das Relações Exteriores da China, o foco principal é na soberania e integridade territorial. No entanto, a China não especifica como essa questão, fundamental tanto para a Rússia quanto para a Ucrânia, deve ser abordada.

"A China defende da boca para fora a integridade territorial, mas não pediu à Rússia para parar com sua guerra ilegal de conquista e retirar suas tropas", disse à DW Thorsten Benner, diretor do Global Public Policy Institute, à DW.

Ao contrário de muitas expectativas, o plano também não pediu a interrupção do fornecimento de armas à Ucrânia.

O documento menciona o diálogo e as negociações como a única solução viável para a crise. Atualmente, porém, as conversas entre Rússia e Ucrânia têm se resumido à troca de prisioneiros e a raros contatos informais.

"Para ser bem-sucedida, a mediação de paz precisa da disposição das partes em conflito", disse à DW Artyom Lukin, professor da Universidad Federal do Extremo Oriente, em Vladivostok, na Rússia.

"No entanto, agora há poucos sinais de que Moscou e Kiev estejam interessadas em chegar a um acordo. Moscou ainda está determinada a se apossar de todas as regiões de Donetsk e Lugansk, mantendo o controle sobre as áreas das regiões de Zaporíjia e Kherson que foram tomadas pelas forças russas em 2022. Kiev parece determinada a expulsar a Rússia do Donbass, de Zaporíjia e Kherson, e talvez ir atrás da Crimeia em seguida. É difícil imaginar como as posições de Rússia e Ucrânia possam chegar a um ponto comum no momento", acrescentou.

Mediador duvidoso

Além disso, o papel da China como mediadora no conflito parece duvidoso, uma vez que o país não atua como um ator imparcial. No ano passado, a China intensificou os laços políticos, militares e econômicos com a Rússia. Na proposta desta sexta-feira, Pequim, mais uma vez, opôs-se a "sanções unilaterais não autorizadas pelo Conselho de Segurança da ONU", o que claramente se refere às sanções do Ocidente a Moscou.

Além disso, o presidente chinês, Xi Jinping, não se encontrou ou ligou para Zelenski nem uma vez, apesar de manter contato regular com Putin.

"É tolice acreditar que uma parte que está envolvida com um dos lados, neste caso a China do lado da Rússia, possa desempenhar o papel de mediador. Da mesma forma, a Europa não poderia ser um mediador porque está firmemente no lado de Kiev", disse Benner.

Campanha de relações públicas sem riscos

A proposta da China parece ser em grande parte uma declaração de princípios, e não uma solução prática.

"O que me impressionou em particular é o fato de que não há propostas para incentivar ou influenciar Moscou na direção de uma mudança de comportamento", disse à DW Ian Chong, cientista político da Universidade Nacional de Cingapura.

"Não há nenhuma pressão ou e não há nenhuma oferta que possa beneficiar a Rússia caso ela cumpra o proposto. Apenas na linguagem da declaração, não está claro por que haveria um incentivo para a Rússia, e não está claro por que haveria um incentivo para a Ucrânia, se não há um motivo para a Rússia parar a invasão em primeira instância", destacou.

"Acho que a China está fazendo isso apenas como objetivo de relações públicas. Esse 'plano de paz' e falar de si mesmo como mediador é sobretudo uma ferramenta retórica que Pequim usa, em um esforço para reparar as relações com a Europa e melhorar o diálogo com o resto do mundo, bem como para apoiar a mensagem de que os Estados Unidos é o culpado pela guerra e que a China, na verdade, é uma força pela paz", afirma Benner.

Outros pontos da proposta

O texto pede ainda um cessar-fogo, proteção para prisioneiros de guerra e cessação de ataques a civis, sem dar mais detalhes, além de defender a manutenção da segurança das centrais nucleares e dos acordos para facilitar a exportação de cereais.

A proposta também condena a "mentalidade de Guerra Fria", um termo usado frequentemente pela China quando se refere aos Estados Unidos ou à Otan. "A segurança de uma região não deve ser alcançada pelo fortalecimento ou expansão de blocos militares", diz a proposta.

"O tom básico e a mensagem fundamental da política são bastante pró-Rússia", afirmou o professor de política externa chinesa e segurança internacional da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura, Li Mingjiang.

Short teaser Pequim divulgou seu esperado plano de 12 pontos para um acordo político sobre a Ucrânia.
Author Alena Zhabina
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Item 51
Id 64811407
Date 2023-02-24
Title Volodimir Zelenski, o presidente subestimado por Vladimir Putin
Short title Zelenski, o presidente subestimado por Putin
Teaser Um ano após a invasão russa, a Ucrânia continua resistindo. A resiliência de Kiev deve-se também ao presidente Volodimir Zelenski, que surpreendeu todos – especialmente o país agressor.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, detém um recorde mundial: nenhum outro chefe de Estado fez pronunciamentos diários durante um período tão longo. Os discursos de Zelenski acontecem há um ano – diariamente.

As mensagens em vídeo do presidente ucraniano, gravadas alternadamente em seu escritório ou num bunker, são sua crônica da guerra. Documentam como o país – e ele mesmo – mudaram depois da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022.

No dia anterior, poucas horas antes do ataque russo à Ucrânia, Zelenski gravou uma mensagem especial. Dirigiu-se aos seus compatriotas, principalmente aos cidadãos russos, tentando impedir a ameaça de guerra. Pediu protestos na Rússia, e soou o alarme. "Se formos atacados, se tentarem tomar nosso país, nossa liberdade, nossa vida e a vida dos nossos filhos, vamos nos defender", disse Zelenski, em russo.

Foi a última vez em que ele, então com 44 anos, foi visto com a barba feita e vestindo terno e gravata. "Com um ataque, vocês verão os nossos rostos, não as nossas costas!".

"Preciso de munição, não de carona"

Depois da invasão, Zelenski e seu governo ficam na capital, Kiev – mesmo com o avanço das tropas russas na periferia da cidade. A atitude surpreendeu. Especialmente o presidente russo, Vladimir Putin, parecia apostar na fuga de Zelenski para o oeste da Ucrânia, ou o exterior. Teria havido ofertas ao mandatário ucraniano nesse sentido.

A resposta de Zelenski, divulgada pela agência de notícias AP, já se tornou lendária: "Preciso de munição, não de carona". Não é possível verificar se Zelenski formulou a frase exatamente desse jeito. Mas a mensagem foi passada, e Zelenski conquistou muitas simpatias no plano internacional, além de fortalecer o espírito de combate dos ucranianos.

A mensagem também simboliza uma reviravolta de 180 graus na atitude do presidente ucraniano. Semanas antes, seu comportamento foi motivo de especulação. Quando serviços secretos do Ocidente e chefes de Estado e de governo alertaram contra uma invasão russa iminente e retiraram pessoal das embaixadas internacionais em Kiev, Zelenski reagiu com impaciência, desconfiança e críticas. Mais tarde, explicou que queria evitar pânico. A invasão russa, porém, mudou tudo.

Câmeras, as armas mais poderosas de Zelenski

Em seu pronunciamento de 24 de fevereiro de 2022, o primeiro dia da guerra, o presidente ucraniano usava uma camiseta verde-oliva. Até hoje, a vestimenta militar permanece sua marca, assim como a barba de três dias. É assim que o mundo o conhece, é assim que ele aparece em inúmeras entrevistas e manchetes da imprensa mundial. O uniforme também foi usado durante cerimônia em homenagem aos soldados mortos no conflito e que marcou o primeiro ano da guerra nesta sexta-feira (24/02) na praça em frente à Catedral de Santa Sofia em Kiev, diante do monumento de domo verde e dourado que simboliza a resistência da capital ucraniana.

No segundo dia da guerra, Zelenski gravou um dos seus vídeos mais importantes e mais conhecidos. As imagens com duração de meio minuto mostram Zelenski em seu gabinete à noite, diante da sede da Presidência, em Kiev. A mensagem principal: "Todos estamos aqui, ficaremos e lutaremos".

No início do conflito, Zelenski ainda se mostrou disposto a concessões, a exemplo da entrada desejada pela Ucrânia na aliança militar altântica Otan. Mas, depois da divulgação dos primeiros massacres perpetrados pelo Exército russo e da anexação ilegal de regiões pró-russas da Ucrânia por Moscou, ele rechaçou quaisquer compromissos. E sabia que a maioria da população concordava com ele – um presidente ainda altamente popular na Ucrânia devido à conexão diária com os cidadãos do país via mensagens de vídeo.

Como presidente numa guerra, Zelenski aposta naquilo que domina melhor: a comunicação. A câmera tornou-se sua arma mais poderosa. O mandatário ucraniano grava vídeos na capital, dissemina confiança, passa a impressão de proximidade com as pessoas e encontra as palavras certas.

Além disso, viajou diversas vezes para o front, encontrou soldados na cidade libertada de Izium, no nordeste do país, ou em Bakhmut, no leste, cercada pelos russos. Em alguns discursos por vídeo, são inseridas imagens das cidades destruídas pelo Exército russo. Seus índices de popularidade, em declínio vertiginoso antes da invasão russa, triplicaram desde o início da guerra e, atualmente, oscilam entre 80% e 90% de aprovação.

Putin não levou Zelenski a sério

Muitos observadores se perguntam como Zelenski pôde ser tão subestimado pelo presidente russo, Vladimir Putin.

A resposta está no passado do presidente ucraniano. Zelenski não é político de carreira, e sua vitória na eleição de 2019 foi uma surpresa. Antes de se candidatar a presidente, era um comediante, ator e produtor de sucesso. Chegou até a se apresentar no palco para o ex-presidente russo Dmitri Medvedev durante uma visita à Ucrânia.

Sua ascensão política tem paralelos com a série satírica de TV Servidor do Povo, na qual Zelenski interpretava o papel de um professor que, mais tarde, se torna chefe de Estado.

Por esse motivo, a liderança russa não levou Zelenski a sério e, depois, ficou irritada pelo fato de ele não querer fazer maiores concessões como presidente.

Como comediante que fala russo, Zelenski chegou a tirar sarro frequentemente do modo de vida ucraniano e também de políticos pró-Ocidente no país. Por outro lado, pegava bastante leve com o ex-presidente pró-russo Viktor Yanukovitch. Zelenski também tinha ligações estreitas com a Rússia e ganhou dinheiro se apresentando no país até depois da anexação da Península da Crimeia em 2014 – algo que incomodou bastante seus compatriotas.

A invasão da Ucrânia pela Rússia, porém, mudou tudo. Os críticos de Zelenski silenciaram, e ele conquistou muitos céticos ao permanecer em Kiev em vez de fugir.

Essa determinação pode ter relação com sua educação. Filho privilegiado de um professor universitário, Zelenski cresceu em Kryvyi Rih, cidade industrial da classe trabalhadora no sudeste da Ucrânia. Porém, sua geração viveu os duros anos finais da União Soviética. A experiência lhes ensinou a não fugir de conflitos.

Quando Putin atacou a Ucrânia, Zelenski pôde recorrer a essa vivência. O presidente russo subestimou seu homólogo e o tratou como um político fraco e sem experiência que acreditava ser fácil de derrotar.

Nem tudo é fácil

Isso não quer dizer, no entanto, que tudo sempre foi fácil para Zelenski. Seu governo cometeu erros: alguns líderes políticos foram forçados a deixar seus cargos, e amigos próximos do presidente ucraniano perderam seus postos.

Zelenski também causou irritação internacional quando afirmou, em novembro passado, que um míssil russo tinha atingido território polonês, matando duas pessoas – porém, de acordo com relatórios dos Estados Unidos, o míssil provavelmente foi disparado por uma bateria anti-aérea ucraniana.

O incidente representou, porém, uma discórdia rara entre aliados. Acima de tudo, Zelenski considera o uso da mídia para atrair atenção para seu país como sua principal tarefa. Repetidamente, apelou a políticos do Ocidente pedindo – ou, na opinião de alguns, implorando – por armas. Na maior parte dos casos, Zelenski teve sucesso, já que o Ocidente vem enviando mais armamentos à Ucrânia.

Zelenski também detém o recorde mundial de pronunciamentos em vídeo em conferências e parlamentos ao redor do mundo. Sua aparição mais recente foi uma transmissão para as estrelas reunidas para a abertura do festival de filmes de Berlim, a Berlinale, na última semana.

Short teaser Um ano após invasão russa, resistência da Ucrânia deve-se também ao presidente Zelenski, que surpreendeu os agressores.
Author Roman Goncharenko
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Item 52
Id 64810396
Date 2023-02-24
Title Após um ano de guerra na Ucrânia: Por que sofremos fadiga por compaixão?
Short title Após 1 ano de guerra: Por que sofremos fadiga por compaixão?
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Muitas pessoas já não mais se sensibilizam com as imagens do sofrimento na Ucrânia

Indiferença é uma resposta natural à superexposição ao sofrimento, mas é possível reconstruir a empatia. Depende de como a mídia e os usuários de redes sociais representam as crises.É comum desviarmos o nosso olhar de notícias ou postagens nas redes sociais sobre guerra e violência. Afinal, somos constantemente bombardeados com imagens de eventos traumáticos quando estamos online. Esse fenômeno, chamado fadiga por compaixão, provoca uma diminuição gradual da compaixão ao longo do tempo. E nos tira a capacidade de reagir e ajudar quem precisa. "Senti isso depois da invasão da Ucrânia", disse Jessica Roberts, professora de ciências da comunicação da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa. "Quando ouvi falar das atrocidades pela primeira vez, foi horrível. Mas, depois, quando ouvi sobre [atrocidades em] outra cidade, a minha reação foi menos extrema." A fadiga por compaixão, porém, não precisa ser permanente. Como Susan Sontag escreveu em seu livro Diante da dor dos outros, de 2003, "a compaixão é uma emoção instável, e precisa ser traduzida em ação – ou ela murcha". Então, como podemos transformar a compaixão em ação? A DW encontrou estudos e conversou com especialistas sobre como a compaixão pode tanto se esvair como também ser reconstruída. Fadiga por compaixão e insensibilidade à violência Brad Bushman, um pesquisador de mídia da Ohio State University, nos EUA, conduziu experimentos que ilustram como a violência em mídias como videogames e filmes pode dessensibilizar as respostas das pessoas ao sofrimento ou à violência na vida real. Em um estudo feito por Bushman e seus colegas, um grupo de alunos jogou um videogame violento, e outro grupo, um jogo não violento, ambos por 20 minutos. Após o jogo, todos os 320 participantes foram instruídos a responder um questionário. Porém, durante esse tempo, eles ouviram uma briga no corredor do lado de fora da sala. "Na realidade, era uma gravação de atores profissionais simulando uma briga. Também tínhamos um assistente de pesquisa do lado de fora da sala chutando uma lata de lixo e, depois, gemendo", disse Bushman à DW. Assim, os pesquisadores mediram quanto tempo levou para os participantes ajudarem o assistente que supostamente havia participado de uma briga e gemia do lado de fora: em média, as pessoas que jogaram o jogo não violento levaram 16 segundos; já os que jogaram o jogo violento, 73 segundos. Bushman disse que os participantes que jogaram o jogo violento relataram que a briga era menos séria do que aqueles que jogaram o jogo não violento. Seria simplório concluir que videogames violentos geram violência. Mas, nos experimentos de Bushman, jogos violentos parecem mudar temporariamente as respostas das pessoas à violência no mundo real. "Ver imagens violentas faz com que as pessoas fiquem insensíveis e pensem que a violência não é um grande problema. A consequência no mundo real é que temos uma probabilidade menor de ajudar alguém que é vítima de violência", contou Bushman. Fadiga por compaixão é uma forma de proteção emocional De acordo com Bushman, o mecanismo psicológico subjacente por trás da fadiga por compaixão é a dessensibilização. "É realmente uma espécie de filtragem emocional ou de atenção que nos protege de um sofrimento que se torna estressante ou traumático demais para lidar", disse Bushman. Também é possível detectar a dessensibilização em relação a imagens violentas nas respostas fisiológicas das pessoas ao estresse. "Se medirmos as respostas cardiovasculares ou as ondas cerebrais [usando eletroencefalografia], veremos que as respostas de choque fisiológico a imagens violentas serão atenuadas nas pessoas que acabaram de jogar um videogame violento", disse Bushman. Entretanto, ele argumentou que a dessensibilização à violência e ao trauma pode ser uma estratégia de adaptação importante para profissionais cujo trabalho envolve a exposição frequente a eventos traumáticos, como soldados, trabalhadores humanitários e médicos. O problema surge quando essa dessensibilização é detectada na população "comum". "Essa adaptação é um dos mecanismos que estimulam mais agressão e violência na sociedade", afirmou Bushman, referindo-se a uma pesquisa que mostra como o conflito em Israel e na Palestina intensifica a violência em crianças. Fadiga por compaixão em relação a refugiados Yasmin Aldamen, da Universidade Ibn Haldun, em Istambul, enfatizou os perigos de como a fadiga por compaixão pode levar a uma maior violência e discurso de ódio na sociedade. A pesquisa de Aldamen se concentra no impacto que a fadiga por compaixão e as representações negativas da mídia têm sobre os refugiados sírios na Turquia e na Jordânia. "Descobrimos que destacar imagens e mensagens negativas sobre refugiados na mídia abre as portas para que o público perca a empatia por eles – ou até mesmo tenha ódio pelos refugiados", disse Aldamen à DW. Infelizmente, essas conclusões não são novas ou surpreendentes: a violência contra refugiados e migrantes existe desde que os humanos têm fugido de conflitos para outros lugares. A novidade é a rapidez com que a mídia e as redes sociais podem estimular a fadiga por compaixão e, consequentemente, o discurso de ódio e o racismo. É algo que vemos repetidas vezes, por exemplo, após parte da população fugir da tomada do Afeganistão pelo Talibã, e com os refugiados fugindo da guerra na Ucrânia e das mudanças climáticas no norte da África. "Há evidências mostrando que, após um desastre, as pessoas dão menos dinheiro ao longo do tempo. E isso já está acontecendo com as vítimas do terremoto na Turquia e na Síria", disse Roberts, da Universidade Católica Portuguesa. A fadiga por compaixão é temporária e pode ser revertida A fadiga por compaixão pode ser revertida, de acordo com Roberts e Aldamen. Elas dizem que as pessoas podem reconstruir a capacidade de compaixão ao longo do tempo. "Podemos usar as redes sociais para criar empatia e compaixão entre as pessoas. Em nossa pesquisa, analisamos o [fotoblog e livro de relatos de rua e entrevistas] Humans of New York, que se concentra nas histórias positivas sobre a vida das pessoas, em vez de seus traumas. E isso ajudou a criar grande empatia", contou Roberts à DW. Aldamen tem uma missão semelhante: ela pede aos meios de comunicação e às pessoas nas redes sociais que mudem a forma como representam os refugiados e outras populações vulneráveis. "Meu estudo recomenda reportar a crise dos refugiados sírios [e outras crises] com uma perspectiva mais humanista. Os veículos de mídia precisam exibir algumas das histórias mais positivas sobre a crise dos refugiados, para garantir que o público não sofra a fadiga por compaixão devido à exposição a histórias trágicas", disse Aldamen à DW. Ela também contou que é importante que as notícias incluam chamados à ação de indivíduos ou formuladores de políticas públicas para que os leitores possam ajudar os necessitados, em vez de apenas observar uma crise que acham que não pode ser resolvida. Veja como doar para os esforços de ajuda às vítimas do terremoto na Síria e na Turquia.


Short teaser Indiferença é uma resposta natural à superexposição ao sofrimento, mas é possível reconstruir a empatia.
Author Fred Schwaller
Item URL https://www.dw.com/pt-br/após-um-ano-de-guerra-na-ucrânia-por-que-sofremos-fadiga-por-compaixão/a-64810396?maca=bra-vam-volltext-brasildefato-30219-html-copypaste
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Image caption Muitas pessoas já não mais se sensibilizam com as imagens do sofrimento na Ucrânia
Image source Andriy Andriyenko/AP Photo/picture alliance
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